sábado, março 11, 2023

O Senhor peleja por nós

      “Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará; porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver. O Senhor pelejará por vós, e vós vos calareis. Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco. E eis que endurecerei o coração dos egípcios, e estes entrarão atrás deles; e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando for glorificado em Faraó, nos seus carros e nos seus cavaleiros.” Êxodo 14.13-18

      O texto bíblico inicial é o epílogo do livramento da nação de Israel do Egito. Podemos analizar esse episódio sobre vários pontos de vista, Israel, Egito, o faraó e os egípcios, o deserto, o milagre da abertura do mar e Canaã, são simbolismos para várias coisas em nossas vidas pessoais. Egito é uma condição de vida dura, onde muito se trabalha, mas pouco se recebe, onde se dá lucro para os outros não para si mesmo. É uma condição difícil, mas é para ser só uma fase, principalmente no início de jornadas, o lado positivo dela é que como uma família, a de Jacó e seus filhos, se transformou numa nação, nós como indivíduos crescemos e nos fortalecemos, preparados para atravessar um deserto e conquistar Canaã. 
      O faraó pode parecer um opressor injusto, mas no tempo certo é instrumento de Deus para fazer de uma família uma nação, todos nós temos nossos “faraós” em nossas jornadas. O correto é no momento adequado nos livrarmos dos egípicios, e esses, se forem sábios, saberem que devem deixar partir os que temem a Deus para serem livres. Se os egípcios de Israel tivessem tido essa lucidez, essa humildade, teriam ficado sem aqueles que de alguma forma lhes proporcionavam lucros, no caso de Israel como mão de obra escrava, mas ainda permanecido com alguma dignidade, mas não foi assim que ocorreu. Se Deus tem propósito na luz dos que o temem, também tem nas trevas dos que não confiam nele. 
      Israel, vendo os exércitos egípcios perseguindo-o teve novamente sua fé testada, e novamente falhou. Depois de ver tantos sinais que o todo-poderoso tinha feito para livrá-lo de seus opressores, saber que quando Deus quer ele faz e não é preciso temer, mas confiar e seguir em paz, Israel duvidou. Povo de dura cerviz? Sim, como eu e você. O próprio Moisés temeu, por isso Deus lhe respondeu, “por que clamas a mim? dize aos filhos de Israel que marchem, e tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco”. Nada de novo Deus tinha a dizer, a libertação de Israel já havia sido dada, bastava que Moisés e o povo seguissem com fé.
      Se o povo de Deus não creu, quanto mais os egípcios, depois de todos os sinais que viram o Deus verdadeiro fazer a favor de um povo seu, ainda insistiram na perseguição, achando que ainda poderiam voltar a subjugar Israel. Mas quem se rebela contra Deus tem o coração endurecido, olhos e ouvidos espirituais fechados, anda em trevas e caminha para uma humilhação maior. “Estes entrarão atrás deles e eu serei glorificado em Faraó e em todo o seu exército, nos seus carros e nos seus cavaleiros, e os egípcios saberão que eu sou o Senhor”, não era uma situação onde seria perdida a liberdade conquistada, mas uma em que essa liberdade se estabeleceria por completo e os opressores seriam totalmente punidos. 
      Eis uma experiência que todos nós podemos viver, termos um grande livramento de Deus e depois sentirmos como se esse livramento fosse perdido. Mas quando isso ocorre é para nós confiarmos ainda mais no Deus que começou a nos libertar e entendermos que Deus intenta nos livrar mais ainda. Se os egípcios não tivessem vindo atrás poderiam ter dado a Israel uma sensação de liberdade, mas temporária, porque depois poderiam se fortalecer e voltar a atacar Israel. Deus queria dar a Israel não uma libertação temporária, mas definitiva, não era Deus interrompendo no meio uma obra, tirando o que havia dado, mas aumentando ainda mais a bênção, acabando com qualquer possibilidade do faraó oprimir de novo seu povo. 
      “Não temais, estai quietos, e vede o livramento do Senhor, que hoje vos fará, porque aos egípcios, que hoje vistes, nunca mais os tornareis a ver, o Senhor pelejará por vós e vós vos calareis”, essa é uma das palavras mais poderosas da Bíblia, Deus a diz também a mim e a você. Estais quietos, sem murmuração, sem reclamação, sem tristeza, mas naquela paz profunda que se vive em silêncio. Vede o livramento do Senhor, quando Deus age nós assistimos, de camarote, quietos, porque não somos nós quem lutamos, mas ele, a glória por sua vez será só dele. Os egípcios que hoje vistes nunca mais os tornareis a ver, o que nos oprimiu por anos será só lembrança, nunca mais nos afligirá, estará submerso no fundo do mar. 
      Israel, quando viu o mar à frente e os egípcios atrás, talvez tenha se sentido novamente preso, oprimido, mas esse mar não era para oprimi-lo, mas para destruir seu opressor. Precisamos ter discernimento, o temos quando não olhamos para trás, para nossos opositores, para nossos erros, para a confiança errada em egípcios, que a princípio podem até nos ajudar, num momento de falta de suprimentos materiais, mas depois nos tornarão seus escravos. Mas também temos esse discernimento quando não olhamos para o mar à nossa frente, o Deus que quebrou a opressão pode abrir o mar, o mar do desconhecido futuro, de outros inimigos que poderão tentar nos impedir de entrar em Canaã. Olhemos para cima, para Deus. 
      Refletimos sobre os pontos de vista dos egípcios e de Israel, mas há um terceiro ponto de vista, de Moisés. Muitos de nós somos chamados como líderes por Deus para tomarmos a frente e conduzirmos outras pessoas às suas canaãs, de tais é exigido firmeza de propósito e confiança no Senhor que vigia na qualidade moral. Quem Deus chama Deus prepara, se Deus te colocou como Moisés em uma causa esteja preparado para ser cobrado, não por Deus, mas pelas pessoas, quando a fé delas for confrontada elas não cobrarão o Senhor, mas você. A quem tem chamada de Moisés é preciso certeza do que faz, serenidade que olha sempre para cima. Se mostrar-se fraco aquele que guia, como findará a jornada o guiado? 

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