05/05/24

O que você procura, procura você

      “Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro.” I João 4.19

      Você já percebeu como algumas coisas achamos com facilidade, e outras, ainda que as procuremos muito, não achamos? O que você procura, procura você. Existe uma interação, numa estrada de duas mãos, onde movimentos contrários sincronizam-se, unindo o ser humano no mundo material ao plano espiritual. Isso revela algo dinâmico dentro de nós, algo que na verdade nem precisa de muita força nossa para existir, algo que define nossa identidade espiritual e consequentemente moral. Se buscamos a Deus é porque ele nos buscou primeiro, mas quem estuda o mal, é estudado pelo mal, esse se fecha para Deus. Até podemos mudar a atração do imã que há dentro de nós, de ruim para boa, mas isso depende de esforço nosso. 
      Há tipos diferentes de pessoas no mundo, em níveis morais diferentes. Um tipo parece acomodado, até pode ter valores morais, mas não faz muita questão de aperfeiçoa-los. Nesse tipo há os maus, que não se importarão em desobedecer leis e convenções sociais para obterem seus objetivos, são egoístas e violentos, ainda que em níveis diferentes, e muitos são discreta e educadamente violentos. Pessoas do segundo tipo podem até começar num nível moral, que na prática é até pior que o nível das pessoas do primeiro tipo, mas elas possuem essências espirituais não acomodadas. Querem crescer, serem melhores, terem libertações de vícios e cura de passado, culpas e dores. Cada tipo busca e é buscado por coisas, valores e seres distintos.
      O orgulho leva à vaidade e essa à hipocrisia, assim muitos, ainda que na prática, dentro deles, busquem uma coisa e sejam amigos de um senhor, tentam vender um marketing pessoal oposto, exibir a aparência que buscam outras coisas e são amigos de outro senhor. O orgulho adiciona ao problema “não querer mudar para melhor”, um segundo problema, “vencer a mentira”, sustentada para parecer diante de pares o que não é. O humilde busca a Deus, ainda que tropece, quer o bem, mesmo que ninguém acredite, confia em Deus, e Deus o busca, em todo o tempo, com amor e luz. O humilde acha o melhor da existência porque é isso que tem dentro dele, desde que veio ao mundo, ele terá no final honra, paz e intimidade do Senhor. 

04/05/24

Todo joelho se dobrará

      “Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.Filipenses 2.9-11

      Num determinado momento todo joelho se dobrará diante de Jesus, sejam joelhos de homens bons, de maus, de justos, de injustos, de salvos, de perdidos, de cristãos, de outros religiosos, de ateus. Nosso maior propósito em nossa passagem pela Terra é aprendermos a ser humildes, e todos, de alguma forma, são conduzidos a isso até o final de suas vidas, seja por doenças, por perdas, por tantas maneiras diferentes. Se formos humildes ainda aqui, haverá tempo para sermos exaltados por Deus também aqui, nisso há uma vitória especial, um crescimento espiritual que constrói o céu em nós. Mas se não formos, haverá inferno lá, isso nada mais é que humildade fora do tempo melhor, já que humildes de um jeito ou outro todos seremos.
      É interessante como muitos fazem toda a espécie de sacrifício, trabalham à exaustão, são assíduos em igrejas, conhecem e ensinam religião, até fazem caridade, esses na aparência podem enganar a outros mostrando-se humildes. Mas Deus conhece o coração, e para quem tem no pão a vaidade, o pão lhe é tirado para ver se é humilde mesmo sem pão. Quem é vaidoso no trabalho, o trabalho lhe é subtraído, tudo que acumulou com esforço de uma vida é tirado, quem é vaidoso com um dom, da palavra, da música, o dom lhe é retirado. Deus sabe a moeda de troca que cada um de nós pode usar para não ter que de fato ser humilde. Se sem essa moeda houver quebrantamento, a lição foi aprendida, morrendo leva o céu em si. 
      No mundo estudamos e refazemos o teste até sermos aprovados, aprovados recebemos um certificado. Na eternidade não teremos oportunidade de refazer o teste, assim permaneceremos com o certificado do nível que chegamos ao mundo, não com um superior que podemos ter quando saímos dele. O teste pode ser diferente para cada pessoa, mas o objetivo é o mesmo, avaliar nossa humildade. Aqui temos tempo porque o mesmo filtro que nos impede de ver a luz espiritual mais alta de Deus de forma plena, já que se a víssemos seríamos fulminados, também nos protege do juízo. Lá a luz do Altíssimo emanará sobre nós de forma plena, o humilde permanecerá sob ela, o não humilde fugirá para as trevas do seu próprio inferno. 

03/05/24

Realista, mas só um sonho

      “Porventura não sabes tu que desde a antiguidade, desde que o homem foi posto sobre a terra, o júbilo dos ímpios é breve, e a alegria dos hipócritas momentânea? Ainda que a sua altivez suba até ao céu, e a sua cabeça chegue até às nuvens.” “Como um sonho voará, e não será achado, e será afugentado como uma visão da noite.Jó 20.4-6, 8

      Se compararmos o tempo que vivemos encarnados no mundo com a eternidade espiritual, entendemos que a vida aqui é um rápido período de sono, que acordaremos quando morrermos e formos espíritos livres no plano espiritual, e que o período despertos será muito mais duradouro. Mas isso só entende quem acessa o mundo espiritual pela fé, a única ferramenta que temos para conhecer e interagir com Deus e a eternidade quando estamos no plano físico. Mas ainda que você seja cético com relação a Deus e ao mundo espiritual, pense, será que a vida na Terra, para a qual dá tanta relevância, é a única realidade? Ou é apenas uma ilusão, um curto sonho antes de acordarmos para a realidade de fato e maior, no além, após a morte? 
      Se no sonho do corpo, durante nosso período de sono, temos memórias da realidade de nossas vidas no mundo que nos voltam à mente, ainda que distorcidas e muitas vezes sem nexo, durante a vigília podemos sonhar com o mundo espiritual. Sonhos espirituais acordados é o que temos quando temos experiências com o Espírito Santo, com os dons espirituais e outras comunicações que recebemos diretamente do outro plano. Esses “sonhos” também não são claros, não podem ser, encarnados somos limitados para experimentar o Espírito de Deus. Todavia temos uma ideia de como funciona a realidade maior, para a qual acordaremos quando nossos corpos físicos morrerem e nossos espíritos forem libertados na eternidade. 

02/05/24

Não seja para ter, só seja

      “Descansa no Senhor, e espera nele; não te indignes por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa astutos intentos.Salmos 37.7

      Como temos a tendência de fazer trocas, e queremos fazer negócios até com Deus. Muitas vezes não queremos ser melhores, mais santos, mais cristãos, porque isso é bom, mas para acumularmos créditos com Deus e termos o direito de ganhar dele algo, não algo espiritual, mas material. Não que não haja utilidade e boa nisso, nem que Deus não nos abençoe nessa disposição. O amor de pai do Senhor cuida de nós apesar da infantilidade com que tratamos tantos assuntos, se não fosse assim poucos teriam direito à sua atenção. O problema em fazer trocas com Deus é que isso não permite-nos ter paz duradoura, estamos em constante ansiedade e quando conseguimos o que queremos paramos de vigiar moralmente e não crescemos.
      Amadurecemos espiritualmente quando entendemos que temos que estar limpos e pacientes, amando e santificando-nos, não para sermos valorizados pelo pai e recebermos dele coisas, mas só para estarmos em paz, conosco, com as pessoas, com o universo, com Deus. Praticar virtudes é fim em si mesmo, para a eternidade não levaremos o que recebemos por sermos obedientes, mas a própria obediência. Quem é não guarda culpa pelo que passou, nem tem expectativas pelo que virá, ainda que trabalhe muito para ser melhor para o próximo e útil para Deus. Não seja para ter, só seja, e siga assim, em paz, nisso há forças para vencermos o mundo, nisso há luz para testemunharmos Deus, e nisso Deus nos sustenta.

01/05/24

Todo trabalho deixa marcas

      “No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.Gênesis 3.19

      Pecado traz duas consequências, uma espiritual e outra material. A espiritual é afastamento de Deus, a material é necessidade de trabalho para sobreviver no mundo. Com trabalho entenda-se troca, de esforço humano por algum bem ou prazer, nessa troca a moeda sempre envolve sofrimento, e se há sofrimento perdemos alguma coisa para ganhar outra. No plano físico não podemos trabalhar bastante e depois só usufruirmos, mesmo que acumulemos riquezas, nosso corpo envelhecerá e morrerá, assim não poderá gozar todo o esforço que entregou para ter descanso. Trabalho espiritual no mundo também pede troca, abrirmos mãos do que a ciência prova e do que nossos sentidos verificam para confiarmos no invisível e intocável.
      Contudo, na eternidade esse trabalho espiritual nos dará direito a dádivas sem fim. No plano material todo trabalho subtrai de nós algo, ainda que seja só tempo e saúde, e todo esforço marca, não só nosso corpo como também nossa alma. As marcas vêm de nossos confrontos com o planeta e com outros seres humanos, trabalhar no mundo é guerra constante contra injustiça e falsidade de vaidade e egoísmo humano. Mas aqueles, que além de trabalharem no mundo crerem em Deus, estejam consolados, marcas não são deméritos, mas aprovações em provas, cicatrizes são medalhas. Não nos sintamos menores por levarmos marcas, sejamos humildes e aprendamos com elas, na eternidade nosso espírito estará íntegro. 

30/04/24

Releve a dor

      “Trazendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; e assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na nossa carne mortal.II Coríntios 4.10-11

      Não dê tanta importância à dor, não depois de ter feito o que podia para se livrar de agentes imediatos dela. Se você não vive perto de alguém violento de alguma forma, se não alimenta relacionamentos tóxicos, se aprendeu a se respeitar e a gostar de quem te respeita, ainda que ame a todos e a ninguém odeie, siga persistentemente com fé, fazendo o bem, santificando-se, mas aceite com humildade a dor inerente a todo ser. O crescimento não está em inventar e descobrir meios de se livrar da dor, não de todas elas e mesmo que sejam meios aparentemente positivos e benignos, mas muitas vezes em aceitar a dor e conviver com ela. Essa disposição conduz nossas almas a uma humildade profunda e pura, é dessa forma que evoluímos.
      É difícil dizer isso a uma geração, na maioria de classe média e acima, do mundo ocidental cristão, que não quer e não sabe conviver com dor, ensinada pela mídia e por outros poderes seculares com a doutrina que diz que ninguém precisa sofrer. Mas a mesma orientação que leva jovens a terem liberdade e lutarem por direitos, que confronta a intolerância e entrega espaço para ser feliz a minorias (que nem minorias são mais), também afasta o ser humano de seu propósito espiritual principal. Contudo, deve ser assim, um extremo sempre se levanta para se opor a outro, é só com o tempo que extremos se compensam e que um equilíbrio conduz o ser humano a um ideal amplo, que amadurece-o não só neste plano, mas também no outro. 
      Dor se digere certo em momento de profunda meditação, sob a emanação da luz de Deus, que avalia o ser, sua verdade, sua realidade, apruma a alma, sem vaidades ou auto-comiseração, quando olha reto a si e aos outros, então, atraído em amor, se eleva pelo Espírito Santo, entra na presença do Altíssimo por Jesus e acha serenidade. Quando se tem uma experiência de intimidade espiritual com um Deus amigo, se releva a dor de existir, não porque ela desapareça, mas porque não tem mais tanta importância, não preenche o vazio, mas limpa-o para que haja espaço para a presença mais alta de Deus. Negar a dor é negar a morte, negar a morte é negar a vida aqui, negar a vida aqui é negar a oportunidade para escolher vida eterna lá.

29/04/24

Peças de uma engrenagem

       “Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados. Sendo hospitaleiros uns para com os outros, sem murmurações, cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.I Pedro 4.8-10

     Na maior parte das vezes temos uma visão egocêntrica de nossas existências no mundo, e eu disse egocêntrica, não necessariamente egoísta. Ainda que tenhamos responsabilidades com outras pessoas, que sejamos seres sociais, vemos a vida como provas pessoais, como se tudo ao nosso redor contribuísse para que nossas jornadas tivessem sucesso e que nossos espíritos progredissem moralmente. Isso é verdade, contudo, muitas vezes o propósito principal de Deus com nossas vidas é influenciar de alguma maneira as vidas dos outros, apesar de nossas fraquezas. Isso pode ser mais provado quando envelhecemos e estamos limitados para produzir no mundo material, pelo menos não com a eficiência que tínhamos quando jovens.
      Ninguém é desnecessário na máquina cósmica, somos todos peças que fazem funcionar a engrenagem, indiferente de capacidades físicas e intelectuais e escolhas profissionais, morais e afetivas de cada um. Deus controla tudo e quando uma peça está deficiente outra é posta para funcionar. Isso não significa que a peça deficiente tenha se tornado dispensável, ou que a outra seja sobrecarregada, mas que uma peça da qual se exigia demais, levou outra, que funcionava só parcialmente, a funcionar adequadamente. O mundo é cruel, o homem pode estar injusto, mas Deus sempre é justo. Entendemos isso se olhamos as coisas de cima e no tempo, não de forma limitada e material, a máquina cósmica sempre funciona excelentemente bem. 
      Não sinta-se inutilizado, nem mal utilizado, achando que faz menos que podia ou que faz mais que os outros merecem que você faça, faça em Deus e com Deus e entenderá que é uma peça insubstituível na engrenagem universal. Por que bebês nascem com deficiências físicas e mentais incuráveis? Para que pais, não necessariamente biológicos, irmãos e outros sejam desafiados a serem melhores. Repito, isso não é aceitar violência de gente má e que não quer mudar, mas aceitar com amor nossas funções como peças de algo muito maior que nós, se fazemos isso começamos a ver as coisas como Deus vê. A recompensa nos será entregue na eternidade, e ela valerá a pena, sejamos humildes, somos peças singulares no universo.