02/05/23

A vida é séria, mas cheia de graça

      “E Daniel propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não se contaminar. Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.Daniel 1.8-9

      Daniel era escravo e de um povo com crenças religiosas diferentes da sua, sua vida não era fácil, ele tinha que administrá-la com seriedade. É muito diferente para nós hoje? Não, apesar das enormes diferenças sociais, culturais etc, entre o mundo e o tempo de Daniel e o nosso mundo e o nosso tempo. Homens no mundo não trabalham para viverem, vivem para trabalhar, o que fazem com o que ganham? Se divertem. Grande parte das pessoas acorda na segunda-feira feira de manhã para trabalhar pensando no happy hour que terão na sexta-feira. O objetivo de muitos não é sério, é só aquele momento no final de semana em que tomam cerveja, namoram, riem com os amigos, enfim, saciam corpos com almas vazias. 
      Neste mundo não somos chamados por Deus para isso, pelos menos não só para isso, somos chamados para usarmos a vida aqui como um tempo de aprimoramento moral, que nos prepara para uma vida eterna que vem depois. A vida é séria, nossos sentidos físicos estão sempre nos tentando, para agradarmos apetites carnais de maneira desenfreada, para impormos nossos egos vaidosos, para reagirmos de forma agressiva a quem sentimos que se opõe a nós. Quem vive para rir sem responsabilidade acaba chorando depois. Por outro lado, existem legiões de espíritos malignos só esperando oportunidade para pegarem carona em pecado nosso, assim terem chance de viverem em corpos alheios, o que eles, sem corpos, não podem viver mais. 
      Daniel, contudo, tinha um escape em suas provações, ele tinha a graça de Deus, que em seu caso foi manifestada também pela atitude de um líder de seu cativeiro, esse deu a Daniel certas liberdades, não para ele se perder, mas para agradar a Deus. Que exemplo, Daniel tinha muitos motivos para abaixar a guarda, ser menos exigente com suas crenças, afinal, sua vida estava em jogo desobedecendo a religião da nação que oprimia seu povo. Mas não, ele queria se manter fiel à sua fé, assim Deus o ajudou, quem tem a graça de Deus não precisa dos manjares do mundo. A vida é séria, aceitemos isso, é vigilância moral constante enquanto lutamos por sobrevivência material, mas o justo acha a graça de um Deus que sorri para ele.

01/05/23

Se moralismo é falso, moral não é

      “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luzI Pedro 2.9

      Moralismo como uma ordem que tem fim em si mesma, que prega aparência moral como efeito obrigatório, indiferente da causa interior, pode ser falso. O cristianismo exerce falso moralismo quando prega que atitudes e comportamentos devem ser de determinada maneira, usando o raso argumento “porque Deus quer”, assim, até praticam muitas coisas, mas sem de fato avaliarem se são relevantes e porque devem ser, fazem porque leis religiosas, não necessariamente divinas, ordenam. Por exemplo, muitos não consomem bebidas alcoólicas e se vestem de maneira recatada porque suas igrejas mandam, aparentam obedecer leis, mas se de fato seus corações fazem isso para agradarem a Deus, como virtudes morais melhores e por terem espíritos transformados, é outra coisa.
      Por outro lado, muitos do “mundo”, do “mal”, ateus e materialistas e aqueles que se colocam como inimigos do cristianismo, acham que toda proibição é errada, é impedir liberdade de expressão, assim, moralidade é sempre ruim. Esses não entendem e aceitam os benefícios de virtudes morais, não só gerenciando um mundo civilizado, como também priorizando valores espirituais, que vão com o ser humano para além desse mundo. Hoje a coisa chega num ponto que parece que toda moralidade é falsa, que todo cristão é falso moralista, e repito, ainda que muitos cristãos exerçam de fato falso moralismo. A verdade é que se escolhermos não seremos hipócritas, poderemos ter uma experiência verdadeira com Deus e praticarmos obras que aliam ao nosso espírito virtudes reais. 
      É certo que vivemos tempos diferentes, e aceitemos, isso é autorizado por Deus, assim debaixo de leis os seres humanos buscam aprovação para serem e fazerem o que desejam, sem nãos. Hoje Igreja Católica e estado não estão mais amalgamados e ditam as leis do que é certo e errado, tanto para a sociedade quanto na religião, julgando e condenando quem pensa diferentemente. Mas parece que a lição que os católicos foram levados a aprender, evangélicos estão desaprendendo, assim acham que sabem a vontade de Deus, e que elegendo líderes políticos podem fazer toda a sociedade, cristã ou não, obedecer essa vontade. Não, as coisas mudaram, cristãos, e isso é bom, exige darmos testemunho de verdadeira e mais elevada moralidade, de prática de amor e santidade, não sendo só falsos moralistas.  

30/04/23

Fim

      “Não há ninguém que tenha domínio sobre o espírito para o reter; nem tampouco quem tenha poder sobre o dia da morte.Eclesiastes 8.8a 

      Pernas já não se firmam com facilidade, pés estão fracos, dedos distorcidos, mãos, sem forças, a visão embaçada vê pouco e o que vê não discerne bem, tudo é sombra, a cabeça já não guarda informação, e aquelas, armazenadas por décadas, são de difícil acesso, assim perdem também acuidade audição e fala. O desligamento da matéria acontece aos poucos, num processo inverso ao do amadurecimento do bebê para se tornar ser humano completo, onde se fortalece para se adquirir autonomia. O velho torna-se fisicamente dependente, emocionalmente débil, eis o universo lançando em nossos rostos a verdade, somos estagiários no mundo. 
      Triste seria ver nossa existência só como isso, só como o que a ciência consegue, ainda que por tempo limitado, administrar e manter vivo. Tristes os que se entendem só como organismos físicos com sistemas nervosos e medula dirigindo-lhes e conferindo-lhes senciência. Triste não aceitarmos a realidade espiritual eterna, que vai além da ilusão física. A verdade implacável da morte deveria servir para que todos tivessem a humildade para exercerem fé, não só conhecimento empírico, saberem de Deus, não só dos homens, verem a eternidade, não só o universo material, mas acima de tudo para que conhecessem a si mesmos.
      Contudo, o que infelizmente muitos não aceitam, é que ciência por mais ferramentas que nos entregue para administrarmos o planeta e nossas saúdes com lucidez, não traz paz, não consola, não nos ensina a amar, não dá paciência com os outros, não nos leva à santidade, não permite-nos enxergarmos a luz mais alta de Deus. No fim, quando o corpo estiver inviável para existir, isso tudo ainda permanecerá no espírito do humilde, paz, consolo, amor, paciência, santidade, a luz do Altíssimo, isso o humilde poderá levar para o plano espiritual e ser feliz numa vida eterna, que vence toda a ilusão da matéria, toda a dor, toda a morte. 
      Ah, ser humano contemporâneo, que por trás de causas sociais, de bandeiras de liberdade, de lutas por direitos, de valorização de diferenças, e tudo isso tem legitimidade, mas que tem por trás só um valor obsessivo que você dá a este mundo, à matéria, aos corpos físicos e seus prazeres. Você se nega aceitar o espírito eterno que te habita. Sim, é importante respeitarmos a sexualidade, seja ela qual for, a cor de pele, seja ela qual for, as competências profissionais e artísticas, sejam elas quais forem, mas espírito não tem sexo, pele, profissão ou talento, só tem virtudes morais. Que o fim nos traga vida eterna, não só a morte. 

29/04/23

Lembrarmos do que sempre somos

      “Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento.” Eclesiastes 4.6

      Envelhecer bem é nos lembrarmos do que sempre soubemos e que tínhamos nos esquecido. Para entendermos isso temos que avaliar o ser humano sob alguns aspectos, um deles diz que somos definidos por informações físicas. Será que somos só a mistura de características físicas, químicas e emocionais de nossos pais, avós e árvore genealógica? É certo que herdamos aparência e extensões físicas de pai e mãe, e de seus progenitores, assim como temos aptidões e temperamentos emocionais semelhantes aos deles. 
      Isso não depende de escolhas nossas, viemos de fábrica com essas especificações e ponto, mas essas características podem ser configuradas de formas diferentes, enfatizando algumas, deixando outras em segundo plano. Assim chegamos ao segundo aspecto, somos construídos pela criação familiar e pela formação intelectual, acadêmica e profissional. É claro que se houver conciliação entre especificações e configurações, seremos seres humanos mais eficientes, tanto nas relações afetivas, quanto nas profissionais.
      Três são as principais relações do ser humano neste mundo, as afetivas, de amizades, com família e com cônjuge, as profissionais, das quais dependem nossa independência econômica e física neste planeta, e a espiritual, com o divino, com religiões, com Deus. Ainda que materialistas e céticos teimem em desprezar a necessidade dessa última relação, nosso homem interior clama por Deus e sem ele nunca seremos totalmente satisfeitos, não acharemos nossa principal missão no universo, tolos os que negam isso. 
      Há opiniões extremadas sobre esse tema, uns dizem que somos só frutos da mistura física de familiares antepassados, assim podemos estar “destinados” a ser quem somos de acordo com o que outros foram. Outros dizem que somos frutos de escolhas no ambiente, construções sociais, os místicos falam que nossos corpos e personalidades são controlados por espíritos eternos, assim somos o que Deus nos criou. A melhor resposta é sempre a equilibrada, eu creio que somos tudo isso junto e misturado, matéria, mente e espírito. 
      Se eu não enxergasse relevância na existência espiritual, não teria um espaço que compartilha textos sobre vida com Deus, para mim nosso espírito tem prioridade sobre o corpo, é ele quem vive eternamente e pode se relacionar com os valores perenes do universo. Nossos corpos, por mais capacitados que tenham sido, com genes intelectualmente dotados e fisicamente fortes e belos, são destruídos com o tempo. O espírito não, transcende esse mundo, existe para sempre, conhece o que a ciência é incapaz de comprovar. 
      Deus é perfeito, econômico e objetivo, dessa forma em suas providências permite corpos, criações familiares e formações intelectuais e profissionais, conciliados com uma essência espiritual. Deus não dá asas à cobra, nem lança ao mar peixe que não sabe nadar, assim chegamos ao título deste texto, quando envelhecemos nos lembramos de nós. Queria poder dizer mais a respeito do que a grande maioria de cristãos está preparada para ouvir, mas como o alvo aqui são cristãos, tentarei ser obediente à voz de Deus. 
      Cada um nasce com provas específicas para passar, as provas de um não são iguais às do outro, um precisa de provas diferentes para escolher aquilo que de melhor Deus tem para ele. É Deus quem distribui as provas porque só ele sabe o que cada espírito existe encarnado para ser. Se um precisa ganhar, nascerá num lar com menos recursos, mas com muita energia para trabalhar, se outro precisa perder poderá nascer num lar rico, mas em corpo limitado, por algum problema físico ou emocional, para aprender a abrir mão. 
      Que fique claro, todos devem se esforçar para trabalhar, para não serem ociosos, nem dependentes, e todos precisam abrir mãos de certas coisas, para não se tornarem obsessivos, nem arrogantes. Não façamos interpretações erradas sobre a reflexão. Contudo, alguns crescerão mais moralmente adquirindo mais no mundo material, já outros crescerão mais aprendendo a abrir mãos do que até poderiam ter, mas que prejudicam-lhes moralmente quando têm. A prioridade do espírito são valores espirituais, não materiais. 
      Se Deus colocou propósitos em nossos espíritos, já nascemos sabendo o principal. Mas conseguimos viver o principal desde o início? Não. Assim podemos passar anos neste mundo batendo a cabeça, para só no final entendermos o que de fato o Senhor sempre quis de nós. Existir neste mundo é ter um tempo para nos lembrarmos do que sempre fomos, por isso uma verdadeira iluminação espiritual ao ser percebida, nos leva a exclamar, estupefactos: “poxa, era só isso? se eu soubesse teria feito antes, seria tão mais fácil”. 
      Isso não significa que não evoluímos nos esforçando e melhorando, mas significa que melhorar não é adicionar coisas, mas subtrair. Não foi exatamente isso que Jesus ensinou em Lucas 17.33, “qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salva-la-á”? Temos que perder um monte de coisas, que o mundo e os homens, que nossos pais e mesmo nossos líderes religiosos, disseram que eram relevantes, para acharmos nossa essência espiritual, a que Deus colocou em nós em nossos nascimentos. 

28/04/23

Morrer para viver!

      “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guarda-la-á para a vida eterna.João 12.24-25

      Tenho escrito muito sobre morte nos últimos anos, mas não pense que exista alguma coisa não resolvida nisso. Com certeza reflete meu tempo atual e todas as avaliações que tenho feito sobre minha existência, mas acredito ter uma ótica correta sobre a morte, sadia, aprovada pelo melhor de Deus. Nem sempre foi assim, num primeiro momento de minha jornada neste mundo vivi de maneira irresponsável, não queria morrer, não conscientemente, mas caminhava próximo à morte. Num segundo momento, quando culpa cai sobre nós como uma bigorna, eu não soube enfrentar do jeito certo o mal que me causaram e o mal que eu causei aos outros, assim flertei com a morte, numa pressa de fugir de problemas que não sabia resolver. 
      Finalmente experimentei a cura de Deus, perdoei os outros, me perdoei e entendi a responsabilidade individual que a luz do Senhor nos chama a viver, aceitando que boa eternidade se constrói no mundo com boas obras. Imprescindível para essa construção é entendermos nossa chamada como seres humanos, fazermos o que Deus pede que façamos, não o que os homens pedem e muito menos o que valorizam, nisso pode-se viver com humildade e se achar a paz. Hoje, estou no início do quarto e último momento, quando não posso mais fazer grandes empreendimentos, não materiais, mas quando a prática de virtudes morais, mais do que nunca, se torna objetivo maior. Nesse ponto começo a entender a morte que agrada a Deus. 
      A jornada neste mundo não é a mesma para todos, assim não podemos julgar ninguém, acharmos que alguém fez menos porque fizemos mais que ele, ou acharmos que fizemos menos porque alguém fez mais que nós. Acredite no que vou dizer, muitos vieram para trabalhar muito neste mundo e terem aprovação de homens, outros vieram para fazer o suficiente para uma vida material digna, mas para se aprofundarem mais e solitariamente no mundo espiritual. Para uns o muito ainda será pouco, para outros o pouco será suficiente, contudo, ninguém fica ocioso se conhece e faz a real vontade de Deus para sua vida. A melhor morte é a que chega quando fizemos tudo o que tínhamos que fazer dentro do centro do plano de Deus. 
      Você se sente em paz com tua jornada aqui, principalmente você que já passa dos cinquenta anos? Sempre temos oportunidades para recomeços, principalmente no mundo atual onde não existe lugar para antigos, para velhos, sim, mas ainda que corpo envelheça, a cabeça tem que se manter atualizada nesta roda viva e em constante mudança que a existência neste planeta se tornou. Contudo, sejamos realistas, chega um momento quando nosso fôlego diminui, ainda que nos mantenhamos fisicamente saudáveis, com boa alimentação, com exercícios físicos, com uso inteligente da ciência. É bom que seja assim, acontece para que foquemos no espírito, é esse que é eterno, não o corpo, é esse que será avaliado no outro plano. 
      Achamos a paz no final quando entendemos que não fomos profissionais mais bem remunerados e competentes, porque escolhemos passar mais tempo com nossas famílias e servindo a Deus. Achamos a paz no final quando entendemos que não temos que ser como nosso irmão, nosso cunhado, nosso primo ou nosso amigo de escola, nós somos nós, com chamadas pessoais para sermos melhores, e isso no caráter e na moral, não necessariamente no acúmulo de bens materiais. Achamos a paz no final quando entendemos que aparecermos menos, fazermos menos, termos menos, pode nos dar espíritos mais elevados, entendendo que vida eterna é morrer para este mundo, ainda que estejamos vivificados espiritualmente nele. 
      Deus tem pedido a muitos suas vidas, que sejam entregues a ele de forma irrestrita, para que ele possa mostrar-lhes sua vontade. Contudo, muitos insistem em fazer as coisas às suas maneiras, e para convencerem a si mesmos que estão fazendo certo, que estão agradando a Deus, se esforçam ainda mais. Pensam estar morrendo para viver quando de fato tentam manterem-se bem vivos. A morte mais importante que temos que provar é a das nossas vaidades, do desejo de sermos aprovados e honrados pelos homens, e isso ainda que nesse desejo trabalhemos honestamente e até dentro de igrejas. Deus não pede sacrifícios, só obediência, ele sabe de nós muito mais que nós sabemos, assim sabe o que é melhor para nós.
      O texto bíblico inicial diz “quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guarda-la-á para a vida eterna”. Acho o termo odeia meio inadequado, ainda que seja o usado em muitas versões bíblicas, prefiro o termo entrega, assim, podemos entender que o que retém seu tempo e suas forças neste mundo para usar à sua maneira, não achará a vida eterna. Já o que entrega seu tempo e suas forças a Deus, receberá o dom do Espírito e começará a experimentar vida eterna ainda aqui. Morrer para viver, eis o principal fundamento do ensino do Cristo, que coloca este mundo em seu verdadeiro lugar, só uma passagem rápida para algumas escolhas morais, que só conheceremos a relevância no outro mundo. 

27/04/23

Não temamos a morte

      “E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.Mateus 10.28-31

     Homens maus matam o corpo, acidentes e tragédias matam o corpo, doenças matam o corpo, nós mesmos matamos nossos corpos devagar, cuidando mal deles fisicamente, e construindo doenças psicológicas que somatizam doenças físicas. No mundo estamos cercados de assassinos, na espreita, querendo nos matar. Contudo, sendo o destino implacável de todo ser humano a morte, o “anjo da morte”, autorizado por Deus, está sempre atrás de nós, a princípio acompanhando-nos de longe, mas que num determinado momento gruda em nós, só esperando ordem do Altíssimo. 
      Você tem medo da morte? Mas do que exatamente, medo porque não sabe o que virá depois, se haverá ou não plano espiritual e como esse será? Ou medo da dor física que poderá sentir antes do espírito ser liberado? Todos temos medo da morte, em alguma instância. Eu, por mais que diga a mim mesmo, que o temor é só da possível dor física, que sentirei quando meu coração parar de bater e meu cérebro não funcionar mais, também tenho receio de céu e de inferno. Veja que hoje, aos sessenta e três anos, tenho muitas certezas sobre o mundo espiritual e minha relação com Deus. 
     O que de fato ocorre depois da morte física ninguém sabe, é dessa forma que tem que ser, plano espiritual se conecta por fé. Mas ainda assim é necessário e incentivado por Deus que todos os seres humanos procurem consolo em religiões. Jesus é exclusivo e pleno, em seu exemplo de vida como homem podemos nos preparar no mundo de maneira excelente para a eternidade, mesmo que o cristianismo do mundo seja corrompido. Respeito todas as religiões que buscam o bem, repito, todas que buscam o bem, mas todos precisam reconhecer Cristo como salvador divino para o homem.
      No texto bíblico inicial uma verdade sobre a morte, não tenhamos medo dos que matam o corpo e não podem matar a alma. Nisso podemos entender que no mundo muitos tentam matar-nos de várias maneiras, e muitos podem até achar que conseguem, mas só ferem a matéria, não o espírito. Falam mal de você, caluniam teu nome, tentam matar tua reputação? Tentam sujar tua verdade pura como homem, como mulher, como profissional, como esposo, como esposa, como servo de Deus? Não importa, quem você é de fato Deus sabe e não muda a opinião sobre você pelo que os outros falam. 
      Pardal é pássaro frágil, se batermos nele com um pouco de força ele falece, contudo, nem ele morre sem autorização de Deus. Jesus disse que valemos mais que um passarinho, assim, nossa morte não ocorrerá de qualquer jeito, muito menos a morte de nossa reputação. Contudo, usemos bem nosso tempo neste mundo, com sabedoria, valorizando cada dia, não nos entregando a disposições de tristeza e pessimismo ou de prazeres irresponsáveis. Só quem teme a Deus e vigia em humildade e santidade experimenta a morte no melhor tempo e da melhor maneira, não como surpresa terrível. 

26/04/23

Tempo prolongado ou abreviado?

      “O temor do Senhor prolonga os dias da vida, mas o tempo dos ímpios será abreviado.Provérbios 10.27

      Quando pedimos, Deus sempre fala, e muitas vezes pode falar pela Bíblia. Contudo, temos que ter cuidado em como interpretamos textos bíblicos como respostas diretas a pedidos que fazemos a Deus. Se estamos andando certo, com pecados perdoados e deixados, com o coração humilde e em paz, e com uma disposição de amor e paciência para com os semelhantes, a palavra do Senhor sempre será positiva, de construção, não será só a constatação triste do efeito ruim de uma causa errada. Colhemos o que plantamos, eis uma verdade inexorável no universo, para todos e sempre, ainda que nenhuma colheita seja eterna, sempre estando sujeita a uma nova escolha de nossos livres arbítrios.
      O texto bíblico inicial é extremo, quem teme a Deus vive mais, mas quem é ímpio corre risco de fim de vida iminente. Contudo, isso não significa que vida abreviada pelo pecado conduza o ser humano a uma posição espiritual eterna de danação. As consequências danosas de atos errados em nossos espíritos podem ser anuladas sempre, assim, construindo em nossos homens interiores a melhor eternidade com Deus. Entretanto, não ocorre a mesma coisa com nossos corpos físicos, algumas coisas que plantamos na matéria serão irreparáveis, não terão conserto, e nos farão colher frutos amargos e ainda neste mundo. Ninguém se engane com relação a isso, ainda que Deus possa fazer milagres. 
      Quem fumou a vida toda, ainda que tenha se acertado no final da vida com Deus e com o próximo, recebido perdão e perdoado, conquistado paz e certeza de uma boa eternidade depois que partir do mundo, é quase certo que poderá viver problemas físicos sérios, em seus pulmões, boca, garganta e outros órgãos. Deus faz milagres? Sim, ainda que não da maneira como muitos crentes acham que faz. Primeiro porque Deus nunca trai a si mesmo, assim sempre está sujeito às leis físicas que ele mesmo determinou. Em segundo lugar porque a não realização de um ato extraordinário na matéria que é passageira, pode ser bem mais útil para aperfeiçoar o ser humano no espírito que é eterno. 
      O correto, o mais sadio, e não só no corpo, mas no espírito, é querermos e buscarmos com sabedoria muitos dias de vida neste mundo, com relação ao corpo Deus usa como regra a medicina e a ciência. Cada minuto aqui é uma oportunidade para termos momentos eternos melhores lá, céu começa com fé e paz com Deus, mas é estabelecido com muitas obras, de santidade e amor. Não queira morrer, ainda que tenha certeza que já está na hora e terá depois a aprovação eterna de Deus. Lute para viver com todas as tuas forças, mas descanse no pai que te ama e respeita teus limites. Tema a Deus, isso é não julgar ninguém, nem ser irresponsável com nada, é ser humilde e depender só de Deus. 
      Na verdade, o humilde e que teme a Deus poderá viver mais, mas terá a sensação de ter vivido menos, porque foi mais feliz, mais espiritual, assim, mais leve, mais eterno. Já o rebelde à melhor vontade de Deus, ainda que não tenha sido alguém mau, um criminoso, um violento, que tenha sido trabalhador honesto e bom religioso, mas que por orgulho e vaidade não conheceu e viveu o centro da vontade do Senhor para sua vida, esse poderá até ter vivido pouco, mas terá a impressão de ter tido uma vida longa, cansativa, sem graça, carnal, mesmo que tenha usufruído prazeres e luxos. Viver o céu aqui nos faz antigos e jovens, repletos de anos, mas também de maravilhosas experiências com Deus.