Vaidade do trabalho (3/5)

      “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois assim dá ele aos seus amados o sono.” Salmos 127.1-2

      Quem faz não se ache melhor que quem não faz. Feliz o ser humano que trabalha todos os dias e pode levar para casa sustento e abrigo para aqueles que ama, felizes homens e mulheres que dividem essa honra por igual, criando filhos sem preconceitos para que respeitem a todos, não de acordo com o conservadorismo religioso, mas na luz mais alta de Deus. Mas ninguém duvide das maneiras misteriosas como Deus cuida de seus servos, assim como do trabalho que o Senhor pede de seus amigos, as maneiras podem não ser as mais comuns, nem o trabalho, puramente físico. Dos espirituais Deus pede trabalho espiritual e a esses sustenta materialmente com o mesmo cuidado que tem pelos que trabalham só materialmente, cada um em sua vocação, todos temendo a Deus. 

Vaidade do saber (2/5)

      “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.”  I Coríntios 2.14-15

      Quem sabe não se ache mais que o que não sabe. Dizem que saber é saber que nada se sabe, que o o que mais sabe tem ainda mais consciência que está muito longe de todo o saber e das verdades mais profundas, sejam morais, intelectuais ou espirituais. Por isso um cuidado e um temor há no fundo do olhar do que sabe mais diante de Deus, pois é o que mais sabe que é pequeno e que o Senhor é grande, que é pecador e que Deus é santíssimo, e que aproximar-se do Altíssimo exige ainda mais cuidado, assim como enche nossas almas de mais temor. O que sabe, sabe o preço que pagou por isso, esse preço exige resignação e quebrantamento, ainda que coragem e fé, e requer muito mais que esforço físico e intelectual, pede olhos espirituais que enxergam o invisível. 

Vaidade do ter (1/5)

      “Porque pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” Romanos 12.3

      Quem tem não se ache mais que o que não tem. Facilmente somos seduzidos pela aparência externa, basta estarmos com uma roupa melhor, com um celular melhor, num carro melhor, que nos sentimos superiores. Não sejamos hipócritas, nada há de errado em nos sentirmos satisfeitos com o que conquistamos, diante de Deus e dos homens, com nosso trabalho honesto, mas devemos vigiar a humildade, mantê-la sempre. Ser humilde é temer a Deus, vendo-o sempre como origem e destino de tudo o que somos e temos, e respeitar os outros, não julgando mal ninguém. O que temos, os outros podem ter, o que os outros perderam, nós também podemos perder, o mundo dá voltas e só Deus sabe o início, o meio e o fim de cada ser humano nesta vida. 

Guarde só o bom que é teu (7/7)

      “O coração conhece a sua própria amargura, e o estranho não participará no íntimo da sua alegria.” Provérbios 14.10

      Guarde o que você merece, nem toque no que você não merece. O que vem de Deus é bênção, nos faz bem ainda que seja uma exortação. Saibamos discernir o que de fato Deus nos dá, não roubemos dádiva alheia, nem tomemos como nosso recalque do outro. Saibamos discernir aquilo, que apesar de ser direcionado para nós, mesmo ser direcionado para um ponto fraco nosso, para um erro que já cometemos, assim, uma verdade, não é para nós, não é de Deus, portanto não devemos tocar e muito menos reter. Se já pedimos perdão a Deus e fizemos o possível para termos o perdão dos homens envolvidos, não tomemos como nossa acusação de quem, sentindo-se acusado, quer se compensar acusando-nos. 

      Em nossas vidas no mundo cada um é responsável por levar o lixo acumulado de suas casas para fora, para que o lixeiro passe e recolha. Não podemos invadir lar alheio, procurar e pegar lixo alheio, para levá-lo para fora, ainda que estejamos bem intencionados. Também não podemos pegar o lixo de nossas casas e jogar nas casas dos outros, cada um é responsável por seu próprio lixo. Na vida podemos cometer erros que interferem nas vidas de outras pessoas, e não só nas nossas, podemos quebrar alianças e machucar gente que nada tem a ver com nossas escolhas erradas. Mas recebermos perdão de Deus e fazermos o possível para recebermos perdão dos homens, é o suficiente para levarmos nosso lixo para fora.

      Quando não nos resolvemos em Deus, mantemos lixo em nós, lixo guardado apodrece e cheira mal, assim com o tempo nem nós o suportamos. Contudo, por não querermos nos livrar do lixo do jeito certo, podemos tentar jogá-lo nas pessoas, achando que elas têm o dever de serem nossas lixeiras, ou insanamente alegando que o lixo não é nosso, mas delas. Atitude de agredir, julgar e condenar os outros, é atitude de quem não se livrou de seu lixo do jeito certo e quer responsabilizar outros por ele, tenhamos cuidado com esses, não tomemos para nós lixo que podem nos lançar. Vigilância em fé e em paz em Deus, que nos permite andar em segurança, livra-nos de tomarmos posse de lixo que não nos pertence. 

Quando só ser leve (6/7)

      “O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria. Melhor é ouvir a repreensão do sábio, do que ouvir alguém a canção do tolo.” Eclesiastes 7.4-5

      Esteja sério com quem merece, esteja leve com quem não merece. Temos que ter cuidado com quem falar certas coisas, certos assuntos são profundos demais para compartilharmos com qualquer um, outros são pessoais demais para qualquer ouvido. Precisamos vencer a carência de querermos ser aprovados assim como a vaidade de darmos o argumento final, para sermos com alguns só leves. Isso não significa sermos irônicos ou superficiais, isso seria desrespeitar as pessoas, isso é amar alguém respeitando seus limites. Acredite, alguns precisam de nosso amor, necessitam de nossas orações, mas não merecem nossos conhecimentos mais profundos, nossos melhores argumentos, só precisam que sejamos leves com eles. 

      Andar com Deus é ver a vida, agir e reagir nela, conosco e com os outros, de um jeito sério, no mundo temos uma oportunidade importante para decidirmos nossa eternidade, inferno ou céu, assim cada momento conta para fazermos as melhores escolhas e segurarmos virtudes morais. Contudo, ser espiritual não é ser intransigente, obsessivo, é também ser leve quando for preciso, isso não é perder tempo com bobagens e malícias, mas compartilhar paz e graça de Deus. Muitos são duros consigo pois foram criados por famílias duras e creem num falso e duro deus. Leveza é necessária principalmente quando estamos num tempo de stand by, de espera, e Deus pode pedir isso não só de nós para conosco, mas com os outros. 

      Sabemos que muitas pessoas precisam tomar decisões sérias de mudanças, estão andando errado e isso lhes trará sérias consequências em algum momento. Contudo, essas pessoas podem ainda não estar preparadas para receberem palavras sérias e tomarem atitudes sérias, assim, com paciência devemos ser leves com elas, não irresponsáveis com suas vidas, mas convivendo com elas no tempo de Deus. Deus, na verdade, é sempre leve, ainda que o cristianismo tradicional o veja muitas vezes como um juiz inflexível, se Deus de fato fosse assim não haveria nenhum ser humano fora do inferno no universo. Se com alguns podemos ser sérios, com outros devemos manter conteúdo sério, mas de forma leve, que espera em amor. 

Ouça quem precisa (5/7)

      “Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras.” Eclesiastes 5.2

      Fale com quem merece, ouça quem não merece. O amigo nos ouve sem que lhe seja enfado, nossas opiniões, mesmo nossas lamúrias, não lhe causam cansaço emocional, louvemos a Deus pelos amigos. Mas também podemos ser amigos que sabem ouvir, não só desabafar, e alguns precisam urgentemente serem ouvidos, assim calarmos ansiedades e justificativas para ouvir o outro com paciência é atitude humilde e madura. Contudo, alguns que não são amigos tão próximos, cuja companhia não é a mais agradável, podemos ganhar seus corações se soubermos ouvi-los. Não é fácil ouvir alguns, principalmente quando têm certas opiniões opostas às nossas, mas aí se mostra o espiritual, que cala o ego para ouvir o outro.

      Há alguém, que quer falemos, quer ouçamos, sempre nos ouve, Deus, e não só o que nossas bocas dizem, mas também o que se passa em nossas mentes, e mantemos mais conversas mentais que verbalizadas em alto som. Com o mundo espiritual nos comunicamos por palavras audíveis e por pensamentos, mas existe um entendimento que espíritos malignos só ouvem o que dizemos em alto som, o que se passa em nossas mentes só Deus sabe. O correto é sermos sábios, sabermos com quem nos abrir, a quem pedir conselhos, com quem compartilhar privacidades, mas também sabermos a quem ouvir, que pode não estar preparado para o que temos a dizer sobre nós, mas que precisa se abrir sobre si mesmo.

      Se falarmos com amigos, assim como ouvi-los, é fácil, prazeroso, ouvir quem não quer nos ouvir, quem não concorda conosco, quem muitas vezes não gosta de nós, é mais difícil. Contudo, ouvir quem não merece, e não merece aos nossos olhos, pois sob o ponto de vista de Deus todos merecem atenção especial, dar uma atenção paciente a quem não faz a mesma coisa por nós é onde mais crescemos e agradamos a Deus. Já entendi que existem dois tipos de pessoas no mundo, as falantes e as ouvintes, mas ainda que sejam características que nascem com as pessoas, elas podem ser mudadas. O espiritual aprenderá a ouvir, ainda que seja um falante crônico, para crescer moralmente, assim como a falar só na hora adequada. 

Oremos por todos (4/7)

      “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade” I Timóteo 2.1-2

      Ajude quem merece, ore por quem não merece. O Espírito Santo sempre nos mostra quem está precisando de ajuda, de uma palavra, mesmo que seja só um bom dia ou um rápido telefonema. Não temos ideia do bem que podemos fazer a alguns com um gesto pequeno, mas sincero de amor, não temos ideia de quantos se sentem sozinhos, humilhados, necessitando só de alguma misericórdia. Mas mesmo por aqueles que o Espírito Santo não nos orienta fazer uma aproximação direta, e Deus pode orientar assim já que alguns estão em momentos de disciplina que precisam passar sozinhos, mesmo por esses, devemos orar. Não vejamos disciplinado como condenado, todos merecem novas chances. 

      Nos dias de hoje a classe política não tem boa reputação, ainda que não possamos generalizar, grande parte de políticos são envolvidos com corrupções e decisões que beneficiam mais a eles mesmos e aos seus partidos, que ao país, a quem teoricamente deveriam servir. Mas se há pessoas pelas quais devemos orar, são nossos líderes do mundo, em cargos públicos, municipais, estaduais e federais, assim como patrões e chefes em empresas em nossa área profissional, já que a esses temos que suportar por mais tempo e não podemos mudar. Eu creio que Deus sempre é gracioso com os que o buscam, assim mesmo homens do mundo podem ser bênção nas vidas de seres humanos que temem a Deus.

      Já em igrejas é mais fácil, não temos e nem precisamos suportar, não por muito tempo, líderes errados. A Bíblia nos orienta dar prioridade para ajudar os “domésticos da fé” (Gálatas 6.10), nossos irmãos em Cristo de igrejas, mas ainda que sem um contato mais direto devemos interceder por todos. Deus usa a todos para abençoar a todos, mesmo o incrédulo e o mal. Deus trabalha nas vidas de todos, mesmo daqueles que não são cristãos ou que nem creiam na existência de Deus. Devemos orar para que políticos sejam salvos? Sim. Mas mais para que sejam iluminados, protegidos deles mesmos, de maneira que não tomem decisões que prejudiquem aqueles que temem a Deus, assim como a toda sociedade.