09/12/22

Vestidos, despidos e revestidos

      “Pois sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos humanas, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação celestial; se, de fato, formos encontrados vestidos e não nus.” II Coríntios 5.1-3

      Um ser humano adulto e mentalmente sadio, tem naturalmente um pudor que o faz proteger sua nudez de pessoas e de lugares inadequados. Quem é pego com as partes íntimas à mostra sente-se envergonhado, só crianças inocentes e insanos não possuem esse pudor. Por isso Apocalipse 16.15, “eis que venho como ladrão, bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas roupas, para que não ande nu e não se vejam as suas vergonhas”, usa isso como simbologia para ensinar sobre quem for pego moralmente despido, despreparado em obras de virtudes elevadas no juízo.
      No juízo, pelo qual todos nós passaremos no plano espiritual, Deus nos avaliará pelas virtudes morais que tivermos conseguido anexar aos nossos espíritos por meio de persistentes obras. O texto de II Coríntios 9.6, “que o que semeia pouco, pouco também ceifará, e o que semeia em abundância, em abundância ceifará”, apesar do contexto se referir a coleta de bens materiais para necessitados, pode ser usado também para a prática de virtudes morais de forma geral, e nisso um aspecto nos chama a atenção, essa prática é por livre arbítrio, não por obrigação para sair do inferno. 
      Sabermos que semear mais ou menos é escolha nossa, e que isso implicará em “galardões” espirituais recebidos na eternidade, nos leva a ver a vida como um estado constante de vigilância, onde pode-se verificar necessidades e se dispor a atendê-las, ainda que não sejam aos olhos do mundo nossas responsabilidades. Enfim, não há momento para descanso enquanto estivermos vivos, Deus sempre nos desafiará com algo bom que podemos fazer para servirmos ao próximo em amor. Isso é nos revestirmos para não sermos achados moralmente nus no juízo. 
      Paulo reflete mais sobre esse ensino no texto bíblico inicial, usando a mesma simbologia. Casa terrestre e tabernáculo são símbolos para nossos corpos físicos, desse modo ele fala de morte do corpo e de um sentimento intrínseco a todo ser humano que tem vida neste mundo em comunhão com Deus, estar insatisfeito com esta vida e desejar ardentemente a outra. Assim, enquanto devemos ser vestidos por virtudes morais seremos despidos da capa grosseira e vã da matéria para sermos revestidos de um novo corpo espiritual. Seguindo, em II Coríntios 5.3-6Paulo reafirma o ensino: 
      “Pois nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos angustiados, não por querermos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, foi o próprio Deus quem nos preparou para isto, dando-nos o penhor do Espírito. Por isso, temos sempre confiança e sabemos que, enquanto no corpo, estamos ausentes do Senhor.” Quem nos chama para o revestimento e nos alerta sobre a temporariedade da matéria é o Espírito Santo, por isso viver o evangelho só no intelecto, não dando liberdade ao Espírito, limita nossa ótica de vida com Deus.
      O que nos satisfaz? Prazeres do corpo físico, comida, bebida, sexo? O que faz com que nos sintamos vestidos e protegidos? Boas e caras roupas, carros grandes, casas espaçosas? Ou lá dentro de nós existe, percebemos e valorizamos, uma saudade do Senhor, saudade de alguém, que apesar de estar vivo dentro de nós pelo Espírito Santo, ansiamos conhecer mais diretamente, sem véus, sem filtros? O que nos define como bons seres humanos não são riquezas deste mundo, mas esse desejo, que revela onde de fato onde está nosso coração, se em Mamon (Mateus 6.24) ou em Deus. 
      Novamente dou uma orientação, e acreditem, se eu tivesse autoridade daria uma séria exortação, visto a importância disso, mas não me foi dado esse direito, assim só sugiro: busquem experiências reais e maduras com os dons do Espírito Santo citados em I Coríntios 12. Paulo não proíbe os dons, muitos menos o de línguas espirituais, só orienta como usá-los com sabedoria. Sei que muitos que não querem os dons o fazem baseados no uso equivocado e imaturo que muitos chamados pentecostais fazem deles, mas isso não é desculpa. Dons do Espírito são chave para a verdade, creiam! 

08/12/22

Obediência com ou sem livramento

      “E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi. Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.Gênesis 22.1-3

      Uma das histórias mais conhecidas da Bíblia, Deus dá a Abraão um filho em sua velhice e promete que desse filho nações seriam geradas, Deus faz o milagre, mas depois Deus pede que Abraão sacrifique esse milagre. O que foi mais provado em Abraão nessa experiência, sua fé? Não sei. Ele sabia que Deus poderia mudar de ideia? Acho que não, nós sabemos hoje porque conhecemos essa história pela Bíblia. Ele sabia que do jeito que Deus deu a ele um milagre em Isaque poderia dar outro milagre por outro filho? Talvez. O importante é que Abraão obedeceu, indiferente do que acarretaria obedecer à ordem, assim penso que o que mais foi provado em Abraão foi sua obediência imediata a Deus.
      Mesmo a fé forte e sincera pode ser usada para gerar conjecturas, mais para imaginar possibilidades, e assim, para achar saídas para possíveis consequências de uma ordem de Deus que foi obedecida. Mas e se Deus deixasse que o sacrifício ocorresse e não desse mais a Abraão filhos? Então, a promessa que Deus fez, que de Abraão nasceriam nações (Gênesis 15.1-6) não ocorreria. Deus seria menos Deus por isso? Não, Deus sempre sabe o que e como faz. Mas Deus não age de forma tão complexa que o homem não possa entender, Deus é simples e direto, e o que ele verdadeiramente promete ele cumpre. Saber isso poderia ter dado a Abraão fé para obedecer sem pestanejar, ainda que amasse Isaque. 
      Tenho aprendido, pelo menos até agora, que quando Deus quer que façamos uma coisa, por mais difícil que pareça, o Espírito Santo nos inclina para fazer essa coisa com paz e alegria, essa aprovação vem quase que imediatamente. Contudo, algumas coisas podem não ser a princípio tão fáceis e prazerosas, assim se Deus manda fazer não sentiremos a princípio algo bom. Nessa situação precisamos buscar com mais persistência a força do Senhor para obedecer. Abraão não deve ter sentido prazer em ter que fazer aquele sacrifício, justamente de seu filho único, algo tão importante para ele, mas ele obedeceu. Isso nos faz pensar que existem coisas que fazemos não com prazer, mas só por fé.
      Espiritualidade “nível dois” foi a que teve Abraão. “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras” (Mateus 16.27), esse versículo pode se referir a obras feitas nesse nível, que podem ser as que mais farão diferença na eternidade quando formos avaliados. Contudo, tenhamos cuidado, se sentirmos algo bom pode nos levar a agir sem pensar, por outro lado se tivermos uma visão distorcida da vida, se acharmos identidade em sofrimento, em nos fazermos de vítimas, isso também pode nos levar a fazer algo sem orar, só porque beneficiará os outros, não a nós mesmos. Na dúvida, ore mais, e se Deus pedir, espere antes de fazer. 
      Admiro Abraão, gostaria de chegar ao nível de espiritualidade dele, obedecer ainda que para sacrificar aquilo de mais precioso que tenho, e mesmo com a certeza que isso não será restabelecido. Isso é fé, não no livramento, mas que a vontade de Deus é sempre a melhor, ainda que percamos um direito dado a nós pelo próprio Deus. Tenhamos cuidado, coragem nem sempre reflete lucidez, mas irresponsabilidade tola, Deus não pede isso de nós, contudo, podemos escolher servir os outros em amor de forma prática, mesmo que não seja agradável. O valor de nossas escolhas, quem de fato quisemos servir e honrar com elas, só na eternidade saberemos, quando o Filho do homem vier na glória de seu Pai.

      “Eu sei, ó Senhor, que não é do homem o seu caminho; nem do homem que caminha o dirigir os seus passos.” Jeremias 10.23 

José Osório de Souza, 27/11/2021

07/12/22

Olhe para Deus e ele olha para você

      “Os meus olhos estão continuamente no Senhor, pois ele tirará os meus pés da rede. 
      Olha para mim, e tem piedade de mim, porque estou solitário e aflito.
      Olha para a minha aflição e para a minha dor, e perdoa todos os meus pecados. 
      Olha para os meus inimigos, pois se vão multiplicando e me odeiam com ódio cruel.
      Guardem-me a sinceridade e a retidão, porquanto espero em ti.
      Redime, ó Deus, a Israel de todas as suas angústias.” 
Salmos 25.15-16, 18-19, 21-22

      Conseguir segurar a paz é uma questão de focar os olhos espirituais no lugar certo, em Deus, entendido e crido da maneira certa, o Deus que sempre nos ama, nos perdoa e tem o melhor para nós, na hora e no lugar certos. Os meus olhos estão continuamente no Senhor, pois ele tirará os meus pés da rede, faça desse versículo teu princípio fundamental de vida. Olhando para Deus não somos presas do homem mal, não somos confundidos e sabemos fazer a melhor escolha, ainda que seja só esperar em silêncio pela orientação do Senhor, que não sabemos qual é, mas em que confiamos. 
      Deus enxerga nossa dor e não tem nenhum prazer em nos ver sofrer, ainda que saiba que a dor possa ser necessária para que sejamos aperfeiçoados. O Senhor sempre acredita em nós, seu olhar piedoso nos enxerga com a esperança do pai que sabe que o filho acabará fazendo a escolha melhor. Quando olhamos para Deus ele olha para nós, e o primeiro instante desse olhar nos leva ao arrependimento, nos perdoa e nos dá paz. Então, não nos sentimos solitários, mas abraçados pelo Espírito Santo, que ilumina nossas trevas, enxuga nossas lágrimas, tira nossos pés da rede, faz sorrir nossa alma tão doída. 
      Nós olhamos para Deus e nos sentimos protegidos. Se há boa sinceridade e fé reta, nosso espírito puro e limpo não terá dificuldades para receber e refletir a luz mais alta e clara do Altíssimo. Essa luz afugenta todos os inimigos, principalmente os espíritos malignos, que simpáticos a quem não teme a Deus e não gosta de nós, podem estar nos atormentando. Mas que trevas resistem ao humilde que não tem com quem contar a não ser com Deus? Humilde que não tem riquezas e fama, só sinceridade e retidão, só forças para clamar a Deus pedindo que olhe para ele e o redima de armadilha do mal.
      Redimir ou remir, é o ato de devolver a alguém a liberdade. Às vezes tribulações nos pegam de surpresa e nos lançam em buracos fundos, acontece subitamente, de forma que de um momento de alegria e liberdade nos vemos logo em seguida em outro, presos e aflitos. Nesse momento olhamos para baixo, aos lados, para trás e para frente e nada vemos, só escuridão, isso é aterrorizante. Mas então olhamos para cima, lá no alto a luz parece pequena, mas é forte, o suficiente para nos tocar e nos erguer. Depois disso basta mantermos os olhos em Deus e seguirmos pela fé, conectados com o Senhor.

06/12/22

Espera, espera, espera em Deus

      “O Senhor , o Deus dos Exércitos, o Senhor é o seu nome; converte-te a teu Deus, guarda o amor e o juízo e no teu Deus espera sempre.Oseias 12.5-6

      O que faz sofrer é a dúvida, o que nos angustia na dúvida é a pressa para sabermos o que devemos fazer numa situação. Contudo, quando Deus diz espera significa permanecermos em paz ainda que não saibamos o que fazer, e não sabemos porque Deus ainda não disse-nos. Por que Deus nos manda esperar? Por que muitas vezes ele não responde imediatamente a uma pergunta nossa? Sendo que o que nós queremos é só saber qual a melhor escolha a fazer, aquela que o agrada e nos faz bem? Por vários motivos, mas um deles pode ser porque ele está nos tratando para sermos mais pacientes, então, aprendamos a ter paz ainda que não saibamos o que fazer, pelo menos não de imediato. Ter paz sem saber o que fazer é confiar em Deus.
      A pressa nos engana porque dizemos a nós mesmos que ela é legítima porque queremos fazer a coisa certa, assim a mantemos. Mas torturados pela pressa não temos paz, não conseguimos nem orar, e se oramos, falamos, mas não ouvimos a voz de Deus, e se ouvimos não aceitamos, porque Deus pode estar respondendo algo que a pressa não quer ouvir, espera. Nenhuma resposta de Deus também é resposta, ainda que não gostemos ou entendamos, mas para termos paz devemos confiar nela, como se a resposta fosse faça isso ou faça aquilo. Um ponto a entender é que muitas vezes uma solução não depende só de nós, mas de escolhas de outras pessoas, nas quais o Espírito Santo pode precisar de tempo para trabalhar sem pressa.
      Tudo é tratamento de Deus para vermos a existência sob o ponto de vista espiritual, não material, confiando no Deus invisível e não em capacidades e riquezas visíveis. Acho que a orientação que o Espírito Santo mais nos dá é espera, pelo menos para mim é, eu que sou muito ansioso. Mas num determinado momento de nossas vidas, Deus não poderá postergar mais, teremos que ser confrontados com nossa ansiedade para que a vençamos do jeito correto, confiando em Deus ainda que não saibamos como agir ou qual é a solução para uma questão. Não se desespere se a resposta parecer difícil de ser achada, pode ser só Deus dizendo: “espera, você não pode ter a resposta agora, mas pode confiar em mim e ficar em paz”. 

05/12/22

Mantenha o modo certo ligado

      “A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito precede a queda. Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos.Provérbios 16.18-19

      Algumas pessoas não são conscientemente cruéis ou frias, elas só fazem uma escolha que lhes parece melhor. Elas viram uma chavinha para acionar seu modo humano para fazer suas máquinas funcionarem, então, poderem enfrentar o mundo. Pessoas diferentes têm modos humanos diferentes para ganhar força adicional para lutar por suas vidas, umas têm o modo arrogante, outras o modo timidez, outras o modo sedução, outras o modo negação. Elas insistirão nesses modos enganosos enquanto não tiverem coragem para usar o modo divino, e esse é um só, o modo humilde. Muitas passarão toda uma vida antes de aceitarem que o modo humilde é o melhor, não só para enfrentar este mundo como o outro mundo.
      Acima citei quatro modos humanos em especial, o mais comum é o arrogante. Esse se fortalece ainda que tenha que passar por cima dos outros, com palavras ou ações, nele a pessoa se acha superior, nessa condição altiva e agressiva obtém forças. No modo tímido a pessoa se fecha, faz isso para se proteger contra inimigos que podem nem existir, mas que em sua visão insegura e distorcida ela acha que existem. O modo sedução usa a sensualidade, nesse tenta-se contornar e controlar situações conquistando as pessoas, seja com palavras, olhares e “jeitinhos”, ou mesmo com trocas mais ousadas. No modo negação a mentira é arma usada para não assumir diante de outros a verdade, que a pessoa pensa que a diminui ou a humilha. 
      O modo humilde é o único modo de vida eterna, os outros são de morte, assim precisamos aprender a manter a chavinha com ele ligada o tempo todo. Quem tem certas tendências, à arrogância, à timidez, à sensualidade, à negação, precisa vigiar para estar humilde, seja lá onde estiver ou com quem estiver. Isso dá trabalho, mas é preciso, se de fato queremos ser espirituais. Uma característica desse modo não é ser bobo ou se deixar ser subjugado, mas é ser verdadeiro de forma sábia, sem necessidade de usar armas, muletas, máscaras ou qualquer outro recurso para ser o que não se é. Deus nos ama pelo que somos de verdade, não precisamos ser mais que isso, assim se confiarmos no Senhor é possível sermos felizes no modo humilde. 

04/12/22

Deu não rejeita o reto

      “Volta-te, Senhor, livra a minha alma, salva-me por tua benignidade.” Salmos 6.4
      “Apressa-te em meu auxílio, Senhor, minha salvação.” Salmos 38.22

      Não acho certo demonizar pessoas, tratá-las como más, vê-las como inimigas, e por outro lado, ver-me como bom e os que se opõem a mim como os que Deus deve destruir, o novo testamento não ensina isso. Todos somos seres humanos com livre arbítrio, que podem escolher coisas certas ou não, e muitas vezes o que parece certo para nós prejudica outro. Quando nos vemos como amigos de Deus, outros podem estar nos vendo como seus inimigos, e sendo assim esses podem estar pedindo a Deus que nos destrua, tanto como pedimos a Deus para destruí-los. A vida neste mundo é relativa, no ponto de vista de cada pessoa, nisso há enganos, armadilhas, egoísmo, só podemos enxergar a verdade quando conhecemos e praticamos o ponto de vista do Senhor, que vê a todos e a todos ama igualmente.
      Mas é indubitável, que com certas pessoas, por mais que procuremos ver as coisas sob o ponto de vista de paz e amor do evangelho, sentimos que elas se colocam claramente como nossas inimigas. Geralmente são pessoas que acham identidade em se oporem, não a todos, mas a nós em especial, assim, por mais que tentemos agir certo com elas, um forte clima beligerante prevalece. Com alguns parece que sempre estamos andando sobre ovos, por mais cuidado que tenhamos algo dá errado, e a relação descamba para uma guerra campal. Se nos calamos para não reagirmos da mesma maneira, o semblante dessas pessoas se transtornam, sintoma das almas torturadas que elas têm, nós saímos de uma simples conversa com elas doídos, muito angustiados, como se um carro tivesse passado por cima de nós. 
      Deus ama a verdade, mesmo que ela não seja boa ou certa, assim, em muitas situações, como cristãos maduros, devemos ter consciência de tudo o que levantei acima, que seres humanos não são inimigos a serem destruídos por Deus, que todos recebem igual atenção do Senhor em suas causas para que se saiam bem. Contudo, temos que ser verdadeiros com Deus, mostrarmos o que sentimos, verbalizarmos que uma pessoa está nos fazendo mal, que sentimos dela muita arrogância, um ódio injustificável, pelos menos sob nosso ponto de vista, contra nós. Muitas vezes é preciso pedir a Deus, com fé e com todo o sentimento, que ele destrua, não a pessoa, mas seu ataque, que ele quebre a cerviz do arrogante para que esse se torne humilde, nos trate com respeito, ou então, suma de nossas vidas. 
      “E o meu povo habitará em morada de paz, e em moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso.” (Isaías 32.18), a vontade de Deus é que vivamos em paz, se isso não está acontecendo conosco é porque algo está errado. Ou estamos vivendo em pecado, com erros não assumidos e perdoados, ou não estamos aceitando um tratamento de Deus, e tratamento sempre dói, ou não estamos lutando em oração de forma adequada por nossas causas. Perdão que nos traz paz e santidade, humildade para aceitar limites, e oração vitoriosa, eis as chaves para vivermos em paz, de forma segura, mesmo em meio a tantas lutas e injustiças neste mundo. “Eis que Deus não rejeitará ao reto, nem toma pela mão aos malfeitores” (Jó 8.20), causa reta sempre vence, já o arrogante se perde em confusão. 

03/12/22

Pela glória de Deus

      “Eu não recebo glória dos homens, mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis. Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?” 
João 5.41-44

      Eu não recebo glória dos homens, essa convicção definiu a passagem do Cristo-homem no mundo. Moisés teve suas provas, preparado por oitenta anos, Davi enfrentou perseguição e viveu como marginal, mas num determinado momento ambos tiveram glória humana, um como codificador de uma religião e libertador de um povo, o outro como rei de uma nação e co-construtor, junto do filho, do Templo de Jerusalém. Quem esperava um messias como esses líderes se decepcionou, e pior, matou o Cristo, pergunto se esse equívoco não permanece até hoje, não no mundo, mas no cristianismo. 
      Quando um catolicismo se associa ao império romano para ter proeminência, quando constrói um Vaticano para se impor no mundo, quando muitos evangélicos erguem templos enormes e luxuosos, ou montam impérios na mídia com apoio de políticos para vender seus “produtos”, isso é buscar glória dos homens. Esse falso cristianismo, ainda que fale de Cristo, nome que tem poder em si mesmo, independente de quem o use, não pode entregar a melhor vontade de Deus para homem, assim não cumprirá a missão original que Deus deu a Jesus, alguém que não viveu pela glória de homens. 
      Você é chamado para seguir o exemplo de Jesus, assim, não dependa de reconhecimento humano para ser bom, nem alegue a falta dele para não ser. Seja bom sempre, indiferente do que os homens pensem, confie na glória que Deus dá, não em outra. Dependemos demais de sermos aprovados por homens, e ainda que nos achemos espirituais, que nos coloquemos como cristãos, muitas vezes vivemos mais para o mundo que para o Senhor. O que mais nos afasta de conviver, não só com família, mas com igrejas, é acharmos que não fomos reconhecidos pelos homens por nossas qualidades e esforços. 
      Ainda que não seja fácil, devemos aceitar de coração sermos motivados e mesmo termos alegria de viver, na confiança de que Deus nos vê e nos recompensa. Se não adquirirmos essa consciência nunca creremos de fato em Jesus, em tudo que ele revelou sobre o reino do céu, estaremos ainda vivendo para um reino do mundo, ainda que dentro de religião. Quem não busca a glória de Deus poderá facilmente ser presa do homem mal, que por dizer o que queremos ouvir nos seduz e nos usa para seus interesses, pondo-se como um “deus” em nossas vidas e nos afastando do Deus verdadeiro. 
      Quem não se firma na glória de Deus, não reconhece que só a honra que Deus dá importa, assim, não glorifica a Deus como Deus, e não prova o amor de Deus. Quem depende de aprovação humana para ser feliz, ama mais os homens que a Deus. Triste é viver nessa condição, numa agonizante frustração, glória falsa nunca basta, não liberta-nos pelo Espírito, mas prende-nos à ilusão material. O amor de Deus supre todas as nossas necessidades, físicas e emocionais, satisfeitos não nos importamos com o que os homens pensam, digam ou façam, mas ainda assim temos amor para respeitá-los.