17/04/24

Gratidão!

      “Eu te louvarei, Senhor, com todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas. Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo.Salmos 9.1-2

      Quando te faltar forças, até fé, louve a Deus. Não precisa dizer alto, cantar ou orar, basta sentir, com sinceridade e convicção. Ninguém é o mesmo o tempo todo, a vida é sequência de fases distintas, como estações do ano. Numa fase o tempo está aberto, a chuva cai na medida, podemos plantar, colher, mas em outra o céu se fecha, faz frio, falta chuva, o homem do campo sabe bem, se a natureza não coopera, nada se pode fazer. Nosso emocional é semelhantemente variável, Deus sabe disso, e quando é tempo de esperar e fazer menos, é sábio guardarmos as forças que temos para nos mantermos limpos moralmente e pacientes. Deus nunca nos deixa sem forças para sermos santos e termos paz, se obedecemos suas palavras de vida.
      Mas podemos ser gratos a Deus, adorarmos seu nome no Espírito Santo, essa é a adoração mais pura, não é racionalização mental nem êxtase passional, ainda que sintamos e entendamos intelectualmente. O fato é que não é mero esforço humano que nos deixa vazios e cansados, mas é conexão espiritual com Deus, e ligados com o Altíssimo há uma via de duas mãos, o buscamos e o Senhor nos alimenta. Alimentados por Deus temos forças para fazer o que ele nos pede, e quando estamos fracos basta que o adoremos, gratos por tudo que ele é e faz. Que nos falte tudo, menos gratidão, gratos somos humildes e humildes passamos pelos outonos e invernos da vida em santidade e paz, certos que Deus está no controle. 

16/04/24

Por fora como por dentro

       “O infiel de coração sofre as consequências dos seus próprios caminhos, mas quem é de bem é recompensado pelo seu próprio proceder.Provérbios 14.14

     O que buscamos fora de nós está diretamente relacionado com aquilo que somos dentro de nós, ainda que nossas palavras digam outra coisa. Por que algumas pessoas estão em religiões com acesso mais próximo a anjos e demônios, digamos assim, não porque sejam más, mas porque interagem com conceitos espirituais profundos e desconhecidos, e ainda assim são gente de bem, fazendo o bem e experimentando uma paz inabalável? Por que outras pessoas, num cristianismo tradicional mais seguro, ainda que mais elementar, até dizem que são crentes e cristãs, mas têm na prática filhos mal criados, casamentos em frangalhos, vidas profissionais sempre na corda bamba? Pode inverter os exemplos também, não trará empecilho para o raciocínio, o fato, é, achamos o que somos. 
      Acha demônio quem carrega demônio em si, ainda que pareça fazer tudo certo, que jure que faz tudo certo, há mentira em sua vida e mentira sempre atrai trevas. Isso explica porque alguns fazem questão de nos passar um marketing pessoal de uma coisa, mas na prática vemos outra coisa em suas vidas. Dentro de nós só nós mesmos e o Espírito de Deus têm acesso, a esposa não tem, o marido não tem, os pais não têm, o pastor não tem, o padre não tem, o psicólogo não tem. Só expurgando do nosso interior toda a treva é que achamos e ficamos na luz. Por isso, mesmo em religião cercada em grande parte mais por demônios que por anjos, muitos estão protegidos, enquanto outros, na “casa de Deus”, têm o mal em si e são infelizes.

15/04/24

Misericórdia com sonhos alheios

      “Permaneça o amor fraternal. Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, não o sabendo, hospedaram anjos. Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo.Hebreus 13.1-3

      Que Deus tenha misericórdia de nós, que temos tão pouca misericórdia com os outros. Cada ser humano neste planeta, em toda parte do mundo, do mais afortunado e bem suprido com recursos, bens, educação, saúde, alimentação e moradia, ao mais esquecido por outros, sobrevivendo em lugares sujos, expostos às intempéries, a doenças, à exploração, cada ser possui um sonho. Seres humanos querem ser felizes, ainda que seja para terem uma refeição diária e um lugar para repousar o corpo depois de se esforçarem tanto para terem tão pouco. Nós respeitamos o sonho dos outros, os auxiliamos para realizarem seus objetivos de felicidade, ou só julgamos e condenamos, tentando isentar-nos de responsabilidades? 
      Muitas vezes o que para nós parece pouco, mesmo desnecessário, e nisso não está quem faz algo inexpressivo (para nós), mas mesmo em quem faz muito e é até honrado na sociedade por gente importante em alguma área, enfim, como olhamos com displicência disfarçando inveja, para o esforço de tantos tentando realizar seus sonhos. E ainda que não admitamos, não invejamos só por alguém fazer algo importante diante dos homens, mas podemos invejar só por haver boa sinceridade, uma simplicidade e uma humildade que nos faltam e que leva muitos a serem felizes, às vezes com o que aos nossos arrogantes olhos é pouco. Só experimentamos misericórdia quando a damos, tenhamos respeito com sonhos alheios. 

14/04/24

Por quais motivos viver? (7/7)

      “Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras. Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.Eclesiastes 9.7-8

      Um dia desses me peguei feliz, eu, que tenho tendência melancólica, que se não vigiada vira depressão, senti-me eufórico. Contudo, quando a verdade mais alta do Espírito Santo bateu em mim, tão rápida como uma sensação, mas que prestando atenção entendi ser uma palavra de exortação, me senti envergonhado. Calma, não leve ao extremo essas palavras, estou bem, foi uma experiência boa, mas que me fez pensar nos motivos que nos levam a querermos viver e morrer. Cansados dos homens, ainda que não sejamos melhores que eles, e muitas vezes até piores, desanimamos, vemos tanta falsidade, tanta injustiça, tanto jeito torto de viver, dia a dia, que queremos até partir daqui para o além, achando que lá será diferente.
      Pensamos, “a vida seria mais fácil se as pessoas fossem retas, falassem com clareza e buscassem soluções olhando para os nossos olhos, ao invés de falarem por trás, mentindo para manterem aparência e seguirem com problema não resolvido”. Enfim, o mundo é lindo, o que estraga é o homo sapiens, que muitas vezes tem pouco de humano e muito menos de sábio. Contudo, basta comprarmos um celular novo, ou no meu caso que sou músico, um instrumento ou um software musical novo, para acharmos motivos para viver. Foi o que fez que eu me sentisse envergonhado, entender que por motivos realmente importantes, como amar as pessoas, quero fugir, mas para “curtir” um brinquedo novo quero viver para sempre.
      Não leia essas palavras como um peso, Deus é pai de amor, na verdade no momento que escrevo este texto estou cansado e no fim de um período. Deus, mais que eu mesmo, que muitas vezes exijo de mim mais que posso, sabe de meus limites, e o que me deixou feliz, apesar de material, foi bom e necessário. Por mais que queiramos ser cristãos corretos, aceitemos que vivemos em corpos físicos num mundo material, precisamos de certas alegrias e de certos prazeres, não é pecado, o próprio Deus dá-nos com alegria. Mas entendamos que tudo isso é só o que fazemos enquanto aprimoramos nosso espírito com virtudes morais, são essas, não os “brinquedos”, que levaremos para a vida além para serem avaliadas.

“Conjecturas sobre o além”,
reflexão em sete partes
José Osório de Souza, 24/06/2022 

13/04/24

Do cinza ao multicolorido (6/7)

      “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco.João 20.19

      Se preferir, entenda este texto só como uma ficção cristã, ainda que contenha uma esperança sincera, pessoal e percebida no Espírito Santo sobre como será o céu, mas você não precisa considera-lo informação teológica técnica de acordo com que o cristianismo entende como será a eternidade. 

      Morrer, acordar para eternamente viver, o que há antes da morte é ilusão, só uma sombra. Existir no mundo, sonhar que se é sombra, limitar-se ao cinza da luz filtrada pela matéria, que há atrás do ser real, que dorme enquanto está encarnado e recebe a luz do Altíssimo. Essa luz nunca para de ser emanada, mas se a sentíssemos no corpo quando estamos na matéria não resistiríamos, ser sombra protege enquanto se é provado. O ser real é multicolorido, de um jeito que enquanto somos sombra não fazemos ideia. Antes da morte aqui somos impedidos de ver a luz pelo nosso próprio ser espiritual, nossa consciência adormecida que não olha para a luz que está à frente, mas para a sombra atrás, achando que a realidade é a sombra. 
      Toda beleza e prazer que experimentamos na matéria, o nascer do Sol, a alternância das estações, o abrir perfumado das pétalas das flores, o doce sabor das frutas, a comida simples, quente e gostosa da mãe, o vinho bom, a suave briza marinha que toca nossos rostos enquanto afundamos os pés na areia molhada da praia, a água salgada das ondas que bate em nossas pernas, o entardecer dourado, o aparecimento das estrelas e da lua, o mistério da noite, o sorriso silencioso do ser amado, a luz pura dos olhos das filhas, o sonho dos jovens, a calma dos velhos com as almas limpas de toda culpa, a canção mais tocante, a ficção mais arrebatadora, tudo isso é só uma sombra cinza comparado à realidade que nos espera após a morte.
      Após a morte os sentidos captam sons, imagens, texturas, cheiros, sensações e entendimentos todos de uma só vez, na matéria isso parece complexo, mas no espírito isso é simples. Não há necessidade de palavras ou textos, basta olhar e querer para ser, e não precisaremos ter para estar, pois estamos em Deus e isso basta. Após a morte o amor nos abraça sem limites, não é aperto de braços ao redor de corpos, mas interação de espíritos unindo-se num único ser. Fora da sombra entendemos de fato o que é o amor, somos o amor, nele nos movemos e podemos atrair outros para ele, existindo como emanação da luz do Altíssimo. Morrer é acordar, sair da sombra cinza e se reconhecer eterno e multicolorido, não temamos a morte. 

“Conjecturas sobre o além”,
reflexão em sete partes
José Osório de Souza, 24/06/2022

12/04/24

E se for tudo mentira? (5/7)

      “Confia no Senhor e faze o bem; habitarás na terra, e verdadeiramente serás alimentado. Deleita-te também no Senhor, e te concederá os desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele o fará. E ele fará sobressair a tua justiça como a luz, e o teu juízo como o meio-dia.Salmos 37.3-6

      E se no instante que meu espírito ver meu corpo físico sem vida e o plano espiritual sem véu, eu entender que tudo que o cristianismo me levou a acreditar era mentira, que tudo que entendi sobre Deus e a Bíblia era invenção da minha cabeça? Pois digo com certeza, ainda assim terá valido a pena, eu viveria tudo igual novamente. Por quê? Como poderia negar uma visão de vida que me conduz por um caminho tão lindo, tão libertador, tão correto? Quando estive só, achei um Deus amigo, quando estive errado, achei um Deus perdoador, quando estive enfermo, perdendo a lucidez, não achei extremismo, mas tranquilidade, quando precisei de respostas, Deus me deu todas, iluminou-me mais que aos que me condenam às trevas.
      Quando o rancor tentou enlaçar meus pés, a misericórdia de Deus me libertou, me alcançou e me fez entender que também devia alcançar as outras pessoas, mesmo aquela que se colocava como minha maior opositora. Minha fé não é minha mente imaginando raciocínios para me livrar de responsabilidades, não, mas por um vivo Espírito da verdade, Deus me faz enfrentar minhas verdades, mesmo as sujas e doídas lançadas em meu rosto sem amor pela acusadora que não queria me curar, mas me destruir. Deus usou, mesmo a voz invejosa, que achava que teria sua chama mais acesa se apagasse a minha, assim a agressão, a vingança, tornou-se justiça divina pois Deus me deu humildade para assumir as consequências de meus erros. 
      Por outro lado, os céticos e materialistas, que dizem que Deus é criação do homem, e não o contrário, tenho visto seus caminhos, o início e o fim deles. Começam na arrogância e terminam na desilusão, ainda que enriqueçam nesse mundo não acham paz e amor, são velas apagadas e frias, sem esperança, tentando achar nas causas deste mundo propósito maior para viver. Não desejo o mal a eles, Deus sabe, me entristeço quando os vejo pagando preços caros e desnecessários porque escolhem seguir sozinhos e vazios, devo amá-los, com paciência, a vida só acaba na morte e até lá muita coisa acontece. Quanto a mim, tenho certeza, e já há muito tempo, Deus é real, me ama e me ajuda, a eternidade só tornará isso melhor.

“Conjecturas sobre o além”,
reflexão em sete partes
José Osório de Souza, 24/06/2022

11/04/24

Mais que reis e castelos (4/7)

      “E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente.” “E a construção do seu muro era de jaspe, e a cidade de ouro puro, semelhante a vidro puro. E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda a pedra preciosa.” “E as doze portas eram doze pérolas; cada uma das portas era uma pérola; e a praça da cidade de ouro puro, como vidro transparente.Apocalipse 21.10-11, 18-19a, 21

      Romantizamos demais o plano espiritual e o além, baseados em ensinos de homens e em tradicionais misticismos e superstições, não em conhecimento adquirido em diálogo franco, perseverante e bem intencionado com Deus. Franco porque se perguntarmos Deus responde, e se perseverarmos em consagração ele aprofunda a resposta, mas se nossa intenção for a mais pura, se desejarmos saber para sermos servos melhores, assim, para amar as pessoas, Deus retira o véu e sabemos além do exoterismo de muita religião. Na verdade o plano espiritual é bem mais simples que nossas mentes acomodadas à religião pensam ser, por isso mesmo foi mais difícil para um ser humano do passado entendê-lo e aceitá-lo. 
      Éramos muito mais ligados à pompa e circunstância no passado, monarquia, por exemplo, era sistema de governo que sociedades antigas apreciavam. Ainda que um tipo de democracia seja antigo, aceitar que um rei e sua família possuem sangue azul diferenciado, como escolhidos pelos deuses, para estarem em posição superior, temendo-os e também adorando-os, estabelece ordem, mas baseada em ficção, não na verdade sobre os seres humanos. A verdade é que todos os seres humanos têm sangue vermelho, todos são iguais, e podem ser escolhidos para funções pela maioria e por mérito, e em se tratando de política, para administrar algo que é de todos, não deles. Reis eram donos de terras e seres humanos em seus reinos.
      Esse conceito absolutista, onde o rei é servido de luxos e privilégios, foi transferido para a religião, assim para os antigos um céu era um castelo luxuoso onde plebeus teriam direito de ser monarcas. Ficam fora os inimigos, e na monarquia nunca há um só monarca, mas vários, e esses, inimigos entre si. Na ideia romântica da eternidade um ”feudo” prevalece sobre outro de forma pública, assim uns são honrados e outros são envergonhados. Mas se vermos seres humanos como iguais, todos com acesso ao amor de Deus, exaltação e humilhação são privadas, e o exaltado não tem direito de subjugar o humilhado, mas de amá-lo. Isso foi o que Jesus ensinou, isso é o que temos que viver aqui, por que não é o que será vivido lá? 

“Conjecturas sobre o além”,
reflexão em sete partes
José Osório de Souza, 24/06/2022