terça-feira, abril 05, 2022

A luz da aurora (65/90)

      “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.
  Provérbios 4.18

      Lindíssimo o versículo inicial, poético e espiritual. Muitos não entendem, mas tudo no mundo físico é metáfora do plano espiritual, a arte criada por escritores, músicos, pintores, diretores de cinema e outros, nasce da mente que conhece um mistério espiritual, ainda que o homem não tenha consciência disso. Mesmo que seja a Terra que se movimente em torno do Sol, o dia começa quando vemos a subida do astro rei no horizonte, pouco a pouco se eleva e a Terra é iluminada, o que está escondido é revelado, seres humanos acordam e saem para trabalhar, estudar, amar, se divertirem, banham-se de luz. 
      Quanto aos temerosos sentem-se desconfortáveis com a claridade, se as janelas estiverem abertas eles as fecham, se antes estavam ao ar livre, protegidos pela escuridão da noite, buscam esconderijo em quartos fechados. Esses são os descritos no verso seguinte ao inicial acima, “o caminho dos ímpios é como a escuridão, nem sabem em que tropeçam” (Provérbios 4.119). As poucas decisões que tomam fazem na passagem, entre noite e dia, e não percebem que só conseguem fazer isso por terem uma rápida visão que o Sol, aquele do qual fogem, lhes permite terem, eles sentem-se mal com a luz.
      Quando entramos numa casa abandonada, que ficou com portas e janelas fechadas por muito tempo, sem receber qualquer claridade, temos que tomar cuidado. Ao primeiro raio de Sol que adentra o recinto vemos no chão baratas, aranhas e até ratos, fugindo da claridade para os cantos ou para quartos no interior da casa, onde a luz ainda não alcançou. Esse bichos gostam das trevas, podem ter vivido por anos naquela casa fechada, e na verdade, se tivessem inteligência, diriam que aquela moradia lhes pertence, ainda que por usucapião, só saíram de lá à noite para se alimentarem e logo retornavam. 
      Infelizmente a mesma coisa pode acontecer com nossos corações, com nossos homens interiores, ficarem por tanto tempo em trevas que acabam sendo moradas de todo tipo de mal, de vício, medo, rancor e desconfiança. Podemos administrar casas abandonadas assim dentro de nós, ainda que em nossas aparências externas mostremos para as pessoas faces sorridentes, corpos asseados, palavras refinadas. Contudo, quem olhar com cuidado nossos olhos verá, lá no fundo, insetos e roedores, correndo rapidamente para algum canto, buscando esconderem-se de quem os confronta com a luz espiritual. 
      Mantemos luz ou trevas dentro de nós? É fácil sabermos, só respondermos outra questão: existem muitas coisas que tentamos esconder das pessoas? É precioso entender que ninguém é um livro totalmente aberto, sim, todos nós escondemos coisas dos outros. Algumas coisas porque, ainda que resolvidas no presente, são assuntos sensíveis, difíceis, que nenhum proveito existe em serem mostradas. Mas tem coisas, que ainda que não estejam solucionadas, e Deus tem muita paciência conosco, podem representar, não “seres estranhos da noite”, mas pendências temporárias que serão resolvidas.
      Uma barata pode entrar de vez em quando em casa, mas uma faxina e ela será descoberta e retirada, contudo, ter um ninho de ratos morando num canto escuro e esquecido da casa, representa mal maior, a insistência em não limparmos certos lugares ou em mantê-los abertos para entrada de bichos. Vida de oração é raio da luz do Altíssimo lançado sobre nosso homem interior, nisso o mal é revelado e pode ser expulso, depende só de nós buscarmos a Deus, conhecermos sua vontade e obedecê-la. O que ama a Deus terá uma trajetória como a descrita no versículo inicial, mais e mais iluminada. 
      Sob a luz a verdade se revela, boa ou ruim, sob a claridade do Sol as rugas aparecem, mesmo a maquiagem exagerada para tentar escondê-las, sob o Sol a vida solicita movimento, ânimo, trabalho, evolução. Os que amam a morte escapam para as trevas, para as luzes artificiais, que mostram o que eles desejam que seja mostrado. Na noite a verdade é manipulada, distorcida, e aí não é mais verdade, é ilusão, é fuga, é malícia. Na eternidade todos nós enfrentaremos a mais forte das luzes, a luz espiritual da moralidade mais elevada de Deus em Jesus, sob ela destinos eternos serão estabelecidos. 

Esta é a 65ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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