21/11/22

Persevere em buscar a Deus

      “Busquei ao Senhor, e ele me respondeu; livrou-me de todos os meus temores. Olharam para ele, e foram iluminados; e os seus rostos não ficaram confundidos. Clamou este pobre, e o Senhor o ouviu, e o salvou de todas as suas angústias.Salmo 34.4-6

      Deus sempre nos responde! Contudo, à medida que o experimentamos, ele exige de nós uma busca maior e melhor, não porque se afasta de nós, mas porque quer se mostrar mais, assim como deseja que nos conheçamos mais. Dessa forma, não estranhe se depois de ter muitas e maravilhosas experiências com Deus, então sentir como se o céu estivesse fechado, Deus, longe, o Espírito Santo, quieto, é só o Senhor querendo amadurecê-lo mais. Os  mistérios mais elevados, os consolos mais fantásticos, as curas mais profundas, só experimentamos amadurecidos, portanto, em buscas perseverantes que com certeza dão mais trabalho. 
      Não desista, insista! Mesmo que teus sentimentos neguem, creia sem ver, tire do fundo de tua alma uma meditação agradável ao Senhor, um clamor sincero e cheio de fé, que busca a Deus porque isso é o certo a ser feito, por nenhum outro motivo. “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna, e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente” (João 6.68b-69). Prazeres do corpo passam, festas nos bares com os amigos nos esvaziam ainda mais, mesmo a honra que os homens nos dão não nos ajudam na angústia, falsos deuses não socorrem quanto a pobreza bate forte à nossa porta.
      Busque mais a Deus! Por mais que essa exortação pareça repetitiva, não é, a cada busca há um encontro renovado de vida, uma palavra viva de esperança, um frescor, um sabor, um brilho, que nos fortalecem para seguirmos em frente, isso é algo que só o Espírito Santo pode nos entregar. Enquanto viver busque ao Senhor e agradeça a ele por te atrair a buscá-lo, esse é o maior bem que podemos ter, pode faltar tudo neste mundo, menos a vontade de buscarmos a Deus crendo que ele tem algo bom para nós. Quando passares pelas águas estarei contigo, não te submergirão, quando passares pelo fogo não te queimarás (Isaías 43.2).

20/11/22

Alertas, firmes, corajosos e fortes!

      “Fiquem alertas, permaneçam firmes na fé, mostrem coragem, sejam fortes.” 
I Coríntios 16:13 (Nova Almeida Atualizada)

      Depois que encaramos um grande problema de frente, acertamos nossas vidas, buscamos a Deus e recebemos uma resposta, o problema foi superado, contudo, depois ainda nos resta um trabalho. O trabalho está descrito no texto bíblico inicial, que na versão bíblica usada fica-nos ainda mais claro. Começamos a seguir a Jesus pela fé, no início da caminhada nossos problemas parecem resolverem-se mais facilmente. Por isso mesmo, temos a tendência de amolecer na vigilância, só tornamos a ficar mais atentos quando um novo problema surge e temos que receber de Deus uma resposta.
      Contudo, quando amadurecemos, Deus nos trata diferentemente, a vida não será mais problemas e rápidas soluções para eles, e entenda certo o que vou dizer, a vida se transformará num imenso problema sem solução. Nesse ponto duas opções nos são apresentadas, ou assumimos nosso amadurecimento, ou desistimos de vez de andar com Jesus. Desistir de Jesus não é necessariamente desistir de frequentar igrejas, muitos estão dentro de templos, fiéis às programações de suas comunidades, cantando e orando, mas ainda assim são desviados, que desistirem de Deus há algum tempo. 
      Assumirmos o amadurecimento é enfrentarmos o problema sem solução do jeito correto, o jeito que Deus pede de filhos maduros, o jeito é seguir a orientação do texto bíblico inicial, permanecermos alertas, firmes, corajosos e fortes. Um problema pode ser de fato sem solução? Claro que não, Deus sempre ajuda os que confiam nele, contudo, há soluções que não são definitivas, mas devem ser experimentadas o tempo todo com uma vida o tempo todo alerta, firme, corajosa e forte. Num relacionamento maduro com Deus não há mais momentos de pausas, de descansos “espirituais”. 
      O amadurecimento nos faz alertas contra riscos desnecessários de apetites físicos, de ataques de espíritos maus, de armadilhas de homens egoístas, nos deixa firmes na fé no Deus que conhecemos e que nos trouxe em vitória até aqui. Também nos faz corajosos para enfrentarmos desafios e o desconhecido, sabendo que o Deus que tudo sabe e controla nos guia, assim como fortes mental e emocionalmente, não dando espaço para dúvidas, erros antigos e ansiedades com o futuro. Só o Espírito Santo pode nos fazer plenamente alertas, firmes, corajosos e fortes, por isso oração constante e profunda não é mais opção, mas estilo de vida de seres maduros.
      Quem sabe não precisa crer, e quem não precisa crer não precisa ser forte, ainda que possa se acomodar numa capacidade ou bem que desenvolveu ou adquiriu com esforço próprio. Mas o que busca o Senhor tem a oportunidade de ser fortalecido espiritualmente, já que não pode confiar no que tem ou é, logo, no que sabe e vê, mas só no Deus invisível e em seu amor. Não sejamos, contudo, como os tolos que não fazem suas partes e pensam que Deus pode fazer suas partes por eles, sejamos como os sábios, que se esforçam no que podem, mas ainda assim confiam no Senhor, não em si mesmos. 
      Ainda que estejamos firmes na fé, as outras pessoas podem não estar, aliás, podem nem ter comunhão com Deus. Isso é importante saber porque neste mundo não dependemos só de nós, mas também dos outros. Patrões, familiares, pastores, gerentes de bancos e chefes de tantas empresas e instituições com as quais nos relacionamos de alguma forma, nossas vidas podem depender de decisões de todos esses. Dessa maneira, estarmos vigilantes é pormos todos esses na presença do Senhor em oração, para que suas condutas sejam canais livres de bênçãos para nós, não impedimentos. 

      “Vigiai, estai firmes na fé; portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos.” 
I Coríntios 16:13 (versão tradicional)



19/11/22

Emoção, razão e equilíbrio

      “Porque Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação.II Timóteo 1.7

      Os gregos clássicos já faziam coisas semelhantes (“Teoria de Hipócrates”), mas se transformou em ciência moderna com Freud (“Teoria Psicanalítica”), o mapeamento dos humores humanos e da psiquê humana. Esta reflexão propõe só mais uma classificação, dividindo a consciência humana em três partes: emoção, razão e equilíbrio. Sem uma delas nos faltaria alguma coisa, somos completos com as três, ainda que muitas vezes uma parte tente dominar as outras e uma parte possa ter lados positivos e lados negativos. Como sempre digo, não sou profissional da área médica ou de outra, o que faço aqui são só reflexões leigas, que possam ajudar você de alguma forma. 
      A emoção, que quando potencializada podemos chamar de paixão, nos leva tanto a coisas belas, audaciosas, construtivas, como o amor, o estabelecimento de uma família, mesmo de tribos, cidades e nações, mas também leva a coisas terríveis, impulsivas e destrutivas, como guerras. Muitas vezes não fazemos extremismos porque pensamos antes, fazemos porque queremos e queremos porque nos dão prazer, e ódio é tão prazeroso quanto amor. Quem fácil ama, fácil odeia, mas quem nunca odeia, também nunca ama, e aqui me refiro ao amor apaixonado, característica do mundo físico, não ao santo amor espiritual. Certos os gregos antigos, que tinham várias palavras para amor
      A razão acha prazer em teorizar as coisas no tempo, assim, se damos lugar a ela pesamos muito antes de agir ou de falar. Seu lado positivo é que ela procura entender profundamente as coisas, assim é útil para estabelecer fórmulas, que uma vez definidas economizarão tempo, não haverá mais necessidade depois, de se pensar outra vez, basta usar a fórmula. A ciência funciona basicamente sobre a razão, ela não sabe ou quer porque gosta ou desgosta, mas porque é o racional a ser feito, que comprovadamente deu e dará certo. Em nossas cabeças o lado ruim disso é que nem tudo é explicável, sermos racionais demais pode nos amarrar, o ser humano é mais que fria razão.
      Mas talvez a parte que mais nos defina como seres eternos seja a que busca encontrar o equilíbrio entre a emoção e a razão. Se há necessidade de equilíbrio é porque não basta-nos ser só emocionais ou só racionais, por outro lado, só se adquire equilíbrio praticando-o, querer ser espiritual sem enfrentar o mundo material é inútil. Se emoção é característica mais instintiva, material e individual do homem, que ele precisa para sobreviver neste plano, se razão é característica intelectual, desenvolvida para dominar a natureza e sobreviver em sociedade, o equilíbrio melhor é virtude moral que conduz a uma comunhão espiritual com Deus, o Espírito criador de tudo.
      Podemos tentar achar equilíbrio tanto pela emoção quanto pela razão. Os que veneram a ciência, como a um deus, pensam que só pela razão se acha equilíbrio, mas esses negam a intuição, e resumem o homem quase que a uma máquina. Os materialistas pensam que acham equilíbrio priorizando aquilo que lhes dá prazer, mas esses se tornam selvagens hedonistas, ainda que polidos e sofisticados. Ambos desprezam uma área importante do ser, o espírito, é preciso humildade para permitir que o equilíbrio do espírito administre tanta a emoção quanto a razão. Mas mesmo os que conhecem valores espirituais podem ser equilibrados pelo ardor da paixão ou pela fria racionalidade.
      O texto bíblico inicial fala-nos algo sobre três áreas humanas, podemos ligar amor à área emocional, poder à racional, e moderação à espiritual? De certa forma. Amor não pode ser frio, implica em empatia e essa nos leva a chorar com quem chora e nos alegrarmos com quem está feliz, mas podemos ser traídos pelo coração. O ser humano tem dominado o mundo com a inteligência que cria armas e máquinas, vemos a razão, que não se importa com o fim de algo, entregando poder a certos homens. Mas se a emoção por sentir e a razão por poder podem ser parciais, entregarem direitos a alguns e não a outros, só a moderação acha o equilíbrio de um Deus que ama a todos. 

18/11/22

Maravilhosa constância de Deus

      “Tem misericórdia de mim, Senhor, porque sou fraco; sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão perturbados. Até a minha alma está perturbada; mas tu, Senhor, até quando? Volta-te, Senhor, livra a minha alma; salva-me por tua benignidade. Porque na morte não há lembrança de ti; no sepulcro quem te louvará? Já estou cansado do meu gemido, toda a noite faço nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas” “O Senhor já ouviu a minha súplica; o Senhor aceitará a minha oração.” 
Salmos 6.2-6, 9

      Passamos uma parte significativa do tempo de nossas vidas sofrendo, sofremos por causa de nossas inconstâncias, enquanto isso Deus permanece sempre o mesmo. Não temos a paciência que Deus tem conosco, nem com os filhos mais amados e corretos. Como deve ser para o Senhor ter que repetir para nós sempre as mesmas coisas? Como deve ser para ele, tantas vezes, ver-nos desanimados, incrédulos, ainda que ele já tenho dito para nós que está tudo bem, que tudo vai dar certo, que ele já recebeu o que entregamos e a ele confiamos e que podemos ficar em paz? Isso deve ensinar-nos sobre o que somos, inviáveis para reter neste mundo a vida, assim como sobre o que podemos ser, vasos constantemente cheios com unção a de Deus, possível se tivermos vidas diárias de oração. 
      Às vezes me entedio, não com Deus, mas comigo, nessas horas novamente me vem à mente aquela possibilidade de pecado que não pode ser perdoado, não por Deus, mas nosso pecado não perdoado por nós mesmos. Mas não precisamos estar sujos com um pecado para nos sentirmos mal, basta estarmos vazios do presença do Senhor. Salmos 6.9 me consola porque diz que Deus não se cansa de mim, falta de paciência, tédio, sentir-se enfadado e desanimado com coisas repetitivas, principalmente as ruins, são experiências que o Espírito Santo nunca tem. São sensações de morte, de fim, de desesperança e Deus é sempre vivo, seu Espírito sempre tem esperança, Deus nunca se cansa ou se enjoa. Glória a Deus, o que seria de nós, criaturas inconstantes, se não fosse a maravilhosa constância de Deus?
      O versículo 9 do salmo 6 parece fazer uma diferenciação entre súplica e oração. Súplica é algo que fazemos quase que inconscientemente, é um gemido íntimo, mais uma intenção emocional que frases racionais verbalizadas. Quando estamos com um problema, que pode ser só o desânimo de viver, o ácido perfume de morte que a matéria sempre leva, não temos forças para nada, mas ainda assim nosso espírito murmura. O Espírito Santo, em sua elegante graça, toma esse murmúrio e o leva a Deus, isso é o suficiente para que gotas de esperança sejam derramadas dos céus sobre nossas almas. Tocados pela misericórdia do Senhor, temos forças para orar, com certeza de sermos ouvidos, as vozes de morte se calam, sentimos o tranquilo silêncio, onde a vida eterna novamente volta a fazer sentido. 
      Meus queridos, viver é esperar em Deus, o tempo todo, quem não entende e não aceita isso se cansa, se enfada, se entedia, e fica andando em círculos, repetindo provas, duvidando do que já tem e sabe, desacreditando de Deus e da vida eterna. Não pense que você precisa estar com um pecado muito grave sem perdão para sentir o gosto da morte, neste mundo sem o melhor de Deus sentimos isso naturalmente. Por isso não fiquemos “viajando” no desânimo, mas busquemos a Deus. Se somos infiéis, Deus é fiel, se carregamos a morte no corpo físico, o Espírito Santo é vida eterna, se nosso coração é inconstante, Jesus é constante, sempre nos coloca diretamente em comunhão com o Altíssimo. Nossa fé precisa ser renovada todos os dias, e será assim até nosso último suspiro neste mundo, ânimo, amados!

17/11/22

Quem tem direito à felicidade?

      “Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança, e que não respeita os soberbos nem os que se desviam para a mentira.” 
Salmos 40.4
      “Bem-aventurado é aquele que põe no Senhor a sua confiança e não se volta para os arrogantes, nem para os que seguem a mentira.” 
Salmos 40.4 Nova Almeida Atualizada

      Quem tem direito de ser bem-aventurado, ou muito feliz? O salmista diz que é o que confia em Deus, e que não dá atenção a soberbos e mentirosos. Com “não respeita”, o texto quer dizer quem não se volta para dar importância, não significa faltar com respeito, o novo testamento não orienta-nos tratar alguém assim. Existem pessoas que simplesmente devemos ignorar, não como seres humanos que necessitam do amor de Deus, mas como opiniões que possam interferir em nossas vidas, em tirar de alguma forma nossa tranquilidade. 
      Soberbo é todo aquele que se acha superior de alguma maneira aos outros, seja pelo dinheiro que tem, pela cultura e formação intelectual que possui, e mesmo por se achar equivocadamente melhor religioso. Eu disse equivocadamente porque um bom religioso, principalmente um bom cristão, é melhor justamente por ser humilde, assim não pode ser soberbo. Contudo, como existem soberbos disfarçados, que até não se impõem com palavras ou com ações, mas que dentro deles, em seus íntimos, se consideram melhores que os outros.
      Ser feliz é confiar em Deus e não dar bola para o que os outros pensam, digam ou façam, as pessoas não têm direitos ou poderes sobre nós, só Deus. Se por acaso precisarmos depender de soberbos, por exemplo na área profissional ou na familiar, onde as interações podem ser complicadas, entreguemos o equivocado nas mãos de Deus e sejamos humildes. Ainda que as pessoas possam achar que mandam em nós e nos controlam, isso não é verdade, basta um pequeno agir de Deus para que poderosos caiam e sejam envergonhados.
      Mas o texto bíblico inicial fala também dos que se desviam ou seguem a mentira, acredite, muitos que se postam com arrogância, nada mais são que mentirosos, tremendo de medo de serem descobertos em suas falácias. Quem é feliz porque confia em Deus anda na verdade, ainda que seja na pobreza e na simplicidade, está na luz e essa afugenta falsos e mentirosos. Não sejamos orgulhosos, como os soberbos, mas também não nos humilhemos para homem, só para Deus, que nos acolhe e nos dá o direito de sermos felizes. 

16/11/22

Alegremo-nos!

      “Alegrem-se sempre no Senhor; outra vez digo: alegrem-se!Filipenses 4.4

      Tristeza envelhece, causa doenças, limita a vida. Se estamos fazendo nossa parte, se estamos andando conforme a vontade do Senhor e estamos confiando nele, estejamos alegres. Isso não e só escolha ou irresponsabilidade, é louvarmos a Deus, darmos testemunho dele, praticarmos nossa vocação maior de vida. O humilde sempre acha alegria, pois anda na luz e nela não há armadilhas ou surpresas ruins. Mesmo na disciplina de Deus será cuidado com dignidade, mesmo no vale da sombra da morte em que este mundo pode estar, o humilde não teme mal algum. 
      Muitos de nós fomos criados de um jeito e nos acostumamos a viver de uma maneira que sempre procuramos motivos para sermos tristes. Tristeza se torna uma obsessão, identidade para chamarmos de nossa, mas não é essa a vontade do Senhor para seus filhos. Se muitos se alegram no mundo por qualquer coisa, com prazeres vãos, traindo alianças, machucando seus corpos e sujando suas almas, os que andam com Deus têm motivos legítimos para serem alegres e sempre, basta que sejam fiéis a Deus, a si mesmos e ao próximo, e exerçam fé inteligente. 
      Contudo, ninguém se iluda, não basta agirmos corretamente, só fazermos a nossa parte, tem que haver íntima comunhão com Deus em oração, onde conhecemos sua vontade e achamos forças para fazê-la. É o Espírito Santo quem nos alegra em primeiro lugar, depois podemos experimentar essa alegria nas outras coisas, nas amizades, no trabalho, nos estudos, na igreja, mesmo nos lazeres mais simples. Caso contrário, nem todo dinheiro disponível no mundo, usufruto dos prazeres mais caros, honra dos homens mais importantes, farão com que sintamos alegria.
      “Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário” (Salmos 51.12). Alegria nos faz voluntários para fazer o bem aos outros, senão nos fechamos em nós mesmos, em nossa tristeza, achando legitimamente que temos direito de sermos egocêntricos porque estamos tristes. Tristeza indevida se torna idolatria, maior que nós, maior que Deus, leva à depressão, à morte em vida. Repito, é preciso ser humilde para ser realmente alegre, e nem me refiro à felicidade duradoura, essa não existe aqui, mas só alegres, simplesmente por existirmos. 
      O texto bíblico inicial não é uma sugestão, é praticamente uma ordem que Paulo dá, e ele tem motivos para isso. Ele sabe as brechas que a tristeza pode abrir nos homens, portas para pecados, vícios, caminhos da morte. A melhor alegria é de graça, pela graça de Deus, só quando entendemos isso é que descobrimos a melhor alegria, aquela que não está aliada às coisas visíveis, só às invisíveis e pela fé no Senhor. Alegremo-nos! Tenhamos isso como estilo de vida, busquemos coisas que nos façam bem e que nos alegrem de forma duradoura, isso é a vontade de Deus para nós.

15/11/22

Tristeza para o bem

      “Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.II Coríntios 7.8-10

      O texto bíblico inicial, parte da segunda carta de Paulo aos coríntios, revela algo interessante, os membros da igreja em Corinto parecem não terem gostado da carta anterior de Paulo, ficaram entristecidos com o que leram. Eu acredito que Paulo tinha noção do que escreveu, sabia que havia dado exortações precisas e do Senhor, mas ainda assim disse que sentiu algum pesar ao saber que os coríntios tinham se contristado. O apóstolo-teólogo sabia quem era, o que fazia e o que dizia, mas não era desumano, apesar de pegar pesado muitas vezes, em minha opinião, baseada em posicionamentos dele em várias passagens. Veja, por exemplo, o que ele diz sobre casamento e vida com Deus, justamente em sua carta anterior aos coríntios (I Coríntios 7), não necessariamente influenciado por seu contexto histórico. 
      Penso se hoje em dia, com seres humanos tão melindrosos, inflados de direitos e avessos a deveres, se muitos pastores enfrentam reações negativas para terem que entregar palavras de exortação legitimamente de Deus e necessárias. Será que muitos correm o risco de perderem dizimistas sendo duros no Espírito Santo? E eu disse no Espírito, não por falso moralismo ou por preconceitos sociais e morais. Se a grana controla o mundo, também domina muitas igrejas cristãs, infelizmente. Hoje, o medo de se obedecer a Deus não está, pelo menos não na maioria dos países civilizados, em perder vida física, mas em perder o salário, ou mesmo, em ser “cancelado”, termo usado nas redes sociais, perdendo por isso popularidade e aprovação de tantos. Ainda assim muitos se auto-denominam apóstolos e missionários.
      Mas Paulo folga-se no Senhor, sabia que a tristeza do homem tinha sido segundo Deus, essa tristeza opera arrependimento, não morte. Será, que como luzeiros do Altíssimo, vivendo no mundo e dando testemunho, ou fazendo um evangelismo mais direto, seja em púlpitos, físicos ou virtuais, seja nos lares, temos esse entendimento, essa coragem, essa convicção? Ou só dizemos aquilo que as pessoas gostam de ouvir, mantendo-as no erro e não conduzindo-as à salvação? Às vezes é melhor ficarmos quietos, que entregarmos algo como sendo de Deus quando não é. Quem não paga o preço aqui de dizer a verdade, será confrontado na eternidade, quando alguns testemunharão sobre falsos evangelistas, dizendo que não sabiam que faziam coisas erradas porque não foram adequadamente avisados (Ezequiel 33.1-6). 
      Não estou dizendo que as pessoas serão inocentadas pelos erros dos outros, a lei é moral e o espírito humano sabe quando erra, ainda que ninguém saiba ou o avise. Se uma pessoa não avisar alguém, outra avisará, de alguma maneira, Deus não erra nem é injusto, contudo, a pessoa que não avisou sofrerá as consequências por isso. Os errados sejam humildes, aceitem a correção, quando é de Deus os homens podem nem ficarem sabendo, seu pastor, sua esposa, seu esposo ou seu patrão, podem nem ter conhecimento de seu erro e nada fazerem a você, mas Deus vê e corrige para a vida. Já os profetas, sirvam a Deus, não aos homens, obedeçam seus chamados diligentemente. Não é fácil ser boca da verdade mais alta, nem há recompensa por isso no mundo, mas é honra de Deus, a eternidade revelará.