segunda-feira, março 21, 2022

O que você quer como vencedor? (50/90)

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.
Mateus 16.27

      Nas últimas oito partes da reflexão “Quem você será na eternidade?”, vimos as sete promessas que Deus faz no início do livro Apocalipse aos que vencerem, aos que finalmente, quando estiverem no plano espiritual, tiverem direito ao céu. Mas e você, diga com sinceridade a si mesmo, tendo esse direito, o que você quer como vencedor? Quem você quer ser na eternidade? O que você acha que receberá pelo Cristo no céu? Cada um de nós desejará aquilo que mais deu valor na sociedade e em igrejas. O que podemos esperar na eternidade de Deus não será nada diferente daquilo que desejamos que Deus nos desse no mundo, que pedimos a ele como nossas prioridades, ainda que no plano material e com referências físicas. O que mais fomos na prática, é o que somos de verdade, e isso é o que levaremos para o plano espiritual. 
      “Não quero nada, o que vier, está bom”, essa resposta pode parecer até sensata, mas pode demonstrar um estado de depressão espiritual, de alguém que pode ser membro de igreja há algum tempo, conhecer a Bíblia, ser um cristão reconhecido e equilibrado, mas já desapaixonado pelo evangelho. Tem muita gente assim, até com um sorriso no rosto, mas com um coração frio. Gente que não teve coragem para fazer as melhores escolhas, assim fez as escolhas medianas, as que não colocavam em risco as aprovações humanas que tinha, mas que também não traziam junto grandes desafios. Todo grande desafio traz perdas, mas também traz ganhos ainda maiores, contudo, é preciso coragem para aceitá-lo, senão seremos só joguetes em mãos alheias, e como existem mãos alheias que acham saber o que é melhor para as vidas dos outros. 
      “Quero o que não tive aqui”, essa talvez seja a pior resposta, vinda de alguém insatisfeito, ainda que se ache bom crente. Se o que construímos em nosso homem interior for um ser espiritual incompleto, é esse que levaremos à eternidade, nem mais, nem menos. Essa resposta pode conter o desejo de se querer ser mais do que realmente se é, e que se precisa ser, assim, o medíocre desejará fama, o pobre, riqueza, e ainda que entenda que no céu não haverá necessidade de bens materiais, desejará proeminência espiritual, vendo espiritualidade como vaidade. Como há pessoas em igrejas que por não terem status no mundo, na área profissional ou na intelectual, querem pregar mais, cantar mais, aparecerem mais, e não por terem chamadas para isso. Ainda que esse equívoco siga com elas à eternidade, céu não é lugar para vaidades. 
      Mas a resposta “quero o que não tive aqui” pode conter algo pior que vaidade, e que também caminha junto do vaidoso, a vingança. Meus queridos, como há gente em igreja evangélica atualmente querendo ir à forra, querendo vingança sobre quem a humilhou. Eis uma doença na igreja evangélica atual, gente que por se sentir vítima, se acha no direito de pedir a Deus vingança. Infelizmente isso não se restringe às igrejas, uma vitimização geral, apoiada pela mídia, cai sobre a sociedade. Atualmente há causas legítimas a serem exigidas por vítimas reais, injustiças e preconceitos históricos que precisam ser corrigidos urgentemente. Entretanto, muitos militam errado e ao invés de buscarem justiça sobre opressores, querem só poder para serem novos opressores. Cristãos como falsas vítimas desejarão um céu para se imporem sobre outros.
      Esses esquecem-se que o céu é “lugar”, acima de tudo, para humildes, e eis aí dois conceitos que a sociedade atual não consegue conciliar, não ser vítima e ser humilde. Muitos cristãos têm ainda mais dificuldade para fazer essa conciliação, quando são empoderados por pregadores que dizem que eles podem tudo se crerem. Pastores gananciosos querem ovelhas prósperas para que essas dizimem mais, não porque esse seja o ideal de vida de Deus para elas no mundo, e não é, não para todas. Mas sob essa bandeira muitos se colocam como vítimas dos ricos, não aprendendo sobre a necessidade de serem humildes, e não conseguindo entender que uma coisa nada tem a ver com a outra. É possível ser próspero e humilde, se tivermos a humildade de aceitar a vontade de Deus para nossas vidas, que pode ser não sermos ricos. 
      “Quero o que Deus tem para mim”, essa é a resposta mais sábia, e se querem saber, os sábios sabem exatamente o que Deus tem para eles. Eles guardam isso no coração, não exibem para ninguém, mas não pensam de si mesmos nem menos e nem mais do que são, não possuem falsa humildade, mas também não têm nenhuma apego a vaidades. Eles descobriram o segredo da paz que permanece ainda no mundo, e paz que fica é aquela que não depende de homens, nem de aparências. Sábios entendem o valor do saber e calar, do não ter e se sentir totalmente satisfeito. Será que é isso que queremos ser na eternidade, o que de fato somos, seguros que conseguimos chegar a ser tudo o que Deus tinha para nós na existência encarnada no mundo material? Quem chega a isso morre em paz, parte tranquilo e deixa atrás de si legados de honra. 

Esta é a 50ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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