quarta-feira, março 23, 2022

Dons do Espírito: céu no mundo (52/90)

      “Em verdade que não convém gloriar-me; mas passarei às visões e revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar. De alguém assim me gloriarei eu, mas de mim mesmo não me gloriarei, senão nas minhas fraquezas. Porque, se quiser gloriar-me, não serei néscio, porque direi a verdade; mas deixo isto, para que ninguém cuide de mim mais do que em mim vê ou de mim ouve.
 II Coríntios 12.1-6

      Quanto tempo você passa orando? Ora só no culto de domingo à noite? Ora nos vários cultos que participa na semana? Ora em casa, todos os dias, agradecendo por estar vivo? Faz jejuns e consagrações ocasionais para clamores especiais? Mas mesmo que você ore todos os dias, o que você busca na oração, pedir e agradecer pelo que recebeu? Já teve experiências com os dons do Espírito Santo? Se tem, o que você experimenta além de louvar e falar em línguas estranhas? Você já buscou e recebeu de Deus a tradução ou o dom de profecia, que entendem a voz de Deus falando contigo de forma clara? Se já teve essa experiência, você a tem sempre ou só de vez em quando? Responda sinceramente essas questões.
      Várias perguntas foram feitas, de forma gradativa, para que você possa avaliar teu nível de intimidade espiritual com Deus. Mas entenda certo, ainda que você não tenha tanta intimidade, não significa que você não tema a Deus e não seja cuidado por ele em amor. Contudo, saiba de outra coisa, nosso período de oração pode ser muito mais que pedirmos e agradecermos pelo que recebemos, podemos provar na oração experiência próxima a que teremos no céu, ainda que limitados por corpos físicos aqui. Sob o ponto de vista de “Quem você será na eternidade?”, como alguém quer ir ao céu sem tê-lo provado no mundo? Provar o céu no mundo é possível, tendo uma experiência íntima com Deus pelos dons espirituais. 
      Percebo algo interessante em igrejas pentecostais, ainda que elas experimentem dons espirituais, isso é feito, na maioria das vezes (se não em todas), de forma aleatória, dificilmente vejo pastores pregando sobre isso de forma didática, em escola bíblica, por exemplo. Mesmo os pentecostais, ainda veem dons do Espírito de forma supersticiosa, acham que a experiência com dons é sinal de espiritualidade, os buscam em vigílias e cultos especiais, louvam a Deus quando um dom é manifestado ou quando alguém é “batizado” no Espírito Santo. Todavia, não existe um ensino aprofundado, uma busca mais focada, e mesmo os que se acham cheios de dons, só experimentam o início da experiência e nem sabem disso. 
      Esse tema já foi estudado aqui em “Espiritualidade Cristã”, mas sinto que preciso ser ainda mais direto sobre ele. Não ter experiências com dons espirituais pode pôr em risco, não a escolha da igreja que frequentaremos, ou a crença sobre dons espirituais serem ou não para os dias atuais. Essa experiência influi na qualidade da eternidade que teremos, assim como em vitória em nossa vida neste mundo. Mas preciso dizer de novo, a exatidão do nosso conhecimento sobre o mundo espiritual não tem a ver com o cuidado que Deus tem com nossas vidas. Deus não depende disso para nos amar e proteger, tem sido assim desde o início do cristianismo, da igreja primitiva à pentecostal, passando por catolicismo e protestantismo. 
      Experiência espiritual mais profunda só acontece depois da oração inicial, aquela que todos fazemos e precisamos fazer. Só depois das ansiedades serem satisfeitas e de nossa alma se calar, com os sentimentos tranquilizados e com a mente silenciada em paz, é que essa experiência pode iniciar-se. Ocorre é que a grande maioria encerra a oração exatamente aí, sente-se em paz, pediu e agradeceu, então, simplesmente abre os olhos e para de orar. Isso é diferente em religiões não cristãs, principalmente nas orientais, essas estudam e praticam exercícios específicos para que os homens se coloquem numa posição espiritual de relaxamento, onde olhos e ouvidos espirituais são abertos, para experimentarem o plano espiritual. 
      Contudo, esses outros religiosos podem querer e ver outros espíritos e seres, e isso pode ser perigoso. Já o cristão tem acesso direto a Deus pelo Espírito Santo, nessa experiência ele tem o amor e a luz de Jesus, nessa experiência ele está protegido, nessa experiência muita coisa pode ser revelada para que o homem cresça espiritualmente. Existe um motivo de porque ser esse assunto tão mistificado, experiência espiritual é muito subjetiva, se passa na mente humana, assim é difícil estabelecer regras que certifiquem se é uma experiência espiritual verdadeira e com Deus, ou se é imaginação humana ou mesmo influência de seres espirituais das trevas. Mas será que isso basta para que o assunto seja proibido e esquecido? 
      Jesus deixou claro que quem esclareceria a humanidade sobre o evangelho (João 14.26) seria o Espírito Santo, assim, ainda que existam dificuldades, presentes em todo processo de aprendizagem, dons são necessários. Mas foi querendo evitar essas dificuldades que a Igreja Católica criou dogmas e extinguiu os dons. Protestantes tradicionais seguiram na mesma linha, a diferença é que limitaram o antolhos à Bíblia, jogando fora resoluções de concílios e legalismos de dogmas e sacramentos. O pentecostalismo fez ressurgir experiência com dons, mas parou no êxtase inicial que provocam no emocional humano, e em profecias num formato estereotipado e veterotestamentário. Isso é menos que a experiência pode ser. 
      Muitos consideram hoje importante voltar a costumes e princípios do antigo testamento, achando que aí está um Deus de poder. Isso é desvio herege, retrocesso, o Espírito Santo nos conduz à frente, não para trás. O que está à frente? Poucos cristãos têm descoberto nos dias atuais, mas isso é só reflexo do nosso tempo, ainda com uma humanidade em níveis morais e espirituais baixos, mesmo que com altos níveis intelectuais e científicos. Mas o que muitos cristãos chamam de fim dos tempos nada mais é que uma iluminação espiritual, que aceitando a incompetência do velho cristianismo, conduzirá a humanidade ao novo, onde o Espírito Santo será o guia da verdade, não as tradições religiosas e seus ensinos ultrapassados. 
      Podemos entender pelo texto bíblico inicial que Paulo teve experiências espirituais profundas, que com certeza não compartilhou com muitos e nem deixou registrado nas epístolas. Se deixou, aqueles que construíram o cânone bíblico que temos em mãos hoje, subtraíram. Paulo reflete a humildade e a sabedoria que tinha, não queria crescer sobre ninguém, contando suas experiências, e mesmo que alguém não queira crescer quem ouve experiências espirituais diferenciadas sempre acha que o que as está relatando é alguém superior e arrogante. Mas experiência espiritual genuína faz justamente o oposto, nos lança na mais sincera humildade, quanto mais próxima a luz do Altíssimo estiver, menor vê o homem a si mesmo. 

Esta é a 52ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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