18/09/22

Obra de Deus, não de homens (49/92)

      “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas. Acautelai-vos, porém, dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas; e sereis até conduzidos à presença dos governadores, mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como, ou o que haveis de falar, porque naquela mesma hora vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.” Mateus 10.16-20

      A verdade é que não podemos ter o céu na Terra, aquele céu que cristãos imaginam que existirá baseados nas profecias de Apocalipse, com ruas e castelos de ouro e pedras preciosas e com uma multidão entoando hinos de louvor. O Vaticano é exemplo explícito da tentativa de se criar o céu na Terra, assim como as luxuosos catedrais católicas distribuídas pelo planeta. Mas não escapam disso os protestantes, nos E.U.A., na Coréia do Sul, no Brasil, por exemplo, com enormes templos. Isso tudo é realmente necessário? 
      Mas não é só o cristianismo que cai nessa tentação, outras religiões também perdem a intenção sincera e simples do início e se tornam presas de institucionalizações, tentando se empoderar no mundo, criando convenções e confederações, adquirindo editoras de livros, canais de televisão etc. Isso tudo produz riqueza material, que até poderia ser usada para caridade e auxílio aos necessitados, mas dificilmente o homem resiste à tentação, e nem é a do dinheiro, mas a da vaidade de ser reconhecido como importante no mundo. 
      Existe sinceridade em muitas instituições religiosas, muitas delas são bem mais humildes e sensatas que a Igreja Católica, isso é verdade. Uma revelação também precisa de ferramentas para ser compartilhada, livros ainda são o meio mais eficiente e duradouro, editados na maior número de idiomas possível, compartilhados não só em papel, mas em arquivos digitais pela internet. Mas será que é preciso mais que isso? Que as pessoas pratiquem o que creem, se reúnam em grupos pequenos, deem liberdade ao Espírito. 
      Podem argumentar, “se deixarmos a coisa correr solta ela se perde”, a esses eu respondo que sim, nos primeiros momentos, aqueles que receberam as fontes originais, devem ter cuidado, mas isso não pode ser mantido para sempre. Em menos de um século, Pedro, João e Paulo, por exemplo, faleceram, o que ficou foram seus textos, o trabalho que começou em Deus é mantido por ele, não por homens. Contudo, em algum momento o homem se acha dono da revelação, assim cria uma instituição para controlar as coisas. 
      Alguém pode me acusar de utópico, de estar fora da realidade, mas experiência espiritual não é isso? Um ideal de vida que nos é ensinado por um plano invisível, fora da realidade do mundo material? Que o espiritual seja de fato espiritual, que os seres humanos no mundo físico vejam só os frutos disso, amor, paz, santidade, virtudes morais. Jesus homem existiu assim, vivendo e ensinando, sem vaidades, sem religião, só ele, o pai e aqueles que o pai lhe dava e que estavam prontos para aprenderem sobre a vida eterna.
      No texto bíblico inicial Jesus dá uma orientação simples aos primeiros que enviou como missionários, principalmente quando fossem pressionados pelos homens maus do mundo. Se fazemos uma obra que não é nossa devemos nos dispor e estarmos preparados, mas confiantes que o Senhor da obra é quem a realiza através de nós. Por não confiarem no Espírito Santo é que tantos se põem na posição de donos de religiões, de crenças e de igrejas, tentando fazer pela carne algo que só o Espírito Santo pode fazer. 
      Interessante que os lobos descritos, além dos governadores, que podem ser cargos políticos ou militares, são os sinédrios, grupos de líderes judeus da área religiosa e de outras áreas, e as sinagogas, portanto gente da religião dos judeus, não de religiões pagãs. Entendemos que o principal inimigo dos verdadeiros cristãos são religiosos da religião de Israel. Isso também ocorre hoje, quando uma revelação mais profunda de Deus é manifestada, se levanta contra, não outras religiões ou ciência, mas o próprio cristianismo tradicional. 
      Isso ocorre porque o Vaticano e as denominações protestantes e evangélicas temem a Deus, zelam pela verdade mais pura recebida de Cristo? Não, ocorre porque as instituições tradicionais e seculares têm medo de perder seus poderes e lucros, ocorre por ganância e vaidade. Mas Jesus no céu mais alto e o Espírito Santo ligando o homem a Deus, são mais fortes, seguirão atraindo a humanidade em amor à luz do Altíssimo. Deus, o pai, não nos deixa sozinhos, quem o busca, o acha, não é enganado pelos desviados.
 
Leia na postagem de ontem
a 1ª parte da reflexão
“Humildade para compartilhar
obra de Deus, não de homens”
José Osório de Souza, 5/10/2021

17/09/22

Humildade para compartilhar (48/92)

      “Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmosRomanos 12.16

      É normal, todos nós quando recebemos algo bom queremos compartilhar com os outros. Pode ser um presente, a aquisição de um carro, de uma casa, de um celular, para nós músicos, a compra de um instrumento musical, mas também boas notícias como um aumento de salário, um compromisso de noivado ou casamento, o nascimento de um filho, uma viagem. Nos faz felizes, não queremos esconder, queremos que muitos saibam, como se diz, algumas coisas gostaríamos de sair na rua anunciando aos gritos. 
      Não pode ser diferente com uma experiência religiosa, com uma experiência com Deus, se nos faz bem queremos que os outros saibam, e mais, queremos que os outros também tenham a experiência. Muitos não entendem protestantes e evangélicos, o porquê deles tanto quererem falar de suas crenças. É simples, eles têm experiências reais e poderosas com Deus, que impressionam seus sentimentos e mudam suas vidas, não querem guardar isso só para eles, querem que os outros saibam e experimentem a mesma a coisa. 
      Uma coisa é um testemunho religioso pessoal, outra coisa é usar religião para promoção, não de Deus, mas da instituição, e consequentemente de homens que a lideram e que podem ter algum lucro com isso. Uma religião não cresce porque é falsa, não a princípio, populariza-se pois seres humanos sinceros experimentam Deus através dela, é o que vem depois que pode torná-la falsa. Homens gananciosos veem que podem ganhar algo com as pessoas que a religião atraiu, então, testemunho sincero banaliza-se. 
      Enquanto há compartilhamento honesto, há o que ser compartilhado, experiências vivas com Deus, mas quando passa a ser popularização forçada, para atrair mais homens e encher templos, as pessoas não vêm mais para terem experiências com Deus, vêm pelos falsos benefícios que homens usam para atraí-las. Sinceros ainda se aproximam e têm experiências reais? Sim, mas a maioria vem pelo modismo, não veio no início motivada por algo verdadeiro, mas vem agora seduzida por homens, não atraída por Deus. 
      Nisso algo que começou puro e poderoso torna-se falso e ralo. O que é falso não se mantém, novas falsidades devem ser inventadas e adicionadas para que a instituição se mantenha atraente, lotando templos e dando lucro aos líderes. Nesse momento a banalização está concluída. A pergunta que fazemos é: até que ponto a popularização de religiões é saudável? Ou mais, é vontade de Deus? O cristianismo se corrompeu quando deixou as reuniões secretas nas catacumbas e se mudou para os palácios dos imperadores? 
      O assunto se resume à humildade, mesmo que a experiência com Deus seja real e forte, não devemos nos sentir melhores por isso, o vaso não é superior ao óleo raro e perfumado que contém. Muitos, vendo o valor do óleo, querem manipula-lo ou mesmo simula-lo, para que haja mais dele para ser comercializado, também embelezam os vasos, a fim de valorizarem o falso óleo. Esquecem-se que óleo puro só Deus pode conceder ao humildes, cujos vasos podem ser os mais simples possíveis, Deus não abençoa pela aparência. 
      Assim também surgem as divisões, é difícil haver unanimidade na ganância e na vaidade, homens diferentes usam elementos e meios diferentes para aumentar o óleo original. Também criam designs distintos de vasos para tornarem mais sedutores os óleos falsificados e fazerem crescer seus lucros nos negócios. Deus une, não divide, porque ele trabalha pelo seu Santo Espírito e esse é indivisível. Deus pede vasos limpos e vazios para encher com seu óleo, mas é indiferente o vaso ser de barro ou de alabastro. 
      É tempo, não de construção, mas de desconstrução, para reconstruir algo no lugar? Não mais. Deus não precisa mais de construções físicas para chamar a atenção dos homens, eles já amadureceram o suficiente intelectual e emocionalmente. Podemos entender as coisas espirituais do jeito puramente espiritual, sem véus, podemos conhecer a Deus sem intermediários que não sejam Jesus e o Santo Espírito, um sendo a porta e o outro conduzindo-nos a ela. Os tempos são de mudança, que ela não nos pegue despreparados. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte da reflexão
“Humildade para compartilhar
obra de Deus, não de homens”
José Osório de Souza, 5/10/2021

16/09/22

Salvação pela fé (47/92)

      “Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus; para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” Efésios 2.4-9

      O cristianismo tradicional não pesa corretamente fé e obras, desequilibra os ensinos, assim pode não entender adequadamente textos bíblicos como o inicial. O texto conclui dizendo que a salvação não vem de obras, mas pela fé, o ponto é entendermos o que é a salvação referida. Salvação é comunhão com Deus, não aperfeiçoamento imediato, ainda que haja uma perfeição em potencial, salvação nos sintoniza com a espiritualidade mais alta de Deus. Essa salvação, que é o início de um processo, começa com uma oração de fé onde nos colocamos em Deus, isso é o chamado novo nascimento.
      Essa é a diferença principal que a nova aliança do Cristo entrega à humanidade, com relação à velha aliança de Moisés, ela é importante porque só assim alcançamos pela fé uma posição espiritual acima de outros “deuses”. Os outros “deuses” que a Bíblia se refere tantas vezes, e que vemos em muitas mitologias, hinduísta, egípcia, babilônica, grega, romana etc, não são só imagens e estátuas vazias, meros frutos da imaginação humana. Essas imagens e estátuas são símbolos, ainda que criados por homens, de seres espirituais reais e que podem estabelecer contato com os homens.
      Esses seres ainda existem, só que o homem moderno não necessita tanto de reforços antropomórficos, zoomórficos ou antropozoomórficos como precisavam os antigos, ainda que as formas mistificadas ainda sejam invocadas mentalmente. O deus egípcio Anúbis, por exemplo, com corpo humano e cabeça de chacal, não é só uma fantasia, ele tem significados esotéricos profundos e se refere a uma legião de seres espirituais. Da mesma maneira as entidades do afroespiritismo, seus desenhos e esculturas, ainda que sincretizadas, representam seres espirituais que existem e agem.
      Os cristãos, em sua maioria, não entendem o conceito de ídolo, sim, mesmo a Bíblia diz que as representações físicas são mortas e não podem responder aos homens, mas os seres espirituais que elas representam podem, obviamente não como Deus responde. Que formato têm esses seres? Espíritos não têm formatos, mas os homens podem aliar formas a eles, baseados em suas imaginações e nas atuações que desde os tempos antigos foram ligadas a eles. Um ser que vive no fogo será vermelho, um ser que controla raios poderá ser representado como um zigue-zague de energia.
       Cristãos, contudo, não se enganem, ainda que chamando de outros nomes, seres humanos de outros tempos, culturas e religiões, podem ter se relacionado com o Deus Altíssimo e verdadeiro. Uma revelação importante do evangelho não é só sobre a possibilidade dos homens terem contato com o mundo espiritual, mas poderem se ligar intimamente com o Deus mais alto, essa foi a grande bênção que Jesus permitiu aos homens, depois que ele subiu ao céu. Entendamos salvação principalmente como livramento de confusão e ruídos espirituais, que impedem contato com o Deus Altíssimo.
      O equívoco, porém, que o cristianismo comete, está depois desse, digamos assim, primeiro contato, que é só o início de algo, não o fim. Quando a Bíblia diz que a salvação é de graça para que ninguém se glorie, ela diz que a iniciativa para que o homem possa ter essa ligação tão especial com o Altíssimo foi do próprio Deus. Isso coloca o ser humano inicialmente incapacitado de estabelecer essa ligação por si mesmo, se Deus não tomasse a iniciativa ela não ocorreria. Quem valoriza exageradamente obras despreza essa incapacidade, e joga sobre o ser humano peso desnecessário. 
      Jesus veio no tempo certo para um homem preparado para um upgrade espiritual, upgrade que permitiria conhecimentos mais profundos de Deus. Antes o Deus Altíssimo e verdadeiro não atendia os seres humanos, não só de Israel mas de todos os lugares e tempos do planeta? Atendia, mas digamos assim, num estado de excessão, como no tratamento que nós seres humanos damos a nossos filhos menores. A eles não dizemos tudo, falamos muitas vezes usando metáforas, ainda que os amemos muito e os protejamos, fazendo por eles coisas que eles ainda não podem fazer sozinhos. 
      O engano mais sério que exagerar-se na doutrina de salvação por fé incorre, é a estagnação do espírito humano, que leva ao conservadorismo e esse a preconceitos. Entenda certo, sem fé é impossível agradarmos a Deus, neste mundo não podemos ter diálogo com Deus sem fé, de maneira alguma diminuímos seu valor. Contudo, ela não pode ser usada como chave para trancar, mas para abrir, e mais e mais, isso requer obras. O novo testamento enfatiza essa doutrina porque foi escrito num tempo que um povo precisava entender uma mudança, a da salvação por obras para a salvação pela fé.
      Entretanto, a igreja católica e até mais a reforma protestante, sob o aspecto fé, quiseram encarcerar a humanidade na primeira sala que a fé abre, não entenderam e se entenderam não ensinaram, que a morada espiritual tem infinitas câmaras que podem ser abertas pela fé. É como se fosse dada uma mansão a uma família e pela fé as pessoas abrissem a porta sem saber o que achariam lá dentro. Então, encantados com o hall de entrada, ficassem lá, só contemplando, esquecendo-se do resto da mansão, ainda que houvesse no molho muitas outras chaves, que elas não se deram ao trabalho de usar.
      Quando pela primeira vez buscamos a Deus com fé e boa sinceridade, um molho completo de chaves nos é entregue. Se usamos só uma ou duas chaves, as outras permanecem lá, como questionamentos sem respostas dentro de nós. A primeira coisa que temos que fazer é olhar o molho de chaves e o admitir para nós mesmos, não adianta fingirmos que ele não existe, não podemos fazer de conta que tudo bate nas religiões cristãs e que estamos em paz com isso. Volto, assim, ao início desta reflexão, o “Como o ar que respiro” é espaço para perguntas abertas, não para respostas fechadas.

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a 1ª parte desta reflexão

15/09/22

Paz pelo perdão (46/92)

     “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.Romanos 5.1-2

      Este espaço virtual não é lugar de respostas fechadas, mas de abertas perguntas, este que vos escreve não o faz porque sabe, mas porque não sabe. O que me leva a começar a escrever muitas vezes são questionamentos pessoais, que Deus, ao mesmo tempo que digito o texto, me responde. Compartilho muitas reflexões de consolos diários, mas outras como esta, são dúvidas doutrinárias que tenho e que existem porque o cristianismo tradicional não me respondeu, assim as levo a Deus. O tema desta vez é “salvação pela fé”, será que realmente sabemos o que é isso?
      Necessitamos do perdão de Deus, isso é água para nossa sede espiritual, entendendo ou não o que ele representa, Deus o dá a nós e nós sentimos paz. Contudo, ser perdoado é mais que ser limpo para voltarmos a uma posição passiva, que merece o céu para sempre só por estar nessa posição, antes é nos colocarmos de novo em movimento, para que por nossas obras continuemos rumo ao Altíssimo e único Deus verdadeiro. Deus nunca faz o trabalho que é nosso, até para crermos precisamos antes merecer por um certo trabalho, para então recebermos fé e seguirmos trabalhando. 
      Jesus tem duas importâncias exclusivas, a primeira é como homem encarnado que foi, mostrando-nos o ideal de vida moral e espiritual que Deus deseja de nós nesse mundo e que é possível termos. A segunda é como espírito eterno numa posição celestial acima de todo principado e potestade, demônios, diabos, anjos e outros seres espirituais, posição em que ele se encontra hoje. Quando oramos pelo nome de Jesus alcançamos pelo Espírito Santo a posição espiritual mais alta, que nos põe em contato direto com o Deus Altíssimo, transpassando todos os seres e reinos celestes. 
      Jesus, contudo, não é só uma porta, o que já seria muito bom, ele é um amigo que nos conhece, que nos ama e que intercede junto ao pai para que esse nos aceite, nos perdoe e nos capacite para seguirmos trabalhando. Não se enganem, Deus ouve a todos e a todos atende, mas por Jesus temos um acesso mais rápido e direto, felizes os que experimentam o perdão de Deus por Jesus. O Espírito Santo é uma experiência especial que temos pelo nome de Jesus, ele nos chama para crer, nos dá a paz do perdão e nos fortalece para seguirmos, o Espírito é consolador, mestre e meio.
      Ninguém despreze a necessidade do perdão de Deus, mesmo o esforço do homem de se levantar do erro e prosseguir para acertar não substitui esse perdão. Ninguém queira reformar uma casa sem antes pedir autorização do proprietário para isso, assumindo que ele é o dono do lugar e que quem faz a reforma é só um empregado. Pedir perdão a Deus faz isso, assume Deus como criador e mantenedor do universo e de nossas vidas, por isso temos uma paz singular depois, nada é melhor que estarmos agradando a Deus, isso nos dá a paz que nos fortalece para trabalharmos na reforma.
      A principal doutrina do cristianismo é Jesus Cristo como o salvador que perdoa toda a humanidade diante de Deus. Outras religiões dizem que Jesus foi um espírito superior, mas que é mais relevante como exemplo de vida, não como meio que aperfeiçoa de forma imediata os que nele creem. Enquanto outras religiões erram ao menosprezarem o papel salvador e perdoador de Jesus, o cristianismo tradicional se acomoda a um aperfeiçoamento meio “mágico” feito pela fé, menosprezando a importância de obras humanas nesse crescimento. Como sempre, a verdade está no equilíbrio. 
      Extremos sempre conduzem a equívocos, enfatizar as obras pode impedir as pessoas de provarem a maravilhosa redenção que há em Cristo, não só como alvo, mas como perdoador no caminho. Mas enfatizar a fé pode acomodar as pessoas, jogar toda a responsabilidade em Deus e tornar o homem ocioso, isso ainda coloca as pessoas em comunhão com Deus, mas pode impedi-las de crescer. Por causa desse equívoco que se faz com a fé é que mesmo após quase dois mil anos que Jesus subiu, a maioria dos cristãos ainda segue espiritualmente infantil e superficial, sendo aquém do que pode ser.
      Às vezes acho que precisamos mais de perdão que de salvação, visto que muitos têm certeza que são salvos, mas não vivem como perdoados, não têm paz. Salvação eterna? Isso é com Deus, eu confio nele, não em mim e muito menos em minha fé. Contudo, algo eu sei, sempre que busco ao Senhor com humildade, seja no momento que for, ainda que tenha errado muito e que não mereça nem sua atenção, sempre que preciso Deus me perdoa, e que paz sinto então. Essa paz é a força que necessito para seguir no presente, e proteção, contra a culpa do passado e o medo do futuro. 

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a 2ª parte desta reflexão

14/09/22

Israel não aprendeu a lição (45/92)

      “Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.” Juízes 6.23

(Para melhor entendimento leia passagens bíblicas no final)
 
      Nesta postagem a parte final da reflexão sobre Gideão, leia na postagem anterior a 1ª parte. Chega a ser engraçado, primeiro Gideão duvida, depois teme, mas novamente há algo que pode comprovar que o “anjo do Senhor” não era um mero anjo, tal o estarrecimento de Gideão quando entende isso. Deus conforta Gideão de novo com a linda palavra do versículo inicial, que respeito o todo-poderoso mostra por nós, seres frágeis e orgulhosos. A paciência de Deus é infinita, nosso bom ânimo, não, devido à nossa incredulidade. 
      Essa história parece cumprida até aqui, e deveria bastar para Gideão aprender a lição, mas não bastou, ainda mais dois eventos mostram seu persistente ceticismo. Gideão pede mais sinais, dois com o velo de lã, para que Deus prove que daria a ele vitória conduzindo Israel contra seus inimigos. Finalmente Deus prova ainda mais a fé de Gideão, diminuindo ao máximo o tamanho do exército que Gideão lideraria, chegando ao número de apenas trezentos. O homem tem que ser enfraquecido para se fortalecer em Deus. 
      Por que isso? O incrédulo, ainda que obtenha vitória, poderá não crer que ela foi conquistada por intermédio de Deus, mas por ele, dessa forma um exército mínimo seria mais argumento para convencer Gideão a crer no poder de Deus, não na capacidade sua ou do exército de Israel. Por que isso era importante? Porque Deus não queria simplesmente dar a Israel uma vitória sobre um inimigo do momento, mas queria curar o problema inicial, que levou Israel a se afastar de Deus e ser oprimido por inimigos. 
      Se Gideão e Israel não aprendessem isso, poderiam até ter vitória naquela situação, mas passaria um tempo, eles se afastariam novamente de Deus e seriam oprimidos por um novo inimigo. Deus não quer só resolver um problema imediato, externo e passageiro, mas nos dar uma cura interna e duradoura. Quanto trabalho damos a Deus e consequentemente a nós mesmos por causa de nossa incredulidade, se simplesmente crêssemos seria muito mais fácil e rápido, pouparíamos tempo e muito sofrimento. 
      Desculpe-me, mas essa história não tem final feliz, e eis outro motivo que faz da Bíblia um livro único. Se fossem só registros de escritores contando sua própria história, talvez muitos fatos fossem deixados fora, como ocorre com auto-biografias, onde o que escreve sobre si mesmo só fala das coisas boas. Mas nas crônicas de Israel as coisas ruins são registradas sem receio, e em se tratando de Israel, sua história não tem um final feliz neste mundo até hoje, muitos ainda não entenderam que a vitória é individual e por Jesus.
      Parece que bastou o juiz Gideão falecer para que a nação de Israel voltasse a se afastar do Senhor e sofrer as terríveis consequências disso. Como um povo que provou tantos milagres de Deus pôde negá-lo tantas vezes? Mas será que somos diferentes, melhores que os israelitas? Isso é prova que experimentar milagres não é demonstração de espiritualidade, não nos faz mais ungidos, como tantos evangélicos acham hoje. Gideão pediu um, dois, três sinais, Deus deu provas, fez o milagre, ainda assim não foi suficiente. 
      Vejo nos personagens do velho testamento Deus lançando em nosso rosto, ainda que com amor, uma verdade: não mudamos facilmente, é preciso trabalho para pararmos de errar, pagarmos os preços pelo que erramos, então, fazermos coisas certas e colhermos bons frutos disso. Só mudamos com muita dor e muito tempo, tenhamos humildade para admitir isso. Talvez a eternidade dê continuidade à nossa evolução, talvez necessitemos de mais, talvez o trabalho para melhorarmos possa ser maior que esta vida, só talvez…

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      “Então viu Gideão que era o anjo do Senhor e disse: Ah, Senhor Deus, pois vi o anjo do Senhor face a face. Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.
      “E disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste, eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e toda a terra ficar seca, então conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste. E assim sucedeu; porque no outro dia se levantou de madrugada, e apertou o velo; e do orvalho que espremeu do velo, encheu uma taça de água. 
      E disse Gideão a Deus: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que só esta vez faça a prova com o velo; rogo-te que só o velo fique seco, e em toda a terra haja o orvalho. E Deus assim fez naquela noite; pois só o velo ficou seco, e sobre toda a terra havia orvalho.
      “E disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam as águas vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; portanto, todos os demais se retirem, cada um ao seu lugar.
      “E sucedeu que, como Gideão faleceu, os filhos de Israel tornaram a se prostituir após os baalins; e puseram a Baal-Berite por deus. E assim os filhos de Israel não se lembraram do Senhor seu Deus, que os livrara da mão de todos os seus inimigos ao redor. Nem usaram de beneficência com a casa de Jerubaal, a saber, de Gideão, conforme a todo o bem que ele havia feito a Israel.

Juízes 6.22-23, 36-40, 7.7, 8.33-35
José Osório de Souza, 28/11/2021

13/09/22

Gideão e sua incredulidade (44/92)

      “Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso.Juízes 6.12

(Para melhor entendimento leia passagens bíblicas no final)

      Gideão, talvez, seja o homem mais incrédulo que a Bíblia relata, mais que Tomé? Talvez. Ainda assim Deus o escolheu para livrar a nação de Israel. Isso nos ensina que não é o homem para uma ação de Deus, que beneficiará outros homens, mas a ação de Deus para ensinar um indivíduo, que depois pode ser usado para abençoar outros indivíduos. O Senhor tem sempre interesse específico em nós, assim não chama preparados, mas prepara chamados, ainda que chamados tenham sempre potencial para serem usados. 
      Deus não chama qualquer um para qualquer coisa, o Senhor sabe o que podemos vir a ser, ainda que não sejamos no presente. Gideão não era qualquer um, mas o homem certo para uma missão. Na passagem de Juízes 6-8, a história de Israel é reincidente, o povo se afastou de Deus e foi entregue nas mãos de seus inimigos, esses impediam Israel de plantar e criar animais, com isso Israel empobreceu, perdeu sua autonomia de nação. Onde estavam os falsos deuses em que confiou Israel para ajudá-lo nesse momento? 
      Deus toma a iniciativa para ajudar um povo que se afastou dele, o “anjo do Senhor” veio e assentou-se sob uma árvore. Gideão, trabalhando, mas mais ocupado em ludibriar o inimigo, que mudar a condição que tinha levado Israel a sucumbir diante do inimigo, não viu o “anjo do Senhor”, assim o anjo “apareceu” a Gideão para que ele o reconhecesse. Imediatamente Deus deixou bem claro o que pensava de Gideão, “o Senhor é contigo, homem valoroso”, a palavra de Deus é sempre de incentivo, nunca de acusação. 
      Deus é maravilhoso, acredita em nós quando nós não cremos nem nele, nem em nós mesmos. “Se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio?”, disse o incrédulo Gideão, ele duvidou da afirmação do “anjo”, não teve a noção ou a humildade para assumir que Israel sofria porque estava em pecado, antes jogou a culpa em Deus pelo sofrimento. O “anjo” respondeu mostrando novamente a fé que Deus tem em nós, que não exige de nós mais que o que somos e podemos fazer, “vai nesta tua força e livrarás a Israel”.
      Quantas vezes temos que ouvir de Deus que se crermos e obedecermos tudo vai dar certo, até que mudemos de atitude e deixemos de ser rebeldes e incrédulos? Gideão insistiu em sua narrativa de vítima e fraco, como se Deus dependesse de suas forças e capacidades para fazer algo. “Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem”, insistiu Deus em sua paciente tarefa de conduzir o homem incrédulo e orgulhoso à vitória. Ah, se de fato crêssemos no amor de Deus. 
      Gideão não se convenceu, após duvidar das palavras, duvidou da legitimidade do mensageiro, ele queria um sinal. Se tem uma coisa que aprendemos com a história de Gideão é que um sinal nunca basta, quem pede um, pede dois, três e por aí vai, por isso ou cremos sem ver imediatamente, ou não fiquemos arrumando desculpas por sermos incrédulos. Quem pede sinal joga em Deus a responsabilidade de provar que é Deus, e tira de si a responsabilidade de crer em Deus, que petulância a nossa tantas vezes. 
      Deus acrescentou algo ao sinal, pediu a Gideão que derramasse o caldo sobre a carne e os pães, para que ficassem mais úmidos, então, fez subir fogo que os consumiu, após isso o “anjo” se foi. Coloquei “anjo do Senhor” entre aspas, esse ser, citado algumas vezes na Bíblia, é um mistério, alguns dizem que não é um simples anjo, mas um enviado especial, que fala por Deus em primeira pessoa, seria Gabriel? Parece que ele se apresenta inicialmente em forma humana. Leia na postagem de amanhã a parte final desta reflexão. 

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      “Porém os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor; e o Senhor os deu nas mãos dos midianitas por sete anos.” “Assim Israel empobreceu muito pela presença dos midianitas; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor.” 
      “Então o anjo do Senhor veio, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas. Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso. 
      Mas Gideão lhe respondeu: Ai, Senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém agora o Senhor nos desamparou, e nos deu nas mãos dos midianitas. 
      Então o Senhor olhou para ele, e disse: Vai nesta tua força, e livrarás a Israel das mãos dos midianitas; porventura não te enviei eu? E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai. E o Senhor lhe disse: Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem.
     “E ele disse: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo. Rogo-te que daqui não te apartes, até que eu volte e traga o meu presente, e o ponha perante ti. E disse: Eu esperarei até que voltes. E entrou Gideão e preparou um cabrito e pães ázimos de um efa de farinha; a carne pós num cesto e o caldo pós numa panela; e trouxe-lho até debaixo do carvalho, e lho ofereceu. 
      Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os pães ázimos, e põe-nos sobre esta penha e derrama-lhe o caldo. E assim fez. E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os pães ázimos; então subiu o fogo da penha, e consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu de seus olhos.
 Juízes 6.1, 6, 11-21
José Osório de Souza, 28/11/2021

12/09/22

A quem queremos convencer? (43/92)

      “E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo. E, tendo ele dito isto, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo. E, advertindo-o severamente, logo o despediu. E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; porém vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. Mas, tendo ele saído, começou a apregoar muitas coisas, e a divulgar o que acontecera; de sorte que Jesus já não podia entrar publicamente na cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todas as partes iam ter com ele.Marcos 1.41-45

      Ouvimos com frequência pregadores dizendo que nossas ações devem corresponder às nossas palavras. Não ser hipócrita é praticar o que se fala, mas quem consegue isso? Na maioria das vezes os que mais falam são os que mais têm boas coisas a dizer, portanto com mais coisas a viver. Isso não é sempre, há alguns que falam sempre e sem medo, mas só falam bobagens, portanto, o que falam condiz com o que vivem, esses acham que gostar de falar dá legitimidade para se dizer qualquer coisa. Contudo, um modo de atenuar a hipocrisia é falar menos, assim seremos menos cobrados, isso pode ser mais fácil que não praticar tudo que falamos. Quem fala se compromete, quem pouco fala, pouco se compromete (Provérbios 17.28). 
      Os outros precisam saber de tudo que pensamos? Não. Principalmente em termos de espiritualidade é melhor calar que falar. Muitos cristãos creem o contrário, principalmente evangélicos, por se verem como donos da verdade que livra todos do inferno, acham que devem tentar convencer as pessoas a acreditarem como eles acreditam. Não acham que estão importunando ninguém com isso, mas ajudando, mas na verdade estão importunando, e muito a muitas pessoas, eles mesmos, estão dando a juízes mais argumentos para que esses lhes cobrem em algum momento. Esses juízes estão neste mundo, também estarão no outro, mas mais que isso, estão dentro de nós. Falar demais pode ser uma tentativa de convencer juízes interiores. 
      No mundo atual as pessoas estão obcecadas para compartilhar suas vidas, a facilidade de acesso e de compartilhamento e a beleza das molduras entregues pelos filtros das redes sociais, levam muitos a crer que os quadros são maravilhosos e importantes. As pessoas estão sendo enganadas, manipuladas para que gerem espaços onde elas, de graça, ajudam a vender produtos. As pessoas trocam suas privacidades por fama, mas não percebem que são só marionetes nas mãos dos poderosos donos de Facebook, Instagram, Youtube, Twitter etc, e esses só querem lucros financeiros. Algo perigoso nesses negócios é que eles não respeitam limites nacionais, são globais, se acham acima do bem e do mal, de governos e de autoridades. 
      Quem resiste à fama, ao prazer de saber que é visto e admirado por muitos, de ter reconhecimento no mundo? Jesus resistiu, ele sabia os perigos de certas coisas serem conhecidas. O primeiro perigo foi o mais óbvio, sua missão despertaria a inveja de líderes religiosos judeus que poderiam lhe fazer mal por isso. Cristo sabia que não poderia ser livrado de seu fim, não se pode esconder a luz para sempre, mas o segredo deveria ser mantido para que o tempo de Deus se cumprisse. Enquanto isso Jesus ensinava os discípulos, cujas memórias construiriam o que mudou a humanidade depois, os textos bíblicos. Jesus era um homem de ação, suas palavras eram efeito disso, mas elas teriam uma missão no futuro por isso precisou de tempo. 
      Outro perigo de deixar público certos conhecimentos é jogar pérolas aos porcos, deixar saber quem não está preparado para saber que portanto entenderá errado e contribuirá mais para à incredulidade que para a fé. No texto bíblico inicial o homem relatou uma cura física, quem não fica feliz com uma cura assim? Mas ele não foi sábio, em primeiro lugar porque desobedeceu uma orientação de Jesus. Quando Deus fala, ainda que não entendamos, mesmo que discordemos com boa argumentação, devemos obedecer. Deus não vê só o aqui e agora, mas todos, tudo e sempre, o Senhor sabe as consequências de uma informação nos complicados sistemas do universo, das relações humanas, dos poderes e escolhas de homens e outros seres. 
      Não falar algumas coisas porque as pessoas não estão preparadas para certas coisas é ato de amor. Podemos estar protegendo as pessoas delas mesmas, de pecarem, caso recebam certas informações, e não me refiro só a mistérios espirituais, falo de coisas triviais de nossas vidas materiais. Sejamos responsáveis, não só alertando os outros de perigos caso não façam as coisas certas, mas também impedindo-os de cometerem erros de julgamento sabendo de coisas que não podem administrar de maneira sadia, moral e espiritualmente. O silêncio protege, não só a nós como aos outros. Se muitos acham que falar é melhor que fazer e outros pensam que fazer é melhor que falar, orar a Deus deve preceder tudo, ações e palavras. 
      Falar demais encurta o tempo, impede Deus de agir com paciência, quando falamos demais ocupamos tempo e atenção que alguém deveria estar dando a Deus. Sem paciência com os outros ou com o que achamos que precisamos receber dos outros, queremos resultados rápidos. Mas Deus trabalha no silêncio, e de maneiras que não podemos sequer imaginar. Deus é espírito, o Espírito é intraduzível pela matéria, essa só pode fazer esboços grosseiros dele. Oração vale mais que discursos, se feita com intenção correta, amor e iluminação, porque ela se coloca no mundo espiritual, com ferramenta espiritual atuando nas pessoas de maneira espiritual. Orar não apressa nada, e se fazemos isso em espírito, o pouco valerá por muito. 
      Quando oramos, em todos os níveis, emocional, racional e espiritual, saímos convencidos do que somos, do que queremos, do que temos que receber e do que Deus quer nos dar. Essa satisfação anula toda carência e insegurança que nos levam a querer convencer os outros de algo que nada tem a ver com os outros. A oração emocional pode desaguar em choro, e podemos estar precisando muito chorar. A oração racional nos faz verbalizar as questões, entendermos intelectualmente nossa vida no que é possível, é exercer inteligência e ver soluções. Mas é na oração plenamente espiritual, onde o Espírito Santo não é só meio passivo, mas participante ativo, quando exercemos os dons espirituais, onde recebemos a paz maior.