quarta-feira, setembro 14, 2022

Israel não aprendeu a lição (45/92)

      “Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.” Juízes 6.23

(Para melhor entendimento leia passagens bíblicas no final)
 
      Nesta postagem a parte final da reflexão sobre Gideão, leia na postagem anterior a 1ª parte. Chega a ser engraçado, primeiro Gideão duvida, depois teme, mas novamente há algo que pode comprovar que o “anjo do Senhor” não era um mero anjo, tal o estarrecimento de Gideão quando entende isso. Deus conforta Gideão de novo com a linda palavra do versículo inicial, que respeito o todo-poderoso mostra por nós, seres frágeis e orgulhosos. A paciência de Deus é infinita, nosso bom ânimo, não, devido à nossa incredulidade. 
      Essa história parece cumprida até aqui, e deveria bastar para Gideão aprender a lição, mas não bastou, ainda mais dois eventos mostram seu persistente ceticismo. Gideão pede mais sinais, dois com o velo de lã, para que Deus prove que daria a ele vitória conduzindo Israel contra seus inimigos. Finalmente Deus prova ainda mais a fé de Gideão, diminuindo ao máximo o tamanho do exército que Gideão lideraria, chegando ao número de apenas trezentos. O homem tem que ser enfraquecido para se fortalecer em Deus. 
      Por que isso? O incrédulo, ainda que obtenha vitória, poderá não crer que ela foi conquistada por intermédio de Deus, mas por ele, dessa forma um exército mínimo seria mais argumento para convencer Gideão a crer no poder de Deus, não na capacidade sua ou do exército de Israel. Por que isso era importante? Porque Deus não queria simplesmente dar a Israel uma vitória sobre um inimigo do momento, mas queria curar o problema inicial, que levou Israel a se afastar de Deus e ser oprimido por inimigos. 
      Se Gideão e Israel não aprendessem isso, poderiam até ter vitória naquela situação, mas passaria um tempo, eles se afastariam novamente de Deus e seriam oprimidos por um novo inimigo. Deus não quer só resolver um problema imediato, externo e passageiro, mas nos dar uma cura interna e duradoura. Quanto trabalho damos a Deus e consequentemente a nós mesmos por causa de nossa incredulidade, se simplesmente crêssemos seria muito mais fácil e rápido, pouparíamos tempo e muito sofrimento. 
      Desculpe-me, mas essa história não tem final feliz, e eis outro motivo que faz da Bíblia um livro único. Se fossem só registros de escritores contando sua própria história, talvez muitos fatos fossem deixados fora, como ocorre com auto-biografias, onde o que escreve sobre si mesmo só fala das coisas boas. Mas nas crônicas de Israel as coisas ruins são registradas sem receio, e em se tratando de Israel, sua história não tem um final feliz neste mundo até hoje, muitos ainda não entenderam que a vitória é individual e por Jesus.
      Parece que bastou o juiz Gideão falecer para que a nação de Israel voltasse a se afastar do Senhor e sofrer as terríveis consequências disso. Como um povo que provou tantos milagres de Deus pôde negá-lo tantas vezes? Mas será que somos diferentes, melhores que os israelitas? Isso é prova que experimentar milagres não é demonstração de espiritualidade, não nos faz mais ungidos, como tantos evangélicos acham hoje. Gideão pediu um, dois, três sinais, Deus deu provas, fez o milagre, ainda assim não foi suficiente. 
      Vejo nos personagens do velho testamento Deus lançando em nosso rosto, ainda que com amor, uma verdade: não mudamos facilmente, é preciso trabalho para pararmos de errar, pagarmos os preços pelo que erramos, então, fazermos coisas certas e colhermos bons frutos disso. Só mudamos com muita dor e muito tempo, tenhamos humildade para admitir isso. Talvez a eternidade dê continuidade à nossa evolução, talvez necessitemos de mais, talvez o trabalho para melhorarmos possa ser maior que esta vida, só talvez…

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      “Então viu Gideão que era o anjo do Senhor e disse: Ah, Senhor Deus, pois vi o anjo do Senhor face a face. Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.
      “E disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste, eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e toda a terra ficar seca, então conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste. E assim sucedeu; porque no outro dia se levantou de madrugada, e apertou o velo; e do orvalho que espremeu do velo, encheu uma taça de água. 
      E disse Gideão a Deus: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que só esta vez faça a prova com o velo; rogo-te que só o velo fique seco, e em toda a terra haja o orvalho. E Deus assim fez naquela noite; pois só o velo ficou seco, e sobre toda a terra havia orvalho.
      “E disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam as águas vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; portanto, todos os demais se retirem, cada um ao seu lugar.
      “E sucedeu que, como Gideão faleceu, os filhos de Israel tornaram a se prostituir após os baalins; e puseram a Baal-Berite por deus. E assim os filhos de Israel não se lembraram do Senhor seu Deus, que os livrara da mão de todos os seus inimigos ao redor. Nem usaram de beneficência com a casa de Jerubaal, a saber, de Gideão, conforme a todo o bem que ele havia feito a Israel.

Juízes 6.22-23, 36-40, 7.7, 8.33-35
José Osório de Souza, 28/11/2021

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