quinta-feira, abril 11, 2024

Mais que reis e castelos (4/7)

      “E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus; e a sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente.” “E a construção do seu muro era de jaspe, e a cidade de ouro puro, semelhante a vidro puro. E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda a pedra preciosa.” “E as doze portas eram doze pérolas; cada uma das portas era uma pérola; e a praça da cidade de ouro puro, como vidro transparente.Apocalipse 21.10-11, 18-19a, 21

      Romantizamos demais o plano espiritual e o além, baseados em ensinos de homens e em tradicionais misticismos e superstições, não em conhecimento adquirido em diálogo franco, perseverante e bem intencionado com Deus. Franco porque se perguntarmos Deus responde, e se perseverarmos em consagração ele aprofunda a resposta, mas se nossa intenção for a mais pura, se desejarmos saber para sermos servos melhores, assim, para amar as pessoas, Deus retira o véu e sabemos além do exoterismo de muita religião. Na verdade o plano espiritual é bem mais simples que nossas mentes acomodadas à religião pensam ser, por isso mesmo foi mais difícil para um ser humano do passado entendê-lo e aceitá-lo. 
      Éramos muito mais ligados à pompa e circunstância no passado, monarquia, por exemplo, era sistema de governo que sociedades antigas apreciavam. Ainda que um tipo de democracia seja antigo, aceitar que um rei e sua família possuem sangue azul diferenciado, como escolhidos pelos deuses, para estarem em posição superior, temendo-os e também adorando-os, estabelece ordem, mas baseada em ficção, não na verdade sobre os seres humanos. A verdade é que todos os seres humanos têm sangue vermelho, todos são iguais, e podem ser escolhidos para funções pela maioria e por mérito, e em se tratando de política, para administrar algo que é de todos, não deles. Reis eram donos de terras e seres humanos em seus reinos.
      Esse conceito absolutista, onde o rei é servido de luxos e privilégios, foi transferido para a religião, assim para os antigos um céu era um castelo luxuoso onde plebeus teriam direito de ser monarcas. Ficam fora os inimigos, e na monarquia nunca há um só monarca, mas vários, e esses, inimigos entre si. Na ideia romântica da eternidade um ”feudo” prevalece sobre outro de forma pública, assim uns são honrados e outros são envergonhados. Mas se vermos seres humanos como iguais, todos com acesso ao amor de Deus, exaltação e humilhação são privadas, e o exaltado não tem direito de subjugar o humilhado, mas de amá-lo. Isso foi o que Jesus ensinou, isso é o que temos que viver aqui, por que não é o que será vivido lá? 

“Conjecturas sobre o além”,
reflexão em sete partes
José Osório de Souza, 24/06/2022

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