12/01/21

Permaneçamos livres

      “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.Gálatas 5.1

      Sempre que temos medo de alguém, que odiamos alguém ou que invejamos alguém, ficamos presos a esse alguém, perdemos a liberdade e criamos uma cela, alguém vira nosso carcereiro, não é nosso companheiro de prisão, ele está livre, somos nós que ficamos presos. Quando isso ocorre, não adianta tentarmos desprezar a pessoa para anularmos o mal, nem nos distanciarmos dela, a prisão está em nossa mente e a levamos para onde formos, servidão mental é uma escravidão terrível, ainda que invisível. 
      Como existem pessoas presas dessa maneira, no mundo, nas igrejas, nas empresas, em nossas famílias, essa prisão mental é um tipo de possessão. Se olharmos para gente assim não veremos olhos limpos e retos, mas oblíquos, vidrados, revelando que elas não estão presentes, mas distantes, ocupadas com outra coisa, o mesmo tipo de olhar que vemos em embriagados. Gente assim não vive para si, mas para o carcereiro em sua mente, que o tortura o tempo todo, gente assim precisa de libertação, tanto quanto endemoniados. 
      Só o amor anula a prisão dos maus sentimentos, ainda que amando não tenhamos que gostar de alguém, concordar com que ele faz, ou vivermos próximos a ele, o amor liberta nossa mente. Deus nos chama para a liberdade, nós a experimentamos no início de nossas caminhadas com Jesus, contudo, podemos nos colocar debaixo de servidão de novo. Liberdade, contudo, se conquista e se mantém, com a segurança de quem é perdoado em Cristo e não pode ser acusado diante de Deus por nada e nem ninguém.
      Com a mente liberta podemos ir a muitos lugares, nos encontramos mesmo com pessoas que não gostam de nós e que nós também não gostamos, mas que não nos incomodam porque não as odiamos nem as invejamos. Mente liberta é leve, não carrega problemas, principalmente os que não são seus, seja porque entregou seu problemas nas mãos do Senhor, seja porque não pegou para si problemas dos outros. Mente livre tem paz, e paz é a arma mais poderosa contra qualquer tipo de conflito, maldade ou falsidade.

11/01/21

Aprendamos a esperar

      “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.” Eclesiastes 3.1

      Conhecemos o terceiro capítulo de Eclesiastes, gostamos de usar o primeiro versículo, mas em determinados e específicos momentos de nossas vidas sentimos que o texto inicial faz um sentido especial. Depois de esperarmos muito tempo, por um motivo ou outro, vemos Deus cumprir uma promessa, que aguardamos ser cumprida por anos, experimentamos de fato que o momento chegou, que o tempo certo de Deus aconteceu e que nossa oração foi, enfim, respondida. Esse é um momento singular, que nos alegra sobremaneira, quando podemos testemunhar sobre a realidade de Deus.
      Não devemos desistir de orar, e quando Deus quer de fato nos responder seu Espírito nos atrai para orar, nos dá vontade e esperança para seguir pedindo. Penso que quando uma oração demora a ser respondida não temos que continuar orando para convencer a Deus, o Senhor não precisa ser convencido de nada, mas para permanecermos numa condição de vigilância, e isso pode nos amadurecer mais que receber a resposta da oração em si. Ao mesmo tempo que nos preparamos melhor para receber a resposta para podermos administra-la do jeito melhor, que realmente glorifica a Deus. 
      Creia, meu amigo e minha amiga, vale a pena esperar pelo tempo de Deus, os que fazem isso com humildade e fidelidade são duplamente abençoados, com a resposta da oração e com mais fé. Felizes os que são maduros o suficiente para terem essa confiança de Deus, que podem esperar mais tempo para receber, e que não querem ser tratados como crianças mimadas que desejam tudo no momento em que pedem. O que sabe esperar recebe mais e melhor, e aprende uma lição, não do plano físico, mas do espiritual, lá não existe tempo, só amor, e quem ama nunca se cansa de esperar. 

10/01/21

Os rebeldes se adaptam

      “E o que foi semeado entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo, e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutíferaMateus 13.22

      Quem se rebela contra Deus, mesmo que tenha caminhado algum tempo com o Senhor, mas que um dia, confrontado por uma escolha, tenha decidido pela opção que o afastava do amor divino, precisa continuar vivendo neste mundo, ser feliz, assim, para seguir, adapta-se. Quem não se adapta se mata, ou explicitamente antes do tempo cometendo suicídio, ou fugindo da realidade ainda vivo, pelos prazeres dos vícios da carne ou pela dor de alguns transtornos mentais, mas viciado ou deprimido, vive-se uma morte antecipada. 
      Se viver sem Deus é ruim, morrer sem ele é muito pior, por isso, principalmente os que creem num inferno cristão, preferem se adaptar, nessa adaptação o ser humano escreve seus protocolos de sobrevivência, alguns usando mesmo conceitos bíblicos. Algumas pessoas se adaptam com tanta eficiência que quem as olha de fora achará que são até mais realizadas que muitos cristãos tementes a Deus. Eis uma grande característica humana, a adaptabilidade, e muitos acham forças para lutarem e vencerem todo o mundo com ela. 
      Esses que se adaptam são as sementes que caíram entre espinhos na parábola do semeador, crescem, mas só até um ponto, depois, os espinhos, que deveriam ter sido retirados e não foram, os limitam, são os valores desse mundo, que o cristão que quer continuar crescendo deve abrir mão. Não pensem que pessoas assim são gente que ama riquezas, não necessariamente, podem ser pessoas trabalhadoras, justas e até altruístas, contudo, por guardarem em seus corações carência não resolvida em Deus, buscarão resolução no mundo. 
      Algumas  pessoas buscam proeminência profissional não como algo natural em suas carreiras, para elas esse não era o plano original do Senhor, mas só para equilibrarem baixa auto-estima. Elas não se aceitaram em Deus e não conquistaram seu melhor espiritual, dessa forma procuram receber essa aprovação dos homens. Gente assim pode até dizer que crê em Deus, lembre-se que foram sementes que cresceram por um tempo, mas estão longe de Deus como qualquer ímpio, elas são as que mais podem escandalizar, pois se dizem cristãs e não são. 
      Caso o rebelde não se adaptasse a humanidade teria acabado em Adão, mas ainda em pecado, ele construiu sua religião e a civilização evoluiu, hoje o homem domina o mundo e parte para outros planetas. Não duvide de um rebelde que se adapta, respeite-o, Deus dá a ele esse direito neste mundo, mas tema o Senhor. Nenhum rebelde que não se acertou em Cristo ficará sem recompensa, ainda que a receba só na eternidade, e aí está a paciência do fiel, esperar o tempo de Deus, não se amargurar nem tentar resolver as coisas sozinho. 

09/01/21

Os pequeninos e os “fortes”

      “E qualquer que receber em meu nome um menino, tal como este, a mim me recebe. Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar.Mateus 18.5-6

      Em minhas andanças por igrejas evangélicas, nesses 44 anos de conversão oficial ao cristianismo, já conheci todo tipo de cristão, dos “carnais“ com muita sabedoria aos “espirituais“ preconceituosos, dos profundamente conhecedores de Bíblia e sem intimidade espiritual com Deus, aos crentes mesmo em heresias mas com uma sensibilidade espiritual ímpar. O que aprendi? Que Deus não se importa com certas coisas como nos importamos, e que sinceridade em seguir ao Senhor só o Senhor sabe se existe, olhando o mais íntimo do coração de um seguidor. Quanto a mim não me cabe julgar, confiar cegamente nem desconfiar friamente de ninguém, o homem é tão complexo e enganoso para se confiar nele, quanto verdadeiro em seguir suas crenças, mesmo que a aparência diga o contrário. É preciso humildade para ter olhos puros e amor para não magoar os sinceros, assumir-se criança em meio a crianças, sábio e mestre somente Jesus. 

      “Porque eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita; e te digo: Não temas, eu te ajudo. Não temas, tu verme de Jacó, povozinho de Israel; eu te ajudo, diz o Senhor, e o teu redentor é o Santo de Israel.Isaías 41.13-14

      O certo é que Deus tem um amor especial por aqueles que o buscam com sinceridade, ainda que seja uma sinceridade não tão pura ou que não queira de fato obedecer e agradar a Deus, o Senhor não lança ninguém fora, a todos dá oportunidades, a todos vê como o que podem vir a ser, não como o que são no momento. É sábio nunca nos colocarmos entre um “verme de Jacó”, um “povozinho de Israel” e Deus, como é prudente não tentar afastar um pintainho de uma galinha ou um filho de uma mãe amorosa e responsável, nunca tente dizer a pais que seus filhos têm defeitos, eles os defenderão ainda assim. É claro que Deus não pode ser manipulado ou ludibriado, também não se engana só por amar, mas ele ama, e muito mais que qualquer mãe ou pai. 

      “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos.Romanos 15.1

      Nós, contudo, em nossas arrogâncias, podemos menosprezar alguns, ainda mais quando temos mais experiências em algumas áreas, mesmo em andar com Deus. O homem sempre é tentado pela vaidade, e o que sobe mais, sabe mais, intelectualmente e mesmo espiritualmente, e é mais tentado a se achar melhor e mais forte. Mas quem é o forte, afinal, o que faz algo porque acha que isso é obedecer a uma lei que agrada a Deus? Ou o que sabe que Deus está acima de certas coisas e não se importa se elas são ou não feitas? O forte é o que mostra amor pelo outro, que foge de escândalos, independente do que faz, deixa de fazer, ou ache sobre o nível da própria espiritualidade. Bom é crer, conhecer e obedecer Deus, mas se isso não for evidenciado em prática de obras em amor pelos homens pouca valia tem. No final restará só o amor, e eis aí um mistério que poucos entendem. 

      “E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão. E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome. E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre.” “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra. Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro. Bem-aventurados aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.Apocalipse 22.3-5, 12-14 

      O que importa é sermos fiéis com aquilo que de fato recebemos de Deus, a cada um de nós o Senhor dá uma vocação, e nela podemos não só conhecer e entender o mundo espiritual, os questionamentos principais da existência humana, mas também praticarmos uma vida de virtudes morais no mundo, de maneira humilde e caridosa entre os homens. Ninguém se julgue melhor pelo que recebeu de Deus, nem, se sentindo menor, tente ser aquilo para o qual não tem vocação de Deus para ser, nisso temos paz, somos satisfeitos, e fazemos muita gente feliz. O que Deus cobrará de nós na eternidade? A vocação que ele nos deu, que nos colocou diante de provas específicas para nós, que não foram grandes demais para nos fazer desistir de o temermos, nem pequenas demais, que nos levassem a uma vida sem sentido. Os fortes de Deus são pequeninos no mundo diante dos homens, mas brilharão fortemente na eternidade.

08/01/21

Quem está preparado para o silêncio de Deus?

      “Bom é ter esperança e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.” Lamentações 3.26

      Os que buscam a Deus são respondidos por ele, Deus fala aos que o procuram, contudo, Deus pode se calar, e por motivos diferentes. Quem está preparado para o silêncio de Deus? Deus pode se calar para disciplinar alguém que mesmo depois de tanto ouvir a voz de Deus não tomou jeito, não obedeceu, não corrigiu seu caminho. Esse terá que sofrer com o silêncio daquele que pode dar vida, terá que experimentar neste mundo o gosto amargo da morte para que possa se arrepender e voltar a Deus, agora com real desejo de mudar de atitude e de fazer a coisa certa. Com o filho pródigo foi assim, ele teve que tomar a iniciativa de volta porque foi ele quem quis partir, mas amor de pai é assim, basta um passo de filho rebelde em sua direção que o pai dá os outros nove na direção do filho, aceita-o e faz uma festa para ele.
      Contudo, tem um outro tipo de silêncio de Deus, que não é com o rebelde, mas com aquele que está em obediência à vontade do pai. Esse silêncio talvez seja mais difícil que o outro, porque o provam os que buscam a Deus, que se prontificam a fazer o que lhes foi solicitado, mas que ainda assim precisam de um silêncio divino. O pai, que por outras vezes respondeu, revelou, ensinou, dessa vez não quer falar, contudo, aquele que é amigo de Deus, que conhece a intimidade de seu Senhor, não se sentirá rejeitado por essa resposta. Ao contrário, ele descansará no silêncio de Deus, que não verdade não é a ausência total de palavras, mas apenas uma frase, mansa e baixa, dizendo, “hoje, só espera”. O profeta do Altíssimo entenderá o recado, não como disciplina, mas como oportunidade para respirar fundo e parar um pouco.
      Diferente do espírito, o corpo e a alma muitas vezes precisam descansar e serem restaurados, “vigiai e orai, para que não entreis em tentação, o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca“ (Marcos 14.38), assim o silêncio de Deus quando não é para disciplinar é para curar, fortalecer, sim, até o silêncio de Deus abençoa quando o coração do homem é simples para confiar nele. Sabe aquele amigo, que pode ser tua esposa ou teu esposo, com o qual você não precisa falar para estar junto, com o qual você não se sente desconfortável por não ter assunto, mas com o qual basta estar junto para que você se sinta acompanhado, amado? Pois Deus é muito melhor que esse amigo, e em sua intimidade também pode haver momentos de silêncio, onde só uma frase ouviremos, “pare um pouco, descanse e só confie em mim”.
      Nesses momentos Deus se cala para nos ajudar, para não exigir de nós mais que podemos, ele só quer que descansemos e nos renovemos, para estarmos prontos para um novo encontro de sua presença, onde ele nos ensinará como procedermos para que cumpramos a missão que ele tem para nós da melhor maneira. Mas o título dessa reflexão é: quem está preparado para o silêncio de Deus? O silêncio do Senhor é sempre difícil de se experimentar, muito para os rebeldes e surdos, mas talvez mais ainda para aqueles com ouvidos espirituais sensíveis, contudo, quem é o homem, quem sou eu ou é você? Deus é soberano e se ele quiser se calar, aceitemos humildemente, mas com fé, crendo que seu silêncio não será longo, pois quem somos nós sem a poderosa e viva palavra de Deus? É ela quem nos faz ter esperança e seguir em paz. 

07/01/21

Que venha e que se vá...

      “E dirás naquele dia: Graças te dou, ó Senhor, porque, ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me consolas.Isaías 12.1

      Às vezes uma tristeza muito grande simplesmente parece surgir em nossas almas, uma lembrança qualquer traz à tona algo que parecia esquecido e simplesmente infla algo que era pequeno e que então fica enorme. Parece um balão sobre nossas vidas, impedindo que a paz entre, isso nos deixa arrasados, ficamos rendidos por algo que nos parece grande demais para vencermos. A primeira coisa que tentamos fazer é negar a razão da tristeza, já que é uma coisa que nos acusa, que nos faz lembrar um momento de vergonha e humilhação diante dos homens, e por mais que tentemos superar, a tristeza aumenta. Dizemos a nós mesmos, “por que fui agir daquele jeito, isso não tem solução, nunca poderei consertar isso”.
      O segredo para começarmos a vencer essa tristeza é deixá-la assentar, é aceitá-la, é parar de tentar negar sua existência ou achar motivos para anulá-la, temos que reconhecer que ela existe, que o motivo para isso não pode ser desfeito, é algo que foi feito e por nós, ainda que as pessoas possam ter interpretado mal ou que estejam até hoje pensando de nós algo que não somos, é assim porque agimos errado. Quando assumimos nossa culpa e paramos de negar o efeito de nosso erro, o balão começar a se esvaziar e quando isso ocorre ele começa a se abaixar e a se assentar, o único jeito da tristeza desaparecer é por baixo, porque aí ela dá espaço para algo que só pode vir de cima, o perdão de Deus que traz paz. 
      O mal sai por baixo e o bem entra por cima, isso nos calibra, nos faz ficar humildes, nos faz ver e aceitar nossas realidades e permite que Deus apareça, como um sol, forte e pleno, desintegrando totalmente o balão escuro e frio cheio de tristeza. Espero que você tenha entendido a metáfora, mas é exatamente assim que me sinto algumas vezes, tenho aprendido que a superação só pode começar a existir na aceitação, sem justificativas, de um erro que fui eu mesmo que cometi. Deus não quer que sejamos infelizes, mas também não quer que sigamos iludidos, achando que certas atitudes erradas podem ser feitas de novo, assim têm que doer para que não queiramos mais fazê-las e enfim tenhamos cura. 
      Uma grande dor precisa de uma grande cura para que uma grande benção seja provada, isso só entende os humildes, que confiam em Deus e não se importam com o que os homens pensam deles. Não adianta tentarmos esconder certas dores lá no fundo da alma, trancá-las num quarto e jogar a chave fora, um dia elas inflam, arrebentam paredes e portas e ressurgem, quando menos esperamos e até já pensávamos que elas não existiam mais. As coisas precisam ser resolvidas e do jeito certo. Interessante que quando o balão de tristeza se assenta ele expande nosso coração, dói mas ele tem essa função, assim, depois, quando ele for desintegrado pelo amor de Deus, haverá mais espaço para que a bênção de Deus ocupe. 

06/01/21

Livre-se do rancor e depressa

      “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.Efésios 4.26

      O texto inicial fala de ira, mas seu ensino também pode ser usado para rancor, assim: não deixe que algo ruim permaneça em seu coração por tempo demais. Principalmente em nossos relacionamentos mais próximos, cônjuges, filhos, familiares com quem convivemos mais intimamente, sábio é não irmos à cama para dormir sem antes resolvermos pendências com eles. Ficamos magoados com alguma coisa? Recebemos algo que achamos que não merecíamos? A tendência de muitos de nós quando somos feridos assim, principalmente por próximos, dos quais mais exigimos compreensão e afeto, é nos fecharmos. Não tomamos nenhuma atitude porque achamos que não vai resolver, afinal temos que conviver com essas pessoas, mas também podemos não perdoar, então, nos amargamos.  
      Contudo, a solução, muitas vezes com cônjuges e mais próximos, pode ser justamente algo simples, puxarmos conversa, falarmos de qualquer coisa boa, não relembrarmos o assunto, já que muitas vezes isso não adianta nada, mas procurarmos fazer isso ainda no dia, antes que um novo Sol nasça. Por quê? Porque se isso não acontecer o rancor pode se prolongar e bastante, nós seres humanos nos adaptamos facilmente a novas situações, a novas disposições, mesmo que sejam ruins, é por isso que nos viciamos tão depressa em coisas que um pouco antes achávamos repugnantes. Livremo-nos do rancor, de todos eles, e façamos isso o quanto antes, uma pequena mágoa de alguém que gostamos pode ser porta para um mal terrível e duradouro, rancor é a ferida que as trevas usam como porta para nos corromperem.
      Rancor é impedimento para que o Santo Espírito tenha comunhão conosco, ninguém chega ao “santo dos santos” rancoroso, muitos, todavia, podem se acostumar com o rancor. Se escondem atrás do álibi que são vítimas, que os outros são os agressores, e que eles não têm culpa de terem sido feridos, assim nem consideram rancor como pecado, não o deles, e desse jeito tentam se aproximar de Deus. A porta, contudo, se fecha sempre que a luz do Espírito Santo revela um rancor mantido vivo no coração, às vezes por anos, lá num cantinho escuro. Para anular o rancor é preciso humildade, não esperar a iniciativa do outro, mas ser voluntário para amar e se aproximar, mesmo porque nem sempre o silêncio do outro é porque o outro está magoado, muitas vezes é só o jeito do outro, diferente do nosso jeito. 
      Nós sabemos quando não é o nosso jeito, quando guardar mágoa nos faz muito mal e quando a responsabilidade de se aproximar e simplesmente conversar, benignamente, é nossa, não do outro. Dessa forma, sejamos rápidos em perdoar, em amar, em anular a seta das trevas na raiz, colheremos doces frutos disso, a intimidade do Senhor, e abençoaremos aqueles que muitas vezes não têm forças para tomar a mesma atitude. “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia... Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus“ (Mateus 5.7,9), se você chegou nesse ponto, de tomar a iniciativa para restabelecer uma aliança e não permitir o rancor, feliz é você, Deus te honrará de forma especial, cristão é o que constrói pontes, não o que ergue muros.