1. Introdução
Este é um estudo especial comemorando a entrada do blog “Como o ar que respiro” em seu 10º ano de existência, pela graça do Deus altíssimo. É uma série de dezesseis reflexões sobre o tema “Loucura”, ou, Transtornos Mentais, o termo mais técnico, várias discussões serão feitas, abrangendo vários aspectos da insanidade, em várias áreas. Não é para esgotar o assunto, mas para nos ajudar a pensar mais nele. Se você acha loucura falar nesse assunto, saiba que ele está mais próximo de todos nós que achamos ou que queremos assumir que está, e se não de nós, de pessoas próximas a nós, que podem estar sofrendo numa enorme e injusta solidão.
1. Introdução2. Nem tudo que parece é3. Os gregos e os psiquiatras4. Deuses e monstros5. Ciência e religião6. Podemos saber?7. Morte e espíritos8. Loucura de Deus9. Espírito Santo, o diabo e a mente10. Origem da loucura11. Processo da loucura12. Podemos escolher?13. Sobre medo14. O mal não entrará em ti15. Informações de profissionais16. Conclusão
Não quero de maneira alguma tratar este tema de forma leviana, contudo, ele também não precisa nos assustar, ninguém necessariamente precisa, nos dias de hoje, ser internado e estigmatizado, por ter algum transtorno mental, com descanso, medicação e aconselhamento de profissionais sérios, todos podemos conviver com nossas características não normais. Alguns de nós passam a vida flertando com a insanidade, admirando-a, falando com ela, e às vezes até permitindo que ela domine, ainda que seja só nós pensamentos, mas todos nós temos algum nível de anormalidade. Isso na verdade talvez seja o que mais nos faz normais, ou mais semelhantes a todos os demais seres humanos.
O termo loucura, que usarei neste estudo, não é tecnicamente o mais correto, mas é um jeito de chamar a atenção da maioria para o tema. O que precisamos aceitar é que nossa existência é muito mais mental que física, nossa vida real se passa muito em nossas cabeças, às vezes mais até que no mundo físico. Já se deu conta em tudo o que você pensa e sente, mas não realiza? Isso também é sua vida, e uma parte muito importante dela, consome tempo e energia, assim como cria registros de sua existência. Saúde mental pode ser mais importante que física, já que ela pode influenciar todo o nosso corpo, assim como distorcer as informações que recebemos em nossa comunhão espiritual com Deus.
Sempre que compartilho reflexões sobre este assunto, por responsabilidade, gosto de deixar bem claro que eu não sou profissional da área médica de doenças mentais, ou de qualquer outra especialidade, assim, se está precisando de ajuda nesse assunto, para você ou para alguém que conhece, procure um médico, neurologista, psiquiatra ou psicólogo competente, não use qualquer opinião ou declaração feitas aqui no blog como orientação de diagnóstico ou de tratamento. Mais uma coisa, não confie mesmo em religioso, seja pastor, pregador, missionário, profeta, ou qualquer outro título que se dê nas igrejas evangélicas atuais, não em qualquer um, no que se refere a problemas mentais deixe a ciência cuidar daquilo que é dela.
Repetindo, alguns termos usados neste estudo não tiveram o compromisso de estarem tecnicamente 100% adequados à psiquiatria, à psicologia ou à neurologia, o estudo não é feito por um profissional da medicina, assim termos mais simples e de uso mais popular foram preteridos, ainda que se tenha pretendido ser claro e correto. Dediquei, contudo, a reflexão “Informações de profissionais”, para compartilhar textos com informações profissionais sobre o tema, que nos dizem, por exemplo, que médicos não chamam pessoas com transtornos mentais de doentes, mas de portadores de certas características mentais consideradas não normais. Seja como for minha intenção é ajudar, sem mistificações mas com seriedade.
2. Nem tudo que parece é
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.”
Jeremias 17.9-10
Iniciando o estudo sobre loucura, uma reflexão sobre dois fenômenos psicológicos, entendimento interessante para quem quer conhecer mais a mente humana, uma parte do nosso ser que vai além de nosso cérebro físico, interface que liga nosso espírito ao nosso corpo. Seguem duas definições sobres esses fenômenos.
“A pareidolia é um fenômeno psicológico que envolve um estímulo vago e aleatório, geralmente uma imagem ou som, sendo percebido como algo distinto e com significado. É comum ver imagens que parecem ter significado em nuvens, montanhas, solos rochosos, florestas, líquidos, janelas embaçadas e outros tantos objetos e lugares. Ela também acontece com sons, sendo comum em músicas tocadas ao contrário, como se dissessem algo. A palavra pareidolia vem do grego para, que é junto de ou ao lado de, e eidolon, imagem, figura ou forma. Pareidolia é um tipo de apofenia.” Fonte Wikipedia“Apofenia é um termo proposto em 1959 por Klaus Conrad para o fenômeno cognitivo de percepção de padrões ou conexões em dados aleatórios. É um importante fator na criação de crenças supersticiosas, da crença no paranormal e em ilusão de ótica. Inicialmente descrita como sintoma de psicose, a apofenia ocorre no entanto em indivíduos perfeitamente saudáveis mentalmente. Do ponto de vista da estatística é um Erro do tipo I, ou seja, tirar conclusões de dados inconclusivos. Em um exame pode levar a um resultado falso positivo. Psicologicamente é um exemplo de viés cognitivo. Ocorrências de apofenia frequentemente são investidas de significado religioso e/ou paranormal ocasionalmente ganhando atenção da mídia como a impressão de ver Jesus em uma torrada.“ Fonte Wikipedia
Experimentar os fenômenos acima não é sinal de psicose, ou necessariamente de algum transtorno psiquiátrico, é na verdade algo comum e útil. Revela a capacidade que o cérebro humano tem de “arredondar”, digamos assim, a interpretação de certas informações para chegar a conclusões de percepção mais rapidamente economizando tempo e energia. Mas essa capacidade precisa de cuidado, há de se ter discernimento para saber quando estamos vendo, ouvindo ou sentindo, coisas que na verdade não existem ou que não condizem com a realidade. Conclusões precipitadas podem levar a grandes enganos, e crer nesses enganos pode levar, sim, à instalação de doenças mentais, algumas de difícil reversão.
Por que levantei esse tema aqui no blog? Porque em assuntos religiosos e na vida espiritual, que viajam em planos ainda não comprovados cientificamente e que são deveras subjetivos, variam de interpretação de pessoa para pessoa, é onde mais podemos provar pareidolias e apofenias (acho que muitos nunca tinham ouvido falar desses termos antes de ler aqui no “Como o ar...”, ainda que provem esses eventos o tempo todo). Sempre acredito num homem em harmonia com todos as suas áreas, física, emocional e racional, e espiritual, enfim, ter corpo, alma e espírito equilibrados, um ajudando o outro a entender e praticar o que é real de acordo com cada plano, creio que essa é a plena vontade de Deus para nós.
As coisas na vida não são tão claras, como quer nos fazer crer a ciência, e nem tão relativas e infinitas, como quer nos fazer aceitar sem discussão as metafísicas (ainda que sejam, sim, relativas e infinitas). Na harmonia entre corpo, alma e espírito, achamos o equilíbrio, escapando da insanidade, evitando as diabrices, e nos libertando dos vícios, ou qualquer extremos que nos conduzam a alucinações. Se admitirmos que nós somos mais que matéria e mente, acharemos essa harmonia e seremos equilibrados, como sempre o critério de avaliação para isso é checar os frutos, plante certo e colherá bem. Chegaremos a nada delirando, assim conhecer a Deus, a nós mesmos e ao resto, é caminho que nos livra da ignorância e da loucura.
3. Os gregos e os psiquiatras
O louco sabe tudo menos que é louco. Se você achar que está passando do limite daquilo que pode ser e ter, procure ajuda de outra pessoa, não confie só em sua própria noção de consciência. O outro extremo, contudo, achar que não pode nada, também pode ser sintoma de alguma doença mental, mas seja megalomaníaco ou persecutório, um adicionando e o outro subtraindo, ambos os delírios podem indicar algum nível de insanidade. Existem várias espécies de loucura no ser humano, afetando áreas diferentes de sua vida, mas ainda que se iniciem em uma área, a loucura sempre acaba afetando todo o nosso ser, em todas as áreas, física, mental e espiritual. Nessa segunda parte do estudo sobre loucura, conheceremos um pouco sobre o que pensavam os antigos gregos e estudiosos como os do século XIX sobre o assunto.
“A loucura ou insanidade é segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados anormais pela sociedade. É resultado de doença mental, quando não é classificada como a própria doença. A verdadeira constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por especialistas em psicopatologia. Algumas visões sobre loucura defendem que o sujeito não está doente da mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de ser julgado pela sociedade.Na visão da lei civil, a insanidade revoga obrigações legais e até atos cometidos contra a sociedade civil com diagnóstico prévio de psicólogos, julgados então como insanidade mental. Na profissão médica, o termo (loucura) é agora evitado em favor de diagnósticos específicos de perturbações mentais, a presença de delírios ou alucinações é amplamente referida como a psicose. Quando se discute a doença mental, em termos gerais, psicopatologia é considerada uma designação preferida.As significações da loucura mudaram ao longo da história. Na visão de Homero, os homens não passariam de bonecos à mercê dos deuses e teriam, por isso, seu destino conduzido pelas "moiras", o que criava uma aparência de estarem possuídos, ao qual os gregos chamaram "mania". Para Sócrates, este fato geraria quatro tipos de loucuras: a profética, em que os deuses se comunicariam com os homens possuindo o corpo de um deles, o oráculo. O ritual, em que o louco se via conduzido ao êxtase através de danças e rituais, ao fim dos quais seria possuído por uma força exterior. A loucura amorosa, produzida por Afrodite, e a loucura poética, produzida pelas musas.Philippe Pinel alterou significativamente a noção de loucura ao anexá-la à razão. Ao separar o louco do criminoso, afastou o aspecto de julgamento moral que constituía até então o principal parâmetro da definição da loucura. Hegel afirmou que a loucura não seria a perda abstrata da razão: "A loucura é um simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua presente". A loucura deixou de ser o oposto à razão ou sua ausência, tornando possível pensá-la como "dentro do sujeito", a loucura de cada um, possuidora de uma lógica própria. Hegel tornou possível pensar a loucura como pertinente e necessária à dimensão humana, e afirmou que só seria humano quem tivesse a virtualidade da loucura, pois a razão humana só se realizaria através dela.” Fonte WikipediaA loucura está inconsciente e existe em todos nós, loucos seriam os que sucumbiram à luta constante na sua relação com esse inconsciente, isso é o que diz Freud, pai da psicanálise, em outras palavras, de perto todo mundo é louco.
Essas visões sobre loucura são mutuamente exclusivas? Penso que não, não pense que no século XXI a significação que usamos é a última, a mais recente, não, ainda podemos ler as loucuras mesmo conforme conceitos antigos. Penso que loucura é tudo isso que é citado nesse texto inicial e mais alguma coisa, assim vou usar as citações neste estudo (na 3ª parte), que não são de qualquer pessoas, são filósofos, estudiosos eruditos, cientistas da medicina e da psiquiatria, são conceitos que devemos considerar. “Se clamares por conhecimento e por inteligência alçares a tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do Senhor e acharás o conhecimento de Deus, porque o Senhor dá a sabedoria, da sua boca é que vem o conhecimento e o entendimento.” (Provérbios 2.3-6).
Muitos clamam por sabedoria, oram, jejuam, mas não se dão ao trabalho de estudar, de fazer uma faculdade, de ler bons livros. A boca de Deus não fala só pela Bíblia ou pela voz direta do Espírito Santo, seja em nossos corações ou pelas vidas de outras pessoas cristãs, Deus usa muitos homens sábios neste mundo para nos ensinar sua sabedoria. Principalmente na ciência, podemos aprender mesmo com homens que nem tenham entendimento ou que não assumam que a sabedoria que possuem é verdade de Deus, no caso deles não do mundo espiritual, mas do mundo material. Assim estejamos abertos, com temor e devidos filtros, para aprendermos com médicos, psiquiatras, assim como com químicos, físicos, matemáticos e tantos outros estudiosos sábios de suas áreas.
4. Deuses e monstros
Nesta 3ª parte do estudo sobre loucura refletiremos mais sobre os textos citados na 2ª parte com os entendimentos de antigos gregos e outros estudiosos sobre o assunto, as passagens bíblicas a seguir serão citadas nesta reflexão, direta ou indiretamente.
“Porque a ira destrói o louco; e o zelo mata o tolo.”
Jó 5.2
“Lembra-te disto: que o inimigo afrontou ao Senhor e que um povo louco blasfemou o teu nome.”
Salmos 74.18
“Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio.”
I Coríntios 3.18
Como em outras áreas, em eventos climáticos, por exemplo, os povos mais antigos aliavam aos deuses a loucura, esses possuindo a consciência dos seres humanos, não só nas experiências religiosas (nos oráculos, os médiuns espíritas atuais ou os profetas cristãos), mas mesmo na arte, nos artistas criando sob influências de musas. Os gregos viam deuses em tudo, mas será que isso é diferente em muitos evangélicos pentecostais atuais que veem demônios em tudo? Seguindo na evolução do pensar humano sobre loucura, aliou-se loucura à maldade, se alguém fazia atrocidades era controlado pela loucura, e esse devia pagar por isso, muitos ainda pensam assim. Na Bíblia a palavra louco é usada com intenções distintas, às vezes indicando um homem violento, às vezes um incrédulo, e às vezes até ensina que ser “louco de Deus” é algo bom, veja textos acima.
A humanidade evoluiu mais no entendimento da loucura quando separou-a da moral e da criminalidade, assim, por ser louco, alguém não deveria ser condenado pelo mal que fizesse, já que não poderia responder pelos seus atos, o louco não era malvado, mas alienado. Durante um período, contudo, os considerados loucos eram isolados, muitas vezes em ambientes nada melhores que as prisões para criminosos. Com o desenvolvimento da farmacêutica e de outras ciências isso mudou, loucos passaram a ser doentes que podem ser tratados com remédios, terapia e outros métodos não desumanos, não precisam ser necessariamente isolados da sociedade. É importante que saibamos que num momento histórico homossexualidade era considerada doença mental, esse não é hoje o entendimento oficial da psiquiatria, por isso “cura gay” não é aceita pelos profissionais da área médica.
Todavia, uma mudança maior veio no entendimento de Hegel e Freud, que pensaram loucura como algo comum a todos os seres humanos, de acordo com eles doentes são só os que não conseguem viver na realidade com essa loucura latente. Os cristãos carismáticos e espíritas precisam saber que para muitos psiquiatras suas experiências com dons espirituais e com mediunidade são consideradas sintomas de loucura, visto que a consciência individual é tomada por uma entidade externa ou uma identidade diferente da considerada normal. É claro que se isso não impedir a pessoa de conviver com sua realidade, na sociedade, tendo uma vida produtiva e organizada, é uma loucura controlada (ou nem é).
Essas considerações e definições são variáveis, existem níveis diferentes de doenças mentais ou psicopatologias, que ainda que prejudiquem menos o humor ou o senso de realidade da pessoa, podem ser diagnosticadas e devem ser tratadas. Com certeza todos nós, de alguma maneira, seremos considerados, por alguém em alguma instância, loucos. Hoje em dia esse termo nem é mais ofensivo, depois da revolução cultural dos anos 1960, louco virou sinônimo de gente independente que não se deixa levar pelas tradições sociais humanas, ser louco passou a ser chique. Mas é na área espiritual ou religiosa, por ser um campo onde as coisas são mais subjetivas, relativas às percepções de cada pessoa, de acordo com a fé de cada um, onde mais se taxa as pessoas de malucas, e é, conforme alguns estudos sérios, onde de fato existe muita gente com transtornos mentais, é muito importante que os crentes evangélicos tenham ciência disso.
5. Ciência e religião
Nesta 4ª parte do estudo sobre loucura, uma reflexão sobre o antagonismo que muitos criam entre ciência e fé. O que precisa ser acreditado para existir é o que não pode ser provado pelo menos antes que passe a existir, a ciência prova que coisas existirão mesmo antes de existirem. Por exemplo, sabemos que surgirá fumaça se um material for queimado, a fumaça ainda não existe, mas sabemos que existirá não só pelas nossas observações, mas porque a ciência provou que uma transformação ocorre quando um material é submetido à alta temperatura. Se há conhecimento, não se precisa de fé, se há comprovação científica, temos que aceitar, simples assim.
Mas a existência humana vai muito além do plano físico e de coisas que podem ser comprovadas, ainda que funcionem mesmo sem que saibamos bem o porquê. Ter certeza que algo improvável e mesmo impossível fisicamente vai acontecer, antes de acontecer, por crermos nisso, é experiência do plano espiritual, assim tudo que é crença pessoal e não pode ser provado cientificamente pode de alguma maneira em algum momento ser considerado loucura. Contudo, mesmo as coisas que não são explicadas pela ciência, podem ser submetidas a algum tipo de aprovação de legitimidade, isso para sabermos se elas vêm daquilo que cremos como ser o nosso Deus ou de outros lugares. Deus também é uma experiência que se tem por fé, não pode ser provado, mas ter essa experiência por anos a fio nos ensina o que é o “nosso” Deus, o que vem dele e o que podemos ter dele através de fé.
As religiões estabelecem limites para uma experiência espiritual, entregam caixas, nós homens aceitamos religiões como nossas verdades espirituais porque achamos nelas algo que nos toca de maneira pessoal, nos sentimos partes delas, conseguimos encaixar nelas nossos limites de subjetividade. Mas isso, como foi dito, é pessoal, a religião adequada para um não é para outro, aquela na qual alguém pode se sentir confortável para exercer fé pode não ser confortável para outro. Isso varia de acordo com uma série de coisas, desde a personalidade de cada ser humano, do lado emocional de cada um, assim como de acordo com o nível intelectual, e é claro, social e cultural de cada ser humano.
Sabemos que algo vem de Deus (ou do “nosso” Deus pessoal) quando encontramos aprovação para isso em nossa religião, e o ser humano é tanto complexo para ter visões religiosas diferentes, quanto limitado para se fechar numa visão e achar que ela é a verdade e as outras são falsas, ela é do bem e as outras são do mal, ela é de Deus e as outras são do diabo. Talvez esse limite, essa caixa, que nos prende a uma verdade, seja o que nos proteja da loucura, pois nele tentamos achar coerência, exercemos fé e esperamos resultados, provamos para ver a qualidade dos resultados e aprendemos para exercer fé numa próxima vez, dessa forma a fé também pode ser racional.
Religião é construção humana, é aplicação de fé numa verdade individual, e ninguém arrogue achar que é aberto e esclarecido o suficiente para aceitar muitas religiões ao mesmo tempo, a caixa por maior que seja tem paredes. Não que ter essa iluminação seja errado ou impossível, mas não tê-la talvez seja o jeito de não enlouquecermos, de nos mantermos na caixa onde podemos viver como seres humanos minimamente lúcidos. Alguns, todavia, não muitos, conseguem ir além, terem uma visão mais alta do divino, casar muitas crenças, achar o elo perdido, isso não é a visão de um homem, curta e rasa, mas a visão de Deus, altíssimo, eterno e profundo (mas na verdade essa é a vontade ideal do divino para todos).
“Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?” (Eclesiastes 7.16-17), esse texto nos dá uma lição de equilíbrio. Por que o ele diz que ser sábio demais pode nos destruir? Porque podemos ter tantos cuidados, querer controlar sozinhos tantas coisas, nos prendendo a tantos conhecimentos, que acabamos nos matando em vida, tendo uma existência sem alegria, sem aventura. Por outro lado, se nos desligarmos demais da realidade, sendo egoístas ou loucos, acreditando em ilusões, viveremos uma vida irresponsável que pode nos por em risco de morte antes do tempo, e de uma morte violenta.
Veja que aqui o termo louco foi interpretado como quem crê em fantasias, assim o crente religioso, apesar de pretender o bem, foi colocado junto do ímpio, que faz maldades, não pelos fins que desejam, que são opostos, mas pelos meios que usam, que são os mesmos. Aqui estamos analisando os meios, não os fins. Se obras demais podem nos enfraquecer, fé demais pode nos matar, umas pelo excesso de responsabilidades e outra pelo excesso de irresponsabilidade, o problema não está na fé nem nas obras, mas nos excessos delas. A loucura pode estar nos extremos, mesmo querer ser complacente demais, científico demais, zeloso demais, pode ser loucura tanto quanto ser crente demais. O ser humano é complexo demais para ser escravo de extremos, assim, o que acha equilíbrio encontra uma harmonia que pode livrá-lo da insanidade, seja ela qual for.
6. Podemos saber?
“Multiplicando-se dentro de mim os meus cuidados, as tuas consolações reanimaram a minha alma.”
Salmos 94.19
Na 6ª parte do estudo sobre loucura, que será compartilhada na próxima postagem do blog, faremos uma reflexão sobre o mundo espiritual, esse assunto é bastante pensado aqui no blog, veja por exemplo o estudo “Desvendando o mundo espiritual”. Desta vez tentaremos entender algo impossível de ser provado pela ciência, a existência pós-morte, mas antes faremos uma reflexão introdutória sobre o porquê de levantarmos esse tema neste estudo sobre loucura.
Conhecimento sobre a morte é algo que só podemos obter pela fé? Bem, pela fé se obtém bem mais que doutrinas teóricas, antes experiências fortes e claras, e que não deixam dúvidas aos que as têm, são provadas sobre muitas coisas do mundo espiritual e por muita gente. Essas coisas são loucuras ou de fato é possível comunicação com os mortos, com os espíritos, com anjos e outros seres espirituais? Isso fica com a fé de cada um, mas qual a relevância disso para o tema loucura? Muita relevância.
Nas experiências envolvendo mediunidade, necromancia, possessão demoníaca, dons espirituais cristãos etc, a comunicação, ou suposta comunicação, é feita através de nossas mentes, é por ela que entidades, espíritos, humanos desencarnados, ou o Espírito Santo de Deus, se comunicam com os seres humanos. Não estou fazendo juízo de valor, pondo todas essas experiências no mesmo nível, seja doutrinário, espiritual ou moral, nem estou dizendo que isso é verdade ou mentira, contudo todas essas “experiências”, legítimas ou não, podem ser confundidas com alucinações auditivas ou visuais, que são psicopatologias, doenças, não experiências espirituais.
Sob o ponto de vista da doutrina protestante evangélica tradicional, experiências de comunicação espiritual podem ter três origens e meios, e em alguns casos fins, ou elas vêm de Deus, ou vêm de espíritos malignos ou são invenções de nossas mentes. O cristianismo tradicional não contempla comunicação com espíritos de homens desencantados e mesmo com anjos, e com demônios só na expulsão e em algumas situações (Jesus conversou com a “legião” em Marcos 5.9). Essa é outra abordagem que precisamos fazer para entender eventos subjetivos que se passam, pelo menos a princípio, só em nossas cabeças, para então podermos identificar a loucura.
Alguém pode dizer, “minha experiência é espiritual, não é mental”, mas o espírito precisa de um instrumento para ser entendido por nossas consciências. Antes que nosso corpo reaja e aja, se mova, sinta, é em nossas mentes, com visões e audições mentais (e às vezes com outros sentidos mentais como cheiro e paladar) onde a experiência “espiritual” se passa. Nossa mente é quem recebe o primeiro contato que nosso espírito faz com o mundo espiritual, e é ela quem passará ou não essa informação para o nosso corpo. Discernir de onde vem é importante, para decidirmos se uma experiência possa ser passada para frente ou ser anulada ali, na origem.
Preciso também compartilhar mais uma coisa, antes de seguir o estudo sobre “Loucura”, aproveitando essa reflexão introdutória, o entendimento que tenho sobre muitas coisas do mundo espiritual é fruto de várias experiências. A primeira delas é conhecimento bíblico, graças a Deus posso ter várias versões de Bíblias e de comentários de Bíblias a mão, também, aos sessenta anos, sou de uma época que a maioria das igrejas Batistas tradicionais (CBB) tinham ótimas E.B.D.s, minha base de conhecimento bíblico é antiga, fundamentada assim como eclética.
Tive a oportunidade também de estudar teologia em seminário, assim possuo uma biblioteca extensa de livros técnicos, ainda que atualmente tenhamos excelentes materiais disponíveis gratuitamente na internet, para quem quiser ler e aprender. Infelizmente a disponibilidade de material cresce em relação inversa ao interesse que as pessoas têm nos últimos anos por adquirirem boa informação, que requer estudo e tempo, muitos preferem informações rápidas ainda que falsas.
Não expus tudo isso por vaidade, Deus sabe, não tenho em mim motivos para me exaltar, meu orgulho é poder provar de uma imensa misericórdia de Deus, mas ainda com todo o conhecimento que tenho de terceiros, meu entendimento também é baseado em experiências de primeira mão com o Senhor, na oração e através dos dons espirituais. Não, nem tudo é claro pelo cânone bíblico, e o que tenta se basear só nele ficará preso à palavra morta e perderá muito da palavra viva do Espírito Santo.
Precisamos buscar em Deus o discernimento, mas precisamos aceitar que Deus é muito mais que as experiências registradas na Bíblia de homens antigos com ele. Não estou incentivando ninguém a crer em coisas que não estão claras na considerada palavra escrita de Deus, assim se o que é compartilhado aqui te escandaliza, procure outro espaço, fale com o seu pastor, ore a Deus, se informe mais, mas faça tudo isso com mente e coração abertos.
Ainda existe um senso comum entre os cristãos que não se deve tecer teorias sobre certos assuntos, e pior ainda, que não se deve nem pensar neles, sempre usando o texto de Apocalipse 22.18-19 para alegar como pecado qualquer adição ou subtração a qualquer doutrina bíblica. Penso que isso é mais uma ideologia católica que protestante, também creio que isso mais atrapalha que ajuda, não deixa as pessoas mais praticantes do que sabem, ainda que saibam com restrições, mas deixa os hipócritas mais ignorantes, condição conveniente para os manipuladores.
Repetindo sempre o que dizemos aqui, a palavra de Deus é o vivo Espírito Santo, e ele está sempre aberto a diálogo com os que temem o altíssimo através do nome de Jesus. Todavia, a conversão de muitos ocultistas ao evangelho (principalmente os da “mão esquerda”) tem trazido informações certificadas pelo Espírito Santo, para quem está, repetindo, aberto para o verdade. Sejamos mais aplicados em conhecer o mundo espiritual, os inimigos de Cristo têm se aprimorado, enquanto muitos cristãos continuam católicos, ainda que se denominem protestantes evangélicos.
7. Morte e espíritos
“E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles. Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela.”
Jó 1.6-7
“E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios.”
Lucas 8.30
“Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.”
I Coríntios 15.51-52
“Porque na ressurreição nem casam nem são dados em casamento; mas serão como os anjos de Deus no céu.”
Mateus 22.30
“E falando eles destas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; O que ele tomou, e comeu diante deles.”
Lucas 24.36-43
“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.”
João 17.21
Após a morte do corpo físico, nossa mente continua viva, nossa identidade existe na eternidade, e ela se torna mais intimamente espiritual, livre de interferências e limites do corpo material (I Coríntios 15.51-52). Quando a Bíblia diz que na eternidade seremos como anjos (Mateus 22.30) ela se refere às nossas funções sexuais, por isso lá não haverá casamentos, nem reprodução física, mas penso que nossas identidades masculinas, femininas e demais, serão mantidas, e de um jeito muito mais puro, assim como as características físicas. Penso mais, que teremos a aparência do nosso melhor aqui, na faixa do trinta anos, tanto para os que morrerem com idade menor quanto maior que isso, estaremos com todos os membros do corpo e tão belos quanto for nossa luz espiritual, que em Jesus é sempre a mais pura (Lucas 24.36-43).
Talvez só na eternidade é que muitos entenderão a relevância da sexualidade, perderão preconceitos e saberão que as coisas não são tão físicas como muitos interpretam o macho e a fêmea no Adão e na Eva míticos. Na eternidade, ainda que os que tenham alcançado iluminação mais alta em Deus (salvação eterna evangélica) através de Jesus experimentem uma comunhão plena com o Deus altíssimo, o pai das luzes (João 17.21), nossas identidades continuarão existindo, assim José ainda será José, Maria ainda será Maria, José Maria e Maria José ainda serão José Maria e Maria José (os que querem entenderão).
Isso é diferente nos demônios, os seres espirituais mais inferiores, eles não têm identidade pessoal, funcionam em comunidades (em legiões), suas características são as de seus grupos, têm consciências coletivas, não possuem gostos e preferências pessoais, mas a função ditada por seus líderes (Lucas 8.30), com legiões específicas dedicadas a pecados específicos (com por exemplo a denominada “pombagira” dos afro-espiritismos e kardecismo, para a prostituição, não é um espírito, mas um grupo). Isso nos faz pensar sobre pessoas que fazem parte de certos ajuntamentos, em torno de ideologias religiosas ou políticas, por exemplo, parecem legiões de demônios, sem identidade individual que obedecem cegamente a líderes.
Os líderes são os príncipes angelicais, diabos, anjos, arcanjos e outros seres espirituais, caídos ou não, mas de grau superior, esses exercem liderança sobre os inferiores, os principados, potestades etc. Debaixo da permissão de Deus, esses líderes têm alguma autonomia, já que suas vontades são obedecidas pelos seres abaixo deles (Jó 1.6-7), mas mesmo esses não têm a identidade que nós humanos, encarnados ou não, temos. Ocultistas dizem que os espíritos perdem suas identidades individuas nos dois extremos, quanto mais inferior, se parecem com seus líderes baixos, os grandes seres espirituais caídos, e quanto mais superiores se parecem com Deus, assim, nesse entendimento, há uma comunhão com os superiores nos dois lados e uma perda de identidade individual.
Toda comunicação no plano espiritual é mental, “telepática” (ainda que seres espirituais não tenham cérebros físicos), se um ser pensa, seus subalternos entendem e obedecem. Só Deus, contudo, é onisciente, sabe de tudo e pode se comunicar com todos, bem, esse é o meu entendimento sobre comunicação espiritual, se algumas coisas não estão claras na Bíblia também não estão claras que não são assim, ainda que possamos subentender por muitos textos. Mas isso fica mais claro quando temos experiência profundas de oração com Deus e de discernimento de espíritos, isso, contudo, é só para os que querem ter e saber, repetindo, o mundo espiritual é trancado com chaves, que as ganham os que as buscam, senão o caos universal seria geral.
Uma reflexão final, quem sabe uma parte da verdade sabe mais que quem diz que sabe toda a verdade, ninguém sabe tudo, mas quem diz que sabe, mente, e não sabe nada, nada é menos que uma parte. A verdade é que quanto mais sabemos, menos achamos que sabemos, e em se tratando de verdades sobre o mundo espiritual, sobre Deus, sobre a eternidade, sobre anjos caídos e sobre vida pós-morte, sabemos só o que queremos saber. Quem acha que sabe tudo, que tem toda a verdade sobre Deus e mundo espiritual, sabe só o que quis saber, assim esse pode até estacionar nesse limite, é um direito seu, mas não diga que sabe tudo, que tem a verdade, não arrogue isso.
8. Loucura de Deus
“Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido. Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.”
I Coríntios 2.14-16
Esta reflexão é uma introdução à 8ª parte do estudo sobre loucura, “Espírito Santo, o diabo e a mente”, que será compartilhada na próxima postagem aqui do blog. É de suma importância que se entenda que só podem provar a “loucura” espiritual de Deus, falada na passagem bíblica inicial, os que estão mentalmente sadios, caso contrário as coisas podem ficar confusas, pode-se perder o discernimento sobre o que é realidade, o que é ilusão, o que é verdade, o que é mentira, o que é de Deus e o que é do diabo. Assim, muitíssimo cuidado, não use o texto bíblico acima como álibi para fazer maluquices, e pior ainda, em nome de Deus. É delicado o limite entre uma experiência pela fé no Deus espiritual e a ilusão de quem acha que pode fazer coisas insanas porque uma voz mandou que fizesse.
Muitos matam em nome de Deus, violentam, manipulam, saqueiam, e muitos plenamente convencidos que são algum tipo singular de profeta, de pastor, de apóstolo, e isso não só no cristianismo. Por ser a religião que manda no mundo ocidental, a parte do planeta que tem mais poder econômico e político na Terra, é também no cristianismo, seja como catolicismo, protestantismo e tantos outros ismos auto-denominados cristãos, onde existe mais divisões, seitas, heresias, e consequentemente malucos, sempre prontos a se acharem “Deus” para explorarem a fé dos incautos. Mas existem loucos menores, que ainda que não prejudiquem os outros, prejudicam a si mesmos, são pessoas que precisariam de terapia, e não de fé e autofragelamento, para serem seres humanos que agradem a Deus, façam os outros felizes e sejam felizes.
Uma armadilha que muitos caem e que pode levar a loops mentais que não achando solução os frustram profundamente, se trata justamente de uma noção errada da relação entre fé e pecado. Pregadores inescrupulosos (visando explorar para obter lucros materiais) pregam que quem tem fé pode ofertar qualquer coisa a Deus (obviamente através da igreja do pregador) que Deus recompensará essa fé e nada faltará ao ofertante. O que ocorre em muitos casos é que a oferta é feita e faz muita falta ao ofertante, que fica frustrado, achando que não teve fé suficiente por isso fez falta o que ofertou, e que sua falta de fé é pecado. Essa armadilha enriquece a igreja e ao pregador, e deixa no ofertante um sentimento imenso de angústia.
Em primeiro lugar temos que entender que a fé que é dom de Deus, é aquela que é essencial para nossa salvação eterna, para perdão de pecados, e para coisas específicas que Deus nos mostra. Todos temos momentos na vida quando verdadeiramente só um milagre de Deus para nos ajudar, e isso nunca envolve comprar o favor do Senhor com doações, ofertas e dízimos. Não ter uma fé que move montanhas não é pecado, Deus não exige isso de ninguém, assim quem sabe que não tem fé para entrar em certos desafios de púlpitos, principalmente envolvendo retornos financeiros, não peca, está num direito seu dado por Deus. Muitos colocando pastores na frente de Deus chegam a terríveis dilemas mentais por causa disso.
Nossa fé deve ser medida por nossas obras, e nossas obras devem ser aprovadas por igrejas sensatas e pela doutrina, sim, ser cristão é ser louco para o mundo, como diz o texto, mas através de uma vida de virtudes, em paz e em humildade. Jesus foi o mais louco de todos, nesse aspecto, e nem para o mundo, mas para os religiosos de sua época, da mesma religião que a sua. Mas ele nunca fez maluquices, nem incentivou que nós as fizéssemos, ao contrário, teve uma vida simples de homem de bem, ensinou sobre temperança e amor, foi como homem, curado e equilibrado. Ter a mente de Cristo é experiência dos que de fato seguem a Jesus, não a fantasias da mente. Mas o que seria essa “loucura” de Deus?
Ela se evidencia quando o evangelho nos ensina que agradar a Deus, ser espiritual, seguir a Cristo, é agir muitas vezes do modo oposto a como agem os que não têm uma ligação de filhos com Deus. Essa atitude tem muito mais a ver com perder de que com ganhar, assim o que acha que é “louco” de Deus porque tem uma fé que pode fazer grandes coisas, cuidado, isso pode ser mais maluquice mental que de fato comunhão com Deus. Loucura para o mundo é dar a outra face, quando se é ofendido, é morrer para a ganância e não querer ser rico pelo fé, é dar, não receber. Loucura de Deus é fazer morrer o ego, para se nascer espiritualmente para a eternidade, mas com equilíbrio emocional, sem ter falta de auto-estima, que leva a uma atitude de “coitadinho” e que também pode ser ferida mental e não espiritualidade.
9. Espírito Santo, o diabo e a mente
“Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim.”
João 15.26
É linda a maneira como Jesus denomina o Espírito Santo, o consolador (paracleto em grego), revela a essência do Espírito de Deus, alguém que veio para consolar os abatidos, um ajudador afetivo, antes mesmo que uma potência sobrenatural. Muitos cristãos não entendem o privilégio que possuem por terem o Espírito Santo habitando neles, não têm ideia de tudo que poderiam aprender diretamente de Deus se dessem mais liberdade a esse consolador. Contudo, espíritos malignos, assim como nossas mentes, também conversam com nossas consciências, então, como diferenciar a voz de Deus, da voz do diabo ou/e da voz de nossas próprias mentes nos falando de forma doentia?
É importante que entendamos que experiências espirituais não são para todos, é preciso que as queiramos e as aprovemos, enquanto que problemas mentais podem ocorrer por muitos motivos e mesmo que não os permitamos de forma consciente. Mas antes de tudo Deus sabe quem está e quem não está preparado para ter experiências espirituais mais profundas, quem tem emocional para isso, assim se Deus não quer nos dar, tenhamos a humildade para aceitar e sermos o nosso melhor na chamada legítima que recebemos do Senhor, nem mais, nem menos. Todos podem ser úteis de algum jeito nas mãos de Deus, não queiramos algo só por vaidade ou por curiosidade irresponsável.
Todos podem ouvir a voz de Deus em alguma instância, mas só os novos nascidos por Jesus e selados com o Espírito Santo têm direito de ouvir a verdadeira voz de Deus de forma mais constante, assim como são protegidos de ataques espirituais do mal mais contundentes, ainda que o diabo sempre tenha a intenção de enganar a todos. A maneira sensata de se viver com Deus é pela fé, provando os frutos dessa fé sancionados pela doutrina cristã, isso nos protege de heresias e de mentiras do diabo, mas ainda assim não estamos livres de fraquezas mentais, e quando essas existem encontrarão em nossas próprias consciências álibis para que existam.
A loucura se instala e inventa razões para ficar em nossas mentes, o louco sempre encontrará motivos que justifiquem que ele continue louco ainda que não se ache assim, por quê? Porque o louco perde as referências da realidade. Os tijolos que a loucura usa para se construir são retirados de nossas realidades, eles não aparecem do nada, dessa forma se a pessoa tem um determinado viés religioso, a loucura encontrará nesse viés desculpas para existir e se manter existindo. Isso acontece em qualquer área, se alguém tem um viés político, a loucura achará na ideologia política da pessoa elementos para existir e desses elementos se alimentará para seguir existindo.
Armas importantes contra a loucura são a fuga do isolamento e a busca de informação de qualidade, isso é, compartilhar nossas vidas com pessoas sadias, ainda que nossas vidas sejam cavernas escuras que abriguem manias excêntricas e privacidades que queiramos esconder. Obviamente que não faremos isso com todo mundo, ou com qualquer pessoa, mas precisamos ter amigos com os quais possamos nos abrir. Bem, se não tivermos, é para isso que existem bons psiquiatras, psicólogos experientes e mesmo pastores lúcidos e de fato responsáveis. Mas o conselho é, cuidado com isolamento, a solidão pode ser condição necessária, e às vezes exigida, para nos aproximarmos mais de Deus, mas ainda assim é preciso ter limites.
Mesmo um cristão com a vida em dia com Deus pode adoecer mentalmente, mas se for devidamente tratado, com descanso, medicação e acompanhamento psiquiátrico, ele achará paz. Contudo, se a loucura estiver criando delírios e alucinações na área religiosa, ele precisará também de um conselheiro cristão lúcido e preparado para ajudá-lo a equilibrar vida com Deus com sanidade mental. O perigo é um cristão com algum transtorno pedir auxílio a um pastor também desorientado, desses que veem demônios em tudo ou que acham que jejum e fé podem curar tudo, isso poderá colocar mais carga sobre o doente, já fragilizado, e acorrenta-lo ainda mais à insanidade, aos invés de cura-lo.
Quando um ataque mental é de fato de origem espiritual diabólica a pessoa tem mais que uma mente transtornada, tem toda uma vida entrevada, ainda que alguns possam ter uma ligação estreita com espíritos maus e mesmo assim terem vida social, física e mesmo moral equilibradas. Eu creio que Deus em sua misericórdia não permite que alguém com alguma doença de fato mental seja atacado de maneira devastadora por espíritos maus, eu penso que existe uma lei universal que equilibra as forças, a lei do amor de Deus, e não permite que ninguém sofra mal desproporcionalmente maior que suas capacidades. Os que provam problemas de fato desproporcionais escolheram isso, por vontade própria e insistentemente.
A verdade é que o ser humano é bem complexo, muitas coisas podem acontecer em muitas áreas diferentes, nem estudiosos sérios têm certeza sobre muitas coisas, e a guerra que existe entre os maus cientistas e a falsos religiosos não ajuda (a verdadeira ciência e a verdadeira religião nunca se chocam, se completam). Tentando refletir sobre muitos aspectos da loucura, a conclusão é: Deus é bom e não nega ajuda a quem lhe pede com humildade. Assim, confiemos em Deus, busquemos auxílio fora de nós, não levemos cargas que Deus não pede que levemos, não nós coloquemos debaixo de jugos de religiosos, e finalmente, a orientação que vem de fato de Deus sempre deixa paz que permanece e nunca pesa.
10. Origem da loucura
“Quem pôs a sabedoria no íntimo, ou quem deu à mente o entendimento?” Jó 38.36
Temos dentro de nós, no nosso íntimo, além do corpo e da alma, no espírito, um sopro de Deus, uma essência divina, um pedaço espiritual do pai das luzes e das almas, isso é o que nos diferencia de todas as demais criaturas e elementos da natureza, sejam do reino animal, do reino vegetal ou do reino mineral. Isso independe de nossa idade física, de nosso nível intelectual, de nossa classe financeira, de nossa nacionalidade, raça ou de nossa cor de pele. Essa essência tem um desejo intrínseco, comunhão espiritual com Deus, e para isso cada um de nós faz uso do que lhe está à mão, do que se adequa à sua visão de vida, assim, ainda que o “líquido” que se tome seja diferente, a sede é a mesma.
Obviamente, dependendo do líquido que se time, a sede será mais ou menos saciada, da mesma maneira como alguns líquidos materiais podem, ainda que saciem a sede do corpo, trazerem efeitos colaterais. O mesmo acontece quando ingerimos água limpa e fresca, suco de laranja ou cerveja para matar nossa sede física, a água mata a sede e não deixa efeitos colaterais, o suco mata a sede, não tão eficazmente como a água, mas além disso nos alimenta com vitaminas, por outro lado a cerveja pode até matar a sede, mas deixa o álcool em nosso organismo como um efeito colateral prejudicial. Mas cada indivíduo escolhe o que quer para matar a sede, assim como terá que conviver com os efeitos da escolha.
O melhor seria que todos bebessem da pura água do Espírito Santo para saciar suas sedes espirituais, de vez em quando algum suco natural de laranja para se fortalecer, que são as alegrias sadias da alma, e nunca bebidas alcoólicas, interação com espíritos malignos. Mas a vida real não é ideal, daí as doenças, que prejudicam tanto as pessoas quanto seus descendentes. Doenças mentais podem ser levadas de pais para filhos, assim como podem ser consequências mesmo de partos ruins, que tiveram alguma dificuldade médica ou da própria constituição física da mãe, eu disse podem, pois nem médicos têm certeza disso. O correto é saber que ainda que Deus tenha feito o ser humano original e espiritual perfeito, sua alma e seu corpo sofreram e adoeceram.
Mas sigamos com o tema desta reflexão, posso identificar fases na vida de quem passa por problemas mentais mais sérios, repetindo o que já disse, deixo bem claro que não sou profissional da área médica de doenças mentais, ou de qualquer outra especialidade, assim, se está precisando de ajuda nesse assunto, procure um médico, psiquiatra ou psicólogo competente, não use qualquer opinião ou declaração feitas aqui no blog como orientação de diagnóstico ou de tratamento de doenças mentais. Tome cuidado, também, com religioso, seja pastor, pregador, missionário, profeta, ou qualquer outro título que se dê nas igrejas evangélicas atuais, não confie em suas orientações sobre o assunto, pelo menos não em qualquer um, no que se refere a problemas mentais deixe a ciência cuidar daquilo que é dela.
A primeira fase de uma doença mental é a origem dela, é sobre ela que refletiremos nesta reflexão, na próxima reflexão sobre o tema “Loucura” refletiremos sobre as outras fases Nessa fase inicial é quando a enfermidade é criada, ou mal criada, que é pior. Algumas pessoas, por uma série de fatores, já nascem com disposição para transtornos mentais, se elas forem bem criadas desenvolverão a doença, mas terão mais condições de conviver socialmente, principalmente se a enfermidade for diagnosticada cedo. Infelizmente existe um preconceito com problemas mentais, muitos, mesmo com bom nível intelectual e financeiro, preferem nem saber se são ou se têm filhos doentes, por puro estigma social, por vergonha. Se juntar-se ao problema congênito uma criação familiar ruim, a coisa piora e muito, como veremos abaixo.
Alguns especialistas dizem que transtornos mentais podem a princípio ser somente uma deficiência química que se tem no organismo, no cérebro ou/e em outros órgãos, assim, talvez num futuro próximo, a utilização de medicamento, como é a insulina para o diabético, possa colocar a cabeça doente no lugar. Contudo, e essa é a maior e diferenciada dificuldade em doenças mentais, o mau funcionamento do cérebro não interfere só numa função física do indivíduo, mas na interação social e subjetiva desse com a vida. Outros órgãos com funcionamento ruim também podem interferir na vida social de alguém, mas de maneira indireta, um paraplégico terá dificuldades para se relacionar, mas a princípio é diferente da dificuldade que tem um esquizofrênico.
Ter um problema mental não é como ter um problema nos pulmões, por exemplo, em primeiro lugar porque não se pode diagnosticar a doença com uma chapa de raio x ou com uma tomografia computadorizada. Não se pode tirar uma fotografia da cabeça e constatar transtorno bipolar ou esquizofrenia, ainda que se possa constatar a presença de tumor ou de outra deficiência física que também podem causar transtornos mentais. Muitas pessoas têm, pelo menos aparentemente e até onde a medicina sabe até o momento, órgãos e membros em perfeito funcionamento, e ainda assim sofrem com bipolaridade. Mas o que dificulta bastante a vida de doentes mentais é uma vida afetiva também ruim, que pode funcionar tanto como efeito, como causa de transtornos mentais.
Nesse caso temos um paradoxo, quem veio primeiro, o ovo ou a galinha? Transtornos mentais facilitam problemas afetivos e problemas afetivos pioram os problemas mentais se já existem ou mesmo criando-os se não existiam, assim se a criação familiar for ruim, o doente tem sua condição piorada. Infelizmente é isso o que ocorre com muitos bipolares e esquizofrênicos, ao menos as igrejas evangélicas deveriam ter condições de identificar pessoas com esses problemas e ajudá-las. Contudo, o que ocorre muitas vezes, é o oposto, doentes mentais podem ser obsessivos, trabalhadores perfeccionistas e terem um gosto especial por coisas espirituais e religiosas, o que os leva a serem ainda mais facilmente explorados em muitas igrejas por pastores, senão mal intencionados, mal informados.
Se normalmente a pessoa com transtornos mentais já é isolada da realidade, da sociedade, se tiver uma educação sem amor, sem respeito e com muita cobrança, onde a desobediência de regras injustas é punida com violência, seja verbal ou física, mais ainda o doente vai se isolar, mais terá medo das pessoas, mais vai buscar fuga da dor, o que pode escravizar o doente a vícios, de drogas, bebidas alcoólicas etc. Uma grande maioria de viciados em drogas e de sem-tetos, os mendigos que vemos pelas ruas, é de doentes mentais, que não teve uma base familiar mínima para dar a eles abrigo e auxílio. Sim, meus queridos e queridas, tem muito maluco no mundo, e isso não é um termo pejorativo, não é frescura nem engraçado, é doença mental que pode ser tratada. Quem se acha são que discirna quem não é e o ajude, urgentemente.
11. Processo da loucura
“Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti, porque ele confia em ti.” Isaías 26.3
Seguindo na reflexão sobre o processo de desenvolvimento de doenças mentais, temos uma segunda fase, que se inicia com a fase adulta, após a adolescência física, eu disse física pois um doente mental pode seguir emocionalmente na adolescência (ou mesmo na infância) por muito tempo. Nessa segunda fase se está tão atordoado com o mal que se sofreu e que se reteve durante a primeira fase, que não se tem noção das coisas. Se vai sendo empurrado pela vida, machucando, se machucando e sendo machucado, sem referências, seja de tempo, de espaço ou de moral, essa é a pior fase. Alguém deveria perceber a condição do doente e tomar uma atitude, principalmente se estiver em idade física adulta incoerente com suas atitudes sociais.
“O louco sabe de tudo, menos que é louco”, e quando digo de tudo digo que ele pode achar mesmo que tem super poderes, que pode ver o universo com um olhar especial, que é alguma espécie de “escolhido”, enfim, mas que na verdade é apenas fantasia de sua mente doentia. O louco sofre? Conscientemente muitas vezes nem sofre, ele apenas existe, se ele não tem referência de nada, por que deveria ter de sua dor? Uma das características do doente mental é que ele não consegue se prender a alianças sociais, como empregos, estudos, igrejas ou casamentos. Na verdade ele está casado com sua insanidade, é fiel só a ela, quem o olha de fora vê uma face plastificada, como a de um boneco, sempre igual, sem emoção, fria, olhando para um mundo que só existe dentro de sua cabeça.
Na terceira fase começa-se a ter uma noção da situação, da vergonha que se está passando, então se quer achar alguém para se colocar a culpa. Nessa fase o doente se sente profundamente vitimizado e por isso ele pode somatizar doenças físicas, já que experimenta muita dor, em silêncio e na solidão, não compartilha isso com ninguém porque nem sabe ainda que isso é anormal, só sabe que dói. Sem válvula de escape, maus pensamentos viram tumores ou outros males. Essa fase pode durar muito tempo, mais até que as outras, e pode terminar em uma crise emocional grave, com um quadro depressivo sério, que tragicamente pode ser o que, enfim, revele aos outros que havia um doente grave próximo a eles e eles não sabiam.
Na quarta fase, que pode acontecer pela misericórdia de Deus, pelo caráter do doente e com a ajuda de profissionais da área médica, a ficha cai, a cura vem, para-se de jogar a culpa nos outros, assume-se a culpa por muitas coisas, e se é libertado do terrível complexo de vítima. Encontra-se a paz, contudo, pode-se entender quanto tempo foi perdido, uma juventude, uma maturidade que começou tardiamente colocando o ex-doente numa falta de sincronia entre idade física e idade emocional. É só nessa fase que o doente adquire referências, de certo e errado, de tempo, é só nessa fase que um ex-louco começa de fato a experimentar uma vida real, que valoriza e segura alianças, nessa fase um verdadeiro novo nascimento acontece.
O texto inicial nos ensina um segredo que pode ser um remédio para o que experimenta feridas em sua mente. O que é ter a mente firme em Deus? O texto diz que quem tem isso tem uma paz mantida, não por ele, mas por Deus. Se entregamos a Deus nossa vida ele cuida dela, fiel à sua palavra e à nossa entrega. Entender isso pode ser a diferença entre ser curado e ficar ainda mais enfermo. Em poucas palavras ter a mente firme em Deus é descansar em Deus, e descansar não é fazer força, mas relaxar com segurança. Quem relaxa o faz não porque confia em sua capacidade de resolver um problema, mas na capacidade daquele no qual ele descansou para resolver. Quem nos faz descansar é Deus, não a fé que pomos nele para nos fazer descansar.
Quando nós sentamos num sofá, não ficamos apreensivos tentando manter a integridade do sofá através de nosso pensamento, não, nós sentamos e relaxamos, tranquilos sabendo que o sofá suportará nosso peso e nos permitirá descansar nele. Ocorre como uma integração, entre nós e o sofá, é como se ele fizesse parte de nosso corpo, acomodando nosso corpo, suportando o peso e se mantendo íntegro enquanto estamos sobre ele. Ocorre a mesma coisa quando firmamos nossa mente em Deus, não fazemos força porque a verdadeira fé não é a princípio convicção emocional e intelectual nossa, mas dom espiritual de Deus. Precisamos ao menos crer, mas nem isso é esforço nosso.
Se vêm de Deus e para ele retorna, não é mérito ou crédito nosso, assim não nos é pesado, se não pesa não pode nos enfraquecer e levar-nos a adoecer, mas nos renova e nos fortalece. Mas como saber quando estamos usando fé dom de Deus e quando estamos nos cansando com alguma energia de corpo e de alma nossa? O que é de Deus deixa paz que permanece, simples assim, Deus nunca exige de nós algo que não podemos fazer ou que vai nos trazer prejuízos, sejam físicos, emocionais ou espirituais. Para aquele que está com alguma problema mental, seja depressão, trauma ou algum transtorno, Deus só orienta que entregue a ele o problema e espere, mais nada.
Assim, é de suma importância que a pessoa com algum problema mental pare de fazer tudo o que está fazendo, que tenha, daqueles que o cercam, a segurança de que eles vão ajudá-lo e que ela não precisa se preocupar com nada. Isso precisa ficar bem claro, caso contrário o doente não conseguirá descansar e se restabelecer, e creia, um descanso verdadeiro, profundo, continuado, cura ou ajuda a curar muitos males. Tarefas na igreja, mesmo que sejam “para Deus”, como dizem muitos, não nos descansam, é um trabalho como qualquer outro, nem podem ser trocadas por favores divinos, se estiver doente mentalmente dê um tempo com trabalhos em igrejas, siga orientação do médico, não do pastor, se tiverem opiniões distintas sobre isso.
12. Podemos escolher?
“Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários! São muitos os que se levantam contra mim. Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus. Porém tu, Senhor, és um escudo para mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça.” Salmos 3.1-3
Existe uma tênue linha que separa aquele que possui um transtorno mental daquele que externa esse transtorno através de ações de violência, seja contra si mesmo ou/e contra os outros. Diferentemente do que pensa a psiquiatria atual (e mesmo os códigos de leis civis), que só contemplam o humano como matéria, sozinho neste mundo, eu creio num Deus que sempre dá oportunidade de livre arbítrio aos homens, mesmo aos doentes mentais, a opção de fazer uma escolha moral. Dessa forma, se ninguém pode escolher ter uma doença mental, pode escolher pecar, seja com ou sem uma psicopatologia. É claro que o doente está mais fragilizado para tudo, inclusive para fazer a escolha moral mais adequada.
Não incluo nisso os deficientes intelectuais, como os portadores de síndrome se Down e outros, sob o meu ponto de vista esses carregam uma inocência infantil mesmo com mais idade, o que os protege de juízos morais. Por outro lado, da mesma forma, também acho que esses, se criados corretamente, não agirão contra a moralidade, a não ser que sejam viciados por pessoas normais (normais fisicamente, mas com certeza com algum transtorno psicológico, já que só um louco para se aproveitar ou fazer mal contra deficientes intelectuais). Algumas pessoas parece que mantêm uma inocência infantil por toda a vida, mesmo que não tenham algum problema mental aparente, Deus sabe.
Todavia, existem, sim, pessoas tão violentadas, tão mal criadas, tão marginalizadas, desde a infância, que podem crescer e se transformarem em verdadeiros monstros, esses talvez nunca consigam proteger a si mesmos, quanto mais aos outros, terão que ser cuidados por alguém, se não for pela família, pela sociedade no papel dos governos. O porquê de existirem pessoas assim, que parecem não usufruírem de direito à justiça, ao livre arbítrio, por que elas são escravas que nunca poderão ser livres neste mundo, bem, isso é com Deus, e eu nem me atrevo a compartilhar aqui meu entendimento sobre isso, talvez numa outra reflexão. Para a maioria das pessoas, contudo, doenças mentais podem ser tratadas a tempo.
Acho que Deus protege de forma diferenciada os animais, as crianças e os malucos “do bem”, acredito na graça e na misericórdia de um Deus que toma a iniciativa de acolher o fraco. Eu sei bem disso, provei isso, tive problemas sérios de saúde, problemas que não foram detectados por igrejas, pastores e muitos irmãos que se julgavam e ainda se julgam espirituais, morais e inteligentes, mas que foram e são rápidos para julgar e condenar, ainda que lentos para amar. Por causa disso paguei preços altos, errei quando nem sabia que estava errando, ainda que muitos tenham exigido de mim e exijam até hoje atitudes de pessoas normais ou que nunca enfrentaram sérios problemas de saúde. O homem não é justo.
Mas o amor de Deus cuidou de mim de forma pra lá de especial, o passado ruim ficou no passado, hoje tenho um casamento estável e feliz, duas filhas criadas em paz e com carinho, uma vida financeira suficiente. Meu tempo presente é o testemunho de que há cura e vitória para os que buscam a Deus, mesmo sozinhos, mesmo doentes, mesmo loucos, mesmo ouvindo até de cristãos, “não há salvação para ele em Deus”. Sim, meus queridos e minhas queridas, amigos e amigas, o que me levou a fazer essas reflexões sobre loucura foi mais que conhecimento e curiosidade, foi experiência em primeira mão, vivência prática com o problema abordado neste estudo, tenho coragem em Deus de assumir isso.
Uma coisa sei, mesmo durante tantas lutas, tantos abismos, tantas maldições humanas, tanta ignorância, nunca deixei de buscar a Deus, de confessar meus pecados, de tomar posse do perdão exclusivo e suficiente que existe por Jesus, ainda que tenha tido que fazer isso setenta vezes setenta vezes. Por isso se o abismo esteve perto, nunca passei de seu limiar, se o mal foi grande, nunca foi tanto que eu não pudesse viver depois com suas consequências. O tempo passou, mas Canaã foi alcançada, os anos voaram, mas conheci a felicidade que permanece, e acima de tudo, o plano que Deus me disse que tinha para minha vida quando eu tinha dezesseis anos e me converti ao evangelho, foi cumprido, em seus mínimos detalhes.
13. Sobre medo
Incluí esta reflexão no estudo “Loucura” por ser o medo uma experiência mental comum e que pode preceder à instalação de algum transtorno mental. Contudo, as orientações dadas aqui, ainda que possam ser curativas para o medo, são só preventivas para a não instalação de um transtorno mental, os de fato “doentes” devem buscar ajuda de profissionais da área médica antes de se submeterem a “curas espirituais”. Todos podemos orar, entregar nossas vidas nas mãos de Deus e confiar nele, e em alguns casos isso até pode ser suficiente, mas por favor, use esta reflexão com sabedoria, entendendo-a dentro do contexto de todo o estudo “Loucura”, tendo bom senso para equilibrar saúde física, mental e espiritual.
Seríamos irresponsáveis se orientássemos outra coisa, assim como agiríamos sem temer a Deus deixando de buscar ajuda médica que é tanto (ou mais, nas situações adequadas) ferramenta nas mãos de Deus quanto uma oração de fé. Alguém que adoece de fato ou está fragilizado o suficiente para adquirir uma doença, não deve achar que só oração, e pior ainda, feita sozinho, cura, mesmo porque “doentes da cabeça” nem temos condições de fazer uma oração correta, isso pode até ser feito, mas um psiquiatra, um neurologista ou/e um psicólogo devem ser procurados para que haja um tratamento eficiente e profissional no corpo. Sejamos sábios, repito, enfatizo e digo novamente, com nós mesmos e com os outros!!
“O Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida, de quem me recearei?” Salmos 27.1
Muitos de nós carregam medo na alma, o motivo pode estar na criação errada que muitos tivemos, em traumas causados por experiências violentas que muitos podem ter, mas também numa sensibilidade diferenciada, que alguns mesmo com formação afetiva equilibrada podem possuir. Um temor emocional projeta-se em vários tipos de medo, desde a insetos e a bichos até a pessoas e mesmo a coisas espirituais. O pior medo, contudo, é do invisível, e muitos são assolados durante o dia e nos pesadelos noturnos por esse terror, o que não pode ser visto parece mais difícil de ser controlado. Medo é irracional, quando muito forte paralisa, e depois de instalado pode adoecer, além de nossas mentes, nossos corpos.
Já refletimos um pouco sobre isso na postagem “Sistemas de alarme, não os ignoremos”, mas a ênfase nesta reflexão é: Deus é maior que o medo! Assim, quem anda de acordo com Deus não precisa ter medo, basta apossar-se da coragem que o Espírito Santo pode nos dar. O medo pode ter várias origens, mas ele tem só um fim, se manifesta basicamente em nossas emoções, nós sentimos o medo, ainda que não o expliquemos e mesmo que creiamos que estamos protegidos pelo nome de Jesus. Portando, para nos libertarmos do medo, depois de colocarmos nossas vidas em ordem com Deus, buscando perdão e perdoando em todas as esferas, precisamos ter uma experiência emocional que supere o medo.
Não sentimos medo enquanto estamos vendo um filme de comédia, rindo com um grupo de pessoas, não na maior parte das vezes pelo menos, assim não adianta tentarmos só nos convencer racionalmente que o medo é injustificável, temos que sentir isso e de maneira proporcional ao medo. Uma experiência de oração profunda e plena com Deus é solução, que envolva-nos espiritual, emocional e fisicamente, mas tem que ser de fato uma oração “forte”, como se diz. A mesma “energia” que nos enfraquece pelo medo deve ser usada para nos fortalecer em Deus, através de uma oração feita com convicção, com emoção e em voz alta (mesmo aos berros, muitos gritam por tantas coisas mas têm vergonha de gritar para libertação).
É claro que o volume da verbalização para ser eficiente depende do emocional de cada um, se consegue-se vitória em silêncio, melhor, não é o barulho que liberta. Seja como for, orações assim é ideal que sejam feitas a sós ou com pessoas de confiança, mas ainda que com alguém, é bom expressarmos de preferência em voz alta nossa libertação, sentindo com todo o coração o que oramos. O que vamos orar? O que a Bíblia nos orienta, que o Deus altíssimo está conosco, que em nome de Jesus temos autoridade sobre todo o mal, que em Deus não precisamos temer nada, que somos novas criaturas em Cristo e que todo o nosso pecado já foi perdoado, portanto nada pode nos acusar, atingir ou prejudicar.
Esse método é usado pela psicologia, para permitir que as pessoas extravasem seus medos, mas os terapeutas não possuem a ferramenta espiritual que é o nome de Jesus. Medo é acúmulo de coisas ruins, medroso é acumulador de lixo emocional, por isso diz-se que o louvor liberta, quando cantamos dizemos promessas de vitória em Deus, e isso, além de adorar ao Senhor, também nos permite extravasar e tomar posse de libertação. Mas como sempre, damos aqui uma orientação de equilíbrio, libertar-se do medo é não senti-lo, isso não significa que vamos sair por aí fazendo coisas crendo que estamos protegidos como super-homens, não ter medo não confere direito de não sofrer consequências por irresponsabilidades.
Os tímidos e reprimidos poderão sofrer mais com medos, e aqueles que querem viver uma vida cristã só intelectual não usufruem a libertação que uma adoração mais “pentecostal” ou o falar em línguas espirituais estranhas (tema também já refletido aqui em “Fale em línguas espirituais estranhas”) podem oferecer. Se já há libertação só com a expressão emocional que existe numa verbalização forte e clara, há muito mais se ela estiver saindo de bocas cujos espíritos estão em comunhão com o altíssimo no Espírito Santo e pelo nome de Cristo. Minhas libertações de medo são experimentadas com gritos, é claro que faço isso quando estou sozinho num lugar e tenho mais liberdade para orar (não se escandalize com isso).
"Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação." (II Timóteo 1.7), ter vitória sobre o medo não é só vontade ou escolha nossa, humana, mas é a inclinação do Santo Espírito de Deus que nos habita através do nome de Jesus. Assim, fazer uma oração de libertação, é simples posse de um direito que o próprio Deus dá ao novo nascido em Cristo, o “não normal” para esse é andar amedrontado, oprimido, escravizado. Assim, não temamos, se andamos com Jesus somos vocacionados para uma vida de coragem, e isso com equilíbrio, já que junto dela recebemos também amor e moderação, para vivermos sem temor mas com sabedoria.
"Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação." (II Timóteo 1.7), ter vitória sobre o medo não é só vontade ou escolha nossa, humana, mas é a inclinação do Santo Espírito de Deus que nos habita através do nome de Jesus. Assim, fazer uma oração de libertação, é simples posse de um direito que o próprio Deus dá ao novo nascido em Cristo, o “não normal” para esse é andar amedrontado, oprimido, escravizado. Assim, não temamos, se andamos com Jesus somos vocacionados para uma vida de coragem, e isso com equilíbrio, já que junto dela recebemos também amor e moderação, para vivermos sem temor mas com sabedoria.
14. O mal não entrará em ti
Segue uma segunda reflexão sobre o tema “Medo”, que também incluo neste estudo do assunto “Loucura”, medo (“fobias”) é um dos males mais sérios que afligem aqueles com transtornos mentais, mas também é dificuldade que todos nós temos. Novamente repito, não tente usar somente soluções espirituais se um mal físico, um transtorno mental, estiver se instalando ou instalado no corpo. Ore e confie em Deus, mas busque ajuda de médicos profissionais das áreas psiquiátrica, neurológica e/ou psicológica para diagnóstico e tratamento de problemas mentais, leia introdução da reflexão anterior para melhor entendimento disso, por favor.
“Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Isaías 43.2
Existem pessoas que têm um tipo de medo, de serem tocadas por bichos e insetos, como por exemplo, por ratos e baratas, o terror é tanto que nem se imagina tais seres mordendo ou ferindo de alguma maneira os corpos, mas o simples fato deles poderem tocar a pele das pessoas, isso já é suficiente para aterrorizar, é de fato um medo a flor da pele. O texto de Isaías 43.2 pode dar uma palavra de livramento de Deus justamente nessa situação, um texto com várias camadas de interpretação, que se refere tanto a inimigos físicos quanto espirituais.
A passagem não diz que não passaremos por águas perigosas, mas diz que elas não nos submergirão, também não diz que não passaremos pelo fogo, mas ainda que passemos não seremos queimados por ele. Deus não nos livra, muitas vezes, de estarmos envolvidos até a cabeça com problemas, mas ainda assim, ele promete que não seremos destruídos pelos problemas, que eles ficarão do lado de fora e não entrarão em nós. No caso da água, sermos tocados externamente por ela, não nos faz mal, mas ela nos mata se formos submergidos, se ela entrar em nós seremos afogados e, sim, poderemos morrer.
Penso que a metáfora da água, no texto de Isaías, pode ser aplicada mais a problemas materiais, mas a metáfora do fogo pode ser aplicada a problemas espirituais. Fisicamente só o toque externo do fogo em nossos corpos já nos fere, mas o versículo diz que mesmo que passarmos pelo fogo não seremos queimados. As hostes espirituais do mal, os demônios, podem estar ao nosso redor nesse mundo (I Pedro 5.8-10), nós as transpassamos o tempo todo, principalmente quando andamos pelas ruas, lugares sem cobertura espiritual específica, mas elas não penetram os guardados em Deus.
Aos medrosos, uma orientação, coloque sua vida em ordem com Deus (antes de tudo isso é muito importante), mas depois vença o medo, pela fé, e enfrente o problema, ainda que perto, ainda que visível, não vos penetrará, como as águas, mas mesmo que insólito (como os demônios), ele não pode fazer-vos mal, não vos pode tocar. Nas águas teremos um bolsão de ar do Espírito Santo que não permitirá que sejamos afogados, e o fogo dos demônios poderemos, guardados pelo nome de Jesus, transpassar, sem que nenhum mal entre e fique em nós.
"Por isso, todo aquele que é santo orará a ti, a tempo de te poder achar; até no transbordar de muitas águas, estas não lhe chegarão." Salmos 32.6
15. Informações de profissionais
Os textos a seguir foram retirados da matéria “Transtorno Mental” (Fonte Wikipedia), achei interessante compartilha-los aqui neste estudo sobre “Loucura”. Recomendo a leitura da matéria integral da página para um entendimento melhor sobre o assunto, mas ainda assim, cuidado, não faça diagnósticos ou conclua tratamentos baseados nesses textos, procure um profissional da área médica para uma opinião adequada sobre o assunto.
“Os termos transtorno, distúrbio e doença combinam-se aos termos mental, psíquico e psiquiátrico para descrever qualquer anormalidade, sofrimento ou comprometimento de ordem psicológica e/ou mental. Os transtornos mentais são um campo de investigação interdisciplinar que envolvem áreas como a psicologia, a psiquiatria e a neurologia. As classificações diagnósticas mais utilizadas como referências no serviço de saúde e na pesquisa hoje em dia são o Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais - DSM IV, DSM V e a Classificação Internacional de Doenças - CID-10.
Em psiquiatria e em psicologia prefere-se falar em transtornos, perturbações, disfunções ou distúrbios (ing. disturbs, alem. Störungen) psíquicos e não em doença; isso porque apenas poucos quadros clínicos mentais apresentam todas as características de uma doença no sentido tradicional do termo - isto é, o conhecimento exato dos mecanismos envolvidos e suas causas explícitas. O conceito de transtorno, ao contrário, implica um comportamento diferente, desviante, "anormal".”
“Dentre os sistemas de classificação dos transtornos mentais o de Jaspers (1913) recebe, pela sua importância histórica, um lugar preponderante. Esse sistema é triádico, por diferenciar três formas de transtornos mentais:
1. Doenças somáticas conhecidas que trazem consigo um transtorno psíquico, em seus subtipos:
- Doenças cerebrais;
- Doenças corporais com psicoses sintomáticas (ex. infecções, doenças endócrinas, etc.);
- Envenenamentos/Intoxicações (Álcool, morfina, cocaína etc.).
2. Os três grandes tipos de psicoses endógenas (ou seja, transtornos psíquicos cuja causa corporal ainda é desconhecida):
- Epilepsia genuína;
- Esquizofrenia, em seus diferentes tipos;
- Distúrbios maníaco-depressivos.
3. Psicopatias:
- Reações autônomas anormais não explicáveis por meio de doenças dos grupos 1 e 2 acima;
- Neuroses e síndromes neuróticas;
- Personalidades anormais e seu desenvolvimento.
Dois termos desempenham assim um papel preponderante: neurose designa os "transtornos mentais que não afetam o ser humano em si", ou seja, aqueles supostamente sem base orgânica nos quais o paciente possui consciência e uma percepção clara da realidade e em geral não confunde sua experiência patológica e subjetiva com a realidade exterior.
Psicose, por sua vez, são "aqueles transtornos mentais que afetam o ser humano como um todo", ou seja um transtorno no qual o prejuízo das funções psíquicas atingiu um nível tão acentuado que a consciência, o contato com a realidade ou a capacidade de corresponder às exigências da vida se tornam extremamente diferenciadas, e por vezes perturbadas, e para a qual se conhece ou se supõe uma causa corporal.
Entre as neuroses costumam-se classificar: a perturbação obsessiva-compulsiva, a transtorno do pânico, as diferentes fobias, os transtornos de ansiedade,a depressão nervosa, a distimia, a síndrome de Burnout, entre outras. O tratamento das neuroses e psicoses pode ser feito com um psicoterapeuta, um psiquiatra ou equipes de profissionais de saúde mental. As equipes incluem sempre psicólogos e psiquiatras, e podem incluir também enfermeiros, terapeutas ocupacionais, musicoterapeutas e assistentes sociais, entre outros.
Essa forma de classificação, apesar de muito utilizada ainda hoje, tem alguns problemas sérios:
(a) a classificação limita o transtorno mental à pessoa (não correspondendo às exigências de uma análise bio-psico-social),(b) a diferenciação entre neurose e psicose endógena não é sempre tão clara como parece à primeira vista e ((c) ambos os conceitos (neurose e psicose) estão ligados a uma etiologia psicanalítica dos transtornos mentais, tornando-os de utilidade limitada para profissionais de outras escolas.”
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Vou aproveitar o espaço desta reflexão para compartilhar uma matéria do site Correio Braziliense (Ciência e Saúde), Mediunidade ou esquizofrenia?, é um estudo do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde (NUPES) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) orientado pelo diretor Alexander Moreira-Almeida, que investiga diferenças entre experiência espiritual e transtorno mental, recomendo a leitura da matéria na íntegra. Apesar da pesquisa comparar a experiência de mediunidade com transtornos mentais, penso que os critérios de diferenciação usados podem ser utilizados também para outras experiências espirituais, de outras religiões.
Você, amigo evangélico, entenda isso como uma verificação médica, não pense que estou ponto no mesmo nível experiências de evangélicos com as de outros religiosos. Contudo, sob um ponto de vista técnico, digamos assim, ver demônios ou ver anjos, ver espíritos ou ter uma visão do Espírito Santo, é a mesma coisa, tudo se passa no plano espiritual, ainda que evangélicos entendam entidades espirituais e espíritos desencarnados como demônios. Às pessoas de bom senso cabe diferencia-las de transtornos mentais. Os pesquisadores identificaram nove critérios que podem ser úteis nessa diferenciação, se é experiência verdadeira, e não transtorno mental, as pessoas experimentam:
- ausência de sofrimento psicológico;
- ausência de prejuízos sociais e ocupacionais;
- duração curta da experiência;
- atitude crítica (ter dúvidas sobre a realidade objetiva da vivência);
- compatibilidade com o grupo cultural ou religioso do paciente;
- ausência de comorbidades (coexistência de doenças ou transtornos);
- controle sobre a experiência;
- crescimento pessoal ao longo do tempo;
- uma atitude de ajuda aos outros.
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Seguem outros links (Fontes Wikipedia) interessantes sobre transtornos mentais, recomendo leitura na íntegra de cada texto:
16. Conclusão
“Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o Senhor.” Jeremias 1.8
Eu poderia, para encerrar este estudo sobre loucura, listar alguns versículos bíblicos, desses com promessas de vitória, mas não acho para muitas das orientações que o Espírito Santo me dá neste momento sobre o assunto, passagens que possam ajudar de forma direta, não ao homem do século XXI. Como já dissemos aqui, a Bíblia é o início de nosso conhecimento de Deus, não o fim, assim, seguem frases que não são princípios de auto-ajuda se forem vividos em Deus, e só em Deus há de fato uma maneira de viver bem.
Saúde é equilíbrio, nos extremos podemos adoecer, seja na área física, emocional ou espiritual.
Prática de esportes mantém corpos sãos e nos aproxima das pessoas.
Mas ler bons livros, ver bons filmes também nos dão oportunidades de sermos sociais.
Trabalhe e faça uma faculdade de uma área que realmente te dê prazer, seja sua melhor versão.
Você não precisa ser aprovado por todos, ser sempre centro das atenções, nem ter um milhão de amigos.
Mas não precisa estar sempre só, ter medo das pessoas e dizer a si mesmo que não precisa de ninguém.
Informe-se, de preferência com pessoas qualificadas, crie referências de excelência dentro de si.
Use profissionais da área médica, melhor busca-los sem precisar que ignora-los precisando deles.
Cuidado com bebidas e drogas, evite excessos de comida, de sexo, se não consegue parar, busque ajuda.
Durma bem, mas não durma demais, se houver desequilíbrio nisso, busque ajuda.
Tenha paz mental, se ouvir vozes, ver ou ouvir coisas, busque ajuda.
Todos rimos e choramos às vezes, se passar da euforia à tristeza sempre e sem motivo, busque ajuda.
Temos um espírito dentro de nós que busca comunhão com o pai dos espíritos, Deus.
Toda religião, mesmo que funcione ao redor de uma busca de Deus, não é Deus, é coisa de homens.
Saiba dizer não a líderes religiosos e à religião, mas busque e confie sempre num Deus de amor.
Você é livre para buscar uma igreja na qual se sinta bem, mude sempre que precisar.
Saiba parar um dia e manter alianças boas, sejam afetivas, profissionais ou religiosas.
Se ver que o tempo passa e não consegue se firmar nas coisas, não se feche, busque ajuda.
Agora, alguns conselhos que devem ser seguidos com bom humor, aliás um dos segredos para não ficar maluco é não se levar tão a sério ou saber rir de si mesmo, já foi um conselho, seguem outros. Às vezes é bom cair fora, dizer não me importo ou não estou nem aí (para não usar aqui palavras de baixo calão), que mesmo que não seja verdade nos ajuda a nos convencer que é, funcionam como desabafo, nos fazem relaxar. Nem tudo na vida tem solução, e nem precisa ter, a saída pode ser deixar pra lá muitas coisas e seguir vivendo um dia de cada vez.
Alegre-se com o luar, mas aproveite os primeiros raios de Sol, acorde cedo e respire fundo, deixe a vida se renovar em você. Aproxime-se da natureza, ande descalço, viva o verde, acaricie um animal, encante-se com as crianças, aprenda com com a vida eterna do universo. Tome um bom banho, corte o cabelo, sinta-se bem em você, olhe-se no espelho e sorria. Fale com Deus, com emoção, ouça Deus, em paz, harmonize-se com o bem, ande na luz, leia o evangelho de João e aprenda diretamente com Jesus, antes de com qualquer outro. Não tenha medo, Deus é contigo.
José Osório de Souza, 08/03/20