21/05/19

Verbalize tua gratidão

      “E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição. E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração. E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.” Colossenses 3.14-17

      Às vezes, tudo que alguém, bem próximo da gente, precisa ouvir é “muito obrigado”, muitas vezes até vivemos com gratidão, com respeito por aqueles que nos ajudam, mas por algum tipo de timidez, simplesmente não transformamos isso em palavras. Palavras podem ser vazias? Falsas? Sim, atitudes têm mais importância, contudo, como palavras podem abençoar, curar, entregar felicidade. Assim, principalmente para aqueles realmente próximos, para os quais a roda viva da vida pode nos levar a pensar que o que fazem por nós não é mais que mera obrigação, para esses paremos um momento e verbalizemos nossa gratidão. Digamos a esses em alto e bom som: muito obrigado por tudo o que você fez por mim, por tudo o que você é para mim, eu hoje sou melhor porque você escolheu entrar em minha vida e ficar, não por obrigação, não por favor, mas por amor. Um coração agradecido sempre encontra misericórdia, acha paz, ganha a atenção de Deus a tempo e com abundância.

20/05/19

A base de construção sustentável

       “Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalteI Pedro 5.6

     É triste, mas certas pessoas, quando as vemos numa situação difícil, e queremos ajudar, o máximo que podemos fazer é ficar longe e orar por elas. Por causa do orgulho, elas constroem em volta de si mesmas muralhas, que nos impedem de nos aproximarmos delas em momentos assim. São pessoas até que boas, amigáveis, mas que se mantém assim baseadas em mentiras, assim quando a realidade mostra a verdade delas, elas se escondem. Sabemos que muitas vezes nós mesmos já passamos por situações assim, e que a duras penas aprendemos que uma vida íntegra que se mantém assim no tempo, forte e resistente às surpresas deste mundo, às instabilidades dos sistemas humanos, à injustiça do homem e às astúcias do diabo, é porque foi construída sobre uma base firme e incorruptível. 
      Que base é essa? Um coração quebrantado que se entrega a Deus sem mentiras, sem vaidades, e que mesmo pagando altos preços sociais, mesmo vergonha diante de amigos e familiares, escolheu o caminho da verdade, a verdade que coloca Deus e a nós mesmos nos lugares certos. Sempre há tempo de voltar e corrigir, ainda que mentiras mantidas por muito tempo criem estruturas tão grandes quanto falsas, e quanto maiores mais trabalho teremos para destruí-las para que o terreno seja limpo e uma nova, melhor e verdadeira construção, coerente com o que somos e com o que Deus quer de nós, seja então construída. Mas não há outro jeito para que sejamos felizes e tenhamos paz, quebrantamento é a única base para uma construção de vida sustentável e resistente ao tempo. 

      “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam, se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.” Salmos 127.1

19/05/19

Três justos

      “Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, se rebelando gravemente, então estenderei a minha mão contra ela, e lhe quebrarei o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e cortarei dela homens e animais. Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor Deus.

      Se eu fizer passar pela terra as feras selvagens, e elas a desfilharem de modo que fique desolada, e ninguém possa passar por ela por causa das feras; E estes três homens estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem a filhos nem a filhas livrariam; eles só ficariam livres, e a terra seria assolada. Ou, se eu trouxer a espada sobre aquela terra, e disser: Espada, passa pela terra; e eu cortar dela homens e animais; Ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem filhos nem filhas livrariam, mas somente eles ficariam livres.

      Ou, se eu enviar a peste sobre aquela terra, e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para cortar dela homens e animais, Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas próprias almas pela sua justiça. Porque assim diz o Senhor Deus: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juízos, a espada, a fome, as feras, e a peste, contra Jerusalém, para cortar dela homens e feras?” 

Ezequiel 14.13-21


     No post de ontem refletimos sobre os quatro juízos da passagem de Ezequiel, pensemos agora sobre os três nomes citados, Noé, Daniel e Jó, o que tem de especial esses três homens para aparecerem no texto? Sem fazermos os chamados estudos bíblicos tradicionais que não representam estilo deste espaço, o que nos vem rapidamente à cabeça quando pensamos nesses homens? Noé foi primeiramente símbolo de um homem fiel e obstinado, em seu tempo, sem a unção da nova aliança, sem o Espírito de amor do evangelho, não vejo Noé como um homen afável, misericordioso, um homem prático e focado não podia ser assim. Fiel porque se manteve obediente a Deus mesmo quando ninguém mais era, obstinado porque mesmo consciente do juízo de Deus que viria sobre a sua terra, não olhou ao redor, mas manteve-se fiel ao seu chamado, construir a arca. Mas para aquela missão Deus não precisava de um servo afável, misericordioso ou mesmo evangelizador, os homens já tinham tido oportunidade de arrependimento, agora seriam punidos, sem dó. Noé era o homem que Deus precisava em seu tempo, pronto para um propósito que Deus tinha que realizar naquele momento, duro, mas fiel, atento à voz de Deus, mas pragmático com relação aos homens, se não fosse assim não teria “estômago” para suportar dentro da arca o sofrimento que a humanidade estava passando do lado de fora. Será que Deus acha em nós os homens que ele precisa pra o momento em que vivemos? Ou estamos deslocados no tempo, vivendo de passado ou sonhando com futuros ilusórios? Deus também achou em Daniel o homem que precisava para o momento, numa condição diferente da de Noé. 


      Daniel era um escravo de luxo, digamos assim, e é preciso ressaltar um ponto, geralmente quando vemos sobre escravos na Bíblia temos a tendência de aliar a ideia da escravatura de africanos, que foi usada em larga escala para suprir mão de obra na lavoura do Brasil e do mundo. Esses conceitos de escravo não são iguais, no caso do Brasil, mais moderno, os escravos faziam, via de regra, o serviço mais braçal e duro na terra, ainda que alguns fossem usados dentro das casas dos senhores de engenho para trabalhos domésticos. Esses escravos não tinham nenhum direito, eram coisas, posses que podiam ser usadas em transações comerciais e outros usos sem nenhum escrúpulo. Importante dizer também que a sociedade da época e mesmo a religião, consideravam o negro “menos” humano, por isso havia legitimidade de tratá-lo como coisa. Já nas sociedades clássicas, grega, romana, e nos tempos bíblicos, os escravos eram espólio de guerra, isso é, os perdedores nas mãos dos vencedores num embate, ou aqueles que se endividavam e não podiam mais pagar suas dívidas. Assim, eles não tinham certos direitos sociais, de ir e vir, de participação política, mas podiam desempenhar atividades em várias áreas profissionais, incluindo algumas bem nobres.

      Esse era o caso de Daniel, era escravo na corte do rei Nabucodonosor, rei da Babilônia, que havia vencido Judá em batalha e levado seu povo em cativeiro. Lemos em Daniel 1, versos 3 ao 6, “E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real e dos príncipes, Jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus. E o rei lhes determinou a porção diária, das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem mantidos por três anos, para que no fim destes pudessem estar diante do rei. E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias”, assim Daniel era um jovem especial que seria usado em tarefas especiais, que seria tratado de forma especial, mas que ainda assim era um escravo. Diferente de Noé, que recebeu um missão de Deus e só precisou manter-se fiel a Deus para cumprir a missão, sem ter que dar muita atenção aos homens, e não estou dizendo com isso que a missão de Noé foi menos difícil, Daniel estava numa situação ruim que não mudaria, seu cativeiro e de seu povo. 

     Ele seria provado várias vezes, seja com privilégios, seja com privações, seja com honras, seja com calúnias, para que não ficasse confortável com a situação de escravo de luxo e continuasse fiel a Deus. Daniel foi fiel, mas outro adjetivo que o define é sensível, diferente da obstinação dura de Noé. Sensível suficiente para desvendar mistérios espirituais, só João o evangelista recebeu de Deus mais revelações que Daniel, não só sobre seu povo, mas como sobre todo o mundo e para tempos futuros. Foi através de sua sensibilidade espiritual que Daniel foi ganhando a confiança da monarquia babilônica e conquistando posições políticas importantes. Com Daniel aprendemos que às vezes, o homem que Deus quer que sejamos, é alguém que mantenha-se fiel, vivo e sensível mesmo numa situação que temos certeza que não mudará para melhor a curto prazo, aliás, eis outra característica de Daniel, visão espiritual longa, por isso Deus revelou a ele tantos mistérios sobre o futuro. Enquanto Noé foi o homem do presente, Daniel foi o homem do futuro, e Jó, o terceiro nome do texto inicial, quem foi ele? Para fecharmos a simbologia com perfeição, Jó foi o homem do passado, e isso por vários motivos, e num bom sentido.


      Estudiosos dizem que o personagem Jó é muito antigo, e que seu livro pode ter sido escrito por Moisés, antes mesmo de Gênesis, eis uma característica que faz de Jó um homem do passado. Contudo, o passado vitorioso e próspero com certeza foi o que mais foi revivido por Jó durante sua tentação, uma situação onde perdeu tudo, e que uma pergunta lhe era feita constantemente: o que ele fez de errado para estar naquela terrível situação? Ele buscava respostas no passado e lá ele não achava motivos para ter recebido da vida uma mão tão pesada. A mesma coisa ocorre com qualquer um de nós quando passamos um sofrimento ou temos uma surpresa ruim, seja num acidente, numa enfermidade, numa grande perda, nos perguntamos, o que fizemos de errado no passado para estarmos colhendo no presente mal tão terrível? Onde estava a resposta para Jó?

      A resposta seria dada, mas não à pergunta feita inicialmente por Jó e por seus amigos, Deus muitas vezes não nos responde, não porque ele não tem resposta ou porque não estamos preparados para ela, mas porque estamos fazendo a pergunta errada. A pergunta que Deus queria responder não era, “por que sofremos?”, mas, “quem nós somos de verdade?”, com ou sem sofrimento. A resposta para essa questão também está no passado, o homem que Deus quer achar em nós é o homem que teme não as dificuldades e surpresas do futuro, ou que confia no que é e possui no presente, mas no Deus poderoso e mais que antigo que tudo, infinito na verdade, que a tudo criou e sustenta aqueles que confiam nele. 

      Alguns instantes antes da tribulação de Jó, talvez ele achasse que sua vida já estava completa, que já era momento de um descanso final, ele já era velho e tinha uma vida e uma família bem estabelecidas. Mas ainda não era o momento de usufruir de uma velhice em Deus, sua pior luta ainda seria experimentada, e ele sairia dela finalmente um homem não só envelhecido, mas amadurecido. Enquanto a luta de Noé era só com ele mesmo, visto que sabia o que Deus queria dele e como deveria agir com as pessoas, a luta de Daniel era com os homens, com seus deuses e maldades, mas a luta de Jó era diretamente com Deus, conhecer melhor o Deus que ele achava que conhecia, como consequência desse conhecimento ele se conheceria melhor também. Noé, fiel e obstinado, o homem do presente, Daniel, fiel e sensível, o homem do futuro, e Jó, fiel mas ainda uma criança na sabedoria, diante da antiguidade infinidade de Deus, Jó o homem que devia entender melhor o passado. 

      É importante que saibamos que homem Deus quer que sejamos no tempo em que estamos vivendo, se é o homem o do presente, o do futuro ou o do passado, todos são adequados, se estiverem vivendo no momento certo. O do presente obedece prontamente sem perder tempo. O do futuro sabe que muitos problemas não serão resolvidos aqui e agora, mas ainda assim permanece fiel e é sensível para saber e entender os mistérios do futuro. O do passado olha para Deus, conhece-o em profundidade e assim se conhece melhor também, não se fiando no tempo, em sua criancice, mas no altíssimo, o velho de muitos dias sobre o qual só conhecemos a face direita. A outra face permanece sempre misteriosa, para nos mostrar que sempre seremos menos que Deus e nunca saberemos tudo sobre ele, como dizem estudiosos de mistérios ocultos.

18/05/19

Quatro juízos

      “Filho do homem, quando uma terra pecar contra mim, se rebelando gravemente, então estenderei a minha mão contra ela, e lhe quebrarei o sustento do pão, e enviarei contra ela fome, e cortarei dela homens e animais. Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor Deus.

      Se eu fizer passar pela terra as feras selvagens, e elas a desfilharem de modo que fique desolada, e ninguém possa passar por ela por causa das feras; E estes três homens estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem a filhos nem a filhas livrariam; eles só ficariam livres, e a terra seria assolada. Ou, se eu trouxer a espada sobre aquela terra, e disser: Espada, passa pela terra; e eu cortar dela homens e animais; Ainda que aqueles três homens estivessem nela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem filhos nem filhas livrariam, mas somente eles ficariam livres.

      Ou, se eu enviar a peste sobre aquela terra, e derramar o meu furor sobre ela com sangue, para cortar dela homens e animais, Ainda que Noé, Daniel e Jó estivessem no meio dela, vivo eu, diz o Senhor Deus, que nem um filho nem uma filha eles livrariam, mas somente eles livrariam as suas próprias almas pela sua justiça. Porque assim diz o Senhor Deus: Quanto mais, se eu enviar os meus quatro maus juízos, a espada, a fome, as feras, e a peste, contra Jerusalém, para cortar dela homens e feras?” 

Ezequiel 14.13-21

 

      Esta reflexão se divide em duas partes, em primeiro lugar vamos pensar um pouco sobre os quatros juízos que Deus lançava sobre um povo que se rebelava contra ele: fome, feras, espada e peste. Em segundo lugar, no post de amanhã, refletiremos sobre os três homens citados, Noé, Daniel e Jó, os três justos. Na ordem do texto, os juízos começam pela fome, bem, ela acontece na falta de alimentos, alimentos faltam quando a natureza deixa de colaborar com a agricultura e com a pecuária, assim se falta chuva, se há seca, ou se chove demais ou há muito frio, a plantação e os animais sofrem, consequentemente o alimento para os seres humanos também ficará escasso. No contexto histórico do texto bíblico, naquela geografia, onde havia muitos animais selvagens livres, se faltasse alimento para os homens, faltaria também para eles, suas presas naturais poderiam ter sucumbido, assim, atacar os seres humanos, seria uma opção para encontrar alimentação, pelo menos para os animais carnívoros. Um povo fraco, sem alimentação e atacado por feras, seria presa fácil da espada de nações inimigas, que se aproveitariam da situação. Por último, mais enfraquecido ainda, depois de estarem mal alimentados e cercados e assolados por animais e inimigos, o povo poderia adoecer facilmente devido à sua debilidade e ser afligido por pestes. 

      Não sabemos se as coisas poderiam acontecer assim, mas existe uma probabilidade bem grande de que o colapso que um povo rebelde podia experimentar ser nada mais que uma reação em cadeia, que teve início no desequilíbrio das estações, da chuva e da temperatura. Contra animais, inimigos ou doenças, o povo até podia ter se livrado, pelo menos se acontecesse um de cada vez, mas quem pode lutar contra condições climáticas? Hoje sabemos que a natureza não se desequilibra por nada, isso acontece quando o homem desrespeita terras e águas, um povo que se rebela contra Deus, perde o respeito pelo Altíssimo, perde o respeito pelos seus semelhantes como também perde o respeito pela natureza, assim todos os juízos de Deus poderiam ter sido consequências de um desrespeito do homem pela natureza, que acabou desestruturando toda a sociedade, seja na área climática, humana, econômica ou política.

      Acredito que o raciocínio acima seja bem pertinente para os tempos em que vivemos, e mesmo que alguns não creiam em Deus ou nos seus juízos, poderão ser convencidos pelo caos que pode se instalar quando simplesmente o homem desrespeita a natureza. Esta reflexão não um discurso ateu e materialista disfarçado, não estou querendo dizer que as coisas podem ter causas naturais sem que exista uma força espiritual superior do bem que aja e que conduza o universo a sua vontade. Também não defendo que Deus é uma força espiritual superior independente que faz isso ou aquilo, sempre de forma sobrenatural e milagrosa, desrespeitando a natureza. O sábio entenderá que é isso tudo junto, Deus é superior, criador e Senhor, ele manifestou o universo e estabeleceu suas leis, físicas e espirituais, mas ele não pode ir contra si mesmo, da mesma forma que os eventos universais não ocorrem do nada e em pouco tempo. Se o homem está vivendo uma fase ruim é porque desobedeceu um lei criada por Deus no início dos tempos mais antigos, lei imutável.

      Tudo é efeito de uma causa, tanto o mal quanto o bem, se há harmonia com aquilo que Deus nos revela pelo seu Espírito Santo e pela sua palavra escrita, ou pelo menos aquilo que a tradição judaica-cristã considera palavra escrita legítima, tudo correrá bem, natureza, universo e seres espirituais colaborarão para que o homem que está sincronizado com Deus ande em liberdade e prosperidade. O texto revela isso, quem de fato quer entender os mistérios e ver mais que a superfície, mas a profundidade dos universos, verá um Deus incognoscível na essência mas percebido na beleza da criação material, ainda que um manifesto do divino só numa fina camada perecível e ilusória. Ah, se o cristão fosse além do catolicismo que o protestante evangélico insiste em dizer que não participa, mas que ainda lhe serve de amarras, não na forma da construção, mas no material que serve de fundamento. A cela católica é mais sofisticada, cheia de símbolos, de detalhes barrocos e clássicos, a cela protestante é mais moderna, minimalista, sem tantos enfeites ou memórias, mas ainda assim ambas são celas construídas basicamente dos mesmos materiais, tijolos e cimento, ou tradições e medo. 

17/05/19

As pessoas mudam, sim!

      “E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou, e não queria entrar. E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado. E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.” Lucas 15.25-32

      As pessoas mudam, e para melhor, se como cristãos não acreditarmos nisso, principalmente em se tratando de pessoas convertidas, estamos negando a principal intenção do evangelho. Se há o Espírito Santo no homem interior, a mudança é intrínseca, mas mudança nem sempre é rápida, na verdade não é, as que parecem ser eram só o final de um processo que se concluiu num evento, que o desinformado pode achar que foi um milagre, mas não foi. Enquanto libertações espirituais ocorrem no momento da oração, nas áreas moral e emocional, as mudanças sempre levam anos, mesmo com a presença do Espírito Santo ensinando, e o perdão sendo experimentado no nome de Jesus. Os que não mudam é porque nunca se converteram de verdade.
      Muitos, contudo, podem dizer, “mas eu vi um sujeito caso perdido entrar numa igreja e sair nova criatura, transformado, depois que se decidiu no altar”, talvez o momento da decisão desse sujeito tenha sido o final de um longo processo, que Deus acompanhou em seu amor, permitindo que o sujeito entrasse numa igreja no exato momento em que ele estava preparado para se converter, eu creio assim. Por outro lado, alguns se decidem em igrejas cristãs, principalmente quando são muito jovens, mas trazendo consigo dores e rancores, vícios e prisões, dos quais levarão muito tempo para se libertarem. Mesmo vivendo dentro de igrejas, poderão ainda errar muito, antes de serem libertos, mas ainda assim salvos, poderão mesmo aparentemente se desviar do evangelho. 
      Alguns olharão para esses e os acusarão, os odiarão, mas Deus os segue com misericórdia para que no momento certo eles vivam a plena liberdade emocional e moral que o evangelho tem para eles. Assim, não julguemos, mas acreditemos, as pessoas podem mudar para melhor, com Deus isso é possível, até o fim dessa vida muita coisa acontece. Os que condenam alguém a um momento passado ruim, escravizam aqueles que Deus quer curar, se fazem acusadores, não salvadores, se fazem demônios, não Jesus, tenham cuidado esses falsos cristãos, muitos últimos serão primeiros e primeiros serão últimos, quem é quem só sabe Deus (Mateus 20.16).
      Infelizmente muitos cristãos que começaram bem e mesmo foram fiéis em muitos anos obedecendo o evangelho, servindo nas igrejas, agem como o irmão do filho pródigo, se escandalizam quando há alegria na volta de um desviado, mantém cadeias em seus corações aprisionando aqueles que Deus liberta com festa. Talvez esses irmãos de pródigos precisem de uma conversão mais profunda, de um quebrantamento verdadeiro, assim se conhecerão melhor e a Deus, para então terem misericórdia dos outros, só dá misericórdia quem de fato ganhou, só acredita que as pessoas mudam para melhor, os que de fato mudaram. 

16/05/19

A bênção está na obediência

      “Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos.” Provérbios 16.3

      A bênção não está em fazer algo aparentemente bom, em estar num lugar ou com pessoas boas, mesmo numa igreja, mesmo num culto. Por outro lado, também não está em estar presente em situações difíceis, com gente complicada, presenciando coisas que não nos agradam, não, a bênção não está necessariamente em nenhum desses casos. A bênção de Deus, a aprovação de Deus, a vitória de Deus, a paz de Deus, existe quando nós o obedecemos, seja não indo a um lugar aparentemente bom, nem deixando de ir a um lugar aparentemente ruim. Deus nos fortalece para fazermos a sua vontade, enquanto que longe de sua vontade estaremos desprotegidos e fracos. 
      A bênção está na obediência, assim precisamos saber onde ir, com quem estar, o que fazer, assim como onde não ir, com quem não estar, o que não fazer ou dizer. Mesmo um culto numa igreja evangélica decente pode ser peso, só enfado, perda de tempo, se não for a vontade de Deus que participemos dele, saber onde ir e onde não ir, orando antes e não tomando uma atitude só porque é um costume, e o que sempre fazemos ou é o que todos fazem, é um segredo de vida feliz, de tempo bem usado, de saúde e de paz. Na obediência estamos sempre fortes no Senhor, protegidos das astutas ciladas do diabo e dos enganos e vaidades dos homens insensatos e imaturos. 
      Não façamos do nosso jeito, nem para agradar os homens, se agirmos assim, por mais que nos preparemos usaremos um tempo de espera que é pra nos fortalecer do jeito errado. Queremos ver o sonho de Deus para nós realizado? Aquele sonho que está claro em nossos pensamentos, que temos certeza que é a vontade do Senhor para nós? Não tentemos realizar esse sonho com pressa, no lugar errado, com as pessoas erradas, com obras erradas, com palavras erradas, isso só nos enfraquecerá. Por isso, principalmente no final de uma fase, quando estamos prestes a viver uma nova realidade de Deus, é preciso cautela e obediência, até o fim. 

15/05/19

Gratidão

      “Mas eu sou pobre e necessitado, contudo o Senhor cuida de mim. Tu és o meu auxílio e o meu libertador, não te detenhas, ó meu Deus.” Salmos 40.17

      Eis meu testemunho pessoal, não sei se é assim com você, mas sei que é assim comigo, e eu preciso testemunhar a respeito. 
      Se eu fosse um ser humano melhor com certeza seria um cidadão melhor, um profissional melhor, mesmo um homem de família melhor, e teria talvez uma saúde, mental e física, melhor. Mas na minha fraqueza, na minha insegurança, nas minhas carência, na minha falta de fé, eu sou obrigado a confiar em Deus, isso os anos já me ensinaram. Eu tenho que pedir a ele milagres onde outros não pedem porque sei que se os outros podem confiar neles mesmos, eu não posso, assim busco a Deus e experimento seu agir em coisas que para outros são pequenas, dependo em coisas que outras acham bobagem depender, peço coisas que muitos nem perdem tempo de pedir.
      Essa experiência de eu ser humano, de eu ser eu, pessoal e intransferível, me leva a adorar a Deus sempre, a agradecer em todo o tempo, pois eu sei que sem ele nada posso, nada sou, nada faço. A minha fraqueza não faz de mim o homem que eu gostaria de ser, mas enche o meu coração de temor a Deus e me faz um adorador legítimo, de fato sincero. Minha adoração não é escolha, é necessidade, é clareza mínima que tenho que ter consciente do que sou e do que Deus é. Talvez você seja mais forte que eu, talvez seja um ser humano melhor, um profissional melhor, um pai melhor, um filho melhor, um amigo melhor, e até um religioso melhor. 
      Eu sou um ser humano menor, mas como provo o Deus maior por causa disso, como experimento milagres, como Deus é real para mim, meu amigo, meu Senhor, meu salvador, fiel e espantosamente fantástico. Meu coração se enche de louvor, palavras de adoração saem de minha boca naturalmente, as línguas estranhas tomam conta do ar e eu me vejo à vontade na presença de Deus, como consequência de provar o cuidado e a fidelidade do Senhor. Isso é assim há muito tempo, e sei que será assim para sempre, até meu último suspiro neste mundo, quando então habitarei com ele sem véus e sem mistérios. Eu não escolhi adorar, eu preciso adorar, se não o fizer, desfaleço. 
      Muitos dos púlpitos, enquanto eu discretamente tento permanecer nos bancos, lutando com minha realidade, pedem de mim um louvor com palmas, com gritos, com danças, em manifestações públicas, com o pentecostalismo clichezado tão comum nos dias de hoje. Eu não tenho esse desprendimento emocional, e Deus sabe, Deus sabe da minha dor. Mas na privacidade de meu lar, quando estou só, eu adoro a Deus, sem medo, sem vergonha, sem limites, e sei que Deus se agrada da minha adoração. Sinto grandes anjos de luz se colocando com espadas desembainhadas ao meu redor e tenho convicção de que minha intenção sob até a presença mais plena de Deus de forma direta, pelo nome de Jesus, através do Santo Espírito. 
      Obrigado meu Deus por eu ser assim tão humano, assim posso temer o Senhor e te dar um louvor verdadeiro.