sexta-feira, julho 24, 2020

Três reações diante de uma crise

      “Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra. Depois veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Foi, pois, e fez conforme a palavra do Senhor; porque foi, e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã; como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro. E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra. Então veio a ele a palavra do Senhor, dizendo: Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente.I Reis 17.1-9

      Com essa pandemia da Covid 19, a realidade nos confronta com um tipo, e eu disse tipo, de “apocalipse”, diante disso, listo três reações que as pessoas podem ter: mudarem de vida, não mudarem de vida porque não querem mudar, ou não mudarem porque não precisam. Qual dessas é a minha ou a tua reação? Alguns não esboçam reação, esses viveram toda uma vida assim, escondidos dentro de buracos, se acostumaram a desligarem-se da realidade. Por quê? Porque sofreram demais, foram agredidos demais e não acharam forças ou não escolheram achar forças para reagirem. Para esses a doença de um familiar, a bancarrota econômica do país, a poluição mundial, a falta de água, ou uma pandemia global é a mesma coisa, não lhes diz respeito. Esses se acomodam a zonas de conforto e lá ficam. 
      Zonas de conforto, todavia, são escolhidas por motivos diferentes, e muitos as escolhem nem por traumas pessoais, mas simplesmente por displicência, foram mimados, protegidos e sustentados durante todas as suas existências, sem que precisassem fazer muito esforço. Para esses também tanto faz, e esses são os que podem apoiar ideologias políticas convenientes que também negam a realidade, irresponsáveis seguem loucos que fazem aqueles que sempre sofreram na vida sofrerem mais e antes de todos os demais. Os que não querem mudar diante de uma crise, e que precisam mudar, não prejudicam só a si mesmos, mas aos outros, mas o que os apoia e lhes dá uma segurança para serem assim, um dia desmorona e os faz cair numa humilhação pública.
      O correto, o sábio, é todos nós, em alguma instância, quando confrontados por uma realidade ruim, avaliarmos as coisas, e em primeiro lugar a nós mesmos, para sabermos o que podemos fazer para mudar essa realidade, assim como para entender se de alguma forma nós contribuímos para que ela ficasse assim tão ruim. Isso é o que gente lúcida faz e é o que cristãos, que se dizem povo da luz, deveriam fazer. Contudo, no momento atual do Brasil onde coincidiu a pandemia com um presidente com determinadas características, muitos evangélicos teimam em não mudar de vida, ou em tentar combater uma situação, tão ímpar quanto séria, ou com negação ou com aquela fé apóstata que acha que pode tudo pelo simples fato de crer, pondo o poder no homem e não em Deus. 
      Mas temos um terceiro tipo de reação, que é exceção mas que não deveria ser, principalmente, repito, entre evangélicos, é aquela que não muda, significativamente de vida, porque não precisa. As pessoas com essa reação andam pelo caminho estreito do evangelho, têm intimidade com Deus, sabem o poder da obediência e da consequente santidade que só o obediente experimenta, essas pessoas estão preparadas para tempos ruins e quiçá derradeiros. Mas essas pessoas se aproximam ainda mais de Deus em momentos terríveis, se colocam na brecha por outros, falam menos, agem mais, não entram em polêmicas de arrogantes, rebeldes e vaidosos, se refugiam no Altíssimo. 
      Para essas pessoas Deus revela os mistérios, explica os motivos, essas pessoas não são enganadas por falsos profetas, por “messias” mentirosos e estúpidos, essas serão guardadas por Deus, como foi o profeta Elias (I Reis 17 e 18), essas, mesmo na maior das crises globais, serão sustentadas e alegradas. Quando Deus disciplinou Israel por causa do pecado do povo e do rei Acabe, será que não existiam pessoas no meio do povo, que como Elias, não estavam em falta com Deus? Sim, existiam, mas ainda assim sofreram com todos os demais a disciplina de Deus, a falta de chuva. A diferença é que esses, que não mudaram de vida porque sempre estiveram prontos, foram sustentados por Deus de maneira especial, como Elias, primeiro pelos corvos no ribeiro e depois pela pobre viúva.
      Parece humilhante um homem ser sustentado por uma mulher (e isso naquele tempo era bem mais sério), viúva (sem um marido que a ajudasse), pobre e com o filho doente? Não, não para Elias, e essa história de Elias sempre me intriga, quem quer ser ou se acha profeta que aprenda com esse que é um dos personagens bíblicos mais importantes. Mas por que não foi humilhante para Elias? Porque ele estava pronto, não precisou mudar, se achava no centro da vontade de Deus, era o homem que o Senhor estava preparando para uma missão única, destruir os falsos profetas, os de Baal, não de Deus, que enganavam o povo e seu governante. Quando Deus está no comando até corvos, animais ligados à morte, e uma pobre viúva, também tão próxima ao fim, servem de instrumentos de vida para que o servo do Senhor seja sustentado. 
      Uma pergunta precisa ser feita: que profeta temos sido nessa pandemia, os de Baal, que sempre dizem que não existe nada de errado, que não é preciso mudança, e que basta sermos como sempre fomos? Ou Elias, que sozinho se colocou contra os falsos, os rebeldes que seguiam o iníquo governante Acabe? Não entenda errado, qualquer semelhança entre a história de Elias e a do Brasil atual, em muitos pontos, pode ser mera coincidência, não estamos chamando esse líder de Acabe nem aqueles de profetas de Baal, mas reflitamos mais em Deus sobre o terrível momento que vivemos e o que precisamos mudar de fato para que a situação mude. Ou não precisamos mudar? Se for isso é porque tudo está certo e a pandemia mundial é só uma invenção para derrubar o presidente de uma nação em terrível crise econômica da américa latina. 

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