17/11/15

Jesus Homem (Parte 17 de 17): Conclusão

Conclusão

Filipenses 2.5-11:

Tende em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, que, existindo em forma de Deus, não considerou o fato de ser igual a Deus algo a que devesse se apegar, mas, pelo contrário, esvaziou a si mesmo, assumindo a forma de servo e fazendo-se semelhante aos homens.
Assim, na forma de homem, humilhou a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso, Deus também o exaltou com soberania e lhe deu o nome que está acima de qualquer outro nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.”

Buscamos tanto ao Jesus Deus, ao Jesus de milagres, que muitas vezes podemos pensar que ele não tinha uma vida comum. Assim corremos o sério risco de ver Jesus como um mago, um ser que vivia no sobrenatural o tempo todo. Sim, Jesus nos ensinou a crer e a fazer milagres, a ver o universo sob o ponto de vista de Deus e da eternidade. Contudo, talvez o maior de todos os mistérios, um que só entenderemos totalmente no céu, é o fato do Senhor fazer seus maiores milagres no dia a dia, na vida comum de todos nós, ensinando-nos como viver, não com assuntos impossíveis, mas com as pessoas, humanas, imperfeitas e limitadas como nós.
Talvez a igreja esteja precisando voltar ao evangelho, mas não aos milagres, isso já se tem pregado bastante. Mas talvez ela precise de uma volta à vida comum, para entendermos que perdoar, amar, buscar a paz, são os maiores milagres que Jesus pode fazer. O que afasta a maioria das pessoas das igrejas não é a falta de fé em milagres, mas a falta de perdão para com o irmão.
As grandes nações, os impérios, as empresas mais ricas, têm todo o poder bélico, financeiro e político em suas mãos, mas ainda assim não conseguem mudar o mundo. Por quê? Porque os líderes desses poderes podem mudar tudo, menos seus corações. Por que palestinos e judeus não resolvem seus problemas? Por que nossos políticos não se unem para resolver o Brasil? Não é por falta de potência física, eles têm nas mãos a capacidade de mudar o mundo, mas isso com, riquezas, bombas e exércitos. Contudo, eles não mudam seus corações, perdoando, dividindo, executando misericórdia e justiça.
É exatamente isso que Jesus homem ensinou, a conviver em paz com as pessoas. Sabemos que neste mundo isso será em última instância impossível, mas é o horizonte que temos para alcançar, é por isso que estamos aqui. Ou será que ainda achamos que vivemos somente para ter fé suficiente para crer que Deus faz o impossível nos dando emprego, casamento e prosperidade? Não, o maior milagre é viver como Jesus viveu, simples, com o suficiente, mas com um coração diferente, e aí que o reino de Deus veio para fazer morada, no nosso homem interior.
Quem ainda não entendeu isso, não entendeu o evangelho, ou é apenas uma criança espiritual, mesmo que tenha anos e anos de vivência e mesmo de ministério em uma igreja renovada, onde o Espírito Santo de milagres tem liberdade. Só quando entendermos o Jesus homem é que realmente entenderemos qual é o maior milagre que Deus pode fazer, qual é o maior impossível que Deus pode realizar.
Todavia, esse milagre não é realizado assim, num piscar de olhos. Ele pode demorar uma vida, até que aprendamos a verdadeira essência do evangelho, o principal ensinamento de Jesus homem, o centro da Bíblia: refazer-nos à imagem de Deus, aquele projeto que Deus tinha lá em Genesis, e que só pode ser realizado hoje em dia quando permitimos que Jesus homem viva em nós através do Espírito Santo.


José Osório de Souza (14/09/15)

16/11/15

Jesus Homem (Parte 16 de 17): O Getsêmani

2.   A dor de Jesus no Getsêmani

Marcos 14.32-42:

Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto vou orar. E levou consigo Pedro, Tiago e João; então começou a afligir-se e a angustiar-se. E disse-lhes: A minha alma está tão triste que estou a ponto de morrer; ficai aqui e vigiai.
E adiantando-se um pouco, Jesus prostrou-se em terra e começou a orar para que, se possível, ele não tivesse de passar por aquela hora. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível. Afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres.
Voltando aos discípulos, achou-os dormindo. E disse a Pedro: Simão, estás dormindo? Não pudeste vigiar nem uma hora? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca.
Então ele se retirou de novo e orou, proferindo as mesmas palavras. E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam pesados. E não sabiam o que lhe responder.
Ao voltar pela terceira vez, ele lhes disse: Ainda dormis e descansais! Basta! Chegou a hora. O Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos embora! Aquele que me trai aproxima-se.”

Jesus não tinha certeza do que deveria passar até o último momento? Isso só foi revelado a ele naquela última oração? Talvez, mas uma coisa é certa, ele teve o direito de pedir a Deus que o livrasse daquilo. Aprendemos aí uma lição, não somos obrigados a aceitar nada nesta vida. Contudo, depois que levamos a Deus, precisamos aceitar o fato de que se for a vontade do Senhor, deveremos passar por qualquer coisa, sem revolta e sem amargura. Com medo, com tremor? Sim, mas ainda assim com temor e com obediência, crendo, com todo o coração, que se é a vontade de Deus, não tem outro jeito, é o melhor caminho.
Que triste deve ter sido aquele momento pra Jesus, e quando falamos em traição dos amigos, em falsidade, em darmos tanto e recebermos tão pouco, o que passamos com certeza é pequeno demais, perto do que Jesus passou. Aqueles três, com os quais Jesus dividiu tantas coisas boas e maravilhosas, coisas que mudariam e mudaram a história da humanidade, do universo, agora não conseguiam ficar acordados com ele nos últimos momentos. Isso com certeza seria motivo para qualquer um de nós desistirmos, para nos encher de rancor, para voltarmos atrás com a missão.
Mas Jesus seguiu, sozinho, absolutamente sozinho, e é assim mesmo, nos momentos mais importantes de nossas vidas, quando provaremos uma mudança extrema, estaremos sozinhos. Contudo, não tão sozinhos como Jesus, já que ele está conosco, e com certeza, não sofreremos como ele sofreu, porque a sua dor comprou pra nós o direito de não termos que experimentar uma dor grande demais, que não possamos suportar. Mas Jesus suportou, não como Deus, naquele momento ele não era Deus, ele era homem, como todos nós. Que amor foi esse de Jesus, para pagar tal preço, por homens tão mesquinhos quanto nós, tão imaturos, tão cabeças duras, incrédulos e ingratos.

15/11/15

Jesus Homem (Parte 15 de 17): Os últimos dias - A ceia

V. Os últimos dias de Jesus homem

1.   A comunhão de Jesus na última ceia

João 13.21-30:

Havendo falado essas coisas, Jesus perturbou-se em espírito e declarou: Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me trairá. Então, os discípulos se entreolharam, sem saber de quem ele falava.
Perto de Jesus estava sentado um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava. Então, Simão Pedro fez-lhe sinal, pedindo: Pergunta-lhe de quem ele está falando. Esse discípulo, inclinando-se para Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é?
Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. E tendo molhado o pedaço de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. E logo que comeu o pedaço de pão, Satanás entrou nele. E Jesus lhe disse: O que estás para fazer, faze-o depressa.
Mas nenhum dos que estavam à mesa percebeu com que propósito ele lhe dissera isso. Alguns pensaram que, sendo Judas responsável pela bolsa de dinheiro, Jesus quis dizer-lhe: Compra o que nos é necessário para a festa, ou que desse alguma coisa aos pobres. E, Judas, tendo recebido o pedaço de pão, logo saiu. E era noite.”

A ceia, o lavar os pés dos apóstolos, foi o que Jesus escolheu fazer nos seus últimos momentos em paz, como homem, com aqueles que eram mais próximos a ele.
João, com toda a sensibilidade que tinha sobre o evangelho, nos revela os bastidores desses acontecimentos, o coração perturbado de Jesus, a revelação sobre Judas, a imaturidade teimosa de Pedro e a intimidade dele mesmo, o discípulo que Jesus amava.
Mas Jesus não ama a todos? Ama, no que depende dele, mas esse estreitamento depende também de nós, de nos fazermos íntimos, confiáveis, leais, gratos, esses ficam sabendo de coisas que outros não sabem, porque esses sabem administrar a intimidade do Espírito Santo.

Que amigo Jesus tem encontrado em nós? Não, não pergunto que servo, que soldado, que obreiro, mas que amigo? Íntimo, fiel e grato, na hora que é mais preciso ser? Talvez numa hora em que ninguém mais é? Ou somos como a maioria? Insensíveis, desobedientes e ingratos? Jesus pode contar realmente conosco?

14/11/15

Jesus Homem (Parte 14 de 17): Sábio

6.   Sábio: pedia para que certos milagres não fossem relatados e até se escondia quando era necessário

Marcos 1.40-45:

Aproximou-se dele um leproso, que lhe suplicou, de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. Jesus, movido por compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse: Quero; fica purificado. Imediatamente a lepra desapareceu, e ele ficou purificado.
E, advertindo-o severamente, Jesus logo o mandou embora, dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém. Mas vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para que lhes sirva de testemunho.
Ele, porém, saindo dali, começou a tornar público o que havia ocorrido e a divulgá-lo por toda parte. Desse modo, Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas ficava fora, em lugares desertos. Mesmo assim, as pessoas iam até ele, vindas de todos os lugares.

João 11.53-54:

Assim, desde aquele dia, decidiram matá-lo. Por isso, Jesus já não andava em público entre os judeus, mas retirou-se dali para a região vizinha ao deserto, para uma cidade chamada Efraim; e lá permaneceu com os seus discípulos.

Que diferença vemos hoje em dia, tantos, na procura de marketing para seus ministérios, agem sem sabedoria, tanta operação do Espírito Santo que merecia o respeito de ficar em sigilo, é declarada aos berros, eu pergunto, isso é para glorificar a Deus? Não para promover homens, e assim a igreja paga os preços.
Vimos isso recentemente, com o episódio da rede Record com as instituições de afro-espiritismo brasileiro, homens vaidosos e sem sabedoria lançando a igreja numa guerra que Deus não mandou que ela entrasse, uma guerra desnecessária que só faz desgastar as forças do povo de Deus e escandalizar o evangelho.

O fim virá, a perseguição também, como veio o sofrimento, crucificação e morte de Jesus, mas que não aprecemos as coisas, que elas ocorram no momento certo, senão, quem pagará o preço pela falta de sabedoria seremos nós mesmos.

13/11/15

Jesus Homem (Parte 13 de 17): Sensível

5.  Sensível e afetuoso: antes de um homem público, um homem pessoal, amigo e que demonstrava seus sentimentos.

João 11.20-23, 29-36:

Ao saber que Jesus estava chegando, Marta foi ao seu encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, Deus te concederá tudo quanto lhe pedires. Jesus lhe respondeu: Teu irmão ressuscitará.
Ouvindo isso, Maria levantou-se depressa e foi ao encontro dele. Pois Jesus ainda não havia entrado no povoado, mas estava onde Marta o encontrara. Então os judeus que estavam na casa com Maria e a consolavam, vendo-a levantar-se às pressas e sair, seguiram-na, pensando que se dirigia ao sepulcro para ali chorar.
Ao chegar ao lugar onde Jesus estava e vê-lo, Maria lançou-se aos seus pés e disse: Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. Ao vê-la chorando, e também os judeus que a acompanhavam, Jesus comoveu-se profundamente no espírito e, abalado, perguntou-lhes: Onde o pusestes? Responderam-lhe: Senhor, vem e vê. Jesus chorou. Então os judeus disseram: Vede como o amava.”

Vemos nessa passagem características desses três amigos especiais que Jesus tanto amava. Marta, a mesma que em outra passagem se preocupava com as afazeres de receber bem o amigo, enquanto Maria se deliciava com a presença do amigo, é aqui quem chegou primeiro a Jesus, rogando-lhe sobre o irmão Lázaro que estava morto.
Vejam a virtude de Marta, relegada em muitos estudos bíblicos, que por seu temperamento, era mais prática, e nesse caso, foi diretamente a quem poderia resolver seu problema. Cada um de nós tem temperamento diferente, e todos nós somos úteis no momento e no lugar certo, ninguém é melhor que ninguém.
Maria chegou depois, em seu temperamento mais sensível, não foi tão objetiva quanta a irmã, estava em prantos, mas assim comoveu o amigo Jesus de maneira tocante. Sim, Jesus, Deus que desceu aos homens para morrer e ressuscitar, é Jesus homem: Jesus chora.  
Quantos pregadores às vezes já entendem o Jesus Deus, são fortes, realizam milagres, cheios de fé, mas se esquecem do Jesus homem: insensíveis, nunca se emocionam, assim nunca compartilham uma experiência pessoal com Deus, não têm coragem para isso, se protegem demais, não choram

Uma experiência assim pode até operar milagres externos poderosos, mas nunca tocará as pessoas sobre o maior milagre que Deus faz: mudança do próprio coração, do homem interior. Uma experiência assim, pela metade, pode até salvar, gera bebês espirituais, mas não amadurece, não auxilia os cristãos a se tornarem homens na fé, homens como Jesus homem.

12/11/15

Jesus Homem (Parte 12 de 17): Enérgico

4.  Enérgico: não tolerou comércio no templo

Marcos 11.15-16:

Quando chegaram a Jerusalém, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os que ali vendiam e compravam. Ele revirou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas, e não consentia que atravessassem o templo carregando algum utensílio.”

Por que vemos uma atitude assim mais enérgica de Jesus somente nesse caso? Jesus se confrontou com outras injustiças, maldades e hipocrisias das religiões dos judeus da época, mas o que foi diferente nesse caso? 
Nesse caso o que foi vituperado foi o centro da religião mosaica: o templo. Em outros lugares foram leis, foram costumes, foram palavras, era o coração dos homens que estava em pecado. Mas agora o lugar mais santo havia sido desrespeitado, onde as pessoas deveriam ir para obter perdão, oferecer adoração, aproximar-se de Deus.
Não, Jesus não se incomodou quando as pessoas responsáveis pela religião erravam, elas seriam responsabilizadas por isso e elas deveriam dar conta pelos seus erros. Contudo, mostrou energia quando o lugar que Deus sacramentou para que as pessoas renovassem suas alianças com o Ele foi manchado.

O verdadeiro cristão não defende religião, igreja, homens, mas dará a própria vida para não negar seu Deus. Vemos nos dias de hoje gente brigando por placas, por homens e por instituições, por teologias, por si mesmas, por suas ideologias, mas poucas realmente têm o direito às bem-aventuranças do sermão da montanha, poucas podem realmente sofrer em paz sabendo que sofrem por Jesus. 

11/11/15

Jesus Homem (Parte 11 de 17): Calado

3.  Calado: não respondia a qualquer questionamento

Calma não pode ser imputada como virtude para o que é naturalmente covarde, nem voluntariedade, para o incauto, na verdade alguns precisam ser mais ousados, e outros, mais cuidadosos, contrariando suas características naturais, isso sim é escolha espiritual, não acomodação emocional. As duas próximas características do caráter de Jesus revelam um equilíbrio que só os realmente espirituais possuem.

Marcos 14.60-64:

Então, o sumo sacerdote levantou-se no meio de todos e perguntou a Jesus: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti? Ele, porém, permaneceu calado e nada respondeu. E o sumo sacerdote voltou a interrogá-lo, perguntando-lhe: Tu és o Cristo, o Filho do Deus bendito? Jesus respondeu: Eu sou. E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso, vindo com as nuvens do céu. Então o sumo sacerdote rasgou suas vestes e disse: Para que precisamos ainda de testemunhas? Acabais de ouvir a blasfêmia. Que vos parece? E todos o condenaram como réu digno de morte.


Jesus não se ocupou em responder a acusações mentirosas, mas também não deixou de confirmar uma afirmação verdadeira sobre ele, mesmo que isso lhe custasse a vida. Eis aí uma lição de máxima sabedoria sobre como agir diante de difamações e mentiras. Nós agimos muitas vezes ao contrário, insistimos em nos defender quando somos atacados injustamente por quem absolutamente não quer ouvir, por outro lado, quando precisamos testemunhar do evangelho, nos calamos.