quinta-feira, dezembro 16, 2021

Ninguém está isento de sofrimento

      “Depois disto o Senhor respondeu a Jó de um redemoinho, dizendo: Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Agora cinge os teus lombos, como homem; e perguntar-te-ei, e tu me ensinarás. Onde estavas tu, quando eu fundava a terra? Faze-mo saber, se tens inteligência.Jó 38.1-4

      O livro de Jó, muitos dizem ser o texto mais antigo da Bíblia, talvez só compilado por Moisés e outros, mas a história podendo ter se passado muito tempos antes. De um homem rico mas temente a Deus, que perde tudo, recebe a visita de amigos que tentam explicar o porquê das perdas, até o final quando depois de dialogar com Deus recebe do próprio Deus a explicação da provação, a lição principal é: ninguém está isento de sofrer, mesmo aparentemente não merecendo ou já tendo sofrido tudo que achava que precisava.
      Isso nos ensina sobre a lição principal de nossas vidas: não somos medidos pelo que fazemos ou ganhamos no plano físico, mas por nossa evolução moral e espiritual. Sob o ponto de vista mundano Jó não precisava passar por mais nada para ser alguém melhor, mas sob o ponto de vista espiritual, precisava, e passou. Outra lição aprendemos disso: só sabemos tudo que precisaremos viver neste mundo no último instante de nossas vidas, até lá, creiam, tudo é possível, por isso devemos temer a Deus sempre. 
      Entretanto, o ponto desta reflexão é a pergunta que Deus faz a Jó, “faze-mo saber, se tens inteligência”, e como nós, seres humanos, nos achamos, cada um à sua maneira, espertos. Alguns se acham preparados para a vida porque têm fé, outros porque confiam na ciência, outros por terem bens e dinheiro, outros ainda por não terem nada e por isso não terem medo de perder nada. Mas tudo é vaidade, com diz o autor do livro de Eclesiastes, ou pelo menos tudo que foque o homem em seu ego, e não no Deus verdadeiro. 
      Acho maravilhoso como a vida pode surpreender a todos os seres humanos, e muitas vezes com coisas não agradáveis, mostrando que ninguém é melhor que ninguém. Ela faz isso na proporção inversa do temor que temos do Senhor, por isso esse temor importa mais que fé, ciência, grana e mesmo abnegação. Só Deus sabe tudo e quem não confia nisso em primeiro lugar sempre será surpreendido, e será porque essa é uma das grandes lições da vida, se não a tivermos aprendido seremos surpreendidos para aprendê-la. 
      A insensatez está nos extremos, em olhar a existência, mesmo que com lucidez, mas só por um ponto de vista, desconsiderando o outro. Por isso tantos se esforçam, dão seus máximos, estudam, trabalham, poupam, negam vaidades e consultam sempre a ciência, tudo para terem controle sobre a vida e o mundo, mas só considerando o plano físico acabam tendo amargas surpresas no final. O mesmo ocorre com quem se esmera na fé e na religião, e desconsidera ciência, estudos, inteligência, e conhecimento intelectual.
      Nossa missão principal no mundo não é sermos prósperos materialmente, assim se tivermos que perder prosperidade para aprender o que é importante, assim será, ainda que Deus sempre sustente com dignidade os que o temem. O engano sempre nos leva a achar que já sofremos o suficiente e que merecemos usufruir de prazeres, nesse engano caem tanto homens de Deus como outros trabalhadores honestos. O universo é engenho complexo, mas os que temem a Deus tem seu funcionamento a seu favor, ainda que sofram.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão.

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