07/04/22

Juiz e Senhor, só Deus (67/90)

      “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus.” 
Romanos 14.4-6

      Julgamos com frequência as pessoas quando achamos que elas fazem ou são menos que deveriam fazer ou ser, fazemos isso baseados no que nós achamos que elas devem fazer ou ser. Muitas vezes fazemos isso para que de alguma forma sejamos beneficiados e de uma maneira maldosa, diminuindo os outros para que nós injustamente cresçamos. Mas quem é o Senhor, nós ou Deus? A quem as pessoas e nós daremos contas, a nós mesmos ou a Deus? Se só Deus é Senhor só ele sabe o que pede de cada um de nós, e sendo assim só ele poderá julgar se fizemos ou não o que ele pediu, se fomos ou não o que poderíamos ser de melhor com o que dele recebemos. 
      Julgando injustamente achamos que alguém, que aos nossos olhos muito recebeu, fez pouco com isso, foi ocioso, egoísta, poderia ter beneficiado mais pessoas e não beneficiou. Mas quem sabe o preço que alguém paga para crescer, um pouco que seja, para se libertar de vícios, para ser melhor no final de sua vida em relação àquilo que era no início? Muitos trabalhos não são vistos, não aparecem exteriormente, mas são realizados no homem interior, e esses só Deus de fato vê e mede. Nós homens somos moralmente míopes demais, egocêntricos demais, olhamos na maior parte do tempo só para nossos umbigos e ainda achamos que podemos julgar os outros. 
      Alguém ter nascido com mais posses, ter mais facilidade para ser intelectualmente inteligente, ter um aproveitamento mais rápido e mais abrangente de competências, e mesmo possuir inteligência afetiva maior, saber administrar melhor carências e dores, não é por essas capacidades que as pessoas são avaliadas por Deus. Deus avalia o saldo final, o que se acrescentou ao que foi recebido. Para ele cento e cinquenta menos cem, é a mesma coisa que cinquenta e um menos um, em ambas as contas o resultado é cinquenta. Nós, contudo, não enxergamos o saldo, mas só o crédito inicial, vemos o que as pessoas são no início e decretamos que serão isso até o fim. 
      Mas quem cresceu mais no exemplo dado, quem foi de cem para cento e cinquenta, ou quem foi de um para cinquenta e um? Quem trabalhou mais? Sob o ponto de vista da economia, quem já tem cem tem mais facilidade para render mais cinquenta do que quem tem só um, os juros sobre cem rendem mais que sobre um. Mas a coisa pode não funcionar assim, quem tem um acostumou-se com um estilo de vida mais barato, já aquele que foi criado com cem gasta mais com um estilo de vida mais caro, seu valor rende mais, mas ele também gasta mais para viver. Deus considera os limites de cada um, ainda que não julgue pela aparência, mas por intenção que se transforma em obras. 
      Cada um de nós paga preços diferentes para viver e evoluir, somos tentados por coisas diferentes, temos feridas diferentes, e consequentemente buscamos curas e defesas diferentes. Para quem é mais difícil ser humilde, para o pobre ou para o rico? Depende de como a pessoa foi criada e do caráter que ela possui em sua essência espiritual, e isso independe de bens materiais. Contudo, muitos que começaram razoavelmente bem no final continuaram quase iguais, e outros, que tiveram um início de jornada complicado, no final obtiveram libertação de vícios, curas de feridas, saíram do buraco que estavam e se expuseram sem medo à luz, renascendo pessoas melhores. 
      Alguns que perderam bens materiais ganharam a alma, evoluíram moralmente, ainda que no final de suas vidas fossem considerados materialmente perdedores. Já outros que prosperaram, que se tornaram profissionais reconhecidos, acabaram como seres humanos maliciosos, cínicos, ingratos, arrogantes. Mas quem disse que a prova desses últimos não era só trabalho físico árduo e vitória material? Quem sabe se suas vidas duras, que acabaram deixando-os céticos com muitas coisas, não beneficiaram outros na área material? Deus não cobra o mesmo de todos, mas todos temos a oportunidade de sermos aprovados, de um jeito ou de outro, para um ou outro fim. 
      O texto bíblico inicial fala de uma situação um pouco distinta, mas que pode servir de exemplo sobre maneiras diferentes que Deus trata as pessoas. Paulo fala de homens que vêm para o evangelho e mantêm costumes diferentes, de acordo com religiosidades que tinham antes de se converterem ao evangelho, isso ocorria quando judeus e não judeus (gentios) se convertiam. Deus não julgará a tais pelo que eram e mantiveram, mas pelo que se tornaram, assim certos velhos costumes que são mantidos não são relevantes, tanto para Deus como para os homens. Quem mantêm esses costumes não deve se achar melhor nem pior que aqueles que não mantêm tais costumes. 
      Não estamos dizendo que costumes de religiões que as pessoas tinham antes de se converterem devam ser mantidos, não é isso, alguns costumes negam expressamente as orientações do evangelho. Contudo, vemos isso em novos costumes que denominações e igrejas cristãs diferentes possuem. Alguns costumes, por exemplo, se referem a tipo de roupa, mesmo a corte de cabelo, que cristãos devem ter, mas isso não é o mais importante num evangelho que propõe mudança interior como prioridade. Mas quem se veste diferente por ser cristão deve se achar mais santo que o que não se veste? Não, nem o que não se veste deve se achar mais espiritual que o que se veste. 
      Somos todos servos de Deus e só Deus é Senhor, se Deus quer tratar um outro servo de maneira diferente como nos trata, o que temos com isso? A nós cabe fazermos aquilo que Deus pede e em paz, preocupados com o que Deus pensa de nós, na eternidade cada um dará conta individualmente por si. “Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai... Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente”. Nossa referência é Deus, não os homens, juiz só Deus, não os homens, honra por ter feito ou não algo, só na eternidade receberemos. Não nos apressemos neste mundo, querendo receber honras ou tirá-las dos outros. 

Esta é a 67ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

06/04/22

Tenha paciência (66/90)

      “Então dali buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás, quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma.” 
Deuteronômio 4.29

      Deus pede paciência de nós, mas isso não deve ser encarado como algum tipo de castigo. O interesse de Deus em nos fazer passar por experiências que exijam que sejamos pacientes, não é uma punição, a não ser que entendamos paciência do jeito errado, como a agonia por perdermos tempo deixando de fazer alguma coisa, deixando de executar um trabalho. Se for assim será uma visão material da existência, só física. No mundo fazer é ganhar, e fazer mais é ganhar mais, mas tudo que fazemos no mundo fica no mundo. Só levamos para a eternidade aquilo que fazemos no nosso espírito e nos espíritos dos outros pelo Espírito de Deus, o trabalho para fazer isso é o oposto do trabalho físico que exercemos no mundo material. 
      Para o mais nobre dos trabalhos, o espiritual, paciência é fundamental, nela acalmamos sentimentos e pensamentos até que nosso corpo seja controlado pelo espírito, no quanto é possível que isso seja feito enquanto encarnados no mundo. O fato é que entendemos tudo errado, a agitação, a ansiedade, a pressa, que achamos que nos darão alguma vantagem no mundo, só fazem nossos corpos físicos adoecerem. Quantas enfermidades, físicas e emocionais, construímos por não termos paciência, eis aí o espírito eterno dando uma lição ao passageiro corpo físico. Não corra, ande, não discurse, cale-se, não flerte com a loucura elaborando armas para destruir quem nem se importa com você, nem sequer imagine bobagens. 
      Que Deus não tenha que “quebrar nossas pernas” e nos prender a um leito para, então, sermos forçados a ter paciência, ainda que só para aguardarmos o restabelecimento de “nossas pernas” para continuarmos fugindo de Deus e de nós mesmos. Esse restabelecimento nunca chegou para muitos que teimaram em não passar pela maior prova da vida, serem pacientes o suficiente para acharem a paz. Deus está na paz, não na ansiedade, na pressa ou no muito fazer, mas no fazer o suficiente para que sobrem tempo e energia para pararmos e ouvirmos sua voz. A voz de Deus só ouvimos quando estamos na mais profunda paz, para acharmos essa paz é preciso paciência, e tomara que seja pelo menos enquanto ainda temos “pernas”. 
      Então, passamos dos quarenta anos de idade, caminhando para os cinquenta, é nesse momento que as consequências de toda a pressa que tivemos até então aparecem. Temos dificuldade para dormir, nossa alegria de viver, mesmo nosso desejo de “namorar”, diminui, o fogo da paixão esfria-se, nosso corpo até está bem, mas nossa cabeça parece desconectada. Mas pode ser pior, ansiedades geram tanto tumores quanto transtornos psiquiátricos mais sérios, além de desregularem nossa alimentação, de nos levarem a vícios, tornando nossos corpos presas de excessos e de prazeres estranhos, que nos matam por dentro. Tudo isso porque passamos uma vida dizendo a nós mesmos que não tínhamos tempo para sermos pacientes. 
      Por que o budismo e o hinduísmo ganham tanto apoio da mídia e mais adeptos entre as pessoas mais esclarecidas, com mais formação intelectual, enquanto o cristianismo é visto como religião de ignorantes e preconceituosos? Por que ioga é orientada como terapia pela psicologia mais que oração a Deus por meio de Cristo? Porque essas religiões e técnicas conduzem o homem à paz, ensinam disciplina, autocontrole, serenidade, enquanto que em muitas igrejas cristãs as pessoas só querem dizimar e fazer orações curtas e de fé para receberem, sem tempo a perder, prosperidade no mundo. Muitos cristãos ficariam surpresos e até se escandalizariam, se pudessem conviver com o Cristo encarnado, vivendo como homem entre os homens. 
      Se paciência pode ser nosso modus operandi para tudo, para orarmos não é opção, é o único modo. Deus ouve a todos e seja lá qual for o jeito que o homem ore, mas para um crescimento espiritual mais profundo é preciso muita paciência. Neste ponto chegamos ao texto bíblico inicial, só achamos a Deus quando o buscamos com todo o coração, e o termo “todo o coração” implica não só em fé forte e rápida, mas em um longo e paciencioso período de busca, onde conhecemos a nós mesmos, então, a vontade de Deus. Sem paciência não achamos a paz, sem paz não achamos Deus, e sem Deus não achamos vida em abundância, eis o processo do trabalho espiritual, acontecendo de maneira oposta ao do trabalho físico. 
      Creia, em um determinado momento de tua existência, no plano físico ou no espiritual, você terá que ter paciência, ainda que passe uma existência no mundo material fugindo disso. Quem foge da paciência foge da paz, foge de Deus, foge da vida. Céu e inferno estão diretamente relacionados à paciência que temos para entender e fazer a real vontade de Deus para nossas vidas, não aquilo que achamos que é a vontade do Senhor, nem o que os homens nos dizem que é. O quanto antes entendermos isso, melhor para nós, que seja antes de perdermos as “pernas”. “Perder as pernas” pode ser coisas diferentes para pessoas diferentes, de um jeito ou de outro limita nosso espaço num tempo indeterminado, só para aprendermos a ser pacientes. 

Esta é a 66ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

05/04/22

A luz da aurora (65/90)

      “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.
  Provérbios 4.18

      Lindíssimo o versículo inicial, poético e espiritual. Muitos não entendem, mas tudo no mundo físico é metáfora do plano espiritual, a arte criada por escritores, músicos, pintores, diretores de cinema e outros, nasce da mente que conhece um mistério espiritual, ainda que o homem não tenha consciência disso. Mesmo que seja a Terra que se movimente em torno do Sol, o dia começa quando vemos a subida do astro rei no horizonte, pouco a pouco se eleva e a Terra é iluminada, o que está escondido é revelado, seres humanos acordam e saem para trabalhar, estudar, amar, se divertirem, banham-se de luz. 
      Quanto aos temerosos sentem-se desconfortáveis com a claridade, se as janelas estiverem abertas eles as fecham, se antes estavam ao ar livre, protegidos pela escuridão da noite, buscam esconderijo em quartos fechados. Esses são os descritos no verso seguinte ao inicial acima, “o caminho dos ímpios é como a escuridão, nem sabem em que tropeçam” (Provérbios 4.119). As poucas decisões que tomam fazem na passagem, entre noite e dia, e não percebem que só conseguem fazer isso por terem uma rápida visão que o Sol, aquele do qual fogem, lhes permite terem, eles sentem-se mal com a luz.
      Quando entramos numa casa abandonada, que ficou com portas e janelas fechadas por muito tempo, sem receber qualquer claridade, temos que tomar cuidado. Ao primeiro raio de Sol que adentra o recinto vemos no chão baratas, aranhas e até ratos, fugindo da claridade para os cantos ou para quartos no interior da casa, onde a luz ainda não alcançou. Esse bichos gostam das trevas, podem ter vivido por anos naquela casa fechada, e na verdade, se tivessem inteligência, diriam que aquela moradia lhes pertence, ainda que por usucapião, só saíram de lá à noite para se alimentarem e logo retornavam. 
      Infelizmente a mesma coisa pode acontecer com nossos corações, com nossos homens interiores, ficarem por tanto tempo em trevas que acabam sendo moradas de todo tipo de mal, de vício, medo, rancor e desconfiança. Podemos administrar casas abandonadas assim dentro de nós, ainda que em nossas aparências externas mostremos para as pessoas faces sorridentes, corpos asseados, palavras refinadas. Contudo, quem olhar com cuidado nossos olhos verá, lá no fundo, insetos e roedores, correndo rapidamente para algum canto, buscando esconderem-se de quem os confronta com a luz espiritual. 
      Mantemos luz ou trevas dentro de nós? É fácil sabermos, só respondermos outra questão: existem muitas coisas que tentamos esconder das pessoas? É precioso entender que ninguém é um livro totalmente aberto, sim, todos nós escondemos coisas dos outros. Algumas coisas porque, ainda que resolvidas no presente, são assuntos sensíveis, difíceis, que nenhum proveito existe em serem mostradas. Mas tem coisas, que ainda que não estejam solucionadas, e Deus tem muita paciência conosco, podem representar, não “seres estranhos da noite”, mas pendências temporárias que serão resolvidas.
      Uma barata pode entrar de vez em quando em casa, mas uma faxina e ela será descoberta e retirada, contudo, ter um ninho de ratos morando num canto escuro e esquecido da casa, representa mal maior, a insistência em não limparmos certos lugares ou em mantê-los abertos para entrada de bichos. Vida de oração é raio da luz do Altíssimo lançado sobre nosso homem interior, nisso o mal é revelado e pode ser expulso, depende só de nós buscarmos a Deus, conhecermos sua vontade e obedecê-la. O que ama a Deus terá uma trajetória como a descrita no versículo inicial, mais e mais iluminada. 
      Sob a luz a verdade se revela, boa ou ruim, sob a claridade do Sol as rugas aparecem, mesmo a maquiagem exagerada para tentar escondê-las, sob o Sol a vida solicita movimento, ânimo, trabalho, evolução. Os que amam a morte escapam para as trevas, para as luzes artificiais, que mostram o que eles desejam que seja mostrado. Na noite a verdade é manipulada, distorcida, e aí não é mais verdade, é ilusão, é fuga, é malícia. Na eternidade todos nós enfrentaremos a mais forte das luzes, a luz espiritual da moralidade mais elevada de Deus em Jesus, sob ela destinos eternos serão estabelecidos. 

Esta é a 65ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
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José Osório de Souza, março de 2021

04/04/22

O transporte do amor (64/90)

      “E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.” 
Lucas 10.25-28

      Quem seremos na eternidade? Seremos o homem espiritual que construímos dentro de nós aqui no mundo. A qualidade desse homem interior está diretamente relacionada a quanto praticamos os mandamentos de Deus. Jesus resumiu todos os mandamentos em um, amar a Deus, assim, construir o céu dentro de nós ainda neste mundo é amar a Deus. Quem ama a Deus, ama a si mesmo e ao próximo. Mas o que exatamente é amar a Deus? Entendemos o conceito espiritual disso ou confundimos com o apreço afetivo que temos por coisas físicas, pessoas, e mesmo por animais?
      O que nos vem de imediato à cabeça, quando pensamos no termo gostar, é aprovar. Se aprovamos alguém, gostamos desse alguém, do que ele faz, nisso pode estar incluído um relacionamento físico íntimo, assim, podemos gostar sem amar. Já amar podemos relacionar com um afeto maior. Um amigo, por exemplo, podemos amar ainda que não aprovemos tudo que ele faz. Mas com um companheiro afetivo, um cônjuge, é semelhante, ainda que não gostemos de tudo que ele faz, nós queremos continuar vivendo com ele, nos compartilhando fisicamente com ele, porque o amamos.
      Isso são manifestações emocionais e mesmo físicas de afeto, contudo, o amor espiritual que exercemos para Deus é algo mais. Nem estou falando de amor sacrificial, que também é uma alta expressão de afeto, que sofre pelo outro, que tem paciência mesmo com o desafeto do outro, que pode dar a própria vida pelo outro, como Jesus fez. Apesar disso ser uma expressão elevada de amor, ainda é amar no plano físico. Deus está no plano espiritual, ele não precisa que nos sacrifiquemos por ele, ainda que encarnado em Jesus tenha se sacrificado por nós, como espírito ele pode viver em nós. 
      Muitos cristãos percebem na prática o poder que tem o louvor, mas muitos não entendem o que de fato ocorre espiritualmente quando adoram Deus, Jesus e o Santo Espírito. Não são só palavras de aprovação por tudo que Deus é e faz que dizemos em hinos e cânticos, não é só o sentimento, que encharcado pelos dons espirituais entrega ao adorador um êxtase singular. Quem adora, ama, não se pode adorar sem amar. Amar um ser espiritual nos aproxima desse ser, mais ainda, nos coloca espiritualmente na posição espiritual que esse ser está, transporta-nos espiritualmente a um lugar. 
      Endemoniados são seres humanos que amam o mal, seja pelo que for que o mal se manifeste neles, vícios do corpo, ódio, inveja, lascívia. Quando amam o mal se colocam na mesma “frequência” espiritual de seres espirituais do mal. É simples, iguais se atraem, assim funciona no plano espiritual, por isso precisamos ter cuidado, gostar demais de algo que sabemos que nos afasta das virtudes morais lançadas sobre nós pela luz do Altíssimo, “endemonia-nos”, ainda que num grau menor, que não controle nosso corpo e nossa mente o tempo todo. O que adoramos nos possui. 
      Moisés ensinou e Jesus enfatizou, amar a Deus é o mais importante dos mandamentos. Eles não falaram só sobre o amor que sentimos no plano físico, uma preferência que temos por algo ou por alguém, é muito mais que isso. Há poder espiritual no amor, ele nos leva a adorar algo, assim nos coloca na mesma posição espiritual do objeto adorado. Se amamos a Deus naturalmente o adoramos. Isso é mais que palavras e emoções, é transporte espiritual para uma posição elevada, através de Jesus e pelo Espírito Santo. Nessa posição temos proteção, paz e luz, para resistirmos a todo o mal. 
      Por isso Paulo encerra o ensino sobre o amor em I Coríntios 13.13 dizendo, “agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor”. Na eternidade seremos confrontados pelo amor maior que chega a todos através da luz do Altíssimo. Quem já tiver o penhor do céu em si, subirá para a luz mais alta de Deus, sem medo, sem culpa, sem perturbação, não será surpreendido, se não para melhor. Quanto aos que não amaram os homens, porque não amaram a Deus no mundo, se sentirão desconfortáveis com a luz, se esconderão nas trevas infernais. 

Esta é a 64ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

03/04/22

Escolhas terminais (63/90)

      “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.
 Gálatas 6.7-8

      Se a salvação está na persistência, primeiro para crer e depois para praticar, a perdição também está, na teimosia primeiro em pecar e depois em não pedir perdão pelo pecado. Nossa insistência define o que somos e o que levaremos para a eternidade. Ela é um processo que pode mudar até uma intenção, que a princípio era boa, já que com o tempo harmonizam-se intenção e prática. Quando a prática do pecado estabelece uma intenção de não se importar mais em pecar, a pessoa pode chegar a um ponto sem volta, onde será feita uma escolha terminal. Por mais que Deus ame a todos e tenha sempre a porta aberta de sua melhor vontade, ele respeita o livre arbítrio, que pode encerrar as chances que alguém tem neste mundo para mudar de vida. O amor de Deus desiste de alguém? Não, só a vontade do homem é que desiste de se arrepender e de seguir no melhor de Deus para sua vida.  
      Deus não tem limites, o homem tem. Uma escolha de reação emocional errada, mantida por tempo demasiado, pode instalar doenças emocionais, síndrome de pânico, depressão, ansiedades, que de mentais passam a ser doenças físicas, levando a dificuldades para dormir e outros males. Quando se trata de doenças emocionais não podemos cometer a irresponsabilidade de generalizarmos, várias são as causas, inclusive no sentido inverso, ao invés do emocional interferir no físico, um desajuste químico, que é físico, poder interferir no emocional. Mas seja como for, o homem tem limites, se não administrar bem corpo e mente, dores que começaram como eventos mentais, podem se tornar físicas, para quem lidou mal por muito tempo com pensamentos e sentimentos. Isso também é o poder, negativo, da fé, acabamos nos tornando o que cremos ser, seja para o bem, seja para o mal. 
      Por um bom tempo em nossas vidas ainda tentamos nos convencer, às vezes por estarmos frequentando igrejas onde ouvimos um ideal de Deus para nossas vidas e que constitui o único caminho para o céu. Dessa forma dizemos para nós mesmos, “cometo esse erro o tempo todo, mas não sou isso, Deus conhece minha sinceridade, sabe de minha intenção”, contudo, não conseguimos fazer isso para sempre. Quando existe essa incoerência um dia poderemos desistir de nós, e isso para podermos ter alguma sanidade mental, para que cesse o conflito dentro de nós, entre o que queremos ser e o que vemos que somos. Dessa forma acabamos assumindo o que a nossa prática, e não a nossa intenção, mostra que somos. Eis um momento crucial nas existências das pessoas, que define o motivo principal de porque estão neste mundo, assim como o que serão na eternidade. Pode ser um triste momento. 
      Como a depressão é algo que se instala em nossas cabeças, e que num determinado momento de nossas vidas pode ser de difícil cura, ainda que administrada com medicamentos, o inferno também é instalável em nossos espíritos, e num determinado momento de nossas vidas pode ser irreversível. Quando não queremos pensar sobre algo ou aceitar algo, temos a tendência de generalizar e jogar num extremo, assim, não entenda inferno como uma vida dominada pelos prazeres do corpo, na devassidão, em pecado, não, inferno não é só isso. Inferno é dor sem fim, e dor pode estar bem escondida em vidas que desistiram de anulá-la com fugas. Existe gente dentro de igrejas assim, controladas exteriormente (por remédios), socialmente resignadas, mas sendo “cavalos” de terríveis sofrimentos, muitos que de boca confessam o céu, mas que no coração já se condenaram a um inferno há algum tempo.
      A maneira de ver muitas coisas deste que vos escreve, não é melhor e acho que também não é pior que a maneira de outros cristãos, mas a maneira de ver deste espaço virtual é diferente. Geralmente sou levado pelo Espírito Santo a não tirar aquelas conclusões mais óbvias, tento ver aquilo que pode estar escondido, que a princípio pode parecer uma coisa, mas que se olharmos com atenção veremos que é outra. Penso que Jesus trouxe uma crítica assim para a religião tradicional de sua época, viu além do óbvio, discerniu o pecado não na aparência, mas na intenção, assim a minha interpretação do termo “carne” do texto bíblico inicial tenta ir além daquilo que muitos ensinam. A leitura que faço desse termo não se refere aos pecados dos prazeres do corpo, mas a uma disposição mais interior, que ainda que explicitamente não peque também não coloca Deus no melhor lugar do ser humano.
      Por que isso é relevante? Porque a abundância de igrejas e pregadores, principalmente na internet, com sites e canais de vídeos, popularizou o ensino evangélico. Hoje muitas pessoas conhecem a Bíblia, contudo, conhecem do jeito tradicional e superficial, assim só mais do mesmo. Muitos se acostumaram a pregar o que a maioria gosta de ouvir. Suponha, que em uma igreja pentecostal, onde vários pregadores podem usar o púlpito e não só o primeiro pastor, como acontece em igrejas protestantes tradicionais, fosse feito o desafio de durante um certo tempo não se pregar sobre os milagres de Jesus, a cura da mulher com o fluxo de sangue e outros. Acho que os pregadores teriam dificuldades para entregarem palavras diferentes, mesmo para olharem um Deus que faça coisas mais importantes que milagres físicos. Bem, esse é o jeito óbvio de se ver a palavra de Deus, tento ver diferentemente.
      Sobre o que temos semeado, sobre a carne ou sobre o Espírito? Todos precisamos trabalhar, mas até que ponto exageramos no esforço pessoal para não termos fé em Deus? Ambos os extremos são inadequados, não é sábio dependermos só do que é feito diretamente pelas nossas mãos, tanto quanto não é sábio só dependermos daquilo que vem das divinas mãos, é preciso equilíbrio, pés na Terra e olhos no céu. Quem chegou num ponto onde não acredita mais num Deus que tudo controla, e que conta com nossos esforços tanto quanto com o que não podemos fazer, quem acha que só depende do próprio trabalho, parou de olhar para o céu e semeia na carne. Muitos até respeitam Deus, mas se negam a depender dele pela fé, dependem só deles mesmos. O tempo, ainda neste mundo, mostrará os frutos de tal escolha, mas tenhamos cuidado, algumas escolhas podem ser irreversíveis e terminais. 

Esta é a 63ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

02/04/22

Qualidade da dor (62/90)

      “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto a vós, é glorificado. Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte.
I Pedro 4.12-16

      O que nos define espiritualmente é a qualidade de nossas dores, se entendêssemos isso entenderíamos o real motivo de vivermos no mundo. Os textos de Moisés deixam isso bem claro nos primeiros capítulos de Gênesis. Ainda que sejam entendidos só como mitos, e como tais podem ter significados ainda mais profundos que se entendidos só ao pé letra, Adão, o Éden, a árvore do conhecimento do bem e do mal, a serpente, o pecado original e as consequências desse pecado, mostram que a vida no planeta Terra pós-queda é de dor. A civilização evoluiu, a ciência permitiu confortos que não se tinha há quinhentos, mil anos atrás, mas a dor segue, só mudaram os motivos para que ela exista, nesse mundo continuará até o juízo. Na verdade as dores aumentaram, mesmo numa humanidade com tantas facilidades tecnológicas, hoje existem sofrimentos que não existiam no passado. 
      O homem não evolui sem sofrer, negar a dor é negar a evolução. Jesus lutou contra uma dor que sentia por ter que salvar a humanidade, não foi pelo remorso de um pecado cometido, pela culpa de um prazer do corpo desfrutado na hora, no lugar ou com a pessoa errada. Paulo sofreu na prisão (II Timóteo 4), abandonado por muitos companheiros, só por ter pregado o evangelho de amor do Cristo aos homens de seu tempo. Muitos cristãos atuais estão sofrendo por não fazerem conchavos sujos com homens, o que poderia lhes render mais prosperidade nos negócios, status e aprovação no mundo. Alguns sofrem por não conseguirem vencer vícios como tabagismo, alcoolismo e de outras drogas, contudo, muitos de nós sofremos só por não termos resistido a um sentimento de vingança, ou talvez só por termos assistido um vídeo impróprio ao invés de amarmos nossos cônjuges. 
      Por um amor fraternal que se sacrifica, ou por culpa por prazeres egoístas, o que nos causa dor? Medo ou culpa? Orgulho ou frustração? Quebra de alianças que fizemos com nós mesmos, com nossos corpos, com nossas saúdes físicas e mentais, ou quebra com aqueles compromissos que fizemos com Deus quando entendemos que viver melhor é ajudarmos os outros e não só satisfazermos a nós mesmos? A qualidade de nossas dores nos define muito mais que a qualidade de nossos prazeres, porque só a dor mais pura e altruísta nos dará direito ao melhor de todos os prazeres, o espiritual que agrada a Deus. Na eternidade seremos só isso, nossa intenção mais interior de agradar a Deus. Se ela existir teremos direito ao melhor céu, caso contrário, ainda que tenhamos sido bons cidadãos e ótimos religiosos no mundo, nossa intenção de só usufruirmos para o próprio deleite já construiu um inferno em nós. 
      Se sobre nós repousa o Espírito Santo do Altíssimo, e se somos verdadeiros e respeitosos com sua voz, sempre sofreremos por Deus. Quem sofre por si não sofre por Deus, se o sofrimento teve como causa sentimento de vitimização ou pecado, não há glória nele, só egoísmo ou efeito de erro. Mas no arrependimento sincero e no desejo de não se errar mais, existe uma dor que agrada a Deus, ainda que seja efeito de pecado nosso, pois nisso o Senhor vê que ainda que pequemos não queremos pecar, porque entendemos que isso desagrada a ele. O ímpio segue errando e errando, não sofre porque erra, joga a culpa de seus erros nos outros, na vida, no destino e até em Deus, não assumirá seus “b.o.s”, como se diz hoje. A dor de qualidade é a que vem não como efeito de pecado, mas como temor de algo que teremos que passar, e não nos negamos a isso por querermos agradar a Deus. 
      Não somos transformados da noite para o dia, não nos libertamos de vícios rapidamente, e com muitos vícios lutaremos por toda a vida. Por isso a dor é constante, mas temos que lutar contra o pecado, até o fim, e lutarmos com a arma certa. A arma certa é acostumarmos todo o nosso ser com o bem, com a paz, com o amor, com a confiança num Deus que nos conhece, cuida de nós e nos conduz em vitória. Damos início a isso com uma vida de oração no Espírito Santo, experiência que impressiona todo nosso ser, razão e emoção, corpo e espírito, só assim mudaremos nosso espírito diante de Deus, não só nosso corpo e nossa vida social, que exteriormente podem até estarem corretos diante dos homens. É a qualidade de nosso espírito que definirá nosso céu e nosso inferno, nosso melhor homem interior que será manifestado no plano espiritual e que seguirá conosco para novos céus e nova Terra. 

Esta é a 62ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

01/04/22

Poder da fraqueza (61/90)

      “E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação. E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia. E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão. E, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza. E disse-lhes: Por que estais dormindo? Levantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.
Lucas 22.40-46

      Quando Jesus orou no Getsêmani até suar sangue, precisando da companhia de seus melhores amigos, que não resistiram ao sono da vigília e o deixaram só, Jesus sentiu toda a dor da fraqueza humana. Racionalmente ele sabia o que poderia passar, o que teria que passar, o que passaria, mas como homem encarnado, e não como Deus, ele fez o que qualquer um de nós, em sã consciência, lúcido e saudável, faria, ele tentou “negociar” com Deus. Procure entender certo o termo, não existe nada de errado nisso e mesmo referindo-se a Jesus. É o mecanismo de sobrevivência do homem tentando manter o corpo físico íntegro, e isso não é necessariamente pecado, covardia ou fuga. Deus espera de nós tal reação, ela é legítima se vivida em Deus, com o temor do Senhor que se coloca humildemente debaixo dele, ainda que procurando um jeito de escapar de sua inevitável vontade.
      Meus queridos, muitas vezes a dor de viver é enorme, insuportável, e todos passamos por ela. É a morte levando um ente querido, às vezes antes daquilo que achamos ser o melhor tempo e a melhor maneira, é a injustiça do poderoso que pode deixar mesmo crianças sem terem o que comerem, é a violência dos egoístas e devassos, que pensando só em seus prazeres e vaidades não se importam em machucar os outros. Contudo, também pode ser algo que pouco representa para os outros, mas que nos fere de maneira avassaladora. A dor pode parecer infinita e com tal potência que achamos que nos levará à morte, sentimos o lado esquerdo do peito comprimido, o coração descompassado, um gosto amargo na boca, achamos que a qualquer momento perderemos as forças e desfaleceremos, vencidos por algo que não temos controle. Jesus sentiu isso e mais, antes de ser preso e crucificado.
      O antigo testamento, a velha aliança, é a vitória do forte sobre o enfraquecido, que está fraco por estar longe de Deus, da força sobre a fraqueza, numa guerra física e externa. O novo testamento, contudo, a nova aliança, é o contrário, é a vitória da fraqueza sobre o forte que se sente enganosamente forte por não se conhecer nem a Deus, do fraco sobre si mesmo numa guerra espiritual e interna. Jesus pregou sobre isso em seu ministério, mas acima de tudo praticou isso, não só para viver como também para morrer. O evangelho ensina que a vitória está, não em reagir, ainda que se tenha razões legítimas para isso, mas em não reagir, não em usufruir, mas em sentir a falta, aceitar isso e ainda estar em paz. Não é só uma questão de ser masoquista, de achar que sofrer a dor nos oferece direito a algum crédito. Isso seria vaidade e pode ser muito mais transtorno psicológico que espiritualidade.
      Não é fácil para ninguém suportar a dor de viver, e viver é administrar uma dor constante. Na verdade, não vamos atrás de prazer, só tentamos fugir da dor, mas crescer espiritualmente é conseguir fazer isso construindo dentro de nós os melhores valores morais, nos libertando dos vícios do corpo, resistindo a toda espécie de vaidade. A luta ocorre todos os dias, e ainda que hoje experimentemos felicidade, amanhã nosso corpo e nossa alma se esquecerão disso e tornarão a sentir dor. “Mas aquele que perseverar até o fim será salvo” (Mateus 24.13), eis algo que temos que repetir para nós mesmos o tempo todo, pedindo perdão pelo pecado, não nos acostumando com o pecado ainda que ele teime em nos subjugar, tendo humildade para reconhecer sempre que pecar é uma escolha pessoal que fazemos, não é culpa dos outros, mas é responsabilidade nossa, tanto quanto é pedir perdão por isso. 
      E disse-me: a minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza; de boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo” (II Coríntios 12.9), Paulo define o conceito “poder da fraqueza” usando experiência própria, e todos que forem amigos genuínos de Deus não só entenderão isso, mas também não terão receio de admiti-lo. Gloriar-se na fraqueza não é alegrar-se pelo prazer que o pecado entrega, não, pecado sempre tem que nos entristecer. Bem-aventurado os que se entristecem profundamente com o pecado, por mais que isso pareça contraditório. Experimentarmos a dor que vem da frustração por não agradarmos a Deus, é estarmos em comunhão com o Espírito Santo, e esse sempre nos diz “mas como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver“ (I Pedro 1.15).

Esta é a 61ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021