terça-feira, novembro 15, 2022

Tristeza para o bem

      “Porquanto, ainda que vos contristei com a minha carta, não me arrependo, embora já me tivesse arrependido por ver que aquela carta vos contristou, ainda que por pouco tempo. Agora folgo, não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte.II Coríntios 7.8-10

      O texto bíblico inicial, parte da segunda carta de Paulo aos coríntios, revela algo interessante, os membros da igreja em Corinto parecem não terem gostado da carta anterior de Paulo, ficaram entristecidos com o que leram. Eu acredito que Paulo tinha noção do que escreveu, sabia que havia dado exortações precisas e do Senhor, mas ainda assim disse que sentiu algum pesar ao saber que os coríntios tinham se contristado. O apóstolo-teólogo sabia quem era, o que fazia e o que dizia, mas não era desumano, apesar de pegar pesado muitas vezes, em minha opinião, baseada em posicionamentos dele em várias passagens. Veja, por exemplo, o que ele diz sobre casamento e vida com Deus, justamente em sua carta anterior aos coríntios (I Coríntios 7), não necessariamente influenciado por seu contexto histórico. 
      Penso se hoje em dia, com seres humanos tão melindrosos, inflados de direitos e avessos a deveres, se muitos pastores enfrentam reações negativas para terem que entregar palavras de exortação legitimamente de Deus e necessárias. Será que muitos correm o risco de perderem dizimistas sendo duros no Espírito Santo? E eu disse no Espírito, não por falso moralismo ou por preconceitos sociais e morais. Se a grana controla o mundo, também domina muitas igrejas cristãs, infelizmente. Hoje, o medo de se obedecer a Deus não está, pelo menos não na maioria dos países civilizados, em perder vida física, mas em perder o salário, ou mesmo, em ser “cancelado”, termo usado nas redes sociais, perdendo por isso popularidade e aprovação de tantos. Ainda assim muitos se auto-denominam apóstolos e missionários.
      Mas Paulo folga-se no Senhor, sabia que a tristeza do homem tinha sido segundo Deus, essa tristeza opera arrependimento, não morte. Será, que como luzeiros do Altíssimo, vivendo no mundo e dando testemunho, ou fazendo um evangelismo mais direto, seja em púlpitos, físicos ou virtuais, seja nos lares, temos esse entendimento, essa coragem, essa convicção? Ou só dizemos aquilo que as pessoas gostam de ouvir, mantendo-as no erro e não conduzindo-as à salvação? Às vezes é melhor ficarmos quietos, que entregarmos algo como sendo de Deus quando não é. Quem não paga o preço aqui de dizer a verdade, será confrontado na eternidade, quando alguns testemunharão sobre falsos evangelistas, dizendo que não sabiam que faziam coisas erradas porque não foram adequadamente avisados (Ezequiel 33.1-6). 
      Não estou dizendo que as pessoas serão inocentadas pelos erros dos outros, a lei é moral e o espírito humano sabe quando erra, ainda que ninguém saiba ou o avise. Se uma pessoa não avisar alguém, outra avisará, de alguma maneira, Deus não erra nem é injusto, contudo, a pessoa que não avisou sofrerá as consequências por isso. Os errados sejam humildes, aceitem a correção, quando é de Deus os homens podem nem ficarem sabendo, seu pastor, sua esposa, seu esposo ou seu patrão, podem nem ter conhecimento de seu erro e nada fazerem a você, mas Deus vê e corrige para a vida. Já os profetas, sirvam a Deus, não aos homens, obedeçam seus chamados diligentemente. Não é fácil ser boca da verdade mais alta, nem há recompensa por isso no mundo, mas é honra de Deus, a eternidade revelará.

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