14/11/22

O Senhor é o meu pastor

      “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.” Salmos 23.1

      A essência espiritual do homem é ser ovelha, não é ser pastor, pastor só existe um, Deus. Isso revela muito mais que simples hierarquia, que posicionamento de general e soldado, de senhor e servo, de chefe e empregado. Isso revela a vocação de sermos mansos, pacíficos, abertos a uma orientação superior, admitindo que não sabemos tudo, mas que existe quem sabe, e que esse nos ama e nos conduz. Ser ovelha não é ser “manada”, termo atual aplicado a quem se deixa conduzir por políticos ou religiosos, sem questionar e obter com isso conhecimento mais profundo e verdadeiro. Ser ovelha é ser humilde. 
      O homem não se sente satisfeito, independente de sua situação financeira ou nível intelectual, por ser auto-suciemte, quem acha que independência material traz satisfação ilude-se. Por outro lado, ainda que o pastor conduza ovelhas à liberdade e à independência material, elas aprendem que seu alimento principal não está no mundo, mas no Espírito, o Santo Espírito vem de cima, do Altíssimo, não da Terra. A simbologia pastor e ovelhas não sugere submissão estúpida, mas reconhecimento inteligente de prioridades, materialistas e ateus não entendem isso. Ser ovelha é muito bom, é se permitir ser cuidado por Deus.
      O Senhor é o meu pastor, nada em faltará! Diga isso com alegria, com muita satisfação, ainda que com muito temor a Deus, sem vaidade e com humildade. Deus se alegra em que estejamos felizes, o Senhor não é só uma energia, uma luz alta, pura e poderosa, mas fria, Deus é pai de amor que se agrada com os que o agradam e a esses ajuda sempre. Creia, há uma conexão especial entre os seres humanos que se colocam como ovelhas em Jesus. “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10.27-28).

13/11/22

Mente firme em Deus

      “Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti, porque ele confia em ti.Isaías 26.3

      Muitos enfrentam uma confusão constante dentro de si, isso torna a paz algo impossível. Não acontece necessariamente por se estar cometendo erros morais graves, mas tentar viver assim nos mantém fracos, deixando-nos mais propensos a errar. Na confusão de mente se busca nos prazeres do corpo algo que possa amenizar a dor, para que se possa enfrentar a vida. Assim, um loop estabelece-se, a dor leva a busca de prazer, que faz errar, que causa mais dor, que de novo pede por prazer, que gera mais erro e que causa mais dor. Não é vontade de Deus que existamos assim, é possível cura, se houver humildade e força de vontade podemos achar a paz e segurá-la. 
      O trabalho não é fácil, muitos desistem no meio do caminho, não desistem da vida, mas de Deus. Achar a paz é achar o ser interior e assumi-lo, muitos não têm coragem de fazer isso porque para esses parece que isso é humilharem-se demais diante de homens. “Quem não toma a sua cruz e não segue após mim, não é digno de mim, quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida, por amor de mim, acha-la-á” (Mateus 10.38-39). Os que desistem não serão menos, mas mais, se esforçarão mais, para serem mais diante dos outros, mas não acharão paz porque fogem de seus seres interiores. Achar paz é achar vida, vida só se tem harmonizado com Deus. 
      Mantermos nossas mentes firmes em Deus só conseguimos fortalecidos com a unção do Espírito Santo, se tentarmos isso sem Deus poderemos até adoecer psicologicamente. Batalha espiritual é mental, mas não é vencida com armas mentais, mas com espirituais. Não confundamos, contudo, enfermidades mentais com essa confusão que muitas vezes nos atormentam, se forem doenças psiquiátricas devem ser tratadas com medicação e orientação médica adequada, não só com oração. Confusões espirituais, contudo, se permanecerem por muito tempo sem tratamento, podem fazer adoecer nossas mentes, assim também necessitaremos de tratamento físico.
      Sempre procuro fazer essas ressalvas, ninguém despreze ciência ou tente tratar área física só com reformas morais e espirituais, essas são importantes, mas dependendo do caso, orientação médica deve ter relevância, principalmente no início do restabelecimento. Tratado ou tratando o corpo, cuidemos do espírito, conduta moral correta, libertação de vícios, vida de oração, levam-nos à cura plena. Quando cito o termo unção lembro que oração correta não deve cansar-nos, enfraquecer-nos, esvasiar-nos, mas alegrar-nos, motivar-nos, preencher-nos positivamente, impressionando sentimentos com um santo prazer. É isso que fortalece-nos para firmarmos a mente.
      Temos que readaptar nossos seres, se estavam acostumados a se perderem em devaneios, devem focar em Deus, em virtudes, em coisas boas e possíveis, na realidade, no presente, num dia após o outro. Isso requer humildade para aceitar limites, mas também confiança em Deus, que sabe quem foi, quem é e quem precisa ser. Uma mente firme em Deus se reconstrói melhor, experimenta um novo nascimento espiritual e vê o espírito amadurecendo num novo ser. Quem começa esse caminho de cura terá que se esforçar no início, mas à medida que for caminhando se verá mais seguro, mais estável, e conseguirá segurar uma paz verdadeira em Deus.
      Ninguém se sinta menor por ter que enfrentar fraquezas, Deus as permite para que dependamos mais dele e assim sejamos fortes para a sua glória. Felizes os fortes por e em Cristo. “Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” (I Coríntios 1.26-29)

12/11/22

Me tem feito muito bem

      “Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?
      Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte; para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar.
      Mas eu confio na tua benignidade; na tua salvação se alegrará o meu coração. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.
Salmos 13

      Quem procurar em muitos dos salmos por ensinos claramente positivos e de incentivo emocional, terá dificuldades, achará em alguns versículos declarações pessimistas e incrédulas, só em outros achará o que a maioria espera da Bíblia, testemunhos otimistas e crentes. Isso ocorre porque uma das principais características dos salmos, muitos deles composições de Davi, e o termo composição aplica-se porque originalmente são poesia, não prosa, letras para músicas, é serem desabafos intensos. As emoções do escritor vão sendo expressadas aos poucos e com muita honestidade. 
      Quem de nós não inicia muitas vezes uma oração totalmente desorientado, agoniado, amedrontado, descrente mesmo de Deus, achando que o Senhor nos deixou sozinhos, à própria sorte diante de tantos que se colocam como nossos inimigos? Não era diferente com Davi, que como o artista do quilate que era, tinha a sinceridade corajosa de dizer o que sentia a Deus e de compartilhar isso com outras pessoas, em composições que fazia para uso público. Que diferença da atitude de muitos de nós, que hipocritamente só queremos mostrar em público imagens satisfeitas e resolvidas. 
      Muitos cristãos fazem hoje a distinção, ao meu ver desnecessária, entre música secular e música religiosa. É certo que muito do que se autodenomina música hoje em dia não é arte, nem expressão emocional honesta, é só “canto de acasalamento” grosseiro e vulgar. Mas existe muita música, chamada secular, boa, com uso correto da língua, com harmonias e melodias ricas, mas principalmente, descrevendo experiências emocionais, sociais, afetivas, sinceras e reais. Pois bem, essa boa música secular pode se encaixar em muitos salmos, pelo menos nas primeiras partes deles. 
      O salmo 13 é um bom exemplo da oração gradativa tão presente em Salmos, que parece que começa com alguém no fundo de um escuro poço e depois encerra no mais alto céu. Nos versículos 1 e 2 Davi declara medo por achar que Deus se esqueceu e fugiu dele, e por isso não consegue mais achá-lo, Davi diz que está muito triste e que está derrotado e humilhado por seus inimigos. Essa é a descrição de alguém sendo disciplinado por Deus, não porque o Senhor o puna, mas porque Deus se afasta dele. Mas será que Deus se afasta de alguém em algum momento?
      Não, somos nós, homens, que nos afastamos do Senhor. Contudo, a declaração de Davi assumindo sua dor, sua verdade interior, abrindo suas entranhas e expondo a Deus, sem meias palavras, é só o primeiro passo de sua busca ao Altíssimo. Nos versículos 3 e 4 Davi já começa a se levantar, depois de se mostrar ele pede a Deus que se mostre a ele, agora a incredulidade começa dar lugar à fé. Atende-me, ilumina meus olhos para que eu não adormeça na morte, para que meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar, nisso Davi reconhece sua situação, mas clama que Deus o ajude. 
      Nos versículos 5 e 6 um Davi diferente, daquele do início do salmo, se apresenta, ele diz confio na tua benignidade, na tua salvação se alegrará meu coração, ele já contempla a alegria rertornando. Meus queridos, as palavras são limitadas, lentas, não acompanham a ação do Espírito Santo, e creia, enquanto Davi fala Deus age. O que permitiu isso não foram as palavras em si, mas a atitude interior de Davi, de humildade e fé. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem, encerra assim o compositor seu salmo, como se a felicidade fosse coisa que já acontecesse há tempos.
      A oração verdadeira transporta-nos no tempo, do passado de morte sem fim para um presente eterno de vitória, quando o Espírito Santo nos eleva, o pior pesadelo parece nada, a luz do Senhor nos acorda para as maravilhas do plano espiritual. Inimigos? Não temos inimigos, só opositores tolos, perdidos em seus próprios pesadelos, batendo cabeças, nada poderão fazer contra nós porque estamos na luz de Deus e eles não se sentem confortáveis na luz. Mas a frase final nos revela outro segredo da vitória espiritual, o louvor, quem adora se protege de medos e de tentações, santifica-se e cresce. 

11/11/22

Aprendamos com Davi

      “Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias. Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado.Salmos 51.1-2

      O salmo 51 registra a oração que Davi fez após ser repreendido pelo profeta Natã (II Samuel 11-12) por ter adulterado com Bate-Seba e mandado matar Urias seu esposo. O pecado foi sério, as consequências à altura, mas Davi o assumiu, ainda que tardiamente e só após ter tentado acobertar o erro inicial com mais erros. Um trágico exemplo de como vergonhas podem se tornar vergonhas ainda maiores, se não houve pronta humildade para assumir as primeiras. Davi pede perdão a Deus com a certeza que isso seria suficiente para purificá-lo totalmente, isso fica claro na passagem. Por pior que seja o erro cometido o mínimo que podemos fazer é assumi-lo, confessá-lo a Deus e confiar na eficácia do perdão do Senhor.
      Davi poderia ter novamente a mesma atenção e a mesma proteção de Deus que tinha antes de pecar? Sim, contudo, fica a lição a todos nós, mesmo que haja paz com o perdão, os efeitos de certos pecados não desaparecem, devemos conviver com eles, ainda com mais humildade que a exercida para assumirmos o erro. Quem já não cometeu erros sérios, com consequências que não podem ser desfeitas? Deus não deseja isso a ninguém, mas em muitos casos pode ser a única maneira de sermos quebrantados e confiarmos no Senhor. Lições trágicas sofrem os teimosos, que ainda que tenham provado a honra de Deus, como provou Davi no estabelecimento de seu reinado, se esquecem dessa honra e não vigiam adequadamente.

      “Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mal à tua vista, para que sejas justificado quando falares, e puro quando julgares. Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.” Salmos 51.3-5

      Nesses versículos Davi especifica sua confissão, sua condição de pecador imundo, e principalmente, verbaliza contra quem pecou em primeiro lugar, contra Deus. Confissão de pecado não pode ser genérica, mas detalhada, sentindo toda a seriedade que implica o erro. Interessante que Davi diz que conhece suas transgressões, mas parece que nos esquecemos que estamos pecando e desagradando muito a Deus em algumas situações, como quando Davi desejou e possuiu a mulher de outro homem. Que não cheguemos a estarmos fracos assim, por isso vigiemos, nos fortaleçamos em Deus, enxerguemos o pecado antes dele acontecer, e fujamos dele, bem depressa, senão as consequências serão terríveis.
      Que diferença a honestidade de Davi, concordando que qualquer juízo que Deus executasse seria justo e ele receberia sem reclamar, da atitude de muitos jovens hoje em dia, não admitindo erros, jogando a culpa nos outros, não assumindo responsabilidades pessoais, achando-se sempre certos, cheios de direitos. Por isso tantos não conhecem o verdadeiro Deus, ainda que frequentem igrejas, não são humildes e não amadurecem. Davi chega ao fundo em sua confissão quando reconhece que sua essência é pecaminosa, desde seu nascimento, parece exagerado, mas representa bem a situação de quem foi surpreendido e duramente exortado. Davi faz tudo que pode para recuperar sua posição anterior a seu erro.

      “Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria. Purifica-me com hissope, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais branco do que a neve. Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que gozem os ossos que tu quebraste. Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto.” Salmos 51.6-10

      Depois de enfatizar sua condição de pecador, Davi enfatiza a santidade de Deus, confia na eficácia do perdão do Senhor e clama para ter novamente a alegria de viver de quem agrada a Deus. Ah, meus queridos, muitas vezes só valorizamos certas coisas quando as perdemos. Mas creiam, é muito ruim viver em pecado, traindo pessoas, desejando o que não é nosso, tendo o que não nos pertence. Em se tratando de sexo errado é adultério e roubo, e no caso de Davi, também homicídio. Um abismo chama outro abismo, se o homem se deixar levar por prazeres egoístas, pela carne, desprezando o Espírito, acabará em morte e como dizem alguns, num horroroso “carma”. Quanto temos que pecar para acordarmos? 
      O versículo dez é muito bonito, vai ao cerne do problema, que não está nos órgãos e sentidos do corpo que interagem com os apetites, mas no interior emocional, mental e espiritual do homem. Davi deseja de novo o homem que era antes de pecar, que ele perdeu, não no adultério ou no homicídio, mas antes. Adultério e homicídio foram só trágicas causas de seu afastamento de Deus, afastamento que não o levou à guerra junto do exército de Israel e o amarrou ociosamente no palácio. Creia, ninguém comete um grande erro assim, da nada, avisos são dados e muitos, mas não são ouvidos, até que algo sério ocorre e revela o grande desvio do homem de Deus. Aprendamos com toda essa triste história de Davi e nos cuidemos. 

10/11/22

Nosso sal tem sabor?

      “Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.Mateus 5.13

      Nossa vida tem sabor? Que sabor tem? Que sabor gostamos que ela tenha? Várias coisas podem dar sabor às nossas vidas. Passamos muito tempo ao sabor das paixões, essas conferem tons fortes e vivos, que preenchem nossos dias, fazem com que nos sintamos vivos, relevantes para o mundo, para outras pessoas. Nos apaixonamos por um ofício, por uma profissão, por uma carreira, por um dom, nos esforçamos para conhecer essas ferramentas bem e sermos competentes no uso delas. Essas estão diretamente relacionadas com retornos financeiros, e dinheiro sempre dá sabor às vidas, compra-o, ao menos. 
      Mas é indiscutível que o que dá mais sabor às nossas existências neste mundo são nossas relações afetivas, por amor fazemos muitas bobagens, mudamos de cidade, de estado, de país, trocamos até carreiras promissoras para estar mais perto de alguém. Bem, pelo menos era assim para a minha geração, mas parece que para jovens bem formados dessa última geração, vida profissional tem sido prioridade, muitos têm preferido ficar solteiros, ainda que tendo relações íntimas ocasionalmente e sem compromisso. Muitos hoje não querem estar presos a nada a não ser a eles mesmos, mas será que as vidas desses têm sabor? 
      No texto bíblico inicial entendemos que sabor não é efeito de algo, mas algo que causa efeito em outras coisas, assim, paixões mudam nosso humor, nosso emocional, isso nos confere temperos que podem influenciar outras coisas. Apaixonados podem trabalhar melhor, ou pior, que seja, mas se tivermos vivendo uma paixão tudo o que tocarmos ganhará um sabor. A figura do sal tem um significado especial, não se come sal puro, ele é usado para dar sabor, e mesmo assim deve ser usado na medida certa. Mas isso se o sal estiver com suas características vivas, caso contrário, todo o sal do mundo não dará sabor aos alimentos. 
      O melhor sabor é o moral, ungido no Espírito Santo, esse dará mais que gosto, liberará o melhor dos seres humanos, e o melhor é eterno, não é vão e deste mundo. O resto, ainda que não seja necessariamente errado e tenha espaço e tempo em nossas vidas, é uma espécie de simulação da unção  espiritual. É importante entendermos que experiência espiritual não é algo fechado, parado, contido, frio, mas ainda que seja centrado e controlado é fogo que arde e não queima. A verdadeira experiência espiritual com o Deus Altíssimo nos confere o sal mais puro e saboroso, capaz de dar bom gosto ao mundo e aos seres humanos. 
      Unção envolve áreas moral, espiritual e emocional, é prazer de se estar em íntima ligação com Deus pelo seu Espírito. Mas a unção genuína só existe quando há qualidade moral, alguém de fato ungido tem capacidades espirituais, virtudes morais e emocionalmente sente-se iluminado, muito satisfeito. Quem está bem consigo, com Deus e se sente bem, com facilidade influenciará as outras pessoas, seja com palavras ou com atitudes, a estarem bem. O sal que Jesus se refere é essa unção, outros sabores, como as paixões, acabam conforme envelhecemos, mas o sabor da unção perdura e melhora, independente do tempo de vida.
      Interessante que o fim do sal com sabor e do sal sem sabor é o mesmo, a terra. Um salgará a terra e a influenciará para ter o seu sabor, o outro será pisado pelos homens e se tornará terra, será influenciado por ela. Isso propõe uma escolha de atitude, influenciar ou ser influenciado. Todos nos sentimos às vezes sal sem gosto, ainda que nossa vida no geral esteja de acordo com a vontade de Deus, parece que não nos resta outra coisa senão cairmos na terra e desfalecermos. Ao invés de procurarmos sabor nos vícios do corpo, o melhor é orarmos a Deus, buscarmos com todo o coração a unção do Altíssimo, que dá sabor ao nosso sal.

      “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes.Jeremias 33.3

09/11/22

Deus é sol e escudo

      “Porque o Senhor Deus é um sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não retirará bem algum aos que andam na retidão.Salmos 84.11

      Por isso amamos a Bíblia, em poucas palavras nos são apresentados ensinos preciosos de vida eterna. Deus é sol, o que entendemos disso? O Sol brilha, forte, sempre, alimenta toda a natureza com seu calor. Ele é fiel, ainda que a noite venha, e em alguns lugares do planeta possa durar bastante, o dia chega, o Sol nasce no horizonte, a vida se renova, a esperança segue firme, fortalecendo os homens em suas lidas diárias no trabalho de ganhar o alimento.
      À luz do Sol o homem tem melhores condições de ser produtivo, não precisa de luz artificial, sabe onde anda, aproveita melhor seu tempo. Deus é Sol moral que orienta nossas escolhas, mostra-nos o que é certo fazer porque é o melhor, para nós e para os outros. Sob a luz espiritual mais alta os seres espirituais do mal fogem, tentam achar algum local nas trevas para se esconderem, quem anda no sol divino é protegido por ele, purificado por ele, acalentado por ele. 
      A mesma luz mais alta de Deus é escudo contra o mal, quem faz o que é certo vence o que está errado só pelo fato de agradar a Deus. Não precisamos empunhar armas contra os arrogantes e egoístas, gastarmos nossas forças agredindo-os, os retos não atacam ninguém, nunca. Nossa ferramenta de guerra é obedecer a Deus, com isso naturalmente um escudo se forma ao redor, embaixo e acima de nós, de maneira que as armas inimigas não possam nos tocar.
      Nada é tirado dos que andam na retidão, andarmos retamente é andarmos humildes diante dos homens, mas convictos com Deus, com calma no mundo, mas perseverantes na busca do Altíssimo. O reto não mente nem que lhe custe a vida, não perde tempo com polêmicas ou com defesa própria, se cala, confia em Deus pois sabe o Deus que tem. A esses Deus não negará nada porque esses sabem o que, como e quando pedir, para eles a vida melhora sempre. 
      Interessante que o texto não diz nada é negado, mas nada é retirado, parece que nossa dificuldade maior não é conquistar coisas, mas manter o que conquistamos. Assim, a disciplina que sofremos quando nos afastamos de Deus, não é deixarmos de ganhar, mas perdermos o que ganhamos. O reto nem precisa ganhar, mas o que tem multiplica-se. Ainda que nada mais possa fazer para ver suprida sua necessidade, Deus fará com que aquilo que ele tem baste.
      Graça dá o Senhor aos retos. Graça nos remete a dois sentidos, um é ganhar algo sem ter pago um preço, gratuitamente, mas os retos pagam um preço, creem em Deus de todo o coração e vivem vidas santas e humildes. O outro sentido é alegria de quem é feliz sem precisar de motivos, pelo menos de motivos materiais, graciosamente, retos são alegres sempre, se maravilham com as obras constantes de Deus porque têm olhos e ouvidos espirituais abertos. 
      Glória dá o Senhor aos retos. Glória é um brilho diferenciado, uma condecoração, não física, mas espiritual, advém não de riquezas do mundo e de honra de homens, mas de prática de virtudes morais diante de Deus. A verdadeira glória de cada ser só reconhece os realmente espirituais, os outros verão o que querem ver, serão enganados com falsas glórias, serão vaidosos e céticos, ainda que se achem bons religiosos, não conhecerão a glória de Deus. 

08/11/22

Andar no Espírito

      “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito. Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.Gálatas 5.22-26

      Andar no Espírito é praticar três pilares da espiritualidade: oração realmente espiritual, mente vigilante e amor puro. Oração espiritual recebe unção que capacita e consola, não é só expressão intelectual, mas direta conexão com Deus por Jesus no Espírito Santo, que entrega um bom e poderoso sentimento. Mente vigilante fecha portas às vozes dos espíritos maus, às invejas dos homens maus e aos prazeres descontrolados do corpo, focando em Deus e em sua vontade, conquistando paz e santidade. Amor puro entrega sem pedir algo em troca, com paciência, elegância e buscando a glória de Deus, não do ego.
      Viver no Espírito é orar e louvar a Deus, focar no Altíssimo e amar sempre. Andar no Espírito é prática, é colher no passo a passo e no dia a dia o que se confessa como vida na oração. Não basta sermos fortalecidos em oração, acessarmos a vontade de Deus para nossas vidas e nos sentirmos muito satisfeitos com isso, temos que refletir isso em nossas relações diretas com a realidade, com as pessoas, com os negócios. Por isso à orientação de Paulo sobre viver e andar em Espírito, segue “não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando e invejando os outros”, frutos doces e que permanecem precisam ser colhidos. 
      Pode parecer óbvio, mas muitos conseguem entender os pilares da espiritualidade na oração, naqueles maravilhosos momentos de quebrantamento no coletivo das igrejas ou na privacidade de seus lares, contudo, não conseguem pôr em prática. Por isso estão sempre repetindo provas, voltando ao passo inicial da carreira cristã, isso até pode persistir por um tempo, mas depois pode enjoar, fazendo com que muitos desistam de praticar espiritualidade. Prática requer um andar cuidadoso, onde se retêm na alma a vontade de Deus e a confronta com a realidade à medida que se caminha. Isso requer fazer as coisas com calma. 
      Enquanto na oração as coisas podem ocorrer na velocidade do Espírito Santo, esse é rápido para agir e nem precisamos de muita racionalidade para entender, mais se sente que se pensa, o convívio com a realidade do mundo material requer tempo. Dessa forma, pôr teoria em prática exige paciência com nós mesmos e com os outros, mais pensar que falar. Se recebimento da unção é algo mais espiritual que intelectual, a prática do que se recebeu requer racionalidade, não para entender e fazer as coisas do jeito humano, mas para destrinchar o ensino recebido do Espírito Santo e pô-lo em prática, em cada atitude e em cada palavra.