domingo, março 28, 2021

Quem sou eu pra falar de Deus?

      “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.Êxodo 20.7

       “É costume judaico não pronunciar o nome YHWH, costume que não existiu sempre: o uso do nome YHWH era habitual no tempo da Bíblia hebraica (ver por exemplo Livro de Rute 2:4) e a Mishná ainda prescreveu seu uso em juramentos, mas na época do Talmude (Guemará) já estava proibido pronunciar o nome. Alguns até pensaram que pronunciar de qualquer manera o nome era uma violação do mandamento de não tomá-lo em vão, em vez de entender o mandamento em relação aos juramentos. Um rabino citado no tratado Sanhedrin 10:1 declarou que quem pronuncia o nome divino como está escrito não participará do mundo vindouro. Por isso na leitura a voz alta Adonai (Senhor) substituiu YHWH em hebraico e foi adotado pelos tradutores nas diversas línguas estranjeiras (em griego Kύριος; em latim Dominus). Depois de introduzir os sinais vocálicos, os massoretas, para lembrar ao leitor que ele devia dizer "Adonai" (Senhor), deram a YHWH as vogais de Adonai em vez das suas próprias. Fonte Wikipedia

      Dia trinta de abril deste ano (2021), o “Como o ar que respiro” completará dez anos de vida, são mais de trezentas reflexões por ano, praticamente pude compartilhar textos quase que diários na maior parte desse tempo, isso faz com que eu me pergunte: quem sou eu para falar de Deus? A resposta em meu coração é imediata, dada em oração, “Senhor, tem misericórdia de mim, da meditação do meu coração, das palavras em minha boca e nos meus textos”. Contudo, cabe a todos nós cumprirmos nossas vocações sem nos vangloriarmos por isso, como não fazendo nada mais que nossa obrigação, ainda que fazendo não obrigado, mas com amor. Mas a pergunta procede, principalmente a nós evangélicos, que tanto falamos e cantamos de Deus: temos de fato noção do quão sério é usar o nome de Deus ou nos acostumamos com a religião de tal maneira que dizemos de forma automática?
      Os judeus escrevem o nome de Deus, seja YHWH, só com as consoantes (lembrando que o idioma de Israel só grafava as consoantes, os pontos adicionados às consoantes seriam as vogais), ou com as vogais, Iavé, Jeová, Ieoua, contudo, eles não o pronunciam, em seu lugar dizem Adonai, que quer dizer Senhor. Isso é uma maneira extrema de obedecer a um dos mandamentos, citado no texto inicial, será exagero? Bem, Jesus nos ilumina pelo evangelho e nos ensina que a má intenção é mais relevante que a má ação, ainda que a boa intenção deva ser provada pela boa ação. Seja como for, Cristo diz que o que está no coração é o que importa, pois ainda que alguns tentem falsear as ações, disfarça-las, o que está no coração é o que vale, ainda que a aparência seja santa, se o coração não for, não há santidade de fato no ato, e Deus vê o coração, não só o exterior como os homens. 
      Certa vez, nos anos 1980, num retiro de jovens, ouvi um pastor pregar que chamar Deus de paizinho é falta de respeito, pobre homem, quanto equívoco, além de psicoterapia ele precisava conhecer melhor a Bíblia, ainda que fosse formado num competente seminário tradicional protestante. Mas muitos ainda hoje acham falta de respeito ir a um culto sem uma roupa mais social, ternos para os homens e vestidos para as mulheres, saibam esses que Deus os ama profundamente, respeita seus costumes e aceita seus sacrifícios, ainda que ame igualmente os que pensam diferentemente. O ser humano ama os polos, são mais confortáveis, mais fáceis de serem entendidos, assim vemos mais extremos por aí, seja onde for. Já equilíbrio exige inteligência, discernimento, desse a maioria foge, dá trabalho ser equilibrado, e não é coisa de covarde, chamado atualmente de “isentão do centro” por alguns. 
      Quem sou eu para falar de Deus? Sou lavado pelo sangue de Cristo, o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! (Oh glória!) Isso basta? Não, é preciso também sabedoria, e atenção aos que usam promessas da Bíblia como álibis para agirem com fé irracional, para pregarem irresponsabilidades. Somos limpos para sermos úteis a Deus, somos úteis obedecendo, só obedece quem ouve a voz do Senhor, e se para ser lavado pelo sangue de Jesus basta uma oração de fé, para ser útil é preciso conhecer a Deus, isso pode demorar anos. Abraão teve o filho da promessa, do qual sairia uma nação, em sua velhice, Moisés só começou a cumprir sua chamada aos oitenta anos, e mesmo Jesus só iniciou seu ministério aos trinta, não que Deus não chame e use jovens, mas temos muitos exemplo na Bíblia de que os homens precisaram ser moldados pelo tempo para serem úteis, essa parece ser a regra. 
      Santidade, quanto mais noção temos dela, mais longe dela nos sentimos, quanto mais a vivenciamos, mais parece que não a temos, Deus é a posição mais alta de santidade, e seu nome não é só uma denominação, aliás o nome de ninguém é, seja homem, espírito, anjo ou diabo. O nome de Deus é uma porta que se abre, dizê-lo é usar uma chave, diferente dos homens que quando chamados podem não nos atender, ou fingirem que atendem, quando de fato não prestam atenção ao que dizemos, ou se prestarem depois não convertem em ação aquilo que ouviram, Deus sempre age quando é chamado. Por isso não devemos falar o nome de Deus de qualquer maneira, e muito menos usá-lo para legitimar juramentos, intenções ou obras. Temos que ter muito cuidado com o nome que dizemos invocar, também pelo testemunho que isso passa para os outros seres, tanto humanos quanto espirituais. 
      Já foi dito que o que fala se compromete, o que muito fala, muito se compromete, por outro lado não basta se calar e achar que com isso se é sábio, muitos são quietos, mas julgam tudo em seus corações, desconfiam de tudo, são céticos e maliciosos. Quem sou eu para falar de Deus? Humildemente posso responder que sou alguém atraído pelo Senhor para falar dele, ciente de meus limites e pronto a mudar de opinião se necessário, mas convicto que faço não para obter fama ou grana, senão iria atrás de editoras para publicarem meus textos. Compartilho minhas reflexões aqui, gratuitamente, para quem quiser ler, sempre esperando em Deus que minhas palavras possam, no mínimo, levar as pessoas a pensarem mais sobre muitas coisas, e não aceitarem tradições, dogmas e religiões pelo que os homens dizem, mas pelo que o Espírito Santo de Deus de fato ensina e capacita-nos a viver. 

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