terça-feira, setembro 13, 2022

Gideão e sua incredulidade (44/92)

      “Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso.Juízes 6.12

(Para melhor entendimento leia passagens bíblicas no final)

      Gideão, talvez, seja o homem mais incrédulo que a Bíblia relata, mais que Tomé? Talvez. Ainda assim Deus o escolheu para livrar a nação de Israel. Isso nos ensina que não é o homem para uma ação de Deus, que beneficiará outros homens, mas a ação de Deus para ensinar um indivíduo, que depois pode ser usado para abençoar outros indivíduos. O Senhor tem sempre interesse específico em nós, assim não chama preparados, mas prepara chamados, ainda que chamados tenham sempre potencial para serem usados. 
      Deus não chama qualquer um para qualquer coisa, o Senhor sabe o que podemos vir a ser, ainda que não sejamos no presente. Gideão não era qualquer um, mas o homem certo para uma missão. Na passagem de Juízes 6-8, a história de Israel é reincidente, o povo se afastou de Deus e foi entregue nas mãos de seus inimigos, esses impediam Israel de plantar e criar animais, com isso Israel empobreceu, perdeu sua autonomia de nação. Onde estavam os falsos deuses em que confiou Israel para ajudá-lo nesse momento? 
      Deus toma a iniciativa para ajudar um povo que se afastou dele, o “anjo do Senhor” veio e assentou-se sob uma árvore. Gideão, trabalhando, mas mais ocupado em ludibriar o inimigo, que mudar a condição que tinha levado Israel a sucumbir diante do inimigo, não viu o “anjo do Senhor”, assim o anjo “apareceu” a Gideão para que ele o reconhecesse. Imediatamente Deus deixou bem claro o que pensava de Gideão, “o Senhor é contigo, homem valoroso”, a palavra de Deus é sempre de incentivo, nunca de acusação. 
      Deus é maravilhoso, acredita em nós quando nós não cremos nem nele, nem em nós mesmos. “Se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio?”, disse o incrédulo Gideão, ele duvidou da afirmação do “anjo”, não teve a noção ou a humildade para assumir que Israel sofria porque estava em pecado, antes jogou a culpa em Deus pelo sofrimento. O “anjo” respondeu mostrando novamente a fé que Deus tem em nós, que não exige de nós mais que o que somos e podemos fazer, “vai nesta tua força e livrarás a Israel”.
      Quantas vezes temos que ouvir de Deus que se crermos e obedecermos tudo vai dar certo, até que mudemos de atitude e deixemos de ser rebeldes e incrédulos? Gideão insistiu em sua narrativa de vítima e fraco, como se Deus dependesse de suas forças e capacidades para fazer algo. “Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem”, insistiu Deus em sua paciente tarefa de conduzir o homem incrédulo e orgulhoso à vitória. Ah, se de fato crêssemos no amor de Deus. 
      Gideão não se convenceu, após duvidar das palavras, duvidou da legitimidade do mensageiro, ele queria um sinal. Se tem uma coisa que aprendemos com a história de Gideão é que um sinal nunca basta, quem pede um, pede dois, três e por aí vai, por isso ou cremos sem ver imediatamente, ou não fiquemos arrumando desculpas por sermos incrédulos. Quem pede sinal joga em Deus a responsabilidade de provar que é Deus, e tira de si a responsabilidade de crer em Deus, que petulância a nossa tantas vezes. 
      Deus acrescentou algo ao sinal, pediu a Gideão que derramasse o caldo sobre a carne e os pães, para que ficassem mais úmidos, então, fez subir fogo que os consumiu, após isso o “anjo” se foi. Coloquei “anjo do Senhor” entre aspas, esse ser, citado algumas vezes na Bíblia, é um mistério, alguns dizem que não é um simples anjo, mas um enviado especial, que fala por Deus em primeira pessoa, seria Gabriel? Parece que ele se apresenta inicialmente em forma humana. Leia na postagem de amanhã a parte final desta reflexão. 

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      “Porém os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor; e o Senhor os deu nas mãos dos midianitas por sete anos.” “Assim Israel empobreceu muito pela presença dos midianitas; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor.” 
      “Então o anjo do Senhor veio, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas. Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso. 
      Mas Gideão lhe respondeu: Ai, Senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém agora o Senhor nos desamparou, e nos deu nas mãos dos midianitas. 
      Então o Senhor olhou para ele, e disse: Vai nesta tua força, e livrarás a Israel das mãos dos midianitas; porventura não te enviei eu? E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai. E o Senhor lhe disse: Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem.
     “E ele disse: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo. Rogo-te que daqui não te apartes, até que eu volte e traga o meu presente, e o ponha perante ti. E disse: Eu esperarei até que voltes. E entrou Gideão e preparou um cabrito e pães ázimos de um efa de farinha; a carne pós num cesto e o caldo pós numa panela; e trouxe-lho até debaixo do carvalho, e lho ofereceu. 
      Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os pães ázimos, e põe-nos sobre esta penha e derrama-lhe o caldo. E assim fez. E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os pães ázimos; então subiu o fogo da penha, e consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu de seus olhos.
 Juízes 6.1, 6, 11-21
José Osório de Souza, 28/11/2021

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