À pergunta certa, resposta não é negada

      “E eles dizem: Como o sabe Deus? Há conhecimento no Altíssimo?” 

Salmos 73.11

      “A glória de Deus está nas coisas encobertas, mas a honra dos reis está em descobri-las.” 

Provérbios 25.2

      Estamos acostumados a pedir coisas a Deus, aliás, achamos que oração é isso, orar pedindo e depois orar agradecendo pelo que recebemos. Contudo, aqui não me refiro a necessidades materiais do dia a dia, ou a curas emocionais, me refiro a conhecimento sobre tudo, sobre o universo, sobre os homens, sobre a eternidade e o mundo espiritual. Os cristãos, em sua grande maioria, não sabem fazer esses questionamentos a Deus, acham que tudo está revelado de maneira explícita na Bíblia, e isso basta. Isso é verdade, tudo, mas tudo mesmo está na Bíblia, mas não de forma explícita, os maiores mistérios estão lá, mas só entenderão os que quiserem e buscarem em pura sinceridade do bem. 

      As pessoas não sabem de muitas coisas simplesmente porque não perguntam a Deus, e não perguntam porque acham que Deus não responde a muitos questionamentos, interessante que a incredulidade que mesmo cristãos demonstram com relação a Deus, muitos não têm com outras fontes. Tantos acreditam em tantas bobagens, teorias de conspiração, e temas, como por exemplo OVNIs, que ainda que não creiam que sejam verdades, dizem, “mas quem sabe, não é? tem tantos mistérios por aí”. Dessa forma preferem deixar em dúvidas certas coisas, que irem diretamente a Deus e perguntar, dessa forma cristãos não crescem, não se apropriam do mestre Espírito Santo e de tudo que ele tem a ensinar. 

      Não, os conhecimentos mais profundos Deus não entrega assim, fácil e rapidamente e a qualquer um, isso por vários motivos. Primeiro porque o principal é que todos saibam que Jesus é o caminho, a verdade e a vida, isso basta para que qualquer ser humano tenha acesso ao Deus Altíssimo e receba dele salvação eterna, a melhor eternidade no amor de Deus, perdão, cura e libertação, além de provisão e proteção no mundo material. Assim, muitos não estão preparados para saber mais que isso porque o conhecimento os desviaria do principal, isso é o que ocorre, por exemplo, com alguns, não todos, espíritas, que podem conhecer tantas coisas, fazerem tantas boas obras, mas se distanciarem do principal.

      Em segundo lugar porque verdades espirituais mais profundas são coisas preciosas, que nas mãos erradas podem fazem muito mal, assim mesmo os cristãos, salvos em Cristo, precisam entender realmente o que querem, porque querem, para que querem conhecimento espiritual, precisam estar preparados para administrarem os mistérios escondidos para a maioria. Se está escondido é porque é melhor que esteja, isso quem determinou foi Deus, não algum profeta manipulador ou um ocultista vaidoso, ainda que toda a verdade esteja aí, para quem quiser ver, sob véus, mas finos, que podem ser retirados pelos que têm fé e não têm medo dos homens, ao que faz as perguntas certas nenhuma resposta é negada. 

      Um fino véu de seda não permite ver o que ele encobre, mas nos deixa ver o formato de algo, o esboço, ainda que não os detalhes, é possível discernir forma, se é, por exemplo, uma pirâmide ou um cubo. Retirar o véu é a segunda grande escolha espiritual que os homens podem fazer, a primeira é aceitarem Jesus como único e suficiente salvador, essa segunda experiência de iluminação inicia-se com o batismo no Espírito Santo, com os dons espirituais, que não são o fim da maturidade espiritual, mas, repetindo, só o início. Muitos cristãos se convertem e não dão liberdade ao Espírito Santo, outros recebem a plenitude do Espírito Santo, mesmo muitos dons, mas não experimentam mais do mestre ensinador. 

      Os que insistirem na busca acharão todas as respostas, mas só insiste em certas buscas quem tem chamada de Deus para isso, que é atraído pelo Espírito Santo para isso, Deus sabe quem pode saber e quando ele começa uma obra em nós ele a termina, com perfeição. O que Deus pode responder? Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, Deus não deixa ninguém sem resposta, ainda que ela seja, “não queira saber o que não te foi revelado”, e quando é assim é preciso humildade para aceitar que Deus não quer nos falar sobre certos assuntos. Mas meus queridos, precisamos entender de uma vez por todas, na luz de Deus por Cristo há muito mais que o que as tradições evangélicas e protestantes dizem que há.

      Eu creio que a humanidade se aproxima de um momento divisor de águas, quando o cristianismo será libertado, enfim, do catolicismo, o que permitirá aos homens a vivência de tudo o que Cristo permitiu em sua obra de redenção, através do Espírito Santo, mestre oficial no mundo e enviado por Jesus, creio e espero por isso. Infelizmente, antes disso ocorrer, haverá uma grande perseguição, mas muito diferente daquela que muitos evangélicos acham que será, como já tanto temos dito aqui, será um confronto entre a ideologia de justiça, igualdade e tolerância, contra a velha ordem cristã, presa a preconceitos e hipocrisias. Mas não tem outro jeito, sem morte da vida errada não há ressurreição da vida certa.

      Que perguntas podem ser feitas a Deus, de modo que tenhamos mais informações que as registradas numa Bíblia escrita por homens e para homens de mais de dois mil anos atrás? Muitas, desde que você não tenha uma cabeça ociosa que só aceita religião e teologia como dogmas que interessam a homens, com finalidades de manipulação, não a um Deus que quer a evolução de todos os homens. Vou citar um questionamento: o inferno é mesmo um fogo eterno onde aqueles que não são cristãos viverão para sempre em tormento, sejam réus de um pecado menor ou de um maior? Você acha que a Bíblia já diz tudo sobre essa crença? Então, pense melhor a respeito, veja se ela é adequada com um Deus de amor. 

Deixe o perdão se assentar

      “Pois ele conhece a nossa estrutura, lembra-se de que somos pó.” Salmos 103.14

      Todos pecamos, e por mais que andemos com Deus, que provemos seus livramentos, que conquistemos curas e vitórias, sempre somos infiéis, e muitas vezes em assuntos privados, que só nós e Deus sabemos. Como sempre, pecado deve ser assumido, confessado e declarado diante de Deus como algo que queremos deixar, isso devemos fazer até nosso ultimo instante de existência neste mundo. Sempre, o sangue de Cristo Jesus nos purifica de todo o pecado e nos dá direito à paz e à vida eterna, nunca duvide disso, esse é o maior tesouro que o evangelho nos concede. Contudo, é preciso muitas vezes paciência, controlar a ansiedade e deixar que a experiência do perdão se realize em todo o nosso ser, corpo, alma e espírito.

      Não queiramos, pelo menos não como regra, pedir perdão e achar que estamos imediatamente prontos para provar o nível espiritual mais alto, a manifestação dos dons, o se colocar atrás de um púlpito e ensinar a palavra como se nada tivesse acontecido. Como foi dito, em exceções até podemos, pela fé, cumprirmos nossas obrigações ministeriais logo após um pedido de perdão, com o pecado ainda fresco em nossas memórias e com os sentimentos ainda turvados. Deus é misericordioso e tem outros para abençoar através de nossas vidas, muitos, crianças espirituais, que não podem esperar pelo “leite espiritual”, mas o mais sábio é que não seja assim, é aguardarmos um pouco para fazermos certas coisas, por vários motivos. 

      É importante que entendamos que quanto mais amadurecemos e por mais tempo seguimos consagrados, mais o pecado pesa sobre nós, quando jovens espirituais, ainda presos a alguns males, pecar e pedir perdão pode não nos desestabilizar tanto, nossa recuperação, digamos assim, é mais rápida porque nossa sensibilidade é menor. Deus também tem mais paciência com os jovens, os que menos sabem menos são cobrados, mas cristãos mais velhos fisicamente, experientes emocionalmente e maduros espiritualmente têm mais responsabilidades e são mais exigidos, por todos, pela vida, por eles mesmos, pelos outros e por Deus. Esses já entenderam que o pecado é perigoso e caro, não pode ser anulado assim de qualquer jeito. 

      Uma palavra aos que têm experiências com dons espirituais, cuidado com “abrir a boca” para profetizar sem estar, por um tempo adequado, consagrado, ainda que vocês tenham fé e vivências passadas fortes e sérias no Espírito Santo. Respeite o Espírito e reconstrua o vaso, mesmo óleo santo em vaso despreparado pode ser usado de forma errada, e o que deveria ser revelação espiritual divina pode acabar sendo só uma construção mental e humana. Deus sempre está pronto, o Espírito Santo não se corrompe, mas nós, seres humanos, somos alma e carne, limitados, nós precisamos de tempo e de espaço, estar santo para ser usado por Deus é uma questão de respeitar tanto o óleo quanto o vaso, tenhamos sempre muito temor a Deus. 

Fé para pedir ou fé para fazer?

      “Porque quem é Deus senão o Senhor? E quem é rochedo senão o nosso Deus? Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho. Faz os meus pés como os das cervas, e põe-me nas minhas alturas.” Salmos 18.31-33

      Quando fazemos algo que agrada a Deus, Deus nos abençoa com sua aprovação, a aprovação de Deus é a grande bênção que o homem pode receber. Deus não faz o trabalho que é nosso, pedir a bênção de Deus sobre algo não é pedir que ele aja sobrenaturalmente e que faça algo por nós. Neste mundo o homem faz as coisas, de um jeito ou de outro, com uma intenção ou com outra, mas se ele solicitar a bênção de Deus e Deus se agradar do pedido, Deus dará a sua aprovação. Alguém pode dizer, “mas é só isso, Deus não faz nada, nós tudo, e devemos ser gratos simplesmente porque algo o agrada? isso é falta de fé”.

      Quem quer fazer, que sabe o que faz e que faz a tempo, mas que ainda assim é humilde o suficiente para para pedir a aprovação de Deus, se oferece como sacrifício ao Senhor, entroniza Deus em seu lugar mais alto, nessa atitude ele entra em comunhão com Deus. Entrar em comunhão é ser aprovado por Deus, e quando isso acontece o que o homem faz dá certo, permanece, no final fica até melhor que aquilo que o homem inicialmente quis fazer. Ser aprovado por Deus é viver nele, andar nele, pensar nele, e em Deus sempre existe luz, paz e amor, entender a vida dessa maneira é amadurecer espiritualmente.

      A criança não sabe fazer, assim pede que o pai faça por ela, com amor o pai faz, a criança então é grata e o pai fica feliz da criança ter confiado nele. Isso parece tudo o que deve ser nossa relação com Deus? Mostra fé e gratidão? Mas não é, por mais pura que seja essa atitude é atitude de criança, não de gente madura, não podemos ser espiritualmente crianças para sempre, precisamos crescer e quando crescemos nossa relação com Deus muda. “Criança” precisa crer no sobrenatural porque não pode fazer, assim alguém tem que fazer por ela, mas o adulto pode fazer, assim não terá que ter fé para pedir, mas para fazer. 

      Quem tem mais fé, quem pede o impossível do sobrenatural ou quem é humilde ainda que seja forte o suficiente para fazer? Muitos têm fé mas não são humildes, outros são fortes mas não têm fé, ao fraco fé é obrigação, mas ao forte ser humilde é escolha madura de quem sabe que Deus está acima, não só de fracos e crianças, mas também dos fortes e adultos. Trabalharmos e fazermos a diferença nessa vida, sermos fortes, e ainda assim termos humildade para dobrarmos os joelhos diante de Deus e pedirmos sua aprovação, para que nome dele, não o nosso, seja adorado pelo que fazemos, isso é maturidade espiritual.

Basta uma semente

      “Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.” Isaías 55.10-11

      Para quem tem fé pelo Espírito Santo basta uma semente. Convictos em nossos sentimentos e visualizando em nossos pensamentos nos movemos no Esprito Santo, o caminho acessível ao salvo por Jesus Cristo para chegar a Deus, que manifesta no plano físico as riquezas que Cristo conquistou. Se é preciso fé é porque algo ainda não está manifestado, contudo, nos compete ter ao menos a semente que é a esperança que algo vai acontecer, essa, por sua vez, só se torna uma grande árvore se for regada com trabalho, a nossa parte no milagre da fé. 

      Quando crescer, a árvore abençoará não só o que teve fé pelo Espírito Santo, como outras pessoas, os queridos e próximos, mas também dirá algo aos distantes, desconhecidos e até opositores, físicos e espirituais, dirá que Deus é real e abençoa os humildes, que têm fé pelo Espírito Santo ainda que a princípio só possuam nas mãos uma pequena semente. Contudo, não espere ver a árvore para ser grato e feliz, bem-aventurado os que não veem e creem, nossa evolução como seres reside no fato de sermos espirituais ainda que presos num mundo material. 

      O materialismo quer provas físicas, idolatra a ciência, que é deusa genuína, não é farsa, mas é só um dos braços da sensatez, o outro é a fé, usar um braço e desprezar o outro é ser insensato. Também é insensato quem crê sem sabedoria, isso não é crer pelo Espírito Santo, é acreditar só pela alma. Crescer é adquirir sensatez, equilibrar-se entre o que se sabe e o que se crê, ter os pés no chão e a cabeça no céu, e não o contrário. Viver não é só trabalhar e ver, mas também é crer e sonhar, deixando livre o espírito o quanto isso for possível no corpo. 

      Uma promessa de Deus é uma semente, não zombe dela, nem a menospreza, tome-a na mão, guarde-a no coração e a proteja, mesmo com o segredo, nem todos devem conhecer nossos sonhos mais bonitos, nossas sementes mais preciosas. A palavra de Deus nunca deixa de cumprir seu propósito, é como um grão, pequeno mas que contém todas as informações para gerar uma árvore. Se o Senhor te deu uma promessa, tenha certeza, ele não é homem e é fiel, ele mesmo zela para que ela se cumpra, só faça tua parte, trabalhe com fé pelo Espírito Santo. 

Ajuste teu percurso

      “...corramos com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé... segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor...” Hebreus 12.1b-2a, 14

      Desvie-se da igreja para Deus, saia do cristianismo e vá para Cristo, liberte-se da religião e deixe livre o Espírito Santo! Isso é para todos? Não, pelo menos não em qualquer momento, e mesmo para alguns, nunca, só aja dessa forma se isso deixá-lo mais forte espiritualmente, mais santo, mais crente, caso contrário continue perto dos homens. A experiência dos outros nos ajuda? Sim, principalmente no início de nossas caminhadas no evangelho, quando pouco sabemos e necessitamos de curas e libertações básicas. Bebês precisam de colo e mamadeira, crianças e adolescentes necessitam de formação e orientação, mas só os adultos podem tomar decisões sozinhos e arcar com as responsabilidades disso. 

      É preciso viver bem cada momento de nossas vidas, isso é um dos segredos da felicidade, saber quando um momento acabou e um novo se inicia. Teimar em ser criança espiritual quando já se é adulto nos faz seres limitados e dependentes, tentar viver como adulto espiritual quando ainda se é adolescente nos põe em riscos e pode nos levar ao desvio de Deus. Os adultos abrem os olhos espirituais e entendem que igrejas e religiões, ainda que bem intencionadas, são coisas de homem, se Deus tivesse interesse em se revelar integralmente por elas não teria permitido que a Igreja Católica fosse representante do cristianismo no mundo por tantos séculos, o protestantismo por mais alguns, o pentecostalismo por uns... 

      Ajuste teu percurso para poder acertar o alvo, o alvo não é sermos membros reconhecidos por fidelidades em ministérios e igrejas, não é pagarmos dízimos assiduamente, não é mantermos comunidades e sustentarmos líderes, o alvo é o Altíssimo. Isso não significa que devemos deixar de frequentar igrejas, não necessariamente, mas significa que devemos olhar a realidade, aceitá-la e nos aproximarmos mais ainda do Senhor. Como? Não sendo presas de homens, e se para isso for necessário nos comprometermos menos com trabalhos e cargos em templos, que façamos isso, sem medo de desapontarmos homens e suas referências de espiritualidade, e com coragem para conhecermos mais a Deus. 

Crente diligente

      “Mas, graças a Deus, que pôs a mesma solicitude por vós no coração de Tito; pois aceitou a exortação, e muito diligente partiu voluntariamente para vós.” II Coríntios 8.16-17

      Quando realmente se faz necessário o cristão de verdade age, é proativo para o bem, toma iniciativa para ter misericórdia, para o amor, enquanto que outros, que até são bons de palavras mas que não têm corações benignos, se afastam, dizendo a eles mesmos, “esse problema não é meu, não tenho nada a ver com isso, nem vou me envolver”. Diligência, eis uma das marcas do que de fato segue a Jesus no estreito caminho do evangelho, e o cristão faz bem sem pensar muito, sem timidez, porque sabe que foi chamado para isso, que isso é cristianismo real. 

      Isso não significa que esse mesmo cristão diligente seja perfeito, acerte sempre, seja sempre justo, paciente, não seja vaidoso, não, ele é pecador como qualquer outra pessoa. Mas se há diferença em pecado, talvez o pecado do mal que se faz com sangue quente possa ser menor que o pecado que se comete no bem que não se faz com sangue frio. Com sangue frio pode-se pensar, quem pensa demais e acaba não fazendo o bem precisa rever seus valores, principalmente o considerar-se cristão. A verdade é que alguns dirigem suas vidas, não o Espírito Santo.

      Quem fala mais alto no teu coração? E não me refiro a pecado, alguns até dizem não ao pecado, mas não dizem sim ao bem que o próximo precisa, simplesmente por egoísmo. O bem pode ser um trabalho e como tal exigir de nós esforço, mesmo que nosso corpo esteja menos disposto, ou nosso emocional um pouco triste, se a voz do Espírito Santo manda devemos obedecer, e ela pode dizer claramente, “essa pessoa precisa de sua ajuda e você como cristão deve mostrar que o amor de Deus habita em ti, vença o cansaço e as dores pessoais e preste auxílio”. 

Ocupe-se com o bem

      “Trabalha em algo, para que o diabo te encontre sempre ocupado”, frase de São Jerônimo (ou Jerônimo de Estridão, 347-420), sacerdote, teólogo, historiador católico mais conhecido por sua tradução da Bíblia para o latim (versão Vulgata). Olhando pelo outro lado, outro jeito de dizer isso é: gente feliz não perturba os outros, assim a melhor ocupação é construir felicidade pessoal, quem é feliz não faz o papel do diabo na vida dos outros. As duas frases dizem algo semelhante ao que diz o provérbio popular, “mente vazia é oficina do diabo”, bem, resumindo tudo, ocupe-se com o bem! Contudo, não basta estar em atividades constantes, isso pode fazer mais mal que bem, é preciso sentir-se feliz com o que se faz, só assim estaremos prontos para ajudar os outros. 

      Em minha jornada pela vida, já me deparei com pessoas especialistas, especialistas sob seus pontos de vista, em aconselhar os outros, parece que sempre têm um jeito melhor para que os outros vivam suas vidas. Isso pressupõe que o jeito delas é melhor, mais inteligente, mais espiritual, e o jeito dos outros é pior, mais burro, mesmo mais carnal. Notei também que esses especialistas são justamente pessoas com vidas não muito bem resolvidas, e que nos assuntos que se acham “expert” são justamente assuntos que na prática eles têm pouca experiência, na verdade teorizam justamente sobre o que só conhecem por teoria. Infelizmente os cristãos têm a tendência de se acharem isso, especialistas em teorias sobre a vida melhor.

      Talvez esteja justamente aí o ponto, quem conhece a vida na prática, sabe que a vida não é fácil, simples ou totalmente solucionável, quem de fato viveu sabe que muitas vezes nem bons conselhos adiantam, mesmo que tenham embasamento prático. Nós pais, somos os que mais sofremos para entender que muitas vezes palavras não bastam, e que precisamos permitir que justamente aqueles que mais amamos, nossos filhos, tentem e errem, para só assim, praticando nas realidades deles e não nas nossas, aprendam o melhor jeito. O fator determinante de um bom ensino não é conhecimento, mas amor, quem ama, mesmo sem conhecimento, poderá ajudar, quem ama ajuda mesmo no silêncio, só ouvindo.

      É isso que quem opina sobre a vida alheia por motivos equivocados não pode fazer, amar, porque na verdade não quer ajudar, mas criticar, inveja pode levar alguns a se acharem conselheiros justamente de quem invejam. Quem quer dar esse tipo de conselho não quer o bem do outro, mas apenas fazer prevalecer seu ponto vista, para convencer a quem? A si mesmo, que seu jeito de viver é o correto e melhor que o do outro. Temos que tomar muito cuidado para não cairmos nesse erro, que não ajuda ninguém, às vezes é melhor só nos dispormos a ouvir o desabafo de alguém que está perdido, muitas vezes só o fato de alguém se ouvir basta para achar uma solução. Bem-aventurado o que ajuda em amor ouvindo em silêncio.