segunda-feira, abril 20, 2020

Loucura (parte 12) Podemos escolher?

12. Podemos escolher?

      “Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários! São muitos os que se levantam contra mim. Muitos dizem da minha alma: Não há salvação para ele em Deus. Porém tu, Senhor, és um escudo para mim, a minha glória, e o que exalta a minha cabeça.” Salmos 3.1-3

      Existe uma tênue linha que separa aquele que possui um transtorno mental daquele que externa esse transtorno através de ações de violência, seja contra si mesmo ou/e contra os outros. Diferentemente do que pensa a psiquiatria atual (e mesmo os códigos de leis civis), que só contemplam o humano como matéria, sozinho neste mundo, eu creio num Deus que sempre dá oportunidade de livre arbítrio aos homens, mesmo aos doentes mentais, a opção de fazer uma escolha moral. Dessa forma, se ninguém pode escolher ter uma doença mental, pode escolher pecar, seja com ou sem uma psicopatologia. É claro que o doente está mais fragilizado para tudo, inclusive para fazer a escolha moral mais adequada.
      Não incluo nisso os deficientes intelectuais, como os portadores de síndrome se Down e outros, sob o meu ponto de vista esses carregam uma inocência infantil mesmo com mais idade, o que os protege de juízos morais. Por outro lado, da mesma forma, também acho que esses, se criados corretamente, não agirão contra a moralidade, a não ser que sejam viciados por pessoas normais (normais fisicamente, mas com certeza com algum transtorno psicológico, já que só um louco para se aproveitar ou fazer mal contra deficientes intelectuais). Algumas pessoas parece que mantêm uma inocência infantil por toda a vida, mesmo que não tenham algum problema mental aparente, Deus sabe. 
      Todavia, existem, sim, pessoas tão violentadas, tão mal criadas, tão marginalizadas, desde a infância, que podem crescer e se transformarem em verdadeiros monstros, esses talvez nunca consigam proteger a si mesmos, quanto mais aos outros, terão que ser cuidados por alguém, se não for pela família, pela sociedade no papel dos governos. O porquê de existirem pessoas assim, que parecem não usufruírem de direito à justiça, ao livre arbítrio, por que elas são escravas que nunca poderão ser livres neste mundo, bem, isso é com Deus, e eu nem me atrevo a compartilhar aqui meu entendimento  sobre isso, talvez numa outra reflexão. Para a maioria das pessoas, contudo, doenças mentais podem ser tratadas a tempo.
      Acho que Deus protege de forma diferenciada os animais, as crianças e os malucos “do bem”, acredito na graça e na misericórdia de um Deus que toma a iniciativa de acolher o fraco. Eu sei bem disso, provei isso, tive problemas sérios de saúde, problemas que não foram detectados por igrejas, pastores e muitos irmãos que se julgavam e ainda se julgam espirituais, morais e inteligentes, mas que foram e são rápidos para julgar e condenar, ainda que lentos para amar. Por causa disso paguei preços altos, errei quando nem sabia que estava errando, ainda que muitos tenham exigido de mim e exijam até hoje atitudes de pessoas normais ou que nunca enfrentaram sérios problemas de saúde. O homem não é justo.
     Mas o amor de Deus cuidou de mim de forma pra lá de especial, o passado ruim ficou no passado, hoje tenho um casamento estável e feliz, duas filhas criadas em paz e com carinho, uma vida financeira suficiente. Meu tempo presente é o testemunho de que há cura e vitória para os que buscam a Deus, mesmo sozinhos, mesmo doentes, mesmo loucos, mesmo ouvindo até de cristãos, “não há salvação para ele em Deus”. Sim, meus queridos e minhas queridas, amigos e amigas, o que me levou a fazer essas reflexões sobre loucura foi mais que conhecimento e curiosidade, foi experiência em primeira mão, vivência prática com o problema abordado neste estudo, tenho coragem em Deus de assumir isso.
      Uma coisa sei, mesmo durante tantas lutas, tantos abismos, tantas maldições humanas, tanta ignorância, nunca deixei de buscar a Deus, de confessar meus pecados, de tomar posse do perdão exclusivo e suficiente que existe por Jesus, ainda que tenha tido que fazer isso setenta vezes setenta vezes. Por isso se o abismo esteve perto, nunca passei de seu limiar, se o mal foi grande, nunca foi tanto que eu não pudesse viver depois com suas consequências. O tempo passou, mas Canaã foi alcançada, os anos voaram, mas conheci a felicidade que permanece, e acima de tudo, o plano que Deus me disse que tinha para minha vida quando eu tinha dezesseis anos e me converti ao evangelho, foi cumprido, em seus mínimos detalhes. 

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