26/03/22

Liberte-se de fórmulas (55/90)

      “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes.
Jeremias 33.3

      O que compartilho neste estudo não é uma teoria para mim, somente coisas que li, que outros me disseram, que ouvi, não é isso, são experiências em primeira mão. Leio muito, estudo a Bíblia, comentários sobre ela assim como outros textos sagrados, mas não bato o martelo em nada antes de Deus me dar sua palavra final em oração. Algo maravilhoso em andar com Deus é ver que as coisas acontecem de forma sincronizada e serena, assim, só fui atrás de alguns conhecimentos, me informando mais intelectualmente, depois que Deus me autorizou em oração. Dessa forma tenho entendido as coisas no tempo melhor, não tenho sido surpreendido, nem tenho me escandalizado, tudo tem caído em meu coração na medida certa.
      Pela misericórdia e vocação de Deus sempre tive vida de oração, mesmo quando andava pelo deserto da vida errando para aprender a acertar. Mas nos últimos anos, coincidindo minha idade com a pandemia, que me prenderam mais em casa, Deus tem me atraído para viver experiências fantásticas em oração. O que quis a vida inteira, e que por muito tempo nem sabia que queria, se realizou. Isso tem levado-me a saber de coisas que desejaria muito compartilhar aqui, mas que Deus tem pedido que eu guarde no coração, assim tenho aprendido a conhecer e a calar. Esta reflexão é sobre oração, como ela nos conduz ao céu, experiência que quando verdadeira é mais ouvir e obedecer, que falar e se explicar, acontece de cima para baixo. 
      Você já deve ter passado por isso, um amigo te conta que achou um restaurante com uma comida ótima e com um preço bom, então, te passa o endereço do lugar. O local não é fácil de se achar, e se for em um grande centro, como São Paulo capital, complica ainda mais. É claro que nos dias atuais, com navegação por GPS, basta digitarmos rua e número num celular, mas antigamente não era simples acharmos endereços desconhecidos. Funciona assim no plano físico, as coisas têm referências, endereços, pontos cartesianos num mapa, ou então medidas, comprimento, largura, altura, uma vez identificado algo as referências podem ser registradas e usadas como fórmulas, para que outros identifiquem algo depressa e com facilidade. 
      O que define, encerra, o que se acha, acaba, o que se controla, falece, no mundo material as coisas funcionam assim. Quanta expectativa acumulamos quando queremos algo, e isso tem um lado produtivo, nos dá energia para trabalharmos para obtermos algo. Todavia, quão facilmente enjoamos, como crianças depois de ganharem um brinquedo e brincarem um pouco com ele. Um tempo depois de adquirirmos algo, aquilo não gerará mais em nós expectativas e prazer, o bem mais caro perderá o valor, então, desejaremos outra coisa. Isso acontece com todos nós e em muitas áreas, as coisas perdem o encanto, entediam. Nem são as coisas que ficam menores, são nossas almas que são pequenas demais para reterem satisfação. 
      Até casamento, se não for administrado em amor verdadeiro, assumindo-se com responsabilidades os desafios que ele traz, poderá cair no tédio e levar à quebra de uma aliança, que no início parecia tão especial, duradoura e satisfatória. No mundo tudo é passageiro, contudo, é diferente no plano espiritual, simplesmente porque lá não existe morte, fim, limites. Não existem fórmulas para acharmos coisas espirituais! Por quê? Porque no plano espiritual tudo é vivo e como tal pede de nós sempre leituras atualizadas, ainda que as referências morais mais altas de Deus sejam imutáveis. Como no plano físico sempre morremos, precisamos de trabalho constante para nos harmonizarmos com um plano eterno. 
      No mundo somos inabilitados para entender plenamente o plano espiritual, o que fazemos é estabelecer comparações, se engana quem lê meras adaptações como informações reais e ao pé da letra. Se não fosse assim bastaria-nos querer que veríamos o mundo espiritual, anjos, diabos, demônios, espíritos e outros seres, o perceberíamos pelos sentidos físicos. É preciso inteligência e imaginação, fé e vontade, numa qualidade moral santa e amorosa, para conectarmos planos opostos. O maior desafio que aprouve a Deus entregar ao homem no mundo, é conciliar plano físico com plano espiritual, matéria com espírito, ciência com fé, materialismo com religiosidade, quem entende isso entende a principal razão de viver encarnado. 
      Todo o estudo “Quem você será na eternidade?” pretende provocar as pessoas para terem vidas espirituais vivas e renovadas, libertando-se de fórmulas religiosas para terem intimidade espiritual com Deus. Isso permite aos seres humanos construirem o céu em seus homens interiores ainda neste mundo. Mas nesta parte, “Liberte-se de fórmulas”, e na próxima, “Para ser íntimo de Deus”, me aprofundarei mais no assunto. Oração é fundamental nesse tema, momento de alimentação espiritual que só será eficiente se feito sem receitas de homens, usando coisas espirituais para entender coisas espirituais, libertando cristãos do materialismo pelo Espírito Santo, levando-os da religiosidades morta para a vivificante espiritualidade.
      Oração formal tem sua importância, principalmente liberar nosso emocional de ansiedades, por isso começar o período de oração falando com Deus sobre nossas preocupações mais diretas, pedindo perdão, solicitando proteção para nós e nossa família, clamando por manutenção material, pelos nossos empregos e atividades profissionais, agradecendo a Deus por tudo, é recomendado, todos os dias. Mas é depois disso que nossa alimentação espiritual mais avançada inicia-se. Você já notou que muitas vezes, depois de ter orado por tudo que precisava, ainda assim se sentiu vazio? Não triste, mas vazio? É porque Deus tinha mais para te dar e você não buscou. Quando razão e emoção cessam é que o Espírito Santo age para nos encher. 

Esta é a 55ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

25/03/22

Vocação e Herança (54/90)

      “Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos” 
Efésios 1.17-18
 
      O texto bíblico inicial é trecho de uma oração que Paulo faz a Deus pelos cristãos de Éfeso. Apesar do texto ser de imensa profundidade, penso que muitos passam batido por ele, leem, mas sem entenderem de fato o que ele diz. Vou tentar resumir: Paulo pede que Deus dê aos efésios espírito de sabedoria e de revelação, para que, iluminados os olhos de seus entendimentos, saibam qual é a esperança de suas vocações e as riquezas da glória de suas heranças. Entendemos com isso que ser cristão é mais que saber que se é salvo e que se vai ao céu. Paulo enfatiza a necessidade de um conhecimento espiritual profundo, para que entendamos de fato qual é a qualidade da vocação e da herança que recebemos no Cristo.
      Uma pergunta pode ser levantada: “e daí, que importância tem isso para minha vida prática, no que isso pode melhorar meu dia a dia na realidade de sobrevivência no mundo?” Pode não fazer diferença direta nas coisas materiais de tua vida no mundo, mas mudará teu interior, levando você a não sofrer tanto com coisas menos importantes e que são passageiras, para assim ter paz. Em paz você fará menos uso dos escapismos dos prazeres físicos, com isso usará menos dinheiro com coisas erradas, sobrando mais tempo para fazer as coisas certas. Tua saúde física, teu bem estar como cidadão, a prosperidade de tua família podem ser melhores, não por você ter mais, mas por conseguir ser feliz com menos, à medida que é mais espiritual.
      O que sabe qual é a sua vocação em Deus tem a melhor esperança, os mais altos objetivos, os mais nobres propósitos. Fará sua parte no mundo, mas sabendo que não precisa depender das ilusões que são constantemente vendidas pelas mídias. Nossa vocação é o céu, o mundo é só uma passagem, justiça é só a divina que será estabelecida na eternidade, por isso não precisamos confiar em palavra de homens, ainda que se digam religiosos ou representantes políticos de cristãos. Nossa vocação não é apoiar obra humana, ministério de igreja, ideologia política, mas viver o evangelho e dar testemunho dele no mundo. Isso é mais que uma bandeira na mão, é nos apropriarmos de uma herança de glória em nossos homens interiores
      Se a vocação nos dá segurança para desempenharmos um trabalho, pois nos permite saber que temos uma chamada superior para fazer isso, sabermos que receberemos na eternidade uma herança nos consola e nos renova, pois nos dá esperança para persistirmos mesmo após termos feito bastante. Ah, meus queridos, não temos noção da herança que nos espera nas regiões celestes mais elevadas em Jesus no plano espiritual. Paulo usa os termos riquezas da glória, temos de fato entendimento sobre o que é isso? Nós que achamos que o melhor da vida está no que o dinheiro pode comprar e em prazeres que o corpo físico pode usufruir, como pensamos pequeno, como somos materialistas, mesmo orando a Deus e cantando louvores a ele.
      Quando a boca não puder mais comer e beber, quando os lábios não puderem mais beijar, nem os braços abraçarem, quando as mãos não puderem mais acariciar o ser amado, nem os dedos puderem dedilhar instrumentos musicais, quando os ouvidos não puderem mais ouvir sinfonias, quando os olhos não se fascinarem mais com a beleza dos corpos, nem o desejo puder ser seduzido pelo sexo, então, restará só o espírito. Esse poderá experimentar prazeres muito maiores se de fato tiver começado a prova-los no mundo, se de fato tiver aprendido a amar em primeiro lugar a Deus e às suas virtudes. Mas se além de ter conhecido e amado a Deus tiver recebido iluminação, administrará o céu com Jesus e servirá aos homens. 
      O religioso dá o dízimo, o iluminado adora a Deus com tudo que tem, o religioso dá paz do Senhor aos irmãos, o iluminado doa dinheiro ao pobre e estranho e não fala disso aos outros. O religioso conhece a Bíblia, os louvores, porta-se como evangélico decente, o iluminado coloca-se como luzeiro no mundo, intercede pelos necessitados, disponibiliza-se para Deus como soldado numa guerra espiritual em amor. O religioso odeia o diabo, o iluminado ama o endemoniado, o religioso obedece seu pastor, o iluminado sabe da humanidade de seu líder e o ajudará em segredo. O religioso tem certeza de sua salvação, o iluminado constrói o céu dentro de si no mundo, não será surpreendido pelo inferno porque de fato conhece a Deus.

Esta é a 54ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

24/03/22

Espera e vigia em Espírito (53/90)

      “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?” 
Salmos 27.1

      Certa vez, quando pedi do Senhor uma orientação, o Esprito Santo me disse de forma bem clara, espera e vigia. Num raciocínio lógico essas duas ordens parecem contradizerem-se, não dá para vigiar enquanto se espera. Com esperar nos vem à mente a ideia de fazer nada e quando nada se faz não se pode estar numa disposição de vigilância. Com a palavra vigiar nos vem a ideia de estarmos numa disposição defensiva, que exige de nós algum trabalho, ainda que só atenção. Seja como for, não parece ser possível vigiar e dormir, por exemplo, para se vigiar é preciso estar bem desperto, mas será que esperar é de fato não fazer nada? É dormir? Não se contemplarmos o ser como corpo, alma e espírito.
      Esperar, sob o ponto de vista de uma orientação recebida de Deus, é parar num lugar, não retroceder nem prosseguir. Existe um descanso nisso, aliás uma orientação de Deus para descansarmos geralmente vem para que relaxemos e renovemos nossas forças, físicas e mentais. Mas esse descansar de Deus não se refere diretamente e necessariamente a atividades de nossos corpos. Podemos descansar em Deus e seguirmos desempenhando obrigações profissionais diárias, acordando cedo, trabalhando até o final do período, enfim, mantendo nossos corpos em movimento. O descansar de Deus é um descansar emocional e racional, e isso tem a ver com limpar a mente e pacificar as emoções. 
      Quando descansamos paramos de gerar ansiedades que se originam de pensamentos e emoções fora de controle, paramos de imaginar coisas desnecessárias, que podem nos prejudicar, nos cansar. Por desejarmos demais algo, podemos acabar criando isso nos pensamentos e nos sentimentos, sem que ainda exista fisicamente no mundo exterior, e não existe porque ainda não é o momento para isso. Por isso Deus orienta-nos a esperar, para pararmos de usar nosso mundo interior desnecessariamente. Mas como seres completos, corpo, alma e espírito, não basta-nos relaxar mente e coração, isso é esvaziar e limpar o templo, e essa situação pode ser perigosa, lugar vazio e limpo sempre interessa ao mal. 
      Nosso espírito deve estar em atividade, mas na atividade correta, em comunhão com Deus pelo Espírito Santo. É essa relação que nos permite vigiar, de forma que mente e coração estejam protegidos contra invasões perniciosas. Ao contrário do corpo, da mente e das emoções, nosso espírito não se cansa, não se estiver em comunhão com Deus, por isso o dom de línguas estranhas, por exemplo, é tão útil. Ele permiti-nos uma comunhão com Deus que nos alimenta espiritualmente e que não estressa nossa mente e nossos sentimentos. Falando em línguas não entendemos racionalmente o que falamos, assim não cansamos nossa mente, só sentimos no espírito a satisfação de estarmos em comunhão com Deus. 
      Ah, se tantos cristãos entendessem a bênção que é falar em línguas estranhas, o quanto descansa ao mesmo tempo que alimenta. É sentirmos as águas vivas do Espírito sendo derramadas sobre nossos corações, o óleo puro, fresco e perfumado sobre nossas cabeças, seja qual for a simbologia, é revigorante. Quantas doenças psicológicas como depressão e fobias são curadas na experiência desse dom tão simples e tão misterioso, que só experimentam os humildes que adoram a Deus de toda sua alma. Sim, dons espirituais são dados por Deus quando damos a ele uma livre adoração, só recebe quem dá, e dá sem segundas intenções, só para agradecer a Deus por ele existir e nos atrair à sua luz. 
      Quantas vezes, quando eu sabia que tinha que esperar, que aquilo que estava querendo não viria de imediato, e que não me restava nada a fazer senão aguardar o tempo de Deus, quantas vezes nessa expectativa, com a mente repleta de imaginações e os sentimentos presos a ansiedades, falei em línguas estranhas. Fiz isso devagar, deixando que novas línguas, e não só aquelas palavras que a maioria fala, viessem ao meu espírito e jorrassem, renovando-me, alimentando-me, libertando-me, me permitindo esperar em Deus em paz. Quantos adoecem mentalmente por tentarem viver um evangelho só intelectual, preso à palavra escrita, negando a si mesmos direito à viva palavra do Espírito. 
      Quem você será na eternidade? Será luz, paz, amor, se aprender a esperar e vigiar ainda neste mundo. Limpe a mente, de vícios, de mágoas, de medos, de imaginações descontroladas, isso é um trabalho de força de vontade. Depois cale suas ansiedades, ache paz no seu silêncio interior, então, mantenha seu espírito na presença de Deus. Tenha uma íntima comunhão com o Espírito Santo, adore ao Senhor, permita que as línguas estranhas venham, eis as chaves para que seus olhos e seus ouvidos espirituais sejam abertos. O mundo passa por um tempo estranho e terrível, perderemos muitas coisas e muitos amigos, só o poder do Espírito Santo nos dará forças para nos mantermos fiéis a Deus.

Esta é a 53ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

23/03/22

Dons do Espírito: céu no mundo (52/90)

      “Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar. De alguém assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve.
 II Coríntios 12.1-6

      Quanto tempo você passa orando? Ora só no culto de domingo à noite? Ora nos vários cultos que participa na semana? Ora em casa, todos os dias, agradecendo por estar vivo? Faz jejuns e consagrações ocasionais para clamores especiais? Mas mesmo que você ore todos os dias, o que você busca na oração, pedir e agradecer pelo que recebeu? Já teve experiências com os dons do Espírito Santo? Se tem, o que você experimenta além de louvar e falar em línguas estranhas? Você já buscou e recebeu de Deus a tradução ou o dom de profecia, que entendem a voz de Deus falando contigo de forma clara? Se já teve essa experiência, você a tem sempre ou só de vez em quando? Responda sinceramente essas questões.
      Várias perguntas foram feitas, de forma gradativa, para que você possa avaliar teu nível de intimidade espiritual com Deus. Mas entenda certo, ainda que você não tenha tanta intimidade, não significa que você não tema a Deus e não seja cuidado por ele em amor. Contudo, saiba de outra coisa, nosso período de oração pode ser muito mais que pedirmos e agradecermos pelo que recebemos, podemos provar na oração experiência próxima a que teremos no céu, ainda que limitados por corpos físicos aqui. Sob o ponto de vista de “Quem você será na eternidade?”, como alguém quer ir ao céu sem tê-lo provado no mundo? Provar o céu no mundo é possível, tendo uma experiência íntima com Deus pelos dons espirituais. 
      Percebo algo interessante em igrejas pentecostais, ainda que elas experimentem dons espirituais, isso é feito, na maioria das vezes (se não em todas), de forma aleatória, dificilmente vejo pastores pregando sobre isso de forma didática, em escola bíblica, por exemplo. Mesmo os pentecostais, ainda veem dons do Espírito de forma supersticiosa, acham que a experiência com dons é sinal de espiritualidade, os buscam em vigílias e cultos especiais, louvam a Deus quando um dom é manifestado ou quando alguém é “batizado” no Espírito Santo. Todavia, não existe um ensino aprofundado, uma busca mais focada, e mesmo os que se acham cheios de dons, só experimentam o início da experiência e nem sabem disso. 
      Esse tema já foi estudado aqui em “Espiritualidade Cristã”, mas sinto que preciso ser ainda mais direto sobre ele. Não ter experiências com dons espirituais pode pôr em risco, não a escolha da igreja que frequentaremos, ou a crença sobre dons espirituais serem ou não para os dias atuais. Essa experiência influi na qualidade da eternidade que teremos, assim como em vitória em nossa vida neste mundo. Mas preciso dizer de novo, a exatidão do nosso conhecimento sobre o mundo espiritual não tem a ver com o cuidado que Deus tem com nossas vidas. Deus não depende disso para nos amar e proteger, tem sido assim desde o início do cristianismo, da igreja primitiva à pentecostal, passando por catolicismo e protestantismo. 
      Experiência espiritual mais profunda só acontece depois da oração inicial, aquela que todos fazemos e precisamos fazer. Só depois das ansiedades serem satisfeitas e de nossa alma se calar, com os sentimentos tranquilizados e com a mente silenciada em paz, é que essa experiência pode iniciar-se. Ocorre é que a grande maioria encerra a oração exatamente aí, sente-se em paz, pediu e agradeceu, então, simplesmente abre os olhos e para de orar. Isso é diferente em religiões não cristãs, principalmente nas orientais, essas estudam e praticam exercícios específicos para que os homens se coloquem numa posição espiritual de relaxamento, onde olhos e ouvidos espirituais são abertos, para experimentarem o plano espiritual. 
      Contudo, esses outros religiosos podem querer e ver outros espíritos e seres, e isso pode ser perigoso. Já o cristão tem acesso direto a Deus pelo Espírito Santo, nessa experiência ele tem o amor e a luz de Jesus, nessa experiência ele está protegido, nessa experiência muita coisa pode ser revelada para que o homem cresça espiritualmente. Existe um motivo de porque ser esse assunto tão mistificado, experiência espiritual é muito subjetiva, se passa na mente humana, assim é difícil estabelecer regras que certifiquem se é uma experiência espiritual verdadeira e com Deus, ou se é imaginação humana ou mesmo influência de seres espirituais das trevas. Mas será que isso basta para que o assunto seja proibido e esquecido? 
      Jesus deixou claro que quem esclareceria a humanidade sobre o evangelho (João 14.26) seria o Espírito Santo, assim, ainda que existam dificuldades, presentes em todo processo de aprendizagem, dons são necessários. Mas foi querendo evitar essas dificuldades que a Igreja Católica criou dogmas e extinguiu os dons. Protestantes tradicionais seguiram na mesma linha, a diferença é que limitaram o antolhos à Bíblia, jogando fora resoluções de concílios e legalismos de dogmas e sacramentos. O pentecostalismo fez ressurgir experiência com dons, mas parou no êxtase inicial que provocam no emocional humano, e em profecias num formato estereotipado e veterotestamentário. Isso é menos que a experiência pode ser. 
      Muitos consideram hoje importante voltar a costumes e princípios do antigo testamento, achando que aí está um Deus de poder. Isso é desvio herege, retrocesso, o Espírito Santo nos conduz à frente, não para trás. O que está à frente? Poucos cristãos têm descoberto nos dias atuais, mas isso é só reflexo do nosso tempo, ainda com uma humanidade em níveis morais e espirituais baixos, mesmo que com altos níveis intelectuais e científicos. Mas o que muitos cristãos chamam de fim dos tempos nada mais é que uma iluminação espiritual, que aceitando a incompetência do velho cristianismo, conduzirá a humanidade ao novo, onde o Espírito Santo será o guia da verdade, não as tradições religiosas e seus ensinos ultrapassados. 
      Podemos entender pelo texto bíblico inicial que Paulo teve experiências espirituais profundas, que com certeza não compartilhou com muitos e nem deixou registrado nas epístolas. Se deixou, aqueles que construíram o cânone bíblico que temos em mãos hoje, subtraíram. Paulo reflete a humildade e a sabedoria que tinha, não queria crescer sobre ninguém, contando suas experiências, e mesmo que alguém não queira crescer quem ouve experiências espirituais diferenciadas sempre acha que o que as está relatando é alguém superior e arrogante. Mas experiência espiritual genuína faz justamente o oposto, nos lança na mais sincera humildade, quanto mais próxima a luz do Altíssimo estiver, menor vê o homem a si mesmo. 

Esta é a 52ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

22/03/22

Pão da Vida (51/90)

      “Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.
  João 6.57-58

      Faça o que tem que fazer agora e da melhor maneira, não deixe para depois, nem faça de qualquer jeito. O homem que teme ao Senhor conseguirá sincronizar sua vida com a vontade de Deus, de forma que consiga fazer o seu melhor dentro do plano perfeito do Altíssimo. Achar no coração forças para trabalhar com a força de Deus, faz do homem instrumento de luz que destrói toda treva. A luz, a força, o amor e a justiça de Deus, são eternos e constantes, o ser humano, contudo, neste mundo, sempre tende à morte, ainda que seu espírito possa viver eternamente em Deus, seu corpo físico tem roteiro com começo, meio e fim. A única certeza que temos na vida é que um dia vamos morrer. 
      No jovem existe uma energia natural, efeito de elementos de seu corpo que estão funcionando no apogeu, que são potencializados por um emocional ainda não profundamente impressionado por culpa e dor. Isso conduz à impulsividade que tanto leva a irresponsabilidades quanto a empreendimentos audaciosos. Com o tempo o corpo cansa e o emocional pesa, filtros são criados, mecanismos que tentam impedir que novas culpas e dores se instalem. Isso diminui a velocidade da caminhada e freia a aventura de viver, mas não ocorre na mesma velocidade com todos. Alguns parecem velhos ainda em corpos jovens, e outros, mesmo envelhecidos no corpo, mantêm uma energia jovial na alma.
      Que não cheguemos no final com o arrependimento de não termos feito algumas coisas. Arrependidos de termos feito outras coisas, isso sim, e isso pode nem ser um problema, mas só consequências de quem ao menos tentou viver. O que vier ao teu coração de bom, faça-o, sem timidez, seja um projeto profissional, seja um contato amistoso com alguém, seja um pedido de desculpas, seja uma declaração de amor a quem divide com mais proximidade o curto tempo neste mundo com você. Não se canse de perdoar, de mudar de opinião, de amar, de ler e aprender, não se canse de se transformar para melhor. Vá a pé, se não conseguir vá de bicicleta, se não puder vá de ônibus, mas mova-se, em frente.
      Quando não puder se mover mais, ore mais, para fazer isso só precisa calar a mente, acalmar o coração e abrir ouvidos e olhos espirituais, e eis um trabalho tão maravilhoso quanto necessário, principalmente nos dias atuais, orar. Essa é a última aventura do homem, que ainda que o tenha acompanhado por toda a vida, pode ser instrumento poderoso nas mãos do Espírito Santo no final da jornada humana. Se o corpo cansa, o espírito se renova e se prepara para o melhor que está depois do último suspiro do invólucro material que encapsula a alma. A jornada é sem fim e será de ressurreição para a vida eterna, se o ser tiver comido e bebido, no mundo, do corpo e do sangue do Cristo, eis um mistério. 
      No texto bíblico de Salomão, no final desta reflexão, há sabedoria e poesia, mas não é exatamente isso que o homem é chamado a viver no mundo? A vida não pode ser só fascinação pela paixão dos sentidos do corpo, que encanta-se com a poesia, mas também é inviável para ser só sabedoria espiritual. O desafio está na conciliação de ambos, corpo e alma. A chave do mistério da vida eterna é revelada no texto de João, também no final desta reflexão, que aos olhos desatentos pode parecer descrição de um ato de canibalismo. Não é, é uma experiência plenamente espiritual, de comunhão profunda com tudo que Jesus é. Temos nos alimentado do pão da vida ou apenas celebrado religiosamente o que ele é? 
      Por que Jesus usou simbologia tão forte? Porque se a interação do homem com Jesus não for assim, de integrar de tal maneira, não só ensinos morais evangélicos, mas também a pessoa espiritual do Cristo ao seu ser, o homem não provará tudo que Deus revelou pela obra de seu filho. Jesus é uma manifestação única e poderosa do mundo espiritual, nenhum outro fundador de religião, profeta, sábio, que já pisou o planeta Terra, se compara ao Cristo. Só Jesus é a pão da vida que liberta da morte, mas pão é para ser comido, não só admirado. Infelizmente é isso que muitas religiões cristãs ensinam, com medo dos homens saberem a verdade, a olhar de longe, mas a não provar, como se ensina a crianças.
      Interessante que a Igreja Católica, que defende a eucaristia como um dos sete sacramentos, como algo que vai além da simbologia da ceia protestante, mas como a presença real do Cristo nos elementos, é justamente a denominação cristã que mais impede os homens de comerem do verdadeiro pão da vida. Como? Não ensinando sobre a relevância do Espírito Santo sobre dogmas, teologias, sacramentos e ritos de instituições humanas. Alimentar-se do pão da vida que Jesus se referiu, é possuir e dar liberdade para que o Santo Espírito limpe, ensine, cure e console, é ter uma experiência pessoal e íntima com o Deus vivo, é ser iluminado pelo conhecimento mais elevado do Deus altíssimo. 
      Quem você será na eternidade? Será um espírito vivo, limpo e livre para subir para o amor de Deus, o céu em Jesus, mas isso se tiver se alimentado no mundo com o pão da vida. Se não tiver comido desse pão estará morto, ainda que tenha passado uma vida admirando e cultuando o pão, morto espiritualmente já terá a semente do inferno dentro de você e não experimentará a ressurreição. Quem morre no corpo com o espírito alimentado pelo pão da vida, ressuscitará instantaneamente na eternidade, é promessa de Jesus, mas quem morre sem nunca ter tido coragem e fé de provar desse pão, já está infernizado pela segunda morte, e isso simplesmente não vai mudar, só se manifestar com mais liberdade.    

—————#—————

      “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: não tenho neles contentamento; antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva; no dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas; e as portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as filhas da música se abaterem.” 
Eclesiastes 12.1-4
      “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.” 
João 6.54-58

Esta é a 51ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

21/03/22

O que você quer como vencedor? (50/90)

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.
Mateus 16.27

      Nas últimas oito partes da reflexão “Quem você será na eternidade?”, vimos as sete promessas que Deus faz no início do livro Apocalipse aos que vencerem, aos que finalmente, quando estiverem no plano espiritual, tiverem direito ao céu. Mas e você, diga com sinceridade a si mesmo, tendo esse direito, o que você quer como vencedor? Quem você quer ser na eternidade? O que você acha que receberá pelo Cristo no céu? Cada um de nós desejará aquilo que mais deu valor na sociedade e em igrejas. O que podemos esperar na eternidade de Deus não será nada diferente daquilo que desejamos que Deus nos desse no mundo, que pedimos a ele como nossas prioridades, ainda que no plano material e com referências físicas. O que mais fomos na prática, é o que somos de verdade, e isso é o que levaremos para o plano espiritual. 
      “Não quero nada, o que vier, está bom”, essa resposta pode parecer até sensata, mas pode demonstrar um estado de depressão espiritual, de alguém que pode ser membro de igreja há algum tempo, conhecer a Bíblia, ser um cristão reconhecido e equilibrado, mas já desapaixonado pelo evangelho. Tem muita gente assim, até com um sorriso no rosto, mas com um coração frio. Gente que não teve coragem para fazer as melhores escolhas, assim fez as escolhas medianas, as que não colocavam em risco as aprovações humanas que tinha, mas que também não traziam junto grandes desafios. Todo grande desafio traz perdas, mas também traz ganhos ainda maiores, contudo, é preciso coragem para aceitá-lo, senão seremos só joguetes em mãos alheias, e como existem mãos alheias que acham saber o que é melhor para as vidas dos outros. 
      “Quero o que não tive aqui”, essa talvez seja a pior resposta, vinda de alguém insatisfeito, ainda que se ache bom crente. Se o que construímos em nosso homem interior for um ser espiritual incompleto, é esse que levaremos à eternidade, nem mais, nem menos. Essa resposta pode conter o desejo de se querer ser mais do que realmente se é, e que se precisa ser, assim, o medíocre desejará fama, o pobre, riqueza, e ainda que entenda que no céu não haverá necessidade de bens materiais, desejará proeminência espiritual, vendo espiritualidade como vaidade. Como há pessoas em igrejas que por não terem status no mundo, na área profissional ou na intelectual, querem pregar mais, cantar mais, aparecerem mais, e não por terem chamadas para isso. Ainda que esse equívoco siga com elas à eternidade, céu não é lugar para vaidades. 
      Mas a resposta “quero o que não tive aqui” pode conter algo pior que vaidade, e que também caminha junto do vaidoso, a vingança. Meus queridos, como há gente em igreja evangélica atualmente querendo ir à forra, querendo vingança sobre quem a humilhou. Eis uma doença na igreja evangélica atual, gente que por se sentir vítima, se acha no direito de pedir a Deus vingança. Infelizmente isso não se restringe às igrejas, uma vitimização geral, apoiada pela mídia, cai sobre a sociedade. Atualmente há causas legítimas a serem exigidas por vítimas reais, injustiças e preconceitos históricos que precisam ser corrigidos urgentemente. Entretanto, muitos militam errado e ao invés de buscarem justiça sobre opressores, querem só poder para serem novos opressores. Cristãos como falsas vítimas desejarão um céu para se imporem sobre outros.
      Esses esquecem-se que o céu é “lugar”, acima de tudo, para humildes, e eis aí dois conceitos que a sociedade atual não consegue conciliar, não ser vítima e ser humilde. Muitos cristãos têm ainda mais dificuldade para fazer essa conciliação, quando são empoderados por pregadores que dizem que eles podem tudo se crerem. Pastores gananciosos querem ovelhas prósperas para que essas dizimem mais, não porque esse seja o ideal de vida de Deus para elas no mundo, e não é, não para todas. Mas sob essa bandeira muitos se colocam como vítimas dos ricos, não aprendendo sobre a necessidade de serem humildes, e não conseguindo entender que uma coisa nada tem a ver com a outra. É possível ser próspero e humilde, se tivermos a humildade de aceitar a vontade de Deus para nossas vidas, que pode ser não sermos ricos. 
      “Quero o que Deus tem para mim”, essa é a resposta mais sábia, e se querem saber, os sábios sabem exatamente o que Deus tem para eles. Eles guardam isso no coração, não exibem para ninguém, mas não pensam de si mesmos nem menos e nem mais do que são, não possuem falsa humildade, mas também não têm nenhuma apego a vaidades. Eles descobriram o segredo da paz que permanece ainda no mundo, e paz que fica é aquela que não depende de homens, nem de aparências. Sábios entendem o valor do saber e calar, do não ter e se sentir totalmente satisfeito. Será que é isso que queremos ser na eternidade, o que de fato somos, seguros que conseguimos chegar a ser tudo o que Deus tinha para nós na existência encarnada no mundo material? Quem chega a isso morre em paz, parte tranquilo e deixa atrás de si legados de honra. 

Esta é a 50ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

20/03/22

Co-herdeiros no trono (49/90)

      “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono.
Apocalipse 3:21

      João evangelista parece mostrar o céu de forma gradativa nas sete promessas de Apocalipse. Depois de ser alimentado com alimento exclusivo (árvore da vida e maná escondido), ser livrado do dano da segunda morte, receber novo nome (pedra branca), administrar o plano espiritual (reger as nações), vestir novas vestes e ser um com Deus (coluna do templo e nova Jerusalém), o que vencer se assentará no trono com Jesus, a promessa mais elevada Agora não haverá só diferenciação do ser em relação aos outros, mas o que vencer estará no mesmo nível que o Cristo. Co-herdeiros de Cristo é termo citado em outros textos, por Paulo (Romanos 8.17) e por Jesus (João 14.1-6), quando diz que os salvos estarão no mesmo lugar que ele.
      O mais importante é que Jesus não se coloca como superior, mas no mesmo nível dos que vencem, novamente não interpretemos “trono” como um lugar num castelo, onde o líder supremo é visitado e venerado por súditos. A Bíblia sob os olhos de homens antigos vê poder e espiritualidade sempre de forma estática, chega-se a um final, alguns vencem e outros perdem. Os que vencem, imperam, os que perdem, servem, de maneira que posições sejam definitivas. Isso com certeza era o ideal de civilização dos que viviam para a guerra, construíam e mantinham impérios fazendo guerras e vencendo inimigos. Cristãos, quando vamos entender que não somos mais assim e por isso a Bíblia precisa ser reavaliada? Quando?! 
      O evangelho de Jesus não vê assim a existência humana, por ele as pessoas podem errar e podem se corrigir, nada é definitivo, assim quem está por baixo hoje pode subir, e quem está por cima, se não tomar cuidado, pode cair (I Coríntios 10.12). Como interpretaríamos hoje o lugar de uma pessoa importante? Mesmo que ainda existam reis, tronos e castelos, como na Grã-bretanha e na Espanha, esse conceito hoje é mais folclórico que de fato levado a sério, excetuando logicamente por britânicos e espanhóis. Para o senso comum atual, alguém poderoso é rico ou famoso, não relacionamos isso necessariamente a poder político herdado por sangue real, o que confere status quo é dinheiro e fama, principalmente pela vida virtual. 
      Mas “tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (I Coríntios 10.11), que palavra reveladora é essa de Paulo, cabe tão bem a tanta coisa que lemos na Bíblia, não só na velha aliança de Israel em relação à nova aliança da igreja. Deus sempre falou (e fala, e falará ainda por um bom tempo), com figuras aos homens, como a crianças, e mesmo que muitos escritores bíblicos soubessem de mais coisas, o que eu pessoalmente não acredito, e se for isso só em raras situações já que só Jesus homem de fato conhecia todos os mistérios e o significado de todas as simbologias e parábolas, mesmo que homens conhecessem os mistérios eles usaram figuras.
      Por que foi, é e será assim? Por amor, um amor que é paciente, que não se priva de dialogar mesmo com quem entende muito pouco ou quase nada do que é dito. Ah, meus queridos, como existem tanto materialistas como espiritualistas que olham cristãos tradicionais com jactância, achando-se superiores, com mais informações, sejam da ciência ou de suas experiências espirituais mais profundas. Mas esses pequeninos que são muitos cristãos, conhecem o principal pelo amor de Deus, podem não conhecer detalhes, mas experimentam o mais importante. Esses fazem parte do grupo de seres humanos chamados de vencedores, que receberão todas as promessas feitas no livro de Apocalipse aos anjos das sete igrejas. 

Esta é a 49ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021