12/03/23

Vossa tristeza se converterá em alegria

      “Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria.João 16.20

      Seguir em direção a Deus dói, sim, achamos consolo, conhecemos a melhor paz, mas há sofrimento. O motivo é simples, perto de Deus somos iluminados e a luz moral do Altíssimo expõe nossas imperfeições, a verdade faz doer. Quem não quer seguir para Deus inventa motivos para dizer que ele não existe como ele realmente é, diz que crer no mundo espiritual é coisa de ignorante, que culpa é para fracos, com isso fica em trevas. Com as luzes apagadas não se vê defeitos, não se sabe a verdade, há o torpor da irresponsabilidade moral, que não assume erros nem sente culpas, assim não se sofre. 
      Quem quer ser feliz neste mundo sempre, prefere ficar longe de Deus, quem se aproxima do Senhor se aproxima da dor, mas só a dor aperfeiçoa, faz melhorar, e só quem busca melhorar entende a verdadeira razão de estar neste mundo. Pode ser duro o que vou dizer, mas não viemos para este mundo para sermos felizes, viemos para sofrer, viemos para sentir dor. Mas não se desespere, quem aceita humildemente esse tratamento, quem aceita a verdade e busca com todo o coração ser alguém melhor em Deus, acha a paz, é tratado de forma diferenciada pelo universo, sabe onde anda porque está na luz. 
      Você já deve ter percebido que algumas pessoas parecem não sofrer muito, isso acontece com gente diferente, de níveis financeiros e intelectuais distintos. Essas pessoas têm problemas, e acredite, piores que os daqueles que se aproximam do Senhor e assumem a verdade, mas elas conseguem se livrar da dor e seguirem em frente. Fazem isso principalmente jogando a culpa nos outros, dizendo que elas estão certas, que são as outras pessoas que não estão agindo corretamente. Já você, que segue para Deus, sente uma aflição constante, uma cobrança permanente, é a luz de Deus tratando tua vida. 
      É importante que fique claro que a dor dos filhos da luz, que não é de pecado não resolvido ou de ansiedade não entregue ao Senhor, existe, mas é curada na humildade, assim a luta do que segue para Deus não é para anular a dor, mas para permanecer humilde. Aquele que nega essa dor insiste na arrogância, coloca-se acima do sofrimento, foge do Senhor, por isso consegue ter no mundo mais alegria que os filhos da luz. Entretanto, na eternidade, onde todos são confrontados com a luz mais alta, onde não há como fugir do juízo, os que aqui sofreram corretamente terão alegria duradoura. 
      Temos vivido um momento onde a mensagem pregada pela mídia e outros poderes é de negação da dor, ninguém quer sofrer, ou pior, mostrar que sofre, a imagem nas redes sociais tem que exibir um ser humano sempre maquiado, bem vestido, festejando. Não negamos que o objetivo final do ser seja a felicidade, mas a verdadeira felicidade não se consegue neste mundo e muito menos do jeito que se é pregado. É preciso muita dor no plano físico, digerida da maneira certa, esculpindo valores morais na pedra dura do ego humano, para que se possa colher felicidade, e isso só no plano espiritual.
      Desculpe-me ser humano pós-moderno, não posso esconder de você a verdade, o evangelho de Jesus não é livro de auto-ajuda, palestra motivacional ou filme da Disney. Todo o dinheiro que se pode gastar em academias, dietas alimentares, cirurgias plásticas, viagens, bebidas, festas, roupas, tênis, celulares, remédios ou psicoterapia, não trará felicidade, só aumentará o buraco da alma para caber mais vazio. O arrogante que foge de Deus adentra mais as trevas, isso faz com que se engane mais, longe da luz do Altíssimo só há mentira. Quantos sofrem enquanto alguém não assume sua verdade?
      No texto bíblico inicial João registra o momento quando Jesus revela aos discípulos que eles ficariam sem ele, que isso os deixaria tristes, enquanto os outros estariam felizes, mas Jesus diz que depois os discípulos estariam felizes novamente com a presença do mestre. Vossa tristeza se converterá em alegria, como tantas passagens bíblicas, essa possui mais de uma camada de interpretação, a mais próxima dos discípulos naquele momento é que Jesus morreria e ressuscitaria, mesmo nessa interpretação há um milagre que os discípulos não estavam preparados para entender, só entenderiam depois.
      Mas a interpretação mais abrangente tem a ver com as vidas de todos os seres humanos, de todos os tempos, que creem em Deus e caminham espiritualmente em sua direção. A lição do texto segue o princípio que permeia todo o evangelho, que diz que se ganha quando se perde, que se vive quando se morre, assim só haverá alegria quando houver tristeza para se transformar nela. Mas como querem ter alegria na eternidade os que querem ter alegria no mundo, mesmo em nome do que muitos creem ser o evangelho? A lição não é alerta só para os do mundo, mas também para muitos da igreja. 

11/03/23

O Senhor peleja por nós

      “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver. O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis. Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco. E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros.” Êxodo 14.13-18

      O texto bíblico inicial é o epílogo do livramento da nação de Israel do Egito. Podemos analizar esse episódio sobre vários pontos de vista, Israel, Egito, o faraó e os egípcios, o deserto, o milagre da abertura do mar e Canaã, são simbolismos para várias coisas em nossas vidas pessoais. Egito é uma condição de vida dura, onde muito se trabalha, mas pouco se recebe, onde se dá lucro para os outros não para si mesmo. É uma condição difícil, mas é para ser só uma fase, principalmente no início de jornadas, o lado positivo dela é que como uma família, a de Jacó e seus filhos, se transformou numa nação, nós como indivíduos crescemos e nos fortalecemos, preparados para atravessar um deserto e conquistar Canaã. 
      O faraó pode parecer um opressor injusto, mas no tempo certo é instrumento de Deus para fazer de uma família uma nação, todos nós temos nossos “faraós” em nossas jornadas. O correto é no momento adequado nos livrarmos dos egípicios, e esses, se forem sábios, saberem que devem deixar partir os que temem a Deus para serem livres. Se os egípcios de Israel tivessem tido essa lucidez, essa humildade, teriam ficado sem aqueles que de alguma forma lhes proporcionavam lucros, no caso de Israel como mão de obra escrava, mas ainda permanecido com alguma dignidade, mas não foi assim que ocorreu. Se Deus tem propósito na luz dos que o temem, também tem nas trevas dos que não confiam nele. 
      Israel, vendo os exércitos egípcios perseguindo-o teve novamente sua fé testada, e novamente falhou. Depois de ver tantos sinais que o todo-poderoso tinha feito para livrá-lo de seus opressores, saber que quando Deus quer ele faz e não é preciso temer, mas confiar e seguir em paz, Israel duvidou. Povo de dura cerviz? Sim, como eu e você. O próprio Moisés temeu, por isso Deus lhe respondeu, “por que clamas a mim? dize aos filhos de Israel que marchem, e tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco”. Nada de novo Deus tinha a dizer, a libertação de Israel já havia sido dada, bastava que Moisés e o povo seguissem com fé.
      Se o povo de Deus não creu, quanto mais os egípcios, depois de todos os sinais que viram o Deus verdadeiro fazer a favor de um povo seu, ainda insistiram na perseguição, achando que ainda poderiam voltar a subjugar Israel. Mas quem se rebela contra Deus tem o coração endurecido, olhos e ouvidos espirituais fechados, anda em trevas e caminha para uma humilhação maior. “Estes entrarão atrás deles e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor”, não era uma situação onde seria perdida a liberdade conquistada, mas uma em que essa liberdade se estabeleceria por completo e os opressores seriam totalmente punidos. 
      Eis uma experiência que todos nós podemos viver, termos um grande livramento de Deus e depois sentirmos como se esse livramento fosse perdido. Mas quando isso ocorre é para nós confiarmos ainda mais no Deus que começou a nos libertar e entendermos que Deus intenta nos livrar mais ainda. Se os egípcios não tivessem vindo atrás poderiam ter dado a Israel uma sensação de liberdade, mas temporária, porque depois poderiam se fortalecer e voltar a atacar Israel. Deus queria dar a Israel não uma libertação temporária, mas definitiva, não era Deus interrompendo no meio uma obra, tirando o que havia dado, mas aumentando ainda mais a bênção, acabando com qualquer possibilidade do faraó oprimir de novo seu povo. 
      “Não temais, estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará, porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver, o Senhor pelejará por vós e vós vos calareis”, essa é uma das palavras mais poderosas da Bíblia, Deus a diz também a mim e a você. Estais quietos, sem murmuração, sem reclamação, sem tristeza, mas naquela paz profunda que se vive em silêncio. Vede o livramento do Senhor, quando Deus age nós assistimos, de camarote, quietos, porque não somos nós quem lutamos, mas ele, a glória por sua vez será só dele. Os egípcios que hoje vistes nunca mais os tornareis a ver, o que nos oprimiu por anos será só lembrança, nunca mais nos afligirá, estará submerso no fundo do mar. 
      Israel, quando viu o mar à frente e os egípcios atrás, talvez tenha se sentido novamente preso, oprimido, mas esse mar não era para oprimi-lo, mas para destruir seu opressor. Precisamos ter discernimento, o temos quando não olhamos para trás, para nossos opositores, para nossos erros, para a confiança errada em egípcios, que a princípio podem até nos ajudar, num momento de falta de suprimentos materiais, mas depois nos tornarão seus escravos. Mas também temos esse discernimento quando não olhamos para o mar à nossa frente, o Deus que quebrou a opressão pode abrir o mar, o mar do desconhecido futuro, de outros inimigos que poderão tentar nos impedir de entrar em Canaã. Olhemos para cima, para Deus. 
      Refletimos sobre os pontos de vista dos egípcios e de Israel, mas há um terceiro ponto de vista, de Moisés. Muitos de nós somos chamados como líderes por Deus para tomarmos a frente e conduzirmos outras pessoas às suas canaãs, de tais é exigido firmeza de propósito e confiança no Senhor que vigia na qualidade moral. Quem Deus chama Deus prepara, se Deus te colocou como Moisés em uma causa esteja preparado para ser cobrado, não por Deus, mas pelas pessoas, quando a fé delas for confrontada elas não cobrarão o Senhor, mas você. A quem tem chamada de Moisés é preciso certeza do que faz, serenidade que olha sempre para cima. Se mostrar-se fraco aquele que guia, como findará a jornada o guiado? 

10/03/23

O cristianismo que me representa! (2/2)

      “E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.João 1.36

      “E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais” (João 8.10-11). O cristianismo que me representa é o de Jesus não humilhando a mulher adúltera diante de tantos, mas perdoando-a e dando-lhe uma segunda chance. Quanta calma para reagir diante da fraqueza do outro, o oposto da nossa reação, que muitas vezes quer esconder nossos erros atrás dos erros alheios. Só com muita paz de espírito para portar-se assim, que inveja “boa” eu tenho desse Cristo, que nada tem a ver com o cristianismo de muitos que se chamam de cristãos.
      “Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.” (Mateus 11.18-19). O cristianismo que me representa é o de Jesus ensinando pecadores de forma muito próxima, não se colocando como melhor que eles, mas como irmão deles. Que segurança para ser visto com gente menos apegada a valores morais, sem ter a vaidade de temer ser confundido com um deles, principalmente sabendo que líderes religiosos judeus estavam de olho nele, sempre procurando uma razão para matá-lo, esses sim, para aplacar inveja e vaidade enrustidas.  
      “E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isto quase à hora sexta. Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.” “Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos). Jesus respondeu, e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus, e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.” (João 4.6-7, 9-10). O cristianismo que me representa é o de Jesus, que ainda cansado tinha afeto para dar, muitas vezes vencendo preconceitos que até poderiam justificar ele não ter que ajudar alguém.
      “E foram ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele, por causa da multidão. E foi-lhe dito: Estão lá fora tua mãe e teus irmãos, que querem ver-te. Mas, respondendo ele, disse-lhes: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a executam.” (Lucas 8.19-21). O cristianismo que me representa é o de Jesus, que teve a coragem de dar as costas até para familiares próximos, abriu mão de ser entendido e aprovado por esses, porque escolheu saber e fazer a vontade de seu pai espiritual. Quantos acham que ser espiritual é seguir cegamente a religião da família, que sabem que não funciona, mas que não têm coragem de deixá-la, pois querem honra da sociedade, não de Deus.
      “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem.” (João 2.23-25). O cristianismo que me representa é o de Jesus que fazia milagres físicos por amor, ainda que soubesse que isso não mudaria o coração de homens imaturos. Esses só o buscavam por motivos materiais, não para serem seres humanos moralmente melhores, muitos dos quais depois engrossariam o coro dos que escolheram Barrabás para ser poupado, não ele, que não estariam com ele no final, quando ele mais precisasse. 
      “E, levantando-se o sumo sacerdote, disse-lhe: Não respondes coisa alguma ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, guardava silêncio. E, insistindo o sumo sacerdote, disse-lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus.” (Mateus 26.62-63). O cristianismo que me representa é o de Jesus calando-se diante dos ataques injustos e violentos dos homens, que se postavam como líderes religiosos exemplares, mas que não conheciam o amor de Deus. Por isso não temo me posicionar contra papa, padres, pastores, pregadores, religiões e cristianismos deste mundo, que ainda que numa condição de excessão Deus use para iluminar o ser humano, estão longe de serem o cristianismo do Cristo genuíno. 
      Conivente com o pecado, glutão, bêbado, herege, mau filho, passivo diante da injustiça, podemos acrescentar endemoniado, louco, além de insurgente político, não, o Cristo real não era bem visto, hoje seria “cancelado” nas redes sociais, poderia não ser crucificado, mas seria processado por líderes religiosos. Sim, a Bíblia precisa ser entendida com mais cuidado, com mais oração, com mais Espírito Santo, e algumas coisas poderiam ser até desconsideradas, mas Jesus, seus exemplos práticos de vida na sociedade, esses precisam ser praticados sempre. Eu amo Jesus, ele me representa, se ele não não fosse quem é, religiões não estariam de pé até hoje, por usarem, ainda que imperfeitamente, seu maravilhoso nome. 

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a 1ª parte desta reflexão

09/03/23

O cristianismo que não me representa (1/2)

      “Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo, e em muita certeza, como bem sabeis quais fomos entre vós, por amor de vós.I Tessalonicenses 1.5

      Muito do que se autodenomina cristianismo evangélico, que se diz baseado na tradição protestante e na Bíblia, não me representa, assim não tenho receio de dizer que não concordo com muitas coisas que cristãos e pastores dizem sobre o cristianismo. Por assumir isso muitos podem me ver como um desviado, mesmo como um herege, e isso não é verdade, desviados e hereges sob o ponto de vista de desviados e hereges não são desviados e hereges. Quem, então, é desviado e herege, eu ou os que se opõem aos meus pontos de vista? Os frutos bons que permanecem no tempo até o juízo na eternidade responderão a isso. 
      Longe de mim, mas muito longe mesmo, me comparar a um por cento do que foi o apóstolo Paulo, assim usar o texto bíblico inicial para me justificar nesta reflexão é totalmente inapropriado. Contudo, posso dizer que mesmo numa proporção muitíssimo menor, tenho provado uma experiência com Deus não só de palavras, mas de prática. Nem o escritor mais prolixo e talentoso, ou o maluco mais fora da casinha, teria tantas palavras para inventar como as que são postadas nesta página, e creiam, no momento de vida que estou, nem tenho mais energia artística para isso, só tenho a amizade de Deus para me alimentar. 
      Diz-se que anonimato dá coragem a medíocres, assim pode-se dizer qualquer coisa na internet, não discordo disso, e como isso tem sido usado principalmente para disseminar atualmente fake news e teorias conspiratórias. Mas creiam, não é o meu caso, púlpito virtual é ferramenta que veio para ficar, que pode ser usado com inteligência por muitos, mas que pode ser ainda mais útil para outros, com algumas limitações. Para mim é bênção de Deus que se adequa aos meus limites como escritor de sua palavra, mas também é bênção para o leitor que está longe e só tem acesso à palavra que está preparado para ouvir pela internet. 
      Oro muito pelo que escrevo aqui, e recebo aprovação de Deus pelo que posto com paz, vitória sobre o pecado e uma vida prática, minha e de minha família, de vitórias na realidade do mundo. Dito isso posso afirmar que o cristianismo de muitos não me representa, porque Deus tem dito a mim coisas diferentes que muitos dizem acreditar que Deus lhes diz. Nesse ponto algo importante e que muitos não entendem precisa ser dito: Deus não me ama mais que àqueles que pensam diferentemente de mim, esses recebem respostas de Deus tanto quanto eu, mas Deus pode dizer coisas diferentes a pessoas diferentes, eis um mistério. 
      Muitos podem falar: “você diz que Deus te falou uma coisa, mas eu busquei a Deus e ele me falou outra coisa, o que ele me disse bate com a Bíblia, o que você diz não bate”. Essa situação pode ocorrer por dois motivos: ou alguém está mentindo, dizendo que ouviu Deus falar quando não ouviu, ou alguém está num nível de escolaridade espiritual diferente. Deus fala com todos, mas não diz coisas profundas a quem não está preparado para entender, dizer seria mais prejudicar que beneficiar. Quando um diálogo chega nesse ponto, que revela um entendimento até lúcido, a conversa deve encerrar-se pelo que tem mais escolaridade.
      Ser espiritual é saber silenciar-se, Jesus homem fez isso muitas vezes. O Espírito Santo também faz isso hoje, com muitos que o buscam e que ainda que queiram saber certas coisas, não estão preparados para saber. Dessa forma quando alguém diz algo, que sabemos que é só a ponta do iceberg, mas que vemos que é sincero, não devemos humilhar ou escandalizar tal pessoa, só nos calar e respeitar, com temor a Deus e humildade. Como sabemos se muitos não são elegantes assim conosco, enquanto ingenuamente achamos que somos mais espirituais que eles, só dissemos a última palavra porque eles humildemente se calaram? 
      O cristianismo de muitos não me representa, e não estou dizendo com isso que as crenças desses não sejam sinceras, nem que Deus não cuide deles, só digo que fui além da superfície. Se você que me lê discorda de mim, não leia mais este espaço, siga na tua fé sincera, mas aconselho a manter a mente aberta e sempre orar a Deus para que te abra os olhos espirituais, caso eles não estejam abertos. Contudo, se o que você lê aqui te fala de alguma forma, e você nem precisa concordar com tudo, mas se te toca de algum jeito, busque mais a Deus, sem medo, peça que ele te mostre a verdade, ainda que contrarie algo que você crê hoje.

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08/03/23

A vida imita a arte (2/2)

      “Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem e me levem ao teu santo monte, e aos teus tabernáculos.” Salmos 43.3

      Os termos “bonito” e “feio” precisam ser usados entre parênteses, no pós-modernismo, esses conceitos como estética, se tornaram relativos, ainda que haja referências morais absolutas de certo e errado. Limites, sempre é preciso limites para se achar o equilíbrio e se conhecer, no minimamente possível, a verdade. Ainda que muitos cristãos não entendam isso, que usem textos bíblicos que dizem que o Cristo é a verdade de forma equivocada, Deus não usou outro meio no planeta Terra para revelar sua verdade mais alta senão o Cristo. Se eu quiser pintar um quadro sobre minha existência, compor uma canção, escrever um livro, se fizer isso à luz de Jesus estarei mais próximo da verdade sobre mim. 
      Ainda que pelos mitos do Éden, de Adão e de Eva, possamos entender que originalmente pretendeu Deus construir uma humanidade perfeita na Terra, mesmo que só por sombras materiais temporárias das realidades espirituais eternas, fica claro na Bíblia, na história de Israel e mesmo na passagem do Cristo homem, que os finais foram tristes. Israel se dissolveu no cativeiro, Jesus foi crucificado, se o próprio Deus escreveu com final infeliz e teve a coragem de mostrar isso ao ser humano de todos os tempos no cânone bíblico. Por que, então, nós queremos ter a arrogância e a covardia de ver os outros lendo em nossas vidas romances com finais felizes? Nos achamos melhores que Deus? 
      Ao lermos algo sobre história da pintura podereremos achar que houve evolução e depois involução, mas não foi isso, o que houve foi uma construção, agregando pontos de vista, e depois uma desconstrução, descartando informações desnecessárias para entender, não a superfície, mas a essência. O trajeto partiu da matéria, a viu florescer, a presenciou morrer e depois se pôs a olhar além. Nisso evolucionismo de Darwin, psiquiatria de Freud, filosofia de Nietzsch, espiritualismo de Kardec, física quântica de Eistein, dentre outros, libertaram o ser humano do conservadorismo, entregaram o humanismo. O homem começou a olhar para dentro de si pelos seus próprios olhos, não pelos olhos dos outros. 
      Difícil definir modernismo artístico em poucas palavras, existem mais de um e alguns se opõem, mas sob um ponto de vista ele pretende subjetividade, que não verifica matéria fixa, mas a luz refletida nela. Assim uma mesma coisa pode ser vista de maneiras diferentes por pessoas diferentes em posições diferentes. Mas ainda há mais, agora não usando só instrumentos físicos, olhos e luz, mas a percepção emocional, mesmo na mesma posição um se alegrará com algo e outro ficará triste. Qual é a verdade? A verdade é aquela que cada um verifica, não a que o papa, o imperador ou qualquer instituição ou religião diz que é. Se verdade é relativa, beleza também é, depende dos olhos de quem vê. 
      A arte imita a vida ou a vida imita a arte? Arte humana busca beleza na matéria, é o homem imitando Deus quando esse atrai o espírito humano à evolução. Se a vida encarnada é arte divina, o homem cria arte terrena tentando imitar a arte divina, por isso muitos artistas chamam suas criações de filhos. A luz material permite interpretações diferentes da vida, o que confere riqueza e beleza à existência, isso é consolo de Deus para que enfrentemos cada dia com esperança nova, cada amanhecer parece raiar um novo Sol, ainda que saibamos que no final enfrentaremos a noite da morte. Mas só a luz mais alta de Deus pode mostrar-nos a verdade, essa não precisa mudar para ser nova sempre, ela é vida espiritual eterna.
      Que partes você tem cortado para que o filme de tua vida fique mais bonito? De ilusão também se vive, mas um dia todos teremos que enfrentar a visão multi-dimensional de Deus, com imagens de todos os pontos de vista e áudio completo e de qualidade, sem censuras. Na eternidade e sob a luz de Deus o filme será executado na íntegra, na versão do diretor de todos os destinos, com notas explicativas e tomadas adicionais que foram suprimidas pelos protagonistas, por essa versão é que seremos avaliados. Entretanto, tente ver teu filme na íntegra ainda neste mundo, mesmo as partes mais doloridas e vergonhosas, sei que não é fácil, mas ache perdão e paz e depois siga, produzindo melhores cenas. 

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07/03/23

A arte imita a vida? (1/2)

      “Para o sábio, o caminho da vida leva para cima, para desviar do inferno, embaixo.” Provérbios 15.24

      Um filme que assistimos na TV ou no cinema é registrado por uma câmera, esse aparelho capta imagem e som, mas de maneira direcionada. Ainda que filmando um documentário histórico, não uma obra de ficção, enquadra uma área específica de imagem e colhe uma faixa restrita de áudio. Um filme não é a realidade, mas um corte dela pelo que filma, de acordo com intenções e preferências estéticas desse. Há truques clássicos, carros que aos nossos olhos se movem no filme pronto por um bom tempo numa longa rodovia, movimentam-se muitas vezes de um lado para o outro em uma estrada pequena, que na edição das filmagens parciais e curtas formam um único e longo trajeto. 
      Algo semelhante ocorre com filmagens em florestas, uma pequena área é filmada várias vezes, em ângulos e com os personagens se movendo em direções distintas, assim tomadas menores se transformam numa longa tomada numa floresta enorme e desconhecida. Muitas vezes o local nem é uma floresta real, mas só um cenário interno num estúdio, com plantas falsas ou plantadas em vasos, que a localização adequada do foco da câmera não revela, dando a impressão de serem árvores e outras folhagens verdadeiras em ambiente externo. Esse preâmbulo teve o intuito de mostrar uma metáfora, que pode ser usada para a maneira como entendemos e exibimos nossas vidas aos outros. 
      Ninguém escapa de interpretar a existência como um filme, um romance, um quadro ou uma canção, faz parte da alma humana expressar-se artisticamente, não só produzindo arte, mas se vendo como uma. Isso confere alguma integridade e alguma beleza à vida, dá relevância mesmo às existências mais medíocres. Mas talvez a matéria, todo o universo físico, seja isso, uma obra de arte de um Deus puramente espiritual, não é a realidade, só uma ilusão, e que maravilhosa ilusão é. O mistério está em entender por que Deus tem o propósito de aperfeiçoar criaturas espirituais eternas em limitadas passagens por um plano físico, que existe para virar pó, que tem na morte a única certeza.
      Acompanhar a evolução das artes plásticas, principalmente da pintura, é entender não só a evolução da arte, mas da própria psique humana. De esboços rupestres em cavernas, já uma tentativa de harmonizar esteticamente uma moradia, passando por pinturas unidimensionais sem fundo definido, onde só divindades e nobreza eram registradas e de forma esplendorosa, depois o realismo onde perspectiva é entendida e simples plebeus, muitas vezes em momentos pouco glamorosos, são registrados, até os modernismos, onde só percepções de sensações são assinaladas, aproximando-se mais da ótica real que o ser humano tem, é o homem evoluindo à medida que se olha e se conhece por dentro. 
      Isso também acontece na música, na dramaturgia, na literatura, das quais o cinema é evolução, mas a chamada arte moderna talvez seja a expressão artística mais humanamente honesta, apesar de ser esteticamente desconfortável e muitas vezes impossível de ser entendida, já que o objetivo dela pode ser esse mesmo. O que é mais “bonito”, um Rembrandt ou um Picasso? À primeira vista muitos dirão que é um Rembrandt, mas será que no século XXI podemos nos dar ao luxo da ingenuidade do homem do passado? Picasso é “feio”, mas será que o ser humano pode se ver interiormente mais ”bonito”, que a desconstrução que Van Gogh e Mondrian expressaram em quadros a óleo? 
      Para se construir uma história que evoluirá para o bem e se conseguir reter esse bem por um tempo significativo neste mundo, deve-se buscar o melhor ponto de vista, essa posição é por Jesus e de Deus. Se vivermos só sob o ponto de vista da matéria, depois avaliando o que vivemos só sob esse ponto de vista, a verdade é que construiremos historias infernais, espiritualmente disformes, sem estética moral, para o qual só restará a ilusão da arte humana para dar algum sentido. Olhemos para cima, achemos para Deus e deixemos que a luz mais alta venha e reflita em nossas vidas, espírito se verifica com o Espírito e só o Espírito de Deus para construir em nosso espírito a eterna e linda arte de Deus. 

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06/03/23

Democracia é possível?

      “E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundoMateus 25.31-34

      “Democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de leis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Ela abrange as condições sociais, econômicas e culturais que permitem o exercício livre e igual da autodeterminação política.Fonte

      Exalta-se a democracia, como um sistema justo para dar oportunidade de estabelecimento de liderança da sociedade, todos podem escolher e serem escolhidos, assim como aprovar ou não depois o que é decidido pelos escolhidos. Mas será que o mundo está preparado para a democracia? A democracia pode de fato fazer um mundo melhor? As respostas são não e não. Não está preparado pois Deus dá livre arbítrio moral a todos os seres humanos, assim cada um pode fazer uma escolha certa ou uma escolha errada. Se a maioria fizer a escolha errada, por um político corrupto e mal intencionado, a democracia terá que respeitar isso e receber os frutos amargos dessa escolha na maneira como esse político administrará a sociedade.
      Conclusão: não pode haver justiça e paz no mundo, não em sua totalidade e em todo o tempo. Quem mais deveria entender isso são cristãos, que usam ensinos bíblicos como normas para suas existências, aqui e na eternidade, por isso não deveriam se envolver como cristãos em política, mas só como cidadãos. Apoiar candidato porque se diz cristão, até pode, mas desejar que esse imponha princípios cristãos na sociedade é se opor aos não cristãos, é fazer a mesma coisa que fazem muitos não cristãos quando eleitos. Apesar da democracia dar liberdade à maioria de fazer escolhas políticas, eleitos não trabalham pela maioria, mas por todos, mesmo por quem não votou nele, eis outra faceta da democracia que muitos não aceitam. 
      Se não fosse assim democracia não seria democracia, mas autoritarismo de maioria contra minorias. Existe uma solução, respeito dos que ganham com os que perdem, e humildade dos que perdem com os que ganham, se há isso o homem entende a razão principal dele existir num mundo tão desigual. Quando todos são iguais, pensam do mesmo jeito, preconceitos e opressões ficam escondidos, entre amigos ninguém precisa ser melhor, todos são semelhantes, é quando temos que conviver com gente que pensa diferentemente da gente que temos que ser respeitosos e humildes. O propósito maior de Deus é aperfeiçoar o melhor em nós à medida que convivemos com diferenças, não há outro jeito de crescermos. 
      Cristãos que querem construir o céu na Terra, que desejam estabelecer o reino de Deus no mundo, colocando cristãos em posições políticas, não entendem o objetivo principal que Deus tem fazendo com que eles passem pelo plano físico. A vitória é ser luz nas trevas, não impor a luz sobre as trevas, a luz só será totalmente vencedora no plano espiritual e isso no “final dos tempos”, entendam como entenderem muitos o que seja “final dos tempos”. Aqui cabe-nos, repito, com respeito ao livre arbítrio e humildade com as diferenças, sendo maioria ou sendo minoria, darmos um testemunho pessoal de Deus, somos fortes como indivíduos que agradam a Deus, não necessariamente como instituição com posicionamento político. 
      “A democracia é o pior dos regimes políticos, mas não há nenhum sistema melhor que ela”, outros traduzem, “a democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as demais”, frase atribuída ao estadista britânico Winston Churchill. De fato democracia é o melhor jeito de se estabelecer justiça num mundo injusto. Entende isso quem tem humildade espiritual para ver a vida na Terra como ela realmente é, sem utopias ou ceticismos. Mas a verdade mais profunda é que o sistema perfeito para administrar os seres humanos, seja no mundo fisico, seja na eternidade, foi ensinado pelo evangelho de Jesus, chama-se amor. “O amor não faz mal ao próximo” (Romanos 13.10a), se pensarmos assim democracia talvez seja viável. 
      O texto bíblico inicial fala de uma divisão que haverá no juízo no plano espiritual, escolhas diferentes aqui conduzirão a finais diferentes lá. Tentar impor o cristianismo no mundo por ferramentas políticas é ir contra essa verdade, e pior, achar que o cristianismo é melhor e por isso deve prevalecer para dirigir a sociedade, na moral, na família, na educação, na saúde, na economia, é violentar a escolha diferente de tantos que não querem seguir o cristianismo das igrejas evangélicas, protestantes e católica, é tentar fazer um julgamento antes do tempo no lugar de Deus. Não tenho dúvida que Jesus é o melhor caminho para Deus, mas o cristianismo do mundo já demonstrou que não é, discordar disso é ser autoritário, não democrata.