quinta-feira, fevereiro 17, 2022

Imaginação humana (18/90)

       “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” 
Jeremias 17.9-10

      Medo é uma mentira, principalmente o medo do desconhecido, medo legítimo é aquele que temos de algo real e que sabemos, por experiência própria ou dos outros, que pode nos causar algum dano, se não tomarmos cuidado, assim o medo é um sistema que nos alerta a permanecermos a uma distância segura. Mas temermos algo simplesmente porque não sabemos o que é e que não devemos nem tentar saber, só termos medo e permanecermos ignorantes a respeito, é irracional, principalmente se refere-se ao plano espiritual, campo de subjetividade, que um não pode conhecer pelo outro, que é necessário que cada um tenha sua experiência pessoal. 
      O medo do desconhecido é algo que tem origem, não na realidade física, mas em nossas mentes. Por não sabermos o que é, imaginamos, e é na imaginação que são criados monstros diabólicos. As imagens mais antigas e mais comuns que a maioria das pessoas tem do diabo, foram criadas pelo imaginário popular antigo, e que tornando-se mitos foram preservadas e usadas também por religiões, incluindo as cristãs. O diabo é de fato vermelho, com rabo, pés e chifres de bode, com rosto e corpo de homem? Não, mas é essa imagem que foi criada e mantida pela imaginação humana, o mesmo ocorre com o inferno e suas chamas eternas cheirando enxofre. 
      O que é discernimento espiritual real e o que é sentimento físico disparado pela imaginação? É do diabo e do inferno que temos medo ou daquilo que imaginamos que sejam eles? A psicologia abriu nossas cabeças (nos dois sentidos) para entendermos uma parte tão abstrata do ser humano, que sentimos que está localizada em nossos cérebros. Eu disse sentimos, se nossos pensamentos e sentimentos são de fato só efeitos de química e de eletricidade em nossos cérebros, ou se são expressões da alma ou do espírito, ainda não temos certeza. A verdade é que nosso mundo mental é muito forte, e ainda que seja só invenção de nossa mente, parece real e fisico para nós. 
      A pergunta a ser respondida é: tememos seres e lugares espirituais reais ou só imaginações humanas manipuladas por igrejas de homens? O plano espiritual é de conhecimento gradativo, e é assim para proteger verdades de tolos e tolos de verdades, o outro mundo não é um plano aberto para todos e facilmente. Deus assim construiu o universo, por isso conseguimos entender coisas materiais com a ciência, mas não podemos usar a mesma ferramenta para entendermos coisas espirituais, ainda que o caminho para todas as verdades ilumine-se pela razão. Ferramentas para o espiritual são espirituais e para a espiritualidade mais alta é o Espírito Santo. 
      Muitos protestantes limitam suas experiências com Deus usando a intelectualidade, com um estudo científico da Bíblia oficial e orando de forma racional, e sim, Deus os ouve e os abençoa, mas seu crescimento espiritual fica limitado, conduzindo eles experiência com o divino assim. Para um cristão dito tradicional, ter experiência com dons do Espírito Santo é algo difícil, barreiras emocionais não foram ainda superadas, e a princípio, muitos desses, ouvindo alguém falar em línguas estranhas, podem achar que não é coisa de Deus. A verdade é que tem muito batista e presbiteriano que acha que alguém em êxtase espiritual, louvando e profetizando, está possesso.
      O que se passa na cabeça dos que entendem dons do Espírito como manifestações demoníacas? Imagens, sensações, sons de coisas ruins, seu mundo mental interior refletirá seu grau de experiência espiritual e com Deus. O interessante é que o contrário também pode ocorrer, um crente pentecostal, num culto protestante tradicional, apesar de ficar encantado com o conhecimento bíblico dos pregadores, sentirá no ambiente frieza quase católica, ouvirá no silêncio do templo, não respeito com as coisas de Deus, mas distanciamento espiritual, ausência do Espírito Santo. Tudo é uma questão de como as mentes interpretam as coisas, e não da realidade em si.
      Alguém espiritualmente maduro e racionalmente lúcido, fará uma interpretação mental equilibrada, experimentará coerência entre o que seus sentidos físicos percebem do exterior e o que seu mundo mental interior discerne. Quando vemos e sentimos a verdade, portas para verdades maiores são abertas, o medo enganoso se vai e a realidade por trás do véu é revelada. A porta para o mundo espiritual é criada e é aberta através de ferramentas mentais. Por isso aquele que quer conhecer Deus precisa libertar-se de dogmas, superstições e do medo do desconhecido, não usando imaginações preconceituosas como base, mas estando aberto e protegido pela luz de Deus. 
      Só existe um jeito de conhecermos a Deus, buscando diretamente a ele, sem amarras religiosas ou entendimentos pré-concebidos, e só pelo nome único e poderoso de Jesus. Aos que querem ver, a luz lhes é mostrada, aos que querem ouvir, a verdade lhes é dita. Quem você será na eternidade? A clareza como isso será manifestado a você, quando estiver no plano espiritual, está diretamente relacionada com a intimidade espiritual que você construiu no mundo, através de oração que dá liberdade ao Espírito Santo, e prática de amor e fidelidade às alianças. Mas lembre-se, com coisas espirituais interagimos de um jeito espiritual, não com mera imaginação humana. 

Esta é a 18ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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