quarta-feira, julho 22, 2020

Deus e o Diabo

      “E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem.II Coríntios 2.14-15

      Muitos se enganam quando interpretam a oposição entre Deus e o Diabo, como diz o texto inicial, o verdadeiro conhecimento de Deus é como um bom perfume, deixa a vida mais agradável, entendamos, então, melhor: Deus e o Diabo estão numa batalha eterna? 

      Em primeiro lugar, não existe uma guerra de igual para igual entre Deus e o Diabo, Deus foi, é e sempre será vencedor, ponto! O Diabo e os demônios são criaturas, como os seres humanos, criador só existe um, Deus. Em algum momento do tempo os seres puramente espirituais (que não encarnam) também tiveram livre arbítrio e puderam escolher não estar na luz, ainda que mesmo assim tudo o que fazem requeira autorização de Deus. Assim, a partir dessa escolha são “usados” por Deus para fazer o trabalho “sujo”, digamos assim, nas vidas dos homens, isso compreende principalmente a execução de testes morais aos quais os homens são submetidos, começando pela tentação mítica de Adão e Eva no jardim do Éden. Dessa forma, o embate que existe, é no coração do homem, nesse, sim, há uma guerra onde os dois lados têm, autorizados por Deus, forças e chances iguais, o bem e o mal, a luz e as trevas. Cabe ao homem fazer a escolha, sob o livre arbítrio também dado por Deus, dessa maneira, em última instância, se o diabo tem alguma vitória é o homem quem dá e é no coração humano. 
      Em segundo lugar só existe um Deus altíssimo, mas existem vários diabos. “Tecnicamente” vários seres espirituais se rebelaram contra Deus, muitos acreditam que são quatro os maiores arcanjos caídos, Lúcifer, Beliel, Satanás e Leviatã (representantes dos quatro elementos) ainda que a Bíblia chame esses líderes genericamente de Diabo e que isso seja de fato o que importa para o cristão comum, para que ele possa expulsar e vencer o mal no nome de Jesus. O reino da luz é simples e único, já o reino das trevas é plural, complexo e dividido, contudo, esse entendimento não precisamos ter para estar em comunhão com Deus e termos vitória sobre os seres espirituais caídos. O bem é basicamente um, obedecer e adorar a Deus, o mal, contudo, é o resto, incluindo fazer o bem, mas sem estar em obediência a Deus e sem adora-lo por isso. Mas alguém pode de fato fazer o bem, aquele que permanece e dá frutos para eternidade, se não for debaixo da obediência de Deus e para a honra dele somente? Em alguma instância, não, todavia, aí está uma das grandes estratégias do Diabo, se não for a maior, para enganar o homem. 
      O bem é obedecer e adorar a Deus, e isso só pode ser feito de maneira completa através de Jesus Cristo, o mal obedece e adora o próprio homem, não necessariamente e diretamente o Diabo, mas tudo que foca no homem, como origem e fim, em última instância agrada ao Diabo. Entenda isso com clareza, o pior “diabo” não é satanista, mas é humanista e humanistas existem até no meio cristão (fé na fé é um jeito de glorificar o crente não Deus), esse é talvez o pior ardil do mal. A luz é sempre 100% boa, já as trevas se existirem em 1% é suficiente para que os outros 99% sejam borrados. Deus é sempre uno, singular, exclusivo, já os diabos se multiplicam e se recriam conforme os corações humanos. Isso significa que o bem, que parte de um coração não 100% na luz, não é considerado por Deus? Não, Deus é misericordioso e paciente, vê a sinceridade boa e a recompensa, o que ocorre é que essa recompensa se manifesta em níveis diferentes. O bem maior que terá o melhor fruto é crer em Jesus, disso advém a salvação eterna do homem, mas toda boa obra tem seu bom fruto, ainda que seja só no nível mais baixo, o mundo. 
      O que podemos dizer para concluir esta reflexão, não nos preocupemos com os diabos? Nos ocupemos com Deus e nos esqueçamos do resto? Contudo, muitos cristãos se ocupam mais em colocar a culpa de seus problemas nos outros, e principalmente no Diabo, que de fato conhecerem mais a Deus. Dizem que une muito mais as pessoas um inimigo comum que um amigo comum, quando alguém incomoda, rapidamente um grupo se junta para criticar esse alguém, ainda que esse grupo não seja um grupo de amigos que se considerem mutuamente. Mas criar um inimigo comum é estratégia do Diabo, Hitler fez isso quando colocou os judeus como inimigos de todos, todos se uniram debaixo de sua liderança, motivados, dentre outras coisas, por um ódio ao povo judeu. Cuidado, odiar o diabo não nos faz bons cristãos, amar a Deus é o que nos faz, contudo, o que cresce no conhecimento de Deus também é ensinado sobre as estratégias das trevas, para então agir na luz, não com preconceitos, mas com a verdadeira sabedoria espiritual, aquele conhecimento de Deus que é como um perfume.

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