31/03/21

Surpreenda-se com o bem

      “E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.Gálatas 6.9

      Só os bons se surpreendem com o bem, eles esperam o melhor e creem no bem mais alto e mais poderoso, dessa forma, quando o bem vem, se maravilham vendo que a vida pode ser generosa, as pessoas humildes e Deus vivo e misericordioso. Já os maus sempre esperam o mal, e mesmo que ele não aconteça eles o veem, porque são incrédulos, e em suas malícias dizem, “eu sabia que isso ia ocorrer, nunca confiei nessa pessoa, ela sempre foi falsa”, se acostumaram com o mal que existe dentro deles. Para esses a vida é um tédio, um grande abismo, vazia e sem novidades.
      Vemos nos outros o que temos dentro de nós, mas ainda que saibamos que o outro é mau, se temos o bem em nós não somos enganados pelo mal, nós cremos que a pessoa malvada pode mudar. Sempre estamos prontos para nos surpreender com um milagre de Deus, melhorando as coisas, levando as pessoas ao arrependimento, conduzindo as situações difíceis à solução e à paz, acreditando na maior verdade de todas, o bem sempre triunfa. Quem tem Deus em si, tem o bem, para esse a vida é uma aventura maravilhosa, rumo ao Altíssimo, onde há amor e luz.
      Sem essa esperança benigna não temos vida de oração, a falta de vontade de orar é a ausência de fé que as coisas possam mudar e para melhor, esperança não é ilusão. Ilusão pode até acreditar que coisas boas vão acontecer, mas coisas que na verdade não precisamos, que são só prazeres passageiros para tentar saciar nosso coração descrente no bem maior, ilusão sempre acaba em desilusão. Mas esperança em Deus termina em felicidade duradoura, se nós não podemos controlar a vida e o mundo, Deus pode, e seu controle sempre conduz tudo e todos no tempo certo para o bem.

30/03/21

Sacrifícios do jeito certo

      “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.Salmos 51.17

      Somos existências em dívidas, se não fosse assim não estaríamos neste mundo, ainda que em Cristo tenhamos o perdão que nos livra de condenação espiritual eterna e nos dá paz e direito à comunhão mais alta com Deus, no plano físico nós crescemos trabalhando e nos sacrificando. Contudo, só têm valor como evolução espiritual sacrifícios feitos do jeito certo, esse jeito não é a ação material externa, mas a intenção no coração, se ela for errada anulará qualquer benefício espiritual que possa receber aquele que se sacrifica, ainda que por ele seja abençoado o que recebe o sacrifício. 
      Sacrifícios é tudo aquilo que fazemos além do que nos é fácil fazer, que não nos custa nada ou só pouca coisa, assim é algo que exigirá de nós um passo a mais, não necessariamente de nossas forças físicas, mas de nossas forças morais e espirituais, vencendo orgulho próprio e egoísmo. A melhor intenção, aquela que Deus se agrada, leva-nos a fazer algo pelo bem alheio, pelos outros e em Deus, não para nós mesmos, e como efeito oposto nos abençoa. Contudo, se fazemos por nós, e exigirmos dos outros um retorno por isso, o sacrifício não nos abençoará espiritualmente.
      Quem cobra dos homens não recebe de Deus, porque se cobrou já recebeu sua recompensa, não a justa que Deus dá, mas a injusta, e que também é recompensa, aquela que vem da tristeza do homem que recebeu algo e depois foi cobrado injustamente. Às vezes é melhor não dar nada que dar e cobrar, isso só faz aumentar a dívida do que recebeu, que se precisou receber é porque não tinha e que depois, sendo cobrado, deverá o que não tinha e o que recebeu e lhe foi cobrado. Parece complicado esse raciocínio? Mas é simples, ame, quem ama nunca perde, ganha e em dobro. 

29/03/21

Luz, amor e paz

      “A minha boca falará de sabedoria, e a meditação do meu coração será de entendimento. Inclinarei os meus ouvidos a uma parábola; declararei o meu enigma na harpa.Salmos 49.3-4

      Quando você anda pelas ruas do centro comercial de sua cidade, ou por um shopping center cheio num sábado à noite, todas as pessoas que você vê, que passam por você, disputando espaço e olhando vitrines, mais aquelas dentro das lojas e restaurantes, rindo, falando, querendo comprar, vender, todas essas pessoas Deus ama e têm direito à felicidade. Deus não diferencia ninguém pelo poder aquisitivo ou pela aparência externa, são todas suas criaturas que precisam conhecê-lo mais, receberem cura, perdão, para que aprendam sobre a razão da vida, de onde vieram e para onde irão. Todas essas pessoas necessitam da luz do altíssimo, do amor em Cristo e da paz que temos somente inundados e movidos pelo Santo Espírito. 
      Do fundo do teu coração, quais são as tuas palavras que sobem a Deus pelas pessoas? São palavras de rancor, de vingança, de reclamação? Palavras que fazem exigências de homens e de de Deus para que os homens se adequem à tua vontade e te sirvam? Nossas bocas só externam o que existe dentro de nós, se em nosso interior houver orgulho, nossas palavras serão de egoísmo, e nossas vidas e as dos outros não nos satisfarão, por mais que tenhamos sempre desejaremos mais e não seremos felizes. O humilde vê o lado bom em tudo, acha gratidão no coração, sente-se mais que satisfeito pela vida que tem e deseja o melhor do Senhor mesmo para aquele que se opõe a ele como inimigo, o humilde não tem inimigos dentro de si. 
      “De todo o meu coração, Senhor, oro para que as pessoas recebam a tua luz mais alta e mais clara, para que então, iluminadas, possam se permitir serem acolhidas pelo teu amor, e assim, amadas, acharem a paz que têm só os que se acham satisfeitos pelo Senhor, e por mais nada ou ninguém. Se enquanto isso eu puder ser servo, ainda que um dos mais pequenos, que de alguma forma contribui para que teu nome seja louvado e as pessoas sejam abençoadas, eu agradeço e me sentirei muitos feliz. Contudo, se eu não for nem digno disso, que eu possa fechar minha boca e me calar, enquanto abro meus ouvidos para ouvir tua voz, e meus olhos para ver as belezas que se realizam no universo sob o comando de tua palavra de vida eterna”.

28/03/21

Quem sou eu pra falar de Deus?

      “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.Êxodo 20.7

       “É costume judaico não pronunciar o nome YHWH, costume que não existiu sempre: o uso do nome YHWH era habitual no tempo da Bíblia hebraica (ver por exemplo Livro de Rute 2:4) e a Mishná ainda prescreveu seu uso em juramentos, mas na época do Talmude (Guemará) já estava proibido pronunciar o nome. Alguns até pensaram que pronunciar de qualquer manera o nome era uma violação do mandamento de não tomá-lo em vão, em vez de entender o mandamento em relação aos juramentos. Um rabino citado no tratado Sanhedrin 10:1 declarou que quem pronuncia o nome divino como está escrito não participará do mundo vindouro. Por isso na leitura a voz alta Adonai (Senhor) substituiu YHWH em hebraico e foi adotado pelos tradutores nas diversas línguas estranjeiras (em griego Kύριος; em latim Dominus). Depois de introduzir os sinais vocálicos, os massoretas, para lembrar ao leitor que ele devia dizer "Adonai" (Senhor), deram a YHWH as vogais de Adonai em vez das suas próprias. Fonte Wikipedia

      Dia trinta de abril deste ano (2021), o “Como o ar que respiro” completará dez anos de vida, são mais de trezentas reflexões por ano, praticamente pude compartilhar textos quase que diários na maior parte desse tempo, isso faz com que eu me pergunte: quem sou eu para falar de Deus? A resposta em meu coração é imediata, dada em oração, “Senhor, tem misericórdia de mim, da meditação do meu coração, das palavras em minha boca e nos meus textos”. Contudo, cabe a todos nós cumprirmos nossas vocações sem nos vangloriarmos por isso, como não fazendo nada mais que nossa obrigação, ainda que fazendo não obrigado, mas com amor. Mas a pergunta procede, principalmente a nós evangélicos, que tanto falamos e cantamos de Deus: temos de fato noção do quão sério é usar o nome de Deus ou nos acostumamos com a religião de tal maneira que dizemos de forma automática?
      Os judeus escrevem o nome de Deus, seja YHWH, só com as consoantes (lembrando que o idioma de Israel só grafava as consoantes, os pontos adicionados às consoantes seriam as vogais), ou com as vogais, Iavé, Jeová, Ieoua, contudo, eles não o pronunciam, em seu lugar dizem Adonai, que quer dizer Senhor. Isso é uma maneira extrema de obedecer a um dos mandamentos, citado no texto inicial, será exagero? Bem, Jesus nos ilumina pelo evangelho e nos ensina que a má intenção é mais relevante que a má ação, ainda que a boa intenção deva ser provada pela boa ação. Seja como for, Cristo diz que o que está no coração é o que importa, pois ainda que alguns tentem falsear as ações, disfarça-las, o que está no coração é o que vale, ainda que a aparência seja santa, se o coração não for, não há santidade de fato no ato, e Deus vê o coração, não só o exterior como os homens. 
      Certa vez, nos anos 1980, num retiro de jovens, ouvi um pastor pregar que chamar Deus de paizinho é falta de respeito, pobre homem, quanto equívoco, além de psicoterapia ele precisava conhecer melhor a Bíblia, ainda que fosse formado num competente seminário tradicional protestante. Mas muitos ainda hoje acham falta de respeito ir a um culto sem uma roupa mais social, ternos para os homens e vestidos para as mulheres, saibam esses que Deus os ama profundamente, respeita seus costumes e aceita seus sacrifícios, ainda que ame igualmente os que pensam diferentemente. O ser humano ama os polos, são mais confortáveis, mais fáceis de serem entendidos, assim vemos mais extremos por aí, seja onde for. Já equilíbrio exige inteligência, discernimento, desse a maioria foge, dá trabalho ser equilibrado, e não é coisa de covarde, chamado atualmente de “isentão do centro” por alguns. 
      Quem sou eu para falar de Deus? Sou lavado pelo sangue de Cristo, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! (Oh glória!) Isso basta? Não, é preciso também sabedoria, e atenção aos que usam promessas da Bíblia como álibis para agirem com fé irracional, para pregarem irresponsabilidades. Somos limpos para sermos úteis a Deus, somos úteis obedecendo, só obedece quem ouve a voz do Senhor, e se para ser lavado pelo sangue de Jesus basta uma oração de fé, para ser útil é preciso conhecer a Deus, isso pode demorar anos. Abraão teve o filho da promessa, do qual sairia uma nação, em sua velhice, Moisés só começou a cumprir sua chamada aos oitenta anos, e mesmo Jesus só iniciou seu ministério aos trinta, não que Deus não chame e use jovens, mas temos muitos exemplo na Bíblia de que os homens precisaram ser moldados pelo tempo para serem úteis, essa parece ser a regra. 
      Santidade, quanto mais noção temos dela, mais longe dela nos sentimos, quanto mais a vivenciamos, mais parece que não a temos, Deus é a posição mais alta de santidade, e seu nome não é só uma denominação, aliás o nome de ninguém é, seja homem, espírito, anjo ou diabo. O nome de Deus é uma porta que se abre, dizê-lo é usar uma chave, diferente dos homens que quando chamados podem não nos atender, ou fingirem que atendem, quando de fato não prestam atenção ao que dizemos, ou se prestarem depois não convertem em ação aquilo que ouviram, Deus sempre age quando é chamado. Por isso não devemos falar o nome de Deus de qualquer maneira, e muito menos usá-lo para legitimar juramentos, intenções ou obras. Temos que ter muito cuidado com o nome que dizemos invocar, também pelo testemunho que isso passa para os outros seres, tanto humanos quanto espirituais. 
      Já foi dito que o que fala se compromete, o que muito fala, muito se compromete, por outro lado não basta se calar e achar que com isso se é sábio, muitos são quietos, mas julgam tudo em seus corações, desconfiam de tudo, são céticos e maliciosos. Quem sou eu para falar de Deus? Humildemente posso responder que sou alguém atraído pelo Senhor para falar dele, ciente de meus limites e pronto a mudar de opinião se necessário, mas convicto que faço não para obter fama ou grana, senão iria atrás de editoras para publicarem meus textos. Compartilho minhas reflexões aqui, gratuitamente, para quem quiser ler, sempre esperando em Deus que minhas palavras possam, no mínimo, levar as pessoas a pensarem mais sobre muitas coisas, e não aceitarem tradições, dogmas e religiões pelo que os homens dizem, mas pelo que o Espírito Santo de Deus de fato ensina e capacita-nos a viver. 

27/03/21

A luz está em nós

      “E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.Ezequiel 36.26-27

      Costumava entender minha caminhada espiritual neste mundo, com a finalidade de conhecer e obedecer a Deus, como um movimento em relação a uma luz no horizonte, distante, pequena, mas forte e suficiente para me mostrar a direção, essa simbologia não é inadequada, pode servir para nos ensinar muitas coisas. Contudo, orando a Deus numa madrugada recente, necessitando de um esclarecimento que me desse paz sobre tudo que tenho estudado sobre religião e espiritualidade, “vi” um entendimento diferente, que me consolou com relação a questionamentos que tenho feito ao cristianismo tradicional. Tenho aprendido nesses quarenta e cinco anos de convertido ao evangelho, e creio que tenho sido levado a isso pelo Espírito Santo, que é preciso fazer reavaliações sobre o que me ensinaram sobre o cristianismo pela doutrina tradicional de igrejas protestantes e evangélicas que tenho participado, como tantas vezes já disse aqui. 
      Não podemos aceitar tudo como nos dizem que é, é preciso confrontar teorias e práticas, verificar se nossa vida é coerente com o que acreditamos, entender onde chegamos em termos de libertação e santidade, saber o que é de fato vontade de Deus e o que é mera tradição humana, muitas vezes embasada em preconceitos. Ainda que não abramos mão do principal, de Jesus como o único e suficiente salvador que nos liga ao Deus verdadeiro, podemos descobrir que existem muitas verdades em outros textos e em outras religiões. Todavia, esse conhecimento que contemplamos pode brilhar à nossa frente com cores fortes e variadas, tentando nos atrair em suas direções, assim podemos achar que aquela luz inicial é só mais uma, e às vezes pode nos parecer até menos atraente. Isso nos leva a uma pergunta, onde de fato está a luz mais clara de Deus, será que está lá na frente, em meio as outras luzes, será que é só mais uma luz? 
      Na visão que tive, me vi na escuridão e a única coisa que havia para iluminar meu caminho era uma lamparina que eu levava na mão com uma pequena chama produzida por um óleo que queimava e exalava um agradável perfume. Muitas vezes achamos que a luz é algo que está lá na frente e que nos dá a direção a seguir, mas na verdade a luz está conosco, como uma lamparina a óleo, que seguramos na mão e usamos para iluminar o caminho. Nessa ótica nossa missão não é atingir um alvo distante, onde enfim seremos nosso melhor, mas é caminhar, é no processo que crescemos, de forma lenta e gradativa, ainda que nele só vejamos um momento de cada vez. O que realmente nos espera à frente sabemos que existe pela fé e não nesse mundo, não por vista, o que vemos são só poucos metros à frente de cada vez, e ainda que vejamos luzes, elas não são nosso objetivo, é a luz que está em nossa mão que nos mostra o caminho.
      Querer ver luzes à frente e tentar achar relevância nelas pode nos deixar encantados, assim podemos ser seduzidos por brilhos fantásticos, mas que não são a luz branca e mais pura, enganados esquecemos a lamparina que temos na mão podendo sair do caminho estreito e melhor é ir para uma vasta região de trevas. De posse de nossa luz pessoal recebida do Altíssimo só vemos o caminho à medida que andamos nele, revelado pela luz que não está fora de nós, mas em nossas mãos, ou melhor, dentro de nós, que por nos mostrar a direção aos poucos faz com que sejamos humildes e pacientes, confiando no Senhor que nos habita, não nos falsos deuses que se mostram nos lugares altos. É certo que quem tem um Sol externo como guia num dia sem fim tem mais facilidade para saber para onde vai, ainda que não tenha no coração as melhores intenções para caminhar ou que seja ocioso e egoísta, caminhar assim é até mais simples.
      Contudo, a jornada para o Deus verdadeiro neste mundo não é assim, estamos em trevas numa longa noite, a única coisa que temos para iluminar nosso caminho é a lâmpada com o Esprito Santo, e ainda que o Espírito Santo seja eterno e ilimitado, a lâmpada é pequena, ela é nosso homem interior. Olhar para fora da luz do Espírito Santo é perigoso, podemos ser tentados a pensar assim, “quer saber, as luzes lá na frente são tão lindas, grandiosas, bem mais interessantes que essa luzinha que levo”. As falsas luzes são coisas diferentes para pessoas diferentes, para algumas podem ser conhecimentos intelectuais e espirituais, que explicam detalhadamente o que é a vida e o que é Deus, podem parecer nos mostrar um jeito de encarar tudo de maneira mais racional, e que exige de nós até menos fé. Mas essas luzes podem ser também os prazeres físicos fáceis, pelos quais não precisamos vigiar, só nos entregarmos a eles, como tantos fazem.
      Luzes multicoloridas externas, sejam espirituais ou materiais, são falsos Sóis, o Sol verdadeiro de Deus só veremos depois de passarmos deste mundo para o outro, aqui só temos a luz que recebemos do Senhor, e que não está lá longe, mas dentro de nós, como uma lâmpada com óleo em nossas mãos. Ela não mostra todo o caminho, mas revela-o aos poucos, só os pacientes, persistentes, fiéis e humildes continuarão seguindo, passo a passo, sem se iludirem com outros brilhos, mas seguindo por onde o Espírito Santo mostra, pela fé que um dia chegarão ao Sol eterno, Deus Altíssimo, no dia eterno da melhor eternidade do Senhor. Não que não possamos aprender algo com as outras luzes, mas nossa referência maior deve ser aquela que levamos em nós e que nos foi entregue, não por homens, anjos ou espíritos, mas diretamente por um Deus fiel, de luz e cheio de amor, que nos trouxe até aqui em vitória e nunca nos abandonará. 

26/03/21

Nada frustra o plano de Deus

      “Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos teus pensamentos pode ser impedido.” 
Jo 42.2 versão Revista & Corrigida
      “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.
  Jo 42.2 versão Corrigida Fiel
      “Sei que podes fazer todas as coisas; nenhum dos teus planos pode ser frustrado.” 
Jo 42.2 versão Revista & Atualizada

      Algumas pessoas parecem viver uma vida correta, até parecem, aos nossos olhos, não cometerem erros, fazem as melhores escolhas nos melhores tempos e dão alegria fácil a muita gente. Essas obedecem os desígnios de Deus? Não necessariamente, obedecer a Deus nos faz crescer, crescemos quando nos confrontamos com coisas que nos desafiam e exigem de nós maiores esforços e dedicações. Alguns, ainda que nos pareçam ser pessoas que cumprem o plano de Deus, não cumprem, são como os ricos da parábola de Jesus (Marcos 12.41-44), do muito que têm dão pouco.
      Outras pessoas parecem ter dificuldades para interagir com a vida real, escolhem mal, perdem tempo e deixam muitos desgostosos. E esses, fazem a vontade de Deus? Por mais incrível que pareça muitos desses podem fazer, pois fizeram tudo o que podiam e um pouco mais, se esforçaram, são como a viúva pobre da parábola, pareceu dar pouco, mas foi seu máximo e de todo o coração. Por isso não devemos julgar ninguém, muito menos pela aparência, Deus julga conforme a boa intenção do coração que se transforma numa ação de qualidade, ainda que curta e menor.
      Isso significa que alguns cumprem o plano de Deus e outros não? Não, nada frustra o plano de Deus, nunca, não se olharmos as coisas sob um ponto de vista mais elevado, ainda que não possamos de fato saber qual é o ponto de vista do Altíssimo. Não são só nossas vidas que estão debaixo da mão do Senhor, o universo não depende só de nós, Deus tem todos os seres humanos, de todos os tempos e lugares, sob sua vontade, de um jeito ou de outro todos e tudo contribuem para o equilíbrio e a harmonia do universo, ainda que não vejamos isso por nossas limitadas vistas.
      Se um não faz, o outro fará, de maneira que tudo o que Deus pensa se realiza, Deus não é homem que pensa e se arrepende, ou que pensa levianamente e não chega a concluir o que planeja. Isso nos leva a duas conclusões, a primeira é que algumas coisas, por mais que insistamos, desejemos, mesmo oremos, não acontecerão, a segunda é que outras coisas, por mais que pareçam demorar ou serem impossíveis de acontecer, acontecerão, Deus administrará o universo e seus intrincados sistemas para que ocorram, e quando é assim ele nos dá paz suficiente para aguardarmos. 
      Eu não seria honesto com o que tenho recebido de Deus, em misericórdia e conhecimento, se não levantasse uma questão: e quanto a tantos que sofrem, aparentemente sem merecer, pobres, crianças, de tantos lugares do mundo, é a vontade de Deus que sofram sem receberem consolo e ajuda para uma vida minimamente digna? Respondo a isso com dois conselhos, o primeiro é: façamos a diferença, ajudemos! Não só dizimando em igrejas, mas ajudando a tantos que sofrem, aos nossos olhos injustamente, e que estão perto de nós, nas ruas, em nossa vizinhança, em casas de caridade. 
      O segundo conselho é: não nos acomodemos com questões como essa, não olhemos só para nós, mas atentemo-nos a tantos problemas sem solução no mundo! Deus é amor e justiça, mas os que avaliarem com mais lucidez e profundidade a realidade, entenderão que muitas respostas que a religião evangélica dá não responde a tudo, pelo menos não prova o amor e a justiça que os próprios evangélicos dizem que Deus tem. Não, não é Deus que está errado, somos nós, que seguimos incoerentes e rasos, sabendo pouco e fazendo muito menos para de fato conduzir o universo a seu melhor. 

25/03/21

Só é aprovado quem passa pela prova

      “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.Tiago 1.2-4

      Negar a existência de um problema, inventar desculpas para não enfrentar oposições, tentar desprezar algo, dizer que não existe, só porque dói, não anulará a barreira, não resolverá uma questão. Há sofrimentos que são improrrogáveis, precisamos passar por eles. Problemas não são problemas, só provas, e se formos aprovados nelas, cresceremos, subiremos de nível. Se a vida são oportunidades de crescimentos, negar provas é negar a vida, é fazer da existência uma inutilidade. Não é fácil, mas estejamos felizes com as provações, elas não tornam melhores, dão razão às nossas vidas, motivos para nos orgulharmos depois. 
      O que é sempre provado não são nossas fraquezas, nossa reputação, nossa resistência ou nossa paciência, mas nossa fé, se conseguimos passar por uma prova do jeito certo, em paz. Temos paz quando sabemos e fazemos a vontade do Senhor, vendo além de nós, além dos outros, vendo o plano de Deus. Nesse plano provas se tornam conquistas, que muitas vezes não temos ciência que existem no momento que estamos passando pela prova. Contudo, se nossa fé tem origem e fim em Deus, perseveramos, achamos forças para esperar para saber porque fomos provados, no final seremos seres humanos mais fortes. 
      Faltar na aula no dia da prova só retarda nossas jornadas, e muitos fazem isso alegando terem coisas mais importantes a fazer. Dessa forma tantos trabalhando como loucos, mais que precisam, não só para para terem vidas materiais dignas, mas workaholics, viciados em atividades, que não acham tempo livre para enfrentarem suas vidas pessoais. Assim, temos pais ou mães de famílias que nunca têm tempo para esposas ou esposos e filhos, temos pastores que não saem de templos, mas que nunca conheceram a real vontade de Deus para suas vidas. Por quê? Porque fogem das provas para se sentirem sempre aprovados. 
      Existem muitas pessoas que nunca perderam uma batalha, mas porque nunca participaram de uma, passaram a vida fugindo delas, e por isso perdem a guerra da vida ainda que exibindo para muitos uma aparência de vitoriosos. As igrejas estão cheias de gente assim, também a classe empresarial, quem não se expõe às provas de Deus tem tempo de sobra para fazer outras coisas. Por isso muitos prósperos e trabalhadores incansáveis serão julgados como ociosos na eternidade, fizeram de tudo, menos o que deviam fazer para terem crescimento moral e espiritual, para cumprirem a missão que Deus lhes deu no mundo.
      Muitos acumularam bens, mas nunca aprenderam a amar, receberam honras, mas nunca exerceram misericórdia, se deram até à morte, mas nunca foram generosos com aquele que estava perto deles, que só precisava de silenciosa paciência para ser ouvido. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, abra nossos olhos espirituais, para que vejamos nosso tempo no plano físico sob as relevâncias corretas. Não fujamos do que pode nos quebrar, é melhor sermos quebrantados hoje e aqui, que sermos humilhados depois, sem que tenhamos oportunidade para nos erguermos do jeito certo, aprovados pelo Altíssimo Deus.