IV. O caráter de Jesus
Lucas 9.1-3: “Reunindo os Doze, Jesus lhes deu poder e autoridade sobre todos os demônios e poder para
curar doenças; e os enviou a pregar o reino de Deus e a realizar curas,
dizendo-lhes: Não leveis nada para a viagem; nem bordão, nem bolsa de viagem,
nem pão, nem dinheiro; nem leveis duas túnicas.”.
Uma reflexão
sobre esse texto: Jesus ainda não havia morrido e ressuscitado, então em nome
de quem os apóstolos receberam autoridade para curar e expulsar demônios? Isso
nos faz pensar que autoridade vem de comunhão com Deus, em estar em obediência
ao Senhor, nessa disposição a autoridade já está presente em nós, portanto não
são as palavras, mesmo “em o nome de Jesus”, que tem algum poder mágico para
fazer coisas sobrenaturais, mas o estado correto de nossos corações em relação
a Deus.
Em Marcos
16.17-18 o momento é outro, nesse texto o escritor diz: “E estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios, falarão novas línguas, pegarão em
serpentes, e se beberem alguma coisa mortífera não lhes fará mal algum; imporão
as mãos aos enfermos, e estes serão curados.”. Aqui a obra redentora de
Cristo já havia sido feita, agora, em nome de Cristo haveria poder de Deus
manifestado, esse é o momento que perdura até hoje e será até o fim.
Contudo, em
Mateus 7.22-23 vemos que mesmo que milagres poderosos sejam feitos em nome de
Jesus não implicarão em comunhão dos que operam tais milagres com Cristo, diz
assim: “Naquele dia, muitos me dirão:
Senhor, Senhor, nós não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos
demônios? Em teu nome não fizemos muitos
milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; afastai-vos de
mim, vós que praticais o mal.”
Portanto, a autoridade
existe na comunhão, não nas palavras, quando Pedro disse em Atos 3.6b: “..Não tenho prata nem ouro. Mas o que tenho,
isso te dou: Em nome de Jesus Cristo,
o Nazareno, anda!”, ele tinha vida com Deus para ter autoridade.
Mas vamos ao
ponto dessa parte do estudo, que é o caráter de Jesus, revelado em seus
relacionamentos com a vida real cotidiana, com as pessoas, com a sociedade,
antes, porém, uma introdução. Usando a história de Israel como metáfora para as
nossas vidas, faço uma pergunta: em que momento dessa história, Deus realizou
os maiores milagres? Na verdade foram em dois, o primeiro foi na saída do povo
do Egito e durante a peregrinação no deserto. O segundo foi quando, depois de
se afastar de Deus e tornar a voltar ao Senhor, Deus dava vitória a Israel nas
batalhas contra exércitos inimigos.
Então chegamos
a uma conclusão: na vida que deveria ser normal para Israel, habitar em Canaã,
obedecer a Deus e prosperar como nação, não haveria necessidade de tantos
feitos chamados sobrenaturais de Deus. Na obediência da vida normal, tudo
correria em paz. Os maiores sinais ocorreram no início e em situações de exceção,
após o pecado, quando Canaã era perdida para os inimigos, e arrependimento,
para que a terra voltasse a Israel. Aplicando isso em nossas vidas, entendemos
que milagres, Deus precisa realizar, no início de nossas caminhadas com Cristo
e em situações de exceção, no decorrer de nossas vidas, já que se andarmos em
obediência, tudo nos correrá bem, em todas as áreas.
Até que ponto
depender de milagres constantemente é sinônimo de maturidade espiritual? Sim, o
justo viverá pela fé, o cristão depende de fé, assim como Deus pode fazer o
impossível e pode sempre. Mas será que a vida cristã é só isso?