terça-feira, fevereiro 15, 2022

Dogma, superstição, medo e desconhecido (16/90)

      “Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” 
II Coríntios 3.16-18

      “A superstição geralmente está associada à suposição de que alguma força sobrenatural, que pode inclusive ser de origem religiosa, agiu para promover a suposta causalidade. Superstições são, por definição, não fundamentadas em verificação de qualquer espécie. Elas podem estar baseadas em tradições populares, normalmente relacionadas com o pensamento mágico. Para os céticos, em geral superstições podem ser quaisquer crenças no fato de que certas ações (voluntárias ou não) tais como rezas, curas, conjuros, feitiços, maldições ou outros rituais, possam influenciar de maneira transcendental a vida de uma pessoa. Por outro lado, a superstição também pode ser definida como "um desvio do sentimento religioso que consiste em atribuir a certas práticas uma espécie de poder mágico, ou pelo menos uma eficácia sem razão". Assim, a superstição seria uma opinião de cunho religioso, mas que, mesmo dentro da visão cosmológica daquela religião, seria fundada em preconceitos, de modo a atribuir relações Causalidade a eventos meramente fortuitos.” Fonte Wikipedia  

      O falso cristianismo de igrejas de homens, não aquele do verdadeiro Cristo, mantém poder sobre os homens através do medo, o maior medo que o homem tem é do desconhecido, o desconhecimento que mais aterroriza o ser humano é o desconhecimento do plano espiritual. A Igreja Católica governa através de dogmas e superstições, por um ela fecha, restringe, por outro ela abre, mas não para amadurecer, para infantilizar. O dogma conduz o homem a ter medo do que sabe, a superstição conduz o homem a ter medo do que não sabe, mas ambos são baseados em mentiras, ambos precipitam o ser humano na angústia de ter que tentar viver algo impossível, irrazoável, injusto.
      Dogma religioso é uma lei, uma ordem, que desobedecida, castiga, manda aceitar, não pensar, acreditar, não conhecer. Superstição atribui qualquer coisa como causa de qualquer coisa, não porque se averiguou e entendeu, mas só porque se acostumou a crer de certa maneira. Medo é se sentir em perigo, nesta reflexão não necessariamente porque algo pode causar um mal, mas porque dogma ou superstição dizem que podem. Também nesta reflexão, desconhecido nos remete à ideia do nada, do invisível, de algo que não sabemos que duração ou que dimensões possui, que mesmo que tenha sido definido por dogmas e superstições deixa desconfortáveis nossos sentidos físicos. 
      Dogma, medo e desconhecido estão relacionados, podemos temer algo que nos é desconhecido porque não é definido ou permitido por um dogma, nisso tudo se cria uma superstição. Superstição é trevas, intelectuais e espirituais, ainda que contenha alguma orientação moral, mesmo essa é infantil, limitada. Por que temos medo de fantasma? Porque não sabemos o que é, nos é desconhecido e é porque um dogma não nos autoriza a acreditar que exista, e se não existe, conforme o dogma, não podemos interagir com ele. Mas isso não impede-nos de termos superstições sobre fantasmas, entendimentos paralelos ao dogma, que satisfazem mais nossa curiosidade que o dogma. 
      Superstição é mentira, é filha bastarda do dogma, e esse, ainda que pretenda ser verdade única, é quem pari o engano. Dogma é pai egoísta que gera filho e o abandona no desconhecido, levando o órfão amedrontado a buscar abrigo nos braços da superstição. Dogma quer o homem sempre num berço, e ainda que esse cresça terá que se conformar com o ridículo de ser tratado como um bebê, ainda que seja livre será tratado como dependente. Preso na cela do dogma, o homem desconhece o que tem lá fora e teme, ainda que haja um lindo jardim, com árvores frutíferas e um rio de águas limpas e frescas, se limitará a alimentar-se da ração da superstição, que o leva à inanição. 
      O falso cristianismo de igrejas de homens é morto, um morto não pode gerar, nem compartilhar vida, por isso cria dogmas, alimenta o medo do desconhecido e dá legalidade a superstições. Esse falso cristianismo nega o Espírito Santo, ainda que ensine valores morais evangélicos, mas do que adianta melhorar a ração quando o que come está encarcerado? Só tornará o condenado mais frustrado, por ver que até pode amar, mas limitado pelo que a religião ensina sobre o amor de Deus. Amor que manda pro inferno que não o aceita é limitado. O Espírito Santo é liberdade para viver, vida é conhecer a Deus, só conhecemos caminhando para a luz espiritual mais alta. 
      Será que o apóstolo-teólogo Paulo tinha noção da profundidade do texto inicial acima que escreveu? Penso que o Espírito Santo achou liberdade nele para lhe dar uma revelação, mas talvez Paulo pensasse só se referir ao assunto do contexto, a supremacia da nova aliança sobre a velha, a superioridade do vivo Espírito Santo no homem interior sobre a lei em pedras ou em pergaminhos. Só isso já é maravilhoso, mas é mais que isso. Converter-se ao Altíssimo é ter liberdade pelo Espírito Santo, é olhar para Deus sem véu, é refletir a glória do Senhor e ser transformado por uma experiência que nos liberta da carne, da matéria, e nos conduz à espiritualidade mais elevada.
      Se os cristãos entendessem de fato o que é ser livre no Espírito Santo, não haveria jugo desmedido de religião, dogma castrador, medo do desconhecido nem superstição infantil, haveria vida eterna, não morte, haveria amor, não condenação. Quem você será na eternidade? Será você e receberá por isso o tratamento, em primeiro lugar justo, e depois, amoroso de Deus, que irradia sua luz para todos os seres humanos atraindo-os a si. O Espírito Santo te dá liberdade para escolher hoje a quem servir, se ao homem, ou a Deus, para que possa a cada dia ser alguém melhor, útil para si, para os outros e para o Senhor. Esteja em paz, tua vocação é para a vida, não para a morte. 

Esta é a 16ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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