24/07/20

Três reações diante de uma crise

      “Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra. Depois veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Foi, pois, e fez conforme a palavra do Senhor; porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã; como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro. E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra. Então veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente.I Reis 17.1-9

      Com essa pandemia da Covid 19, a realidade nos confronta com um tipo, e eu disse tipo, de “apocalipse”, diante disso, listo três reações que as pessoas podem ter: mudarem de vida, não mudarem de vida porque não querem mudar, ou não mudarem porque não precisam. Qual dessas é a minha ou a tua reação? Alguns não esboçam reação, esses viveram toda uma vida assim, escondidos dentro de buracos, se acostumaram a desligarem-se da realidade. Por quê? Porque sofreram demais, foram agredidos demais e não acharam forças ou não escolheram achar forças para reagirem. Para esses a doença de um familiar, a bancarrota econômica do país, a poluição mundial, a falta de água, ou uma pandemia global é a mesma coisa, não lhes diz respeito. Esses se acomodam a zonas de conforto e lá ficam. 
      Zonas de conforto, todavia, são escolhidas por motivos diferentes, e muitos as escolhem nem por traumas pessoais, mas simplesmente por displicência, foram mimados, protegidos e sustentados durante todas as suas existências, sem que precisassem fazer muito esforço. Para esses também tanto faz, e esses são os que podem apoiar ideologias políticas convenientes que também negam a realidade, irresponsáveis seguem loucos que fazem aqueles que sempre sofreram na vida sofrerem mais e antes de todos os demais. Os que não querem mudar diante de uma crise, e que precisam mudar, não prejudicam só a si mesmos, mas aos outros, mas o que os apoia e lhes dá uma segurança para serem assim, um dia desmorona e os faz cair numa humilhação pública.
      O correto, o sábio, é todos nós, em alguma instância, quando confrontados por uma realidade ruim, avaliarmos as coisas, e em primeiro lugar a nós mesmos, para sabermos o que podemos fazer para mudar essa realidade, assim como para entender se de alguma forma nós contribuímos para que ela ficasse assim tão ruim. Isso é o que gente lúcida faz e é o que cristãos, que se dizem povo da luz, deveriam fazer. Contudo, no momento atual do Brasil onde coincidiu a pandemia com um presidente com determinadas características, muitos evangélicos teimam em não mudar de vida, ou em tentar combater uma situação, tão ímpar quanto séria, ou com negação ou com aquela fé apóstata que acha que pode tudo pelo simples fato de crer, pondo o poder no homem e não em Deus. 
      Mas temos um terceiro tipo de reação, que é exceção mas que não deveria ser, principalmente, repito, entre evangélicos, é aquela que não muda, significativamente de vida, porque não precisa. As pessoas com essa reação andam pelo caminho estreito do evangelho, têm intimidade com Deus, sabem o poder da obediência e da consequente santidade que só o obediente experimenta, essas pessoas estão preparadas para tempos ruins e quiçá derradeiros. Mas essas pessoas se aproximam ainda mais de Deus em momentos terríveis, se colocam na brecha por outros, falam menos, agem mais, não entram em polêmicas de arrogantes, rebeldes e vaidosos, se refugiam no Altíssimo. 
      Para essas pessoas Deus revela os mistérios, explica os motivos, essas pessoas não são enganadas por falsos profetas, por “messias” mentirosos e estúpidos, essas serão guardadas por Deus, como foi o profeta Elias (I Reis 17 e 18), essas, mesmo na maior das crises globais, serão sustentadas e alegradas. Quando Deus disciplinou Israel por causa do pecado do povo e do rei Acabe, será que não existiam pessoas no meio do povo, que como Elias, não estavam em falta com Deus? Sim, existiam, mas ainda assim sofreram com todos os demais a disciplina de Deus, a falta de chuva. A diferença é que esses, que não mudaram de vida porque sempre estiveram prontos, foram sustentados por Deus de maneira especial, como Elias, primeiro pelos corvos no ribeiro e depois pela pobre viúva.
      Parece humilhante um homem ser sustentado por uma mulher (e isso naquele tempo era bem mais sério), viúva (sem um marido que a ajudasse), pobre e com o filho doente? Não, não para Elias, e essa história de Elias sempre me intriga, quem quer ser ou se acha profeta que aprenda com esse que é um dos personagens bíblicos mais importantes. Mas por que não foi humilhante para Elias? Porque ele estava pronto, não precisou mudar, se achava no centro da vontade de Deus, era o homem que o Senhor estava preparando para uma missão única, destruir os falsos profetas, os de Baal, não de Deus, que enganavam o povo e seu governante. Quando Deus está no comando até corvos, animais ligados à morte, e uma pobre viúva, também tão próxima ao fim, servem de instrumentos de vida para que o servo do Senhor seja sustentado. 
      Uma pergunta precisa ser feita: que profeta temos sido nessa pandemia, os de Baal, que sempre dizem que não existe nada de errado, que não é preciso mudança, e que basta sermos como sempre fomos? Ou Elias, que sozinho se colocou contra os falsos, os rebeldes que seguiam o iníquo governante Acabe? Não entenda errado, qualquer semelhança entre a história de Elias e a do Brasil atual, em muitos pontos, pode ser mera coincidência, não estamos chamando esse líder de Acabe nem aqueles de profetas de Baal, mas reflitamos mais em Deus sobre o terrível momento que vivemos e o que precisamos mudar de fato para que a situação mude. Ou não precisamos mudar? Se for isso é porque tudo está certo e a pandemia mundial é só uma invenção para derrubar o presidente de uma nação em terrível crise econômica da américa latina. 

22/07/20

Deus e o Diabo

      “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem.II Coríntios 2.14-15

      Muitos se enganam quando interpretam a oposição entre Deus e o Diabo, como diz o texto inicial, o verdadeiro conhecimento de Deus é como um bom perfume, deixa a vida mais agradável, entendamos, então, melhor: Deus e o Diabo estão numa batalha eterna? 

      Em primeiro lugar, não existe uma guerra de igual para igual entre Deus e o Diabo, Deus foi, é e sempre será vencedor, ponto! O Diabo e os demônios são criaturas, como os seres humanos, criador só existe um, Deus. Em algum momento do tempo os seres puramente espirituais (que não encarnam) também tiveram livre arbítrio e puderam escolher não estar na luz, ainda que mesmo assim tudo o que fazem requeira autorização de Deus. Assim, a partir dessa escolha são “usados” por Deus para fazer o trabalho “sujo”, digamos assim, nas vidas dos homens, isso compreende principalmente a execução de testes morais aos quais os homens são submetidos, começando pela tentação mítica de Adão e Eva no jardim do Éden. Dessa forma, o embate que existe, é no coração do homem, nesse, sim, há uma guerra onde os dois lados têm, autorizados por Deus, forças e chances iguais, o bem e o mal, a luz e as trevas. Cabe ao homem fazer a escolha, sob o livre arbítrio também dado por Deus, dessa maneira, em última instância, se o diabo tem alguma vitória é o homem quem dá e é no coração humano. 
      Em segundo lugar só existe um Deus altíssimo, mas existem vários diabos. “Tecnicamente” vários seres espirituais se rebelaram contra Deus, muitos acreditam que são quatro os maiores arcanjos caídos, Lúcifer, Beliel, Satanás e Leviatã (representantes dos quatro elementos) ainda que a Bíblia chame esses líderes genericamente de Diabo e que isso seja de fato o que importa para o cristão comum, para que ele possa expulsar e vencer o mal no nome de Jesus. O reino da luz é simples e único, já o reino das trevas é plural, complexo e dividido, contudo, esse entendimento não precisamos ter para estar em comunhão com Deus e termos vitória sobre os seres espirituais caídos. O bem é basicamente um, obedecer e adorar a Deus, o mal, contudo, é o resto, incluindo fazer o bem, mas sem estar em obediência a Deus e sem adora-lo por isso. Mas alguém pode de fato fazer o bem, aquele que permanece e dá frutos para eternidade, se não for debaixo da obediência de Deus e para a honra dele somente? Em alguma instância, não, todavia, aí está uma das grandes estratégias do Diabo, se não for a maior, para enganar o homem. 
      O bem é obedecer e adorar a Deus, e isso só pode ser feito de maneira completa através de Jesus Cristo, o mal obedece e adora o próprio homem, não necessariamente e diretamente o Diabo, mas tudo que foca no homem, como origem e fim, em última instância agrada ao Diabo. Entenda isso com clareza, o pior “diabo” não é satanista, mas é humanista e humanistas existem até no meio cristão (fé na fé é um jeito de glorificar o crente não Deus), esse é talvez o pior ardil do mal. A luz é sempre 100% boa, já as trevas se existirem em 1% é suficiente para que os outros 99% sejam borrados. Deus é sempre uno, singular, exclusivo, já os diabos se multiplicam e se recriam conforme os corações humanos. Isso significa que o bem, que parte de um coração não 100% na luz, não é considerado por Deus? Não, Deus é misericordioso e paciente, vê a sinceridade boa e a recompensa, o que ocorre é que essa recompensa se manifesta em níveis diferentes. O bem maior que terá o melhor fruto é crer em Jesus, disso advém a salvação eterna do homem, mas toda boa obra tem seu bom fruto, ainda que seja só no nível mais baixo, o mundo. 
      O que podemos dizer para concluir esta reflexão, não nos preocupemos com os diabos? Nos ocupemos com Deus e nos esqueçamos do resto? Contudo, muitos cristãos se ocupam mais em colocar a culpa de seus problemas nos outros, e principalmente no Diabo, que de fato conhecerem mais a Deus. Dizem que une muito mais as pessoas um inimigo comum que um amigo comum, quando alguém incomoda, rapidamente um grupo se junta para criticar esse alguém, ainda que esse grupo não seja um grupo de amigos que se considerem mutuamente. Mas criar um inimigo comum é estratégia do Diabo, Hitler fez isso quando colocou os judeus como inimigos de todos, todos se uniram debaixo de sua liderança, motivados, dentre outras coisas, por um ódio ao povo judeu. Cuidado, odiar o diabo não nos faz bons cristãos, amar a Deus é o que nos faz, contudo, o que cresce no conhecimento de Deus também é ensinado sobre as estratégias das trevas, para então agir na luz, não com preconceitos, mas com a verdadeira sabedoria espiritual, aquele conhecimento de Deus que é como um perfume.

20/07/20

A luz é mais forte

      “Não erreis, meus amados irmãos. Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.Tiago 1.16-17

      Quando se deseja luz acesa aperta-se o interruptor, e pronto, ela está ligada, mas mais que isso, ainda que a luz artificial esteja desligada, a luz natural, do Sol e mesmo a refletida na Lua que volta à Terra, entra pelas frestas e acaba iluminando um ambiente. É difícil esconder a luz, assim é muito mais difícil ter uma escuridão plena. Deus, o altíssimo, santíssimo pai da luz, se tem acesso através de uma oração humilde feita no nome de Jesus, já o reino das trevas não é tão fácil de se contatar, ainda que o homem que não experimenta Deus por Jesus esteja naturalmente nele em alguma instância.
      Quem conhece um pouco sobre ocultismo e alta magia sabe como são complexos os rituais para comunicação e controle de entidades e diabos, e não me refiro à baixa magia, onde, via de regra, demônios menores possuem pessoas com a liberdade que as pessoas lhes dão. A Cabala e outros sistemas mágicos estabelecem regras complicadas para acessar esse ou aquele anjo, por um meio que o cristianismo não considera legítimo, portanto um meio das trevas, não da luz. O meio da luz é Jesus Cristo e para se acessar o Deus único e verdadeiro, simples e diretamente, sem complicações.
      Com as pessoas, luz e trevas também têm seus comportamentos, alguém que teve uma experiência real com Deus, ainda que tente disfarçar, por timidez ou outro receio, será delatado. Pedro (Mateus 26.69) tentou e foi revelado pelo que ele era de fato, um discípulo do mestre que acompanhou Jesus por anos. Por outro lado, os grandes magos andam disfarçados entre nós, eles não se revelam nem são reconhecidos com facilidade, um esotérico de alto nível (e me refiro aos verdadeiros, não aos de butique) pode conviver com você, em seu ambiente de trabalho, de estudos ou familiar, e você nem sabe.
      A luz é mais forte, e revelará sua vitória no final, vitória que sempre existiu mas que no momento atual é segurada pelos desígnios divinos, assim ninguém se engane achando que de alguma maneira um caminho ou um ser que tem compromisso com as trevas tem vitória, se hoje parece ter é só por um tempo. A luz de Deus se revela em nós para os homens quando perdoamos, quando amamos, quando agimos com justiça e mais ainda, quando agimos com misericórdia e generosidade. A luz nos mostra a melhor escolha a ser feita, aquela que nos fará seguir em paz, sem medo do futuro nem peso pelo passado. 

18/07/20

“Você pode tudo o que quiser”? Mentira!

      “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça.II Pedro 3.13

      Algumas coisas passaremos a vida querendo fazer ou ser e nunca faremos ou seremos, pelo menos não bem o suficiente para deixar nossa marca no mundo. Por quê? Porque não podemos tudo, ser tudo ou ter tudo, ainda que filmes e músicas da Disney assim como pregadores da teologia da prosperidade e do triunfalismo neste mundo digam o contrário. O mundo moderno tem pregado tanto essa mentira que muitos vêm para as igrejas evangélicas querendo ouvir isso, achando que o evangelho, mais que qualquer outra religião (por ser a melhor religião, conforme eles creem), pode entregar isso aos homens, e o pior é que ouvem isso de muitos púlpitos. Muitos pastores demonizam a Disney, mas não percebem que pensam do mesmo jeito que ela, em muitos aspectos, ainda que se achem soldados divinos contra uma organização satânica.
      Se Jesus que tudo podia, como homem, teve que abrir mão de tudo para cumprir sua missão, o que não diria nós, que podemos tão pouco? Mas ainda assim muitos se acham “cristos”, “deuses”, que precisam de menos fé, mas de mais humildade, e talvez um pouco de autoconhecimento e de psicoterapia. Sou um crente apaixonado por Deus, por sua sabedoria, por sua verdade, por sua luz, pela maneira como ele executa seu plano em minha vida, mas depois disso, sou um pessimista. Não, isso não me faz deprimido, ocioso, amargo, mas eu não acredito no homem, em nenhum deles, ainda que admire a muitos, goste de alguns, ame a poucos, e tente não odiar outros. Tenho procurado me desapegar de homens e me apegar mais a Deus, sabendo que os homens precisam do meu afeto, mas eu não devo esperar isso deles, de nenhum deles.
      Não podemos ou seremos tudo o que quisermos, que cremos, não podemos e nem isso é necessário. O que é necessário? Descobrir-se em Deus, iluminar-se nele, conhecer-se, realizar-se em Deus, quando isso acontece somos e fazemos o melhor que podemos e estamos felizes. Um filósofo brasileiro, bem conhecido atualmente, chamado um dos “três tenores”, que tem dito palavras mais sábias que as de muitos pregadores, lançou recentemente um livro, “Contra um mundo melhor”, bem, o título reflete o estilo desse filósofo que quem o acompanha sabe que é o pessimismo. Esse filósofo me representa em algumas coisas, principalmente nessa falta de ilusão com a humanidade, de fato quanto mais se anda com Deus chega-se (ou se deveria chegar) à conclusão que não há salvação para o homem no homem.
      Humildade, precisamos disso urgentemente, só isso nos livrará dos enganos que o mundo e muitas igrejas têm tentado instalar em nós, aplicativos das trevas em mentes arrogantes que insistem em querer ter o que não é para terem, e que numa insistência, ainda que tenham, não as conduzirá à felicidade que permanece e que leva-se à eternidade. Jovens de classe media, que podem receber melhor preparo para a vida profissional, crendo nessa mentira, são levados à depressão, aos vícios e à solidão. Jovens de classe baixa, também por crerem nessa mentira, por não terem o mesmo preparo para uma vida profissional próspera, são levados à marginalidade, para terem depressa o que não podem pagar honestamente, mas também são levados aos vícios e à solidão. Vícios e solidão são comuns a todos, o que muda é o tipo de vícios.
      Os que podem menos, e têm menos informações, viciam-se em prazeres baratos, em prostituição (ainda que não paguem nada por sexo, sexo “casual” é prostituição sim!), por bebidas, comidas, drogas. Os que podem mais viciam-se em remédios, em terapias, em regimes, em academias, mas também em bebidas e comidas, só que mais caras. Já a solidão é a mesma para todos, por quê? Porque quem não se conhece, não busca o que de fato o faz feliz, e não se sente seguro para estar com alguém por mais tempo, para esse tudo é temporário e rápido. Solitários fazem filhos, mas não constituem famílias, namoram, dormem juntos, dividem despesas, mas não se casam de fato. Uma geração que acha que pode tudo não consegue a felicidade mais básica, ser feliz consigo mesma e segurar o amor por um tempo, ao menos.
      “Aguardamos novos céus e nova terra em que habita a justiça”, assim olhemos para o céu, pensemos nas coisas do alto, queiramos o que de fato poderemos levar conosco para a eternidade, que são as genuínas virtudes espirituais, a paz, a justiça, o amor. Sim, temos obrigações nesse mundo, com nossa independência financeira, que nos sustenta e a nossas famílias, queremos o melhor para nós e para nossos próximos, isso se conquista com estudo e trabalho. Mas que nossos corações não estejam no dinheiro, nos bens, que não nos julguemos nem aos outros pela aparência material, pelo conta do banco, pelo carro, casa, roupa. Amemos a misericórdia e a generosidade, nos aproximemos de Jesus e aprendamos com ele, queiramos ser como ele foi quando encarnado, humilde, satisfeito, obediente ao pai celestial. 

      “Temei ao Senhor, vós, os seus santos, pois nada falta aos que o temem. Os filhos dos leões necessitam e sofrem fome, mas àqueles que buscam ao Senhor bem nenhum faltará.Salmos 34.9-10 

      “Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus, para anunciar todas as tuas obras.Salmos 73.28

17/07/20

Podemos pedir provas a Deus?

      “E disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste, Eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e toda a terra ficar seca, então conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste. E assim sucedeu; porque no outro dia se levantou de madrugada, e apertou o velo; e do orvalho que espremeu do velo, encheu uma taça de água. E disse Gideão a Deus: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que só esta vez faça a prova com o velo; rogo-te que só o velo fique seco, e em toda a terra haja o orvalho. E Deus assim fez naquela noite; pois só o velo ficou seco, e sobre toda a terra havia orvalho.Juízes 6.36-40

      Podemos pedir provas Deus? A orientação do novo testamento é clara, “Disse-lhe Jesus: Porque me viste, Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram.” (João 20.29), contudo, o mais sábio é responder a essa pergunta, depende, de cada pessoa e de sua relação com Deus. Eu pessoalmente me sinto desconfortável, quando essa possibilidade se torna importante para que eu saiba que algo é de Deus ou agrada a ele. Gideão pediu provas a Deus, e por duas vezes, mas em resposta a isso Deus exigiu dele duas provas para ver se ele confiava mesmo no Senhor.

      “E disse o Senhor a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou. Agora, pois, apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for medroso e tímido, volte, e retire-se apressadamente das montanhas de Gileade. Então voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram. E disse o Senhor a Gideão: Ainda há muito povo; faze-os descer às águas, e ali os provarei; e será que, daquele de que eu te disser: Este irá contigo, esse contigo irá; porém de todo aquele, de que eu te disser: Este não irá contigo, esse não irá. E fez descer o povo às águas. Então o Senhor disse a Gideão: Qualquer que lamber as águas com a sua língua, como as lambe o cão, esse porás à parte; como também a todo aquele que se abaixar de joelhos a beber. E foi o número dos que lamberam, levando a mão à boca, trezentos homens; e todo o restante do povo se abaixou de joelhos a beber as águas. E disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam as águas vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; portanto, todos os demais se retirem, cada um ao seu lugar.Juízes 7.2-7

      Interessante como Deus foi justo com a incredulidade de Gideão, ela o revelou e ao povo, por trás de toda incredulidade existe uma arrogância, Deus cedeu à incredulidade, deu duas provas que seria com Israel contra os midianitas, contudo, exigiu humildade do povo, que fosse reduzido ao mínimo, para que suas forças fossem insuficientes e de fato confiassem e dependessem só da força de Deus. A vitória de Israel poderia ser com menos de trezentos? Sim, poderia, como poderia ser com mais, mas o ponto é o homem reconhecer que tudo vem de Deus e só ele merece ser adorado por tudo. 
      Eu, pessoalmente, não gosto de ser exortado como foi Tomé, nossa experiência com Deus é fundamentada em fé, se isso for abalado tudo pode ficar confuso e vazio, eu prefiro crer, o justo viverá pela fé. “Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.” (Habacuque 2.4), Habacuque também fez a constatação de que o orgulho está ligado à falta de fé, assim ao invés de buscar provas para justificar a fé, melhor é se livrar da arrogância, quebrantar o coração e provar as coisas espirituais do jeito espiritual, pela fé realmente espiritual. 
      Contudo, todos nós temos uma prova de que Deus está no assunto, de que algo é de sua vontade, uma prova incontestável que nem precisamos pedir, é simples consequência de estarmos obedecendo ao Senhor, uma vitória que vem antes da vitória que estamos pedindo, uma vitória que talvez seja mais importante que a objetivada na oração que fizemos e que aguarda resposta do altíssimo. Que prova é essa? Santidade. Não entendeu? Quando estamos no centro da vontade de Deus temos forças para ser santos, aquele nível de espiritualidade que muitas vezes passamos a vida buscando alcançamos, e nem é porque a vitória que pedimos já foi alcançada, porque a batalha já ocorreu e nós a ganhamos porque confiamos em Deus.
      Sabe quando Gideão e Israel atingiram o centro da vontade de Deus, quando conquistaram a vitória, não a que eles queriam, mas a mais importante, a que Deus queria dar a eles? Quando eles acreditaram que mesmo só com trezentos seriam vencedores, ali eles já tinham vencido, pela fé, e creiam, entre aquele instante e a realização da batalha contra os midianitas, Gideão e Israel provaram uma paz única. Nessa paz há santidade, há o desejo de agradar tanto a Deus que todo o pecado se torna menor, desinteressante. Naquele momento específico o povo de Deus foi santo, porque tinha um espírito verdadeiramente obediente e temente ao Senhor, nessa disposição o Espírito Santo nos dá santidade e nos a vivemos. 

15/07/20

O que não vem não é para vir mesmo

      “Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos.Provérbios 16.19

      Se algo falta a ponto de nunca acontecer, ainda que já tenhamos orado muito a Deus para ter, é porque temos que aprender a viver sem, irremediavelmente. Alguns chamam isso de destino, alguns não acreditam em destino, mas se chamarmos de providência divina pode ser mais sábio. Por que a falta de algo, pelo qual muitas vezes oramos tanto achando que não recebemos porque ainda não chegou o tempo, pode ser providência divina? Porque a falta de algumas coisas nos fazem mais bem que suas presenças, nos fazem crescer e sermos seres humanos melhores. Nos humilham? Sim, mas é melhor humilhado em Deus que exaltado sem ele.
      Assim, se já orou e Deus não deu, não lute contra o “destino” (e eu usei de novo esse termo...), aceite com humildade a vontade de Deus, que se torna providência quando contribui para que sejamos livrados de perigos que desconhecemos. Acredite, muitas coisas que em si são coisas boas e que outros têm com abundância podem nos faltar simplesmente porque se as tivéssemos não nos esforçaríamos para sermos melhores que somos hoje, podem ser boas para os outros, mas não seriam para nós. Aceitar isso em paz, sem ficar magoado com as pessoas ou mesmo com Deus, é aceitar que o Senhor nos ama e sabe o que é bom para nós, mais que nós mesmos.
      Segue aqui, todavia, um mistério, muitas vezes, quando abrimos mão de querer ter, quando deixamos para lá um desejo, muitas vezes obsessivo, vivendo uma vida que está sempre fazendo exigências dos outros e de Deus, como se não pudéssemos viver sem algo, quando fazemos isso conquistamos paz. Nessa paz, descansando em Deus e aceitando com humildade nossa condição de perdedor, podemos descobrir que temos a tal coisa, que sempre a tivemos, e por isso ela não faz mais falta. Na verdade, muitas vezes Deus só quer nos libertar de obsessões, de acharmos que nossa felicidade está nisso ou naquela pessoa, quando de fato está em Deus e em nós mesmos.

13/07/20

“Não te deixes vencer do mal”

      “Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.Romanos 12.21

      O versículo acima é a conclusão de um ensino do escritor da carta aos romanos sobre relacionamento interpessoal, principalmente com aquelas pessoas que se colocam como inimigos do cristão, visto que um cristão genuíno não deve ter inimigos guardados em seu coração, contudo, podemos usá-lo para outra orientação, santidade pessoal e íntima. Corremos o risco de depois de anos de vida, sim, como bons cristãos, ainda estarmos presos a alguns vícios, vícios que todos os seres humanos têm, nem vou dar nome. São aqueles pecados íntimos, que não nos prejudicam de maneira significativa, que só nós sabemos que existem, mas que mesmo depois de muito tempo ainda não conseguimos vencer. Corre-se o risco, nesses casos, de se acostumar tanto com esses “pecadinhos” que acaba-se desistindo de vencê-los, passamos reto por eles no dia a dia, como se nem existissem. 
      Se nós podemos tentar esquecer, o Espírito Santo não se esquece, que pode estar frio em muitas vidas justamente porque as pessoas deixaram de admitir certos pecados como pecados, assim, pararam de confessa-los e nem se sentem mais mal quando os cometem. Na verdade, eu não creio que isso seja possível, o Santo Espírito é vivo, sempre fala e nunca desiste. É muito difícil para alguém “convertido e salvo” ficar tão surdo espiritualmente que não ouça mais as palavras do Senhor, e não tenha mais o desejo de confessar e deixar o pecado, mas por um tempo a surdez pode existir. Uma das grandes bençãos que temos quando envelhecemos no corpo, tendo acumulado décadas de caminhada com Jesus, é não perdermos a sensibilidade espiritual, ainda nos sentirmos mal quando pecamos e termos um grande desejo de não pecar mais, principalmente naqueles “pequenos” pecados íntimos. 
      Pecado reincidente demais só ocorre em vida de desobediente, e não me refiro à desobediência de cometer o pecado em si, mas em cumprir a grande e principal chamada de Deus, já refletimos várias vezes aqui a respeito. Crente obediente, que está fazendo sua parte na obra de Deus e que sente satisfação nisso, tem forças para vencer os “pecadinhos”, que tenho citado entre aspas porque na verdade não existem pecados menores, todo pecado é pecado e nos afasta de Deus, nos rouba a paz e nos deixa incapacitados de cumprir o plano maior de Deus em nossas vidas. Desistir é se deixar vencer, frieza não é virtude mas vício, insensibilidade espiritual em pequenas coisas é brecha para que maiores e piores coisas entrem em nós e nos vençam de vez. Tenhamos cuidado, a vontade de Deus é sempre boa e agradável e nos dá capacidade para vencer todo o pecado, essa é a vontade do Senhor para nossas vidas até o fim.