21/02/22

Lei do Cristo (22/90)

      “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.
Mateus 5.17
      “Não pensem que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, mas para cumprir.” 
v. Nova Almeida Atualizada 

      Após crítica desconstrutiva, não destrutiva, feita até aqui no estudo “Quem você será na eternidade?”, segue reflexão sobre a passagem que considero a mais objetiva da Bíblia para nos ajudar a construir nosso melhor homem interior. No texto bíblico postado no final desta reflexão, Jesus entrega a versão avançada das leis mosaicas, que permite à humanidade atingir o próximo nível de espiritualidade, possível a partir de sua vinda como homem. Na segunda parte de Mateus 5 Jesus começa dizendo que não veio ab-rogar, termo jurídico usado nas versões mais tradicionais da Bíblia, que significa revogar, fazer cessar a existência ou a obrigatoriedade de uma lei, fazer cair em desuso, assim ele não veio desprezar a lei, mas cumpri-la, e na verdade com ainda mais veemência. (Fiz uma reflexão sobre as bem-aventuranças, presentes na primeira parte de Mateus 5, em “Raiz, tronco ou galhos?”). 
      Matamos pessoas o tempo todo dentro de nós, e não pense que isso fica em segredo, intenção é mais poderosa que palavras, intenção pode se comunicar com o mundo espiritual e tanto fazer o bem, quanto o mal, com o mundo espiritual se comunica com o pensamento. Por isso Jesus reavaliou a mandamento não matarás, e matamos ainda antes de xingarmos alguém, de dizermos alguma palavras agressiva. Esse conhecimento é de suma importância para quem quiser conhecer mais profundamente a existência do ser humano, a relação dos planos, e principalmente, aquilo que define nossa qualidade moral e consequentemente quem seremos na eternidade. Muitos calam a boca, tomam esse cuidado, conseguem manter aparência de sabedoria e espiritualidade, de respeito com o outro, mas Deus sabe o que está em seus corações, quanto ódio, quanta inveja, quanto rancor, quanto homicídio. 
      Da mesma forma o adultério, nem precisa ser concretizado, basta intenção no coração e na mente, e meus queridos, não é justamente nosso interior quem o mal tem mais atacado, usando ferramentas eficientes como a internet e dispositivos móveis de telefonia? O vírus HIV, que levou as pessoas a se protegerem mais nas relações sexuais, a Covid 19, que encarcerou muitos em casa por causa do isolamento, e mesmo a falta de grana e o pouco tempo da vida moderna tão corrida, tudo isso tem construído um ser humano solitário. O consolo é a vida virtual, basta um celular conectado à rede mundial para que o divertimento seja achado e desfrutado. Assistir vídeos pornográficos e interagir com desconhecidos por webcams e textos coloca em prática o adultério tanto quanto ir ao motel e consumar o ato, o mal tem acabado mais com casamentos pela internet que com zonas de tolerância. Pecado mental é foco do mal, é o novo estilo de vida, e foi justamente contra isso que Jesus alertou-nos há quase dois mil anos atrás. 
      Que valor tem a palavra do homem hoje em dia? Não, não precisamos jurar por Deus ou por nossos pais, basta-nos nossa palavra, um sim ou um não. Jesus conduz crianças à maturidade, ensina que para gente crescida não há necessidade de ter aval de pais, basta-lhe ser correta, são ações nossas como homens de bem que testemunham que somos filhos de Deus. Contudo, como mentimos muitas vezes, nem sempre para obter algum benefício em negócio, mas por pura política, em nossas relações sociais, só para ficarmos bem com algumas pessoas, só por medo de perdermos aprovações caso digamos a verdade. Infelizmente não podemos estar bem com todos, não porque queremos fazer mal a alguém, mas porque não podemos ser aquilo que alguns querem que sejamos, não podemos prometer algo que não podemos cumprir. Temos que dizer a verdade, “eu não posso te ajudar nisso”, “não concordo com isso”, “não espere pois não vou conseguir fazer isso no prazo”, sim, sim, ou não, não, ainda que perdendo com isso. 
      Mas as duas últimas releituras que Jesus faz são as mais importantes, vão contra as leis mais enraizadas na concepção de vida dos israelitas da velha aliança. “Olho por olho e dente por dente” e “amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo”, uma se refere à justiça, a outra ao amor. Jesus tira a referência dessas virtudes do mundo, de um reino material na Terra, do contexto de uma nação escolhida lutando contra um inimigo que está nas demais nações, e lança a referência para o alto, para Deus, para o reino dos céus na eternidade. Tratarmos alguém, não do mesmo jeito que esse alguém nos trata, mas de maneira oposta, retornando ao mal, o bem, amando aquele que se coloca como nosso inimigo, pode não nos dar benefícios neste mundo, mas nos dará no outro. Isso é não fazer justiça com as próprias mãos aqui e confiar na justiça vindoura de Deus na eternidade, o que Jesus ensinou provocou uma revolução na concepção religiosa judaica e no mundo, que infelizmente muitos até hoje ainda não entendem. 
      O Cristo abriu os olhos dos homens para verem além de sua terra, de seus bens, além do coletivo de uma nação, e contemplarem a eternidade do reino do Altíssimo para cada indivíduo, indiferente da nação que o indivíduo pertença. O poder que realizaria essa revolução não seria o reinado de um descendente de Davi, com o mesmo ou maior poder político e religioso que esse no mundo, o poder seria o amor, de cada ser humano na Terra, judeu ou não, por outro ser humano. Isso é lindo demais, aleluia! Eis o caminho para construirmos o homem interior que seremos na eternidade, para darmos qualidade ao céu que mereceremos, e o consequente livramento de qualquer inferno, seja aqui ou no outro mundo. Ah se todos os cristãos entendessem isso, seriam libertados de religiões, de catolicismo, de protestantismo, de preconceitos, deixariam de se acharem donos de verdades espirituais, teriam uma comunhão com Deus de qualidade ímpar, viveriam de fato o reino de Deus ensinado por Jesus e mudariam o mundo. 

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      “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.
      “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério. Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
      “Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei; Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.
      “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra
      “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.

Mateus 5.21-22, 27-28, 33-37, 38-39, 43-45


Esta é a 22ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

20/02/22

Óculos ou antolhos? (21/90)

      “Ouve tu, filho meu, e sê sábio, e dirige no caminho o teu coração.” 
Provérbios 23.19

      O que você precisa para caminhar, de óculos ou de antolhos? Alguns seguem mesmo sem óculos, com dificuldade, mas vão em frente, fazendo as escolhas certas. É claro que quando admitem suas limitações, suas doenças, que começam a usar óculos, que não são parte original deles, mas acessórios adquiridos, a visão melhora e fazerem escolhas melhores fica-lhes mais fácil. Outros, mesmo com ótima visão, escolhem errado, confiam em si mesmos por terem mais capacidades naturais e não caminham para a direção certa. 
      O que está no fim do caminho ninguém sabe, nem o que enxerga bem, nem o que precisa de óculos, por isso escolhas refinam nossa jornada, mas isso ocorre aos poucos, cada novo trecho deve ser percorrido com escolhas melhores de fé e de boa intenção. Mas tem os que permitem que outros lhes ponham antolhos, aqueles acessórios que são colocados em cavalos e outros animais e que limitam a visão lateral desses, de modo que sigam com mais facilidade para a direção que o cavaleiro escolhe e dirige através do cabresto
      Não há nada de errado em adicionar acessórios externos ou subtrair tendências naturais do ser humano, para que esse fique mais eficiente para alcançar um objetivo, desde que isso seja vontade de Deus para fazer a vontade de Deus. O que Deus não quer que façamos não deve ser feito, nem que tenhamos em nós capacidades naturais para isso, nem usando outros meios. Da mesma forma, o que Deus quer que façamos pode ser feito deixando de usar tendências naturais assim como utilizando acessórios que nos completem. 
      Algumas pessoas precisam de antolhos, não vivem sem eles, infelizmente, no atual grau espiritual da humanidade, nível que já persiste por uns séculos, uma grande maioria de homens e de cristãos, não exerce religiosidade sem antolhos. Eles tornam a vida mais fácil, o que não se enxerga não é empecilho, “o que os olhos não veem o coração não sente”, como diz o ditado. Existem antolhos para todos os gostos e com preços variados, conforme a pompa religiosa que as pessoas querem exibir no mundo aos seus pares. 
      Se alguns ouvem, “o inferno eterno é um conceito que não casa com um amor irrestrito de Deus”, eles respondem, “mas minha religião diz que inferno existe para os que não amam a Deus”, como se o amor de Deus estivesse relacionado ao nosso amor por ele. Se fosse assim estaríamos todos em infinita condenação. Contudo, esses seguem argumentando, “somos salvos por fé em Cristo, isso nos dá o céu”, mas e quanto a tantos, que por um motivo ou outro, nunca ouviram uma palavra adequada sobre Cristo, o salvador?
      Não existe diálogo com quem usa antolhos e cabresto, eles verão o que escolheram enxergar quando permitiram que homens lhes colocassem tais acessórios religiosos. Contradizê-los só os levará a nos taxar de desviados, hereges e rebeldes. Uso de cabresto delega para o outro o direito de escolha, antolhos permitem que só se veja aquilo que se é conduzido a ver, assim não há necessidade de pensar, de orar, de reavaliar, de trabalhar, antolhos e cabresto infantilizam as pessoas, as distanciam da luz mais alta de Deus. 
      Só tem um jeito de se crescer espiritualmente, de se conhecer as verdades maiores de Deus e do mundo espiritual, caminhando-se só, fazendo escolhas baseadas em Deus, não nas religiões. Isso não significa não frequentar igrejas, mas é preciso separar as coisas, vida social necessária em que podemos aprender e ensinar convivendo com pares, com aquilo que somos de verdade e sabemos em Deus. A mais alta espiritualidade não se compartilha em púlpitos, mas guarda-se no coração como tesouro precioso que é. 
      Quando entendemos isso percebemos que nem tudo podemos contar, mesmo para irmãos de igreja, isso não é viver em hipocrisia, mas em sabedoria, entendendo que Deus usa as religiões, mas as religiões não são Deus. Se achar que está enxergando mal, adquira óculos, mas não use antolhos, escolha com sabedoria dada por Deus, mas não permita que outros escolham por você com cabresto. À liberdade somos chamados, para evoluirmos como indivíduos, sozinhos chegamos ao mundo e sozinhos partiremos para a eternidade. 

Esta é a 21ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

19/02/22

Livre-se do pesado lixo (20/90)

      “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” 
Mateus 5.8

      O que merece o inferno não é o ser humano, mas o lixo que ele pode acumular em si. Lixo são vícios, remorsos, rancores, ódios, invejas, adultérios, toda espécie de excessos que ainda que a princípio sejam necessidades físicas e afetivas, se transformam em obsessões quando controlam o homem, ao invés do homem controlá-los. A espiritualidade mais alta de Deus, como tantas vezes já dissemos, é gradativa, e é assim porque o Senhor nos conhece e sabe que não podemos administrar todos os conhecimentos e experiências da luz de uma vez. Isso seria mais para nossa perdição que para a nossa salvação, dessa forma ela é manifestada aos poucos, à medida que nossa prática moral se eleva. 
      Uma pena encharcada de sujeira no chão não pode flutuar, ainda que o vento bata nela, a chacoalhe, se estiver muito grudada na lama, pesada e desfigurada, continuará lá embaixo, quem a ver achará até que ela faz parte daquele lugar sujo, que ela é aquilo. Contudo, se uma chuva tranquila, não violenta que poderia iludi-la fazendo-a a princípio até achar que está sendo limpa, mas que depois, por causa do torrencial de água, poderia levá-la para mais fundo do lamaçal, se essa chuva caísse sobre a pena, pacientemente molhando-a, ela poderia ser limpa. Depois, raios mornos do Sol, não escaldantes, poderiam repousar sobre ela e secá-la, deixando-o limpa e leve, diferenciando-a do chão enlameado. 
      Deus permite que comecemos no chão, na lama, então ele usa a chuva de sua palavra, que nos santifica, e depois o Sol da inteligência, que separa as coisas, tira os excessos, mesmo de coisas que podemos achar boas, mas que também podem nos fazer pesar. O Senhor usa isso no tempo, na intensidade certa, lentamente, para que possamos ser desprendidos o suficiente de egoísmos, sensualidades e vaidades, e então, estarmos preparados, para que o vento do Espírito Santo, que também é delicado, perceptível só para os humildes, sopre em nós e nos levante. Só assim poderemos subir ao mais alto céu onde seremos conectados ao pássaro maior, junto de milhares outras penas, nossos irmãos.
      Qual o trabalho do ser para merecer a melhor eternidade? Livrar-se do lixo, tornar-se leve, o lixo não faz parte dele, não de sua essência espiritual original. Esse lixo é tudo que a existência material nos diz que é relevante, que podem ser até bons conhecimentos e boas vivências, não é só o mal explícito, mas que não poderá resistir à luz de Deus na eternidade. Somos acumuladores compulsivos, não conseguimos nos identificar sem agregarmos coisas a nós, assim, não é o José, mas o músico, não é a Maria, mas a professora, não é a Júlia, mas a engenheira, não é a Ana, mas a jornalista. Sem os títulos achamos que nada somos, que engano, títulos não vão para o céu, nosso espírito não precisa deles. 
      Ah, quanto lixo as pessoas levam com elas achando que são medalhas, espólios, valores que as definem, que as honram no mundo, quando são só inseguranças, recalques, vinganças, armas de submissão. Ainda que pensem não poderem ser fortes diante dos homens sem elas, são só lixo. Elas vão a cultos acumuladas assim, pregam e se usam como exemplos de espiritualidade entupidas de lixo, acreditam mesmo que são riquezas que Deus lhes deu e que merecem ter e exibir. Esse lixo se tornou parte delas de um jeito que não podem mais se levantar de manhã de suas camas sem ele, não é só capa, sapatos e roupas, é pele, carne, músculos, ossos e veias. Na eternidade bastará espíritos puros. 
      Títulos, assim com bens, aparência externa, aprovação humana, mesmo religiosidade, se forem usados como objetos de vaidade, não como ferramentas para auxiliar o próximo, não purificam nossas almas, não as deixam mais leves, mas só as fazem pesar, pesado ninguém vê a Deus. O que mantém os homens no inferno? O peso do lixo. Só os leves suficientes para subirem para o amor de Deus acharão na eternidade a luz mais alta, a paz, a felicidade. Como ser leve? Por Jesus, aprendendo pelo exemplo de sua vida como homem, colocando-se na presença de Deus pelo seu nome, para então poder subir, pelo caminho do Espírito Santo, ao céu, isso inicia-se ainda neste mundo, aos que querem. 

Esta é a 20ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

18/02/22

Princípios eternos (19/90)

      “Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.” “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?
  João 11.3-4, 25-26

      A existência no mundo é uma internação hospitalar! Na Terra somos todos enfermos precisando de tratamento, se não fosse assim não estaríamos aqui. Negar isso é negar a encarnação, é negar a doença, é negar a cura, é negar a vida. Muitos estão neste mundo achando-se sadios, apoiados por ideologias que pregam que não existem doenças, não neles, mas nos outros, e que por isso têm condições de militarem por causas de todos. Essa doutrinação, talvez a principal estratégia do mal atual justamente por se disfarçar de bem, entrega poder ao indivíduo, principalmente a indivíduos desrespeitados por preconceitos históricos, coloca muitas vezes Deus fora da equação. Por isso, não pela falta de legitimidade das causas, muitos morrem, não se assumem doentes, não buscam cura, e se consideram médicos aptos para cuidar dos outros. 
      Vida eterna não tem nas virtudes a causa, vida e virtudes são efeitos de Deus! Virtudes, negando Deus, são morte, o homem só pode adquirir vida caminhando para Deus, para o alto onde as virtudes estão. Longe de Deus não existe vida, ainda que se tenha boas intenções, que se lute por justiça, que se respeite a razoabilidade e a ciência. Para conquistar o mundo e a eternidade nossa essência espiritual usa como ferramenta a inteligência humana, mas a inteligência não pode usar o espírito. Infelizmente, após séculos achando que Deus se encontra num cristianismo de homens, muitos se convenceram que fé e ciência são opositores, dessa forma hoje muitos pensam que espiritualidade é ignorância, que não há conciliação entre um homem racional e lúcido e um ser humano crédulo em Deus e com moralidade evangélica. 
      Nossa condição de morte neste mundo não é para a condenação, mas para a salvação! Todos nós podemos ser salvos, Jesus mostrou o caminho quando se encarnou e continua mostrando pelo Espírito Santo. O texto inicial dá ensinos reveladores que vão muito além da interpretação que a tradição cristã dá a ele, principalmente sobre a ressurreição. “Todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá”, cremos nisso? De verdade? O que é a morte senão escolha de distanciamento de Deus? E nessa posição não existe necessariamente coisas ruins, muitos estão longe de Deus e desfrutam, não só de prosperidade material, fruto de seu trabalho honesto, como paz para lutarem por causas nobres. Mas esses têm paz interior? Não, porque não existe paz longe de Deus, por isso estão em trevas, ainda que se considerem iluminados. 
      O inferno aloja-se naturalmente em quem não adora a Deus! Inferno não é um lugar só para fascínoras, abusadores, viciados, gente má e perdida, entretanto, adorar a Deus é muito mais que cantar hinos, ser assíduo em missas e cultos, mesmo orar em nome do Cristo. Adorar é estar em íntima comunhão com Deus pelo Espírito Santo, não é uma condição estática de contemplação, ainda que isso possa ser o primeiro passo. A maioria dos cristãos, contudo, para aí, acha que o fim da espiritualidade seja justamente aquilo que é só o início, por isso acaba presa de dogmas, superstições e medos do desconhecido. Muitos provarão “infernos” após a morte do corpo, ainda que estivessem certos, em seus últimos momentos encarnados, sobre seus direitos ao “céu”, porque só tinham fria certeza intelectual, não convicção espiritual viva. 
      Disse Jesus, “sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”! “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas”, eu, você, todos estamos enfermos, e todos somos sempre amados por Deus, “crês tu isto?” Muitos cristãos não creem, ainda que confiem em dogmas, já que isso não é necessariamente fé que salva, mesmo que tais dogmas tenham sido narrativas relevantes para homens do passado. Eis dois princípios eternos: livre arbítrio, que permite ao ser humano escolher sempre, e amor divino, que permite a Jesus salvar sempre. Quando ambos se cruzam a eternidade interior é alterada, esteja o homem onde estiver. Leve o dogma à presença de Deus e peça que ele te mostre a verdade, se fizer isso com fé e sem medo, entenderá um desconhecido sobre o qual até agora você só pôs um olhar supersticioso. 

Esta é a 19ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

17/02/22

Imaginação humana (18/90)

       “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” 
Jeremias 17.9-10

      Medo é uma mentira, principalmente o medo do desconhecido, medo legítimo é aquele que temos de algo real e que sabemos, por experiência própria ou dos outros, que pode nos causar algum dano, se não tomarmos cuidado, assim o medo é um sistema que nos alerta a permanecermos a uma distância segura. Mas temermos algo simplesmente porque não sabemos o que é e que não devemos nem tentar saber, só termos medo e permanecermos ignorantes a respeito, é irracional, principalmente se refere-se ao plano espiritual, campo de subjetividade, que um não pode conhecer pelo outro, que é necessário que cada um tenha sua experiência pessoal. 
      O medo do desconhecido é algo que tem origem, não na realidade física, mas em nossas mentes. Por não sabermos o que é, imaginamos, e é na imaginação que são criados monstros diabólicos. As imagens mais antigas e mais comuns que a maioria das pessoas tem do diabo, foram criadas pelo imaginário popular antigo, e que tornando-se mitos foram preservadas e usadas também por religiões, incluindo as cristãs. O diabo é de fato vermelho, com rabo, pés e chifres de bode, com rosto e corpo de homem? Não, mas é essa imagem que foi criada e mantida pela imaginação humana, o mesmo ocorre com o inferno e suas chamas eternas cheirando enxofre. 
      O que é discernimento espiritual real e o que é sentimento físico disparado pela imaginação? É do diabo e do inferno que temos medo ou daquilo que imaginamos que sejam eles? A psicologia abriu nossas cabeças (nos dois sentidos) para entendermos uma parte tão abstrata do ser humano, que sentimos que está localizada em nossos cérebros. Eu disse sentimos, se nossos pensamentos e sentimentos são de fato só efeitos de química e de eletricidade em nossos cérebros, ou se são expressões da alma ou do espírito, ainda não temos certeza. A verdade é que nosso mundo mental é muito forte, e ainda que seja só invenção de nossa mente, parece real e fisico para nós. 
      A pergunta a ser respondida é: tememos seres e lugares espirituais reais ou só imaginações humanas manipuladas por igrejas de homens? O plano espiritual é de conhecimento gradativo, e é assim para proteger verdades de tolos e tolos de verdades, o outro mundo não é um plano aberto para todos e facilmente. Deus assim construiu o universo, por isso conseguimos entender coisas materiais com a ciência, mas não podemos usar a mesma ferramenta para entendermos coisas espirituais, ainda que o caminho para todas as verdades ilumine-se pela razão. Ferramentas para o espiritual são espirituais e para a espiritualidade mais alta é o Espírito Santo. 
      Muitos protestantes limitam suas experiências com Deus usando a intelectualidade, com um estudo científico da Bíblia oficial e orando de forma racional, e sim, Deus os ouve e os abençoa, mas seu crescimento espiritual fica limitado, conduzindo eles experiência com o divino assim. Para um cristão dito tradicional, ter experiência com dons do Espírito Santo é algo difícil, barreiras emocionais não foram ainda superadas, e a princípio, muitos desses, ouvindo alguém falar em línguas estranhas, podem achar que não é coisa de Deus. A verdade é que tem muito batista e presbiteriano que acha que alguém em êxtase espiritual, louvando e profetizando, está possesso.
      O que se passa na cabeça dos que entendem dons do Espírito como manifestações demoníacas? Imagens, sensações, sons de coisas ruins, seu mundo mental interior refletirá seu grau de experiência espiritual e com Deus. O interessante é que o contrário também pode ocorrer, um crente pentecostal, num culto protestante tradicional, apesar de ficar encantado com o conhecimento bíblico dos pregadores, sentirá no ambiente frieza quase católica, ouvirá no silêncio do templo, não respeito com as coisas de Deus, mas distanciamento espiritual, ausência do Espírito Santo. Tudo é uma questão de como as mentes interpretam as coisas, e não da realidade em si.
      Alguém espiritualmente maduro e racionalmente lúcido, fará uma interpretação mental equilibrada, experimentará coerência entre o que seus sentidos físicos percebem do exterior e o que seu mundo mental interior discerne. Quando vemos e sentimos a verdade, portas para verdades maiores são abertas, o medo enganoso se vai e a realidade por trás do véu é revelada. A porta para o mundo espiritual é criada e é aberta através de ferramentas mentais. Por isso aquele que quer conhecer Deus precisa libertar-se de dogmas, superstições e do medo do desconhecido, não usando imaginações preconceituosas como base, mas estando aberto e protegido pela luz de Deus. 
      Só existe um jeito de conhecermos a Deus, buscando diretamente a ele, sem amarras religiosas ou entendimentos pré-concebidos, e só pelo nome único e poderoso de Jesus. Aos que querem ver, a luz lhes é mostrada, aos que querem ouvir, a verdade lhes é dita. Quem você será na eternidade? A clareza como isso será manifestado a você, quando estiver no plano espiritual, está diretamente relacionada com a intimidade espiritual que você construiu no mundo, através de oração que dá liberdade ao Espírito Santo, e prática de amor e fidelidade às alianças. Mas lembre-se, com coisas espirituais interagimos de um jeito espiritual, não com mera imaginação humana. 

Esta é a 18ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

16/02/22

Serviço sujo do diabo? (17/90)

      “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.
  Isaías 45.7

      Por que a maioria dos cristãos, católicos, protestantes e evangélicos, tem aversão às religiões espíritas, tanto às de origem africana quanto ao Kardecismo? Quem tem uma ligação emocional sincera com a fé cristã, que experimenta sua proteção por anos, que ama Jesus como único e pleno salvador, que foi ensinado que espíritos não podem ser contatados e que o diabo pode enganar se isso for tentado, no mínimo terá dificuldades para aceitar reencarnação e comunicação com os mortos. De um certo modo isso é uma proteção, de um Deus que atrai os homens a si por crenças diferentes, quando eles alcançam um nível moral numa crença, ele os guarda, como pai zeloso, para que não se percam. 
      Todavia, muitos cristãos não se dão conta, mas a figura mais importante do cristianismo católico-protestante pode não ser Deus ou Jesus, mas o diabo. Não estou dizendo com isso que o diabo tenha mais poder que Deus, de maneira alguma, mas que a maioria das crenças cristãs existem por causa das obras do diabo. Se numa possibilidade, tirássemos o diabo da equação e o substituíssemos pela maldade humana, por escolhas erradas do homem, que consequentemente deixam culpa e dor no homem, todo o cristianismo poderia mudar, isso ainda que continuassem existindo o conceito de pecado e as consequências dele, condenação para os que persistem nele e salvação para os que o deixam. 
      O conceito “diabo”, principalmente o construído e mantido pela igreja católica, que o protestantismo não refutou, é um poço onde se lança tudo que não se pode aliar a Deus, para não se opor com o conceito de um Deus bondoso. Se esse Deus não pode condenar, então é o diabo que assedia, convence e conduz ao inferno, se esse Deus não pode conter as trevas e o sofrimento, é o diabo quem conduz para longe da luz e faz sofrer, vivos e mortos. Mas algo é preciso que assumamos sobre o diabo, por mais poderes que os homens possam dar a ele, conforme a teologia cristã tradicional, ele não criou a si mesmo e nem mais nada. Diabo, inferno e penas eternas são criações do único criador, o Senhor.
      A grande maioria dos cristãos não vê incoerência nisso, porque não pensa profundamente em teologia. Para essa maioria teologia tem a ver com história e geografia bíblica daquilo que está no cânone bíblico, ela não filosofa nos valores morais, para ela filosofar é pecado, é desconfiar da Bíblia, é colocar em dúvida dogmas. Protestantes são tão dogmatizados quanto os católicos, não se iludam com relação a isso, e o principal dogma deles é o que diz que a Bíblia, não o papa, é infalível, trocaram um líder pela palavra escrita. Bibliolatria é o engano que mais cega cristãos, e esses não reavaliam isso por medo, por isso creem cegamente na Bíblia, não entendendo que o Espírito Santo vai além dela. 
      Diabo é conceito criado para fazer todo serviço “sujo” que Deus não pode fazer, já que se Deus fizesse causaria uma incoerência na teologia. Mas se Deus criou o diabo, o inferno e as penas eternas, é porque em alguma instância há em Deus o mal, ninguém pode criar algo sem conter isso em si. Contudo, pode-se argumentar, “mas Deus não é mau por ter criado coisas más, ele fez isso para punir os maus”, isso é válido numa teologia que vê o ser com só uma oportunidade de encarnação, vindo depois disso o juízo (Hebreus 9.27). Conforme o cristianismo tradicional, o homem tem uma única chance, se não escolher certo é condenado, o mesmo Deus que ama por um tempo, castiga para sempre. 
      Mas pense um pouco mais a respeito, se só há uma oportunidade dada por um Deus justo, ela deveria ser igual para todos, com condições iguais que permitam que todos façam uma escolha justa, assim a responsabilidade do efeito eterno da escolha seria justa e só do homem. Entretanto, pense bem, será que todas as pessoas, e não só as do nosso tempo, mas as de todos os tempos e de todos os lugares do planeta, nascem com condições e oportunidades iguais, sejam físicas, emocionais, financeiras, intelectuais ou morais, para que possam ter as mesmas e justas capacidades de escolha, que permitam que todas, caso queiram, façam a melhor escolha, de salvação e não de condenação? 
      Respondamos a outra pergunta: alguém, que nasce numa aldeia paupérrima de um país africano, tem as mesmas capacidades para escolha, as mesmas necessidades de vida, que tem um norte-americano nascido num apartamento próximo ao Central Park em Nova Iorque? Esse africano já ouviu falar de Jesus em sua vida, já teve alguma orientação religiosa que não fosse a do xamã de sua aldeia? E ainda que tenha sido evangelizado, será que esse aldeão busca de Deus as mesmas coisas que busca um homem de classe média-alta que reside no centro da ilha de Manhattan? Basta que assistamos a uma edição de um telejornal para sabermos as diferenças de sofrimentos dos seres humanos no planeta. 
      Confronte realidade com o que muitos creem só porque as igrejas ensinam que é a verdade, faça isso com sensatez, com equilíbrio, depois coloque-se no lugar do outro, não como cristão com certeza de salvação e que crê que vai ao céu após a morte, mas como aquele que não teve oportunidade para ter condições justas de escolher acreditar em Deus por Jesus. Será que não temos qualquer dúvida naquilo que o dogma nos ensina, depois de confrontarmos a realidade com o dogma, e de nos pormos no lugar daquele que o dogma diz estar condenado eternamente ao inferno? Se houver dúvida talvez seja momento de você saber o que dizem religiões demonizadas pelo senso comum cristão a respeito.

Esta é a 17ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

15/02/22

Dogma, superstição, medo e desconhecido (16/90)

      “Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” 
II Coríntios 3.16-18

      “A superstição geralmente está associada à suposição de que alguma força sobrenatural, que pode inclusive ser de origem religiosa, agiu para promover a suposta causalidade. Superstições são, por definição, não fundamentadas em verificação de qualquer espécie. Elas podem estar baseadas em tradições populares, normalmente relacionadas com o pensamento mágico. Para os céticos, em geral superstições podem ser quaisquer crenças no fato de que certas ações (voluntárias ou não) tais como rezas, curas, conjuros, feitiços, maldições ou outros rituais, possam influenciar de maneira transcendental a vida de uma pessoa. Por outro lado, a superstição também pode ser definida como "um desvio do sentimento religioso que consiste em atribuir a certas práticas uma espécie de poder mágico, ou pelo menos uma eficácia sem razão". Assim, a superstição seria uma opinião de cunho religioso, mas que, mesmo dentro da visão cosmológica daquela religião, seria fundada em preconceitos, de modo a atribuir relações Causalidade a eventos meramente fortuitos.” Fonte Wikipedia  

      O falso cristianismo de igrejas de homens, não aquele do verdadeiro Cristo, mantém poder sobre os homens através do medo, o maior medo que o homem tem é do desconhecido, o desconhecimento que mais aterroriza o ser humano é o desconhecimento do plano espiritual. A Igreja Católica governa através de dogmas e superstições, por um ela fecha, restringe, por outro ela abre, mas não para amadurecer, para infantilizar. O dogma conduz o homem a ter medo do que sabe, a superstição conduz o homem a ter medo do que não sabe, mas ambos são baseados em mentiras, ambos precipitam o ser humano na angústia de ter que tentar viver algo impossível, irrazoável, injusto.
      Dogma religioso é uma lei, uma ordem, que desobedecida, castiga, manda aceitar, não pensar, acreditar, não conhecer. Superstição atribui qualquer coisa como causa de qualquer coisa, não porque se averiguou e entendeu, mas só porque se acostumou a crer de certa maneira. Medo é se sentir em perigo, nesta reflexão não necessariamente porque algo pode causar um mal, mas porque dogma ou superstição dizem que podem. Também nesta reflexão, desconhecido nos remete à ideia do nada, do invisível, de algo que não sabemos que duração ou que dimensões possui, que mesmo que tenha sido definido por dogmas e superstições deixa desconfortáveis nossos sentidos físicos. 
      Dogma, medo e desconhecido estão relacionados, podemos temer algo que nos é desconhecido porque não é definido ou permitido por um dogma, nisso tudo se cria uma superstição. Superstição é trevas, intelectuais e espirituais, ainda que contenha alguma orientação moral, mesmo essa é infantil, limitada. Por que temos medo de fantasma? Porque não sabemos o que é, nos é desconhecido e é porque um dogma não nos autoriza a acreditar que exista, e se não existe, conforme o dogma, não podemos interagir com ele. Mas isso não impede-nos de termos superstições sobre fantasmas, entendimentos paralelos ao dogma, que satisfazem mais nossa curiosidade que o dogma. 
      Superstição é mentira, é filha bastarda do dogma, e esse, ainda que pretenda ser verdade única, é quem pari o engano. Dogma é pai egoísta que gera filho e o abandona no desconhecido, levando o órfão amedrontado a buscar abrigo nos braços da superstição. Dogma quer o homem sempre num berço, e ainda que esse cresça terá que se conformar com o ridículo de ser tratado como um bebê, ainda que seja livre será tratado como dependente. Preso na cela do dogma, o homem desconhece o que tem lá fora e teme, ainda que haja um lindo jardim, com árvores frutíferas e um rio de águas limpas e frescas, se limitará a alimentar-se da ração da superstição, que o leva à inanição. 
      O falso cristianismo de igrejas de homens é morto, um morto não pode gerar, nem compartilhar vida, por isso cria dogmas, alimenta o medo do desconhecido e dá legalidade a superstições. Esse falso cristianismo nega o Espírito Santo, ainda que ensine valores morais evangélicos, mas do que adianta melhorar a ração quando o que come está encarcerado? Só tornará o condenado mais frustrado, por ver que até pode amar, mas limitado pelo que a religião ensina sobre o amor de Deus. Amor que manda pro inferno que não o aceita é limitado. O Espírito Santo é liberdade para viver, vida é conhecer a Deus, só conhecemos caminhando para a luz espiritual mais alta. 
      Será que o apóstolo-teólogo Paulo tinha noção da profundidade do texto inicial acima que escreveu? Penso que o Espírito Santo achou liberdade nele para lhe dar uma revelação, mas talvez Paulo pensasse só se referir ao assunto do contexto, a supremacia da nova aliança sobre a velha, a superioridade do vivo Espírito Santo no homem interior sobre a lei em pedras ou em pergaminhos. Só isso já é maravilhoso, mas é mais que isso. Converter-se ao Altíssimo é ter liberdade pelo Espírito Santo, é olhar para Deus sem véu, é refletir a glória do Senhor e ser transformado por uma experiência que nos liberta da carne, da matéria, e nos conduz à espiritualidade mais elevada.
      Se os cristãos entendessem de fato o que é ser livre no Espírito Santo, não haveria jugo desmedido de religião, dogma castrador, medo do desconhecido nem superstição infantil, haveria vida eterna, não morte, haveria amor, não condenação. Quem você será na eternidade? Será você e receberá por isso o tratamento, em primeiro lugar justo, e depois, amoroso de Deus, que irradia sua luz para todos os seres humanos atraindo-os a si. O Espírito Santo te dá liberdade para escolher hoje a quem servir, se ao homem, ou a Deus, para que possa a cada dia ser alguém melhor, útil para si, para os outros e para o Senhor. Esteja em paz, tua vocação é para a vida, não para a morte. 

Esta é a 16ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021