10/08/19

Qual o tamanho do teu inimigo?

      “Bem-aventurado o homem que suporta a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.Tiago 1.12-15

      Nosso inimigo tem o tamanho inverso do tamanho de nossa fraqueza, grandes fraquezas atraem pequenos inimigos, mas em grande quantidade, enquanto que pequenas fraquezas atraem grandes inimigos, ainda que em menor quantidade. Contudo, é preciso mais astúcia para se entrar em pequenas brechas, poucos podem conseguir, enquanto que nas grandes brechas, não é necessária muita esperteza e muitos passam por ela. Pequenos demônios são fracos e agem em grupos ainda que desorganizados, assim como os homens maus, os grandes diabos, contudo, são poderosos, mais inteligentes e focados, assim como os homens maus mais poderosos, se lançam sozinhos contra os mais fortes pois sabem que só esses podem comprometer seus poderes. Os grandes não se preocupam com os pequenos e os pequenos não têm cacife para enfrentar os grandes. Está complicado de entender? Mas você já vai entender, acompanhe a reflexão até o fim. 

      Alguns crentes, que não conhecem a si mesmos (nem aos espíritos das trevas), acham estarem sendo atacados pelo diabo, enquanto no máximo são tentados por demônios do terceiro escalão. Na maioria das vezes são tentados por eles mesmos, por seus corações inconstantes e egoistas. Tudo bem que mesmo a Bíblia usa o termo “diabo” em muitas passagens de forma genérica, sem se preocupar com tecnicidades, se refereindo a espíritos do mal de qualquer tamanho, isso basta para que no nome de Jesus todos sejam protegidos, seja qual for o nível de conhecimento espiritual que tiverem. A Bíblia não foi direcionada pelo Espírito Santo para técnicos, teólogos e doutores, mas para todos, principalmente para os simples.
      Mas na conhecida passagem de Mateus 17.14-21 Jesus deixa claro que existe diferença entre esses seres espirituais, bem o objetivo nesta reflexão não é nos aprofundarmos no tema (o tema foi assunto da reflexão “Desvendando o verdadeiro mundo espiritual” onde nos aprofundamos bastante sobre demônios e diabos, se puder confira). Contudo, é preciso entender que não se pode sair orando de qualquer jeito por endemoniados ou por libertação de territórios geográficos. O ponto dessa reflexão contudo é um questionamento: qual o tamanho do nosso inimigo? Isso determinará o tamanho de nossa fraqueza e revelará a qualidade de nossa vida espiritual. 
      Jesus, no início de seu ministério, foi tentado por um príncipe das trevas, Satanás em pessoa (Mateus 4.1-11), esse não aparece assim para qualquer um, mesmo para aqueles que buscam relação com o reino das trevas. A maioria só conhecem demônios, outros, poucos, conseguem invocar chefes de potestades, e raríssimos magos do ocultismo conseguem se comunicar diretamente com os príncipes malignos. Esses magos, contudo, não tem o mal como inimigo, mas tentam dominá-lo para obter dele algum benefício, ainda que o preço seja suas almas. Mas o interesse das trevas nos filhos de Deus com certeza aumenta à medida que esses se dispõem a conhecer e obedecer mais ao Senhor, assim estejamos atentos. Quanto mais forte nos tornamos mais fortes são nossos inimigos.

      Contudo, para aqueles que se descontrolam por qualquer coisa, que são seduzidos por qualquer pedaço de corpo, olhar ou site na internet, que não conseguem controlar ira, inveja, apetites, saibam que o diabo não tem interesse em lutar com vocês, vocês já estão vencidos, e o são com muita facilidade. Seus inimigos são pequenos, porque suas fraquezas são grandes, assim sua consagração também é pequena. Pequenas fraquezas, todavia, chamam a atenção de uma quantidade maior de inimigos, ainda que de qualidade medíocre (existem centenas de demônios para dezenas de chefes de potestades para poucos príncipes diabos). 
      Mas isso não se refere só aos espíritos malignos, os que têm fraquezas pequenas serão tentados por seres humanos em maior quantidade e de menor qualidade moral. O irado arruma encrenca com qualquer um, o invejoso inveja até aquele que tem menos que ele, por pura insegurança, o adúltero trairá uma mulher bonita e virtuosa por uma feia e vulgar, o viciado trocará um lar feliz por um beco ou boteco infestado de outros viciados, o mal nunca dá lucro reais, ele sempre faz perder, rouba e mata. Não reclame, pois, dos inimigos que tem, temos os inimigos que merecemos, e em se tratando de homens geralmente nossos maiores inimigos, ou aqueles que achamos que são, são as pessoas mais parecidas conosco. 

      O nosso mal nos deixa desconfortável quando o vemos nos outros, esses são nossos inimigos? São pares, que sob outras circunstâncias seriam nossos melhores amigos. Nossos maiores inimigos podem ser nossos maiores amigos, e vice-versa, isso porque são as pessoas que mais coisas têm em comum conosco. Dessa forma, como sempre orienta o evangelho, olhemos para nós mesmos, não para os outros. Quando nos consertamos, quando vencemos nossos males, os inimigos são anulados, simplesmente porque não acharão mais em nós fraquezas para tentar, inimigos são meros espelhos que refletem o mal que há em nós. 
      Olhemos para nós mesmos e não coloquemos a culpa de nossas fraquezas no diabo ou em quem quer que seja, Lúcifer não criou o mal que há no ser humano, ele apenas o apresentou à mulher e ao homem que depois fizeram opção por ele. Mas muitos podem usar (e usam) a passagem de Efésios 6.12 como argumento que o Diabo é nosso grande inimigo, sim, ele é, mas depois que tivermos vencidos nossas fraquezas menores. Vou dizer algo que pode soar estranho, para ter o Diabo como inimigo é preciso merecer. 

      Jesus foi tentado diretamente por um diabo (Satanás) porque tinha calibre para isso, o apóstolo Paulo foi impedido por Satanás de visitar os tessalonicenses (I Tessalonicenses 2.18), e isso nos ensina muito, sobre o diabo é sobre a verdadeira espiritualidade. E nós, e você, e eu? Passaremos a vida brigando com o vizinho? Com o motorista do carro da frente por não ter dado sinal? Com o cunhado que acredita sinceramente que é melhor que nós? Com o colega de trabalho que pouco trabalha, mas muito bajula o chefe e por isso ganha mais que nós? 
      Enquanto lutamos com inimigos criados por nossa própria concupiscência, deixamos de fazer a obra de Deus e lutar pela salvação dos outros. Lutas sempre teremos, ninguém ache que um dia, nesta vida, neste mundo, teremos descanso, descansamos em Deus, sim, mas enquanto seguimos lutando, e assim será até o fim de nossas jornadas no plano físico. Mas se é assim, qua nossas lutas tenham uma finalidade mais nobre em Cristo, que sejamos soldados não para conquistas pessoais e materiais, mas para o reino de Deus, para a redenção de tantos que precisam da cura e do consolo que só o Espírito Santo pode dar. Qual o tamanho do teu inimigo? Que ele seja grande, mas seja qual for o tamanho dele já está vencido, no nome de Jesus Cristo!

09/08/19

Deus nos livra de cairmos em tentação

      “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe não caia. Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.I Coríntios 10.12-13

      Qual é a tentação que pode nos vencer? Não são os prazeres da carne, os vícios, o sexo, o ódio ou a inveja, tudo isso é consequência de quem cai numa primeira tentação, a da fé. A primeira coisa que o diabo nos tenta é a nossa fé em Cristo, nossa confiança em Deus, nossa aliança com o Espírito Santo, ele sabe que se cairmos nessa prova seremos presas fáceis das tentações de nossa própria carne, nessas ele nem precisa colocar muito a mão. O segredo é andarmos com a fé aprumada, focada, firme, e nessa convicção mantermos o coração feliz e a mente em paz. Contra isso sempre acharemos escape para suportar a realiadade do dia a dia. Uma alma triste, contudo, é uma alma fraca. 
      Cuidado, a astúcia do diabo está em minar aos poucos nossa fé, em colocar pequenas desconfianças que nos fazem achar que Deus nos abandonou ou não é tudo o que sua palavra diz que ele é. Quando o diabo mina a santidade absoluta de Deus em nossos pensamentos ele tenta diminuir nosso padrão de qualidade de santidade em nossos corações. Mas a tentação mais eficiente pode estar numa simples ideia, que pode corroer toda uma doutrina construída por anos em nós. Refletir sobre as coisas com mais profundidade, não aceitar as coisas só porque é costume, pode nos conduzir a um conhecimento mais profundo do altíssimo. Contudo, se não estivermos preparados, vigilantes, no espírito mais até que no intelecto, podemos abrir portas para fora da vontade do Senhor, e não para dentro do centro da vontade de Deus. 
      “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gálatas 1.8), cada um tem a tentação que merece, e o inimigo é expert em descobrí-la e usá-la. Se um pode colocar tudo a perder por um “rabo de saia” ou uma dose de cachaça, o outro pode se perder em interpretações e explicações sobre o mundo espiritual, com as razões filosóficas e ocultas da existência. Assim, ninguém se considere melhor, para cada armadura de virtudes há uma seta maligna que pode penetrar num ponto desprotegido, não importando se a armadura é de papel, pano, plástico ou metal. O que, todavia, está ligado a Deus, em temor e com humildade, não será pego de surpresa e terá de Deus a mão forte que o sustente quando o vendaval maligno tentar derruba-lo. 

08/08/19

Deus cuidará de nós para sempre

      “Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.” Salmos 23.6

      Quem chega a uma certa idade, vê os filhos crescendo, e olha o mundo atual, o Brasil, se preocupa, quem tem alguma lucidez sente algum receio. Ainda mais com a situação econômica que estamos vivendo em nosso país, reforma da Previdência, aposentadoria mais complicada, enfim, ficamos com o coração pesado pensando em como será nossa velhice, e a vida profissional de nossos filhos. 
      Confesso que há um tempo atrás, quando escutava as pessoas dizerem que o que importa é ter saúde eu não entendia bem isso, nem dava muita importância. Quando somos jovens pode nos faltar tudo, mas via de regra estamos sempre saudáveis, temos disposição para fazer as coisas, podemos até dormir pouco que acordaremos a tempo no outro dia para trabalhar, estudar, enfim, cumprir nossas obrigações. 
      Mas quando chegamos a uma idade as dores vêm e ficam, nossa pele muda, a cor de nossos cabelos se altera, nossas forças físicas diminuem e nossa vitalidade emocional se esfria. Somos seres materialistas, dificilmente conseguimos priorizar de fato os valores espirituais, mas tem que ser assim, precisamos sustentar nossos corpos, dar a eles a devida manutenção, principalmente na velhice. 
      Mas o ponto desta reflexão é: se Deus cuidou de nós até aqui, principalmente em nossas juventudes, quando fazíamos tantos coisas sem pensar direito, bem, esse mesmo Deus cuidará de nós também na velhice. Se nós mudamos, envelhecemos, Deus não muda, na verdade a figura física de um ancião de cabelos brancos e longas barbas que imaginamos para Deus, se pensarmos com mais profundidade a respeito, usando o evangelho de Jesus como base, veremos que não reflete de fato quem é Deus antropomorfizando-o (pondo-o em forma humana). 
       A figura humana mais próxima é a de Jesus encarnado quando iniciou seu ministério, e não deveria ser diferente, um homem comum, mas forte e maduro, aos trinta e poucos anos, essa talvez seja a melhor idade, aquela em que muitos poderiam escolher, se fosse possível, parar o tempo e permanecerem assim para sempre. Aliás, eu acredito que nossos corpos espirituais na eternidade serão algo parecido, indiferentemente se morremos crianças ou velhos, teremos a nossa melhor aparência física, a de homens e mulheres maduros de trinta e poucos anos.
      Especulações à parte, Deus não envelhece, nem muda, se cuidou de nós até aqui, o fará até o final, e como pai de amor que é, muito mais à medida que nos tornarmos mais frágeis, seja qual for a situação econômica do mundo, que infelizmente, só tende a piorar. O Senhor cuidará também de nossos filhos, desde que façamos todo o nosso possível para viver hoje e administrar família do jeito mais sábio. 
      Contudo, ainda que erremos, na assunção do erro e posse do perdão que há em Cristo, sempre há para nós disponível o cuidado suficiente de Deus para que tenhamos existências dignas. Tenhamos pois a segurança do salmista no Salmo 23, “certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida”. Glórias a Deus por isso, nosso maravilhoso pai de misericórdia! 

07/08/19

Faça porque é difícil

      “Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a morte. Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra.” Romanos 7.5-6

      Algumas coisas na vida eu faço não porque é fácil, mas porque é difícil. Não, não generalize, algumas coisas são difíceis porque não são para fazermos, não são para nós, e insistir em fazê-las pode ser sofrimento desnecessário para agradar homens ou nossas inseguranças. Contudo, algumas são difíceis para nos desafiar a melhorarmos, a subirmos para um outro nível de virtude, de vida espiritual, de vitória que no final nos deixarão, não mais escravos, mas mais libertos. Algumas dificuldades se apresentam diante de nós para alcançarmos mais liberdade e paz, e acredite, o próprio Deus nos leva por caminhos onde encontros ruins são inevitáveis. 
      Se certos encontros te deixam desconfortáveis, enfrente-os, com humildade, mas com coragem, no Espírito Santo, não na carne. Você será escravo se fugir, mas se fizer o mais difícil, estar no mesmo lugar onde certas pessoas se encontram, ser educado com elas, a recompensa será grande. Veremos que o que no início parecia difícil, depois se torna mais fácil, o bicho não era tão feio quanto achávamos, isso é dar mais um passo para a liberdade para a qual Cristo nos chamou. Usemos da liberdade de Cristo para construir pontes, não muralhas, para nos livrarmos do medo, não evitá-lo, assim, certas coisas devemos fazer não porque são fáceis, mas difíceis. 

      “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.Gálatas 5.1

06/08/19

Confessa, deixa e siga

      “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. Bem-aventurado o homem que continuamente teme; mas o que endurece o seu coração cairá no mal.Provérbios 28.13-14

      Errou? Confessa, aproprie-se do perdão, deixa o desejo de comete-lo de novo e siga buscando não mais errar. Se pecou uma vez, que não peque uma segunda vez, o que não podemos é pensar que já se cometeu demais o mesmo pecado e não teremos mais como mudar. Aceitar um erro e não lutar mais contra ele é matar o espírito, negar o Espírito Santo, é render-se ao senhorio do tempo e negar Deus, o senhor do tempo. O que nos envelhece não é o colapso em que nosso corpo entra como efeito inexorável do passar do tempo, mas a falta de confissão do erro e de deixar o pecado. Perdão é fonte de juventude eterna, de juventude espiritual.
      Se a solução está só no perdão, e ele é sempre fundamento para qualquer construção de caracter, ele bastará para que tenhamos forças para seguir em paz, quando isso acontece nosso coração fica tranquilo imediatamente após nosso acerto com Deus, de forma milagrosamente simples. Embora, às vezes, mesmo depois que confessamos, nosso coração ainda esteja aflito com algo, nesse caso é preciso buscar mais a Deus e pedir orientação. Em alguns casos é preciso entender melhor a razão de algo ter nos roubado a paz, isso fará com que nos conheçamos melhor e entendamos de fato todas as implicações de nossas escolhas. 
      O maior poder que Deus confere aos homens, todavia, é o perdão no nome de Jesus, isso muda vidas, anula o poder do acusador e alcança misericórdia do Altíssimo que sempre protege e honra pecadores arrependidos. Não desistamos, não sejamos vencidos pela própria frustração de ter pecado de novo, que muitas vezes nos desanima não por desapontarmos a Deus, mas por vermos nosso orgulho ferido quando nos mostramos como menos espirituais diante de homens. Quando confiamos no perdão de Jesus, o problema não é mais nosso, agora Deus passa a lutar por nós, nos defender e nos justificar, diante dos poderes deste mundo, das hostes do mal e dos homens. 

05/08/19

Deixa a semente morrer!

      “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” João 12.24

      Hoje quero dar glórias a Deus, pois mais uma vez ele me surpreendeu com sua bondade. Sempre que penso que algo está acabando, que é o fim e que nada mais de bom haverá, vem o Senhor e me mostra que é apenas o final de uma fase, que outra vai começar e será melhor. Contudo, o melhor só se inicia quando o que havia antes, que depois entendemos que não era tão bom assim, mas que lutamos para não deixar ir porque achamos que é tudo que temos, termina. 
      Assim, ainda que teus olhos não vejam, que tua mente nem sequer imagine, que teu coração não sinta, creia, só haverá fruto quando a semente for plantada e aparentemente parecer morrer. Deixa a semente morrer! Deixa a semente morrer! Sim, o tempo de espera pode ser difícil, pois não vemos nem a semente, nem os frutos, mas esse é o tempo de crer no Senhor e glorifica-lo, pela fé. Bem-aventurados os que não viram e creram, nada supera a recompensa do que crê e espera.

      “Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente. E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu! Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.João 20.27-29

04/08/19

Só Deus sabe de mim

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.” Mateus 16.27

      Me espanta, e com muita tristeza, como muitos púlpitos, representados por pastores, pregadores e outros que se colocam como lideranças de igrejas, ainda medem espiritualidade por estereótipos, avaliam consagração por clichês, entendem como cristãos de qualidade aqueles que se encaixam nos velhos moldes das tradições, tradições que até tiveram origem em verdades, mas que com o tempo foram consideradas só superficialmente enquanto que a essência foi esquecida. 
      Os de linha pentecostal se equivocam mais em aquilatar ungidos preparados para não negar o evangelho mesmo numa perseguição ao cristianismo, aqueles que louvam ou cantam mais alto, que batem mais palma, que olha para o irmão do lado e diz “seja abençoado”,  ou que demonstram com palavras de ordem e manifestação pública de dons seu suposto grau de intimidade com o céu. Faltam a esses juízes profundidade de vida, respeito ao próximo, e mesmo na ausência disso por limitações intelectual e emocional, amor, que vê o outro com os olhos generosos de Jesus. 
      Quem sabe da intimidade das pessoas? Quem vê o que se passa nas madrugadas de vidas solitárias e angustiadas chorando aos pés do Senhor? Quem sabe da extensão de dor e de tristeza, construídas em uma vida de violência sofrida, que instalou nas almas dificuldade terrível mesmo para se ter o mínimo convívio social? Não julguemos a cara feia, o semblante fechado, o olhar inseguro e distante, nem usemos de desculpas como a que diz que o convertido deve ser transformado e que se a pessoa é fechada é porque ainda não se converteu. Não julguemos coração por cara. 
      Muitos não entendem, muitos pastores não sabem, e muitos nem se dão de fato ao trabalho de saber, lhes é mais conveniente gritarem protegidos pelos púlpitos seus equívocos, mas muitos não têm ideia do quanto é custoso dar um passo em direção a Deus. Sim, Deus é maravilhoso, contempla esse único passo e retribui com cem na direção do que sofre solitário, o Senhor seja louvado por isso. Mas os que julgam o fazem por não conhecerem de fato o coração de Deus, ainda que se achem espirituais e capazes de julgarem quem o é.
      Quando muitos desses pastores conhecerem de fato o amor de Deus pararão de generalizar, de achar que o fogo do Espírito deve ser provado de maneira igual por todos, ou conforme seus clichês, deixarão de achar que expressão emocional por si só é espiritualidade. Nesse dia pastores respeitarão quem muitas vezes reuniu todas as forças que tinha para ir até um templo, se sentar e prestar atenção à palavra, e que sofreu muito quando o púlpito deu ordem para que todos fizessem isso ou aquilo sem notar que alguém só queria ficar quieto e ter comunhão com Deus. 
      Muitos se surpreenderão no final, quando a pior e derradeira perseguição vier sobre os cristãos, ficarão surpresos ao verem que muitos que cantavam e falavam em línguas estranhas em público não estão mais se reunindo publicamente por temerem por suas vidas, não estão assumindo a fé que tanto diziam que tinham. Muitos dos primeiros serão os últimos (Mateus 19.27-30).
      Por outro lado, muitos sobre os quais se pensava serem frios, se mostrarão fortes e corajosos, sem medo de seja lá o que for que lhes possa impedir de assumirem diante do mundo que amam a Deus, isso porque sempre o amaram e andaram com ele. Muitos que não fizeram questão de mostrar para religiosos que seguiam a Cristo serão parte dos poucos que não terão receio de revelar a um mundo perseguidor que sempre seguiram a Jesus. Muitos dos últimos serão os primeiros, glória a Deus por isso.