06/12/19

Jesus, um menino nos nasceu

      “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar com juízo e com justiça, desde agora e para sempre; o zelo do Senhor dos Exércitos fará isto.Isaías 9.6-7

      O texto inicial não precisa de explicações, é uma das palavras mais reveladoras sobre o caráter de Cristo e sua obra, ao mesmo tempo que é uma adoração perfeita. Os adjetivos Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz, merecem um estudo à parte, como já foi feito tantas vezes, eles definem muito mais que um rei humano, muito mais que vimos em Jesus quando viveu como homem encarnado. Ele mostra Deus que a todos, de todos os tempos e nações, governará e para os quais trará a paz. Maravilhoso, esse é o adjetivo que salta de nossas bocas quando somos confrontados com uma nova surpresa de Deus, fazendo o impossível, e que ficando sem palavras simplesmente dizemos, Deus é maravilhoso! Conselheiro, só pelo Espírito Santo temos o conselho mais sábio, mais equilibrado, mais justo, fora dele só há trevas, trevas intelectuais, trevas emocionais, trevas espirituais. 
      Mas o texto diz mais, Deus forte, Jesus é Deus e forte, ainda que como homem tenha sofrido por manter-se fraco (na matéria e não nos valores morais), e não tenha manifestado sua força para escapar da maldade humana. Pai da eternidade, Jesus é eterno e é o pai, ele e o Deus pai, que os judeus conheciam (e conhecem), que chamou Abraão, que escolheu Jacó, que fortaleceu Israel no Egito e o tirou de lá por Moisés, que levantou Davi como rei, esse Deus e o Cristo que os homens desprezaram são um. Príncipe da paz, no final, quanto o mundo estará no maior dos conflitos, Jesus trará a paz, a mesma que os convertidos e filhos de Deus pelo evangelho já provam em seus corações a partir do momento que nascem de novo em Cristo.
      “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu”, muitos personagens importantes são celebrados na Bíblia, mas poucos, como Isaque, Moisés e Samuel, têm seus nascimentos detalhados, contudo, no caso de Jesus, a anunciação de seu nascimento como homem comum, não como rei, líder político ou como profeta oficial de um povo, tem uma importância especial. Por que a Bíblia registra em detalhes o nascimento de Jesus, mais que de qualquer outro personagem? Porque seu nascimento como ser humano, como filho da mulher e gerado pelo Espírito Santo, mostram a sua pureza, de suma importância para que seu sacrifício fosse de um cordeiro sem mácula que tira o pecado de todo o mundo. 
      O texto inicial desse profeta, Isaías, que é considerado o profeta mais messiânico de todos, contudo, revela mais ainda, “do aumento deste principado e da paz não haverá fim, sobre o trono de Davi... para sempre”, Jesus viria de linhagem humana real, descendente de Davi, José era descendente da tribo de Judá, mas muito mais que isso, de linhagem real divina, gerado pelo Espírito de Deus. Incrível como Isaías detalha acontecimentos que só ocorreriam muito tempo depois de sua vida, só o Espírito Santo para permitir tal conhecimento tão preciso. 

05/12/19

Jesus, a pedra angular

      “Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas e renderei graças ao Senhor. Esta é a porta do Senhor; por ela entrarão os justos. Render-te-ei graças porque me acudiste e foste a minha salvação. A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos.Salmos 118.19-23

      Outro texto messiânico num salmo, o salmista reconhece que quem abre a porta para que ele seja justo não são suas obras ou sua fidelidade religiosa, mas o próprio Deus, e entrando por ela pode dar a Deus o melhor louvor. Mas o texto fala mais, define o Senhor como a pedra angular, pedra angular é aquela que fica no ângulo de uma construção, entre duas paredes, sobre a qual tudo é construído e sem a qual nada fica de pé. A grande revelação sobre Jesus e sua obra é a frase “a pedra que os construtores rejeitaram”, isso mostra o caráter da vida, morte e ressurreição de Cristo, perseguido não pelos homens comuns, mas pelos construtores, que são esses construtores? Os líderes religiosos judeus, que deveriam ser quem mais tinha que entender e respeitar a relevância da obra de Jesus, mas que foram justamente quem o perseguiram e o mataram. Não, o salmista não fala só de Deus, mas do filho de Deus, do verbo, do salvador, do Senhor Jesus Cristo, por isso ele se encanta com a palavra, se maravilha com ela, glória a Deus! Revelações espirituais poderosas não vêm de homens ou demônios, mas só do Espírito Santo, quem as experimenta sempre se maravilha. 

04/12/19

Jesus, levou cativo o cativeiro

      “Subiste às alturas, levaste cativo o cativeiro; recebeste homens por dádivas, até mesmo rebeldes, para que o Senhor Deus habite no meio deles. Bendito seja o Senhor que, dia a dia, leva o nosso fardo! Deus é a nossa salvação.” Salmos 68.18-19

      Nas reflexões de hoje e amanhã, duas passagens de Salmos messiânicos, palavras que vão muito além das intenções iniciais dos salmistas. No Salmo acima, o escritor diz “subiste às alturas, levastes cativo o cativeiro... para que o Senhor Deus habite no meio deles”, isso revela claramente o final da obra de salvação que Jesus encarnado fez, quando após morrer para pagar o pecado da humanidade, ressuscita liberta o homem do cativeiro do pecado. Através disso, Jesus permite que o Espírito Santo seja enviado, more nos espíritos humanos que podem agora experimentar, não um Deus distante, mas próximo, habitando no meio deles. Diz mais, “dia a dia leva o nosso fardo”, mais uma vez o caráter vigário (aquele que substitui outro) de Cristo é profetizado, Jesus padeceu para que nós não precisássemos padecer, levou nossos pecados na cruz. Sim, o Espírito Santo já revelava Jesus e sua obra aos homens, bem antes do filho de Deus encarnar há dois mil anos atrás, por isso a Bíblia é coesa, coerente e focada, em quê? Em Jesus, seu centro. 

03/12/19

Jesus, o cetro não se arredará dele

      “Judá, a ti te louvarão os teus irmãos; a tua mão será sobre o pescoço de teus inimigos; os filhos de teu pai a ti se inclinarão. Judá é um leãozinho, da presa subiste, filho meu; encurva-se, e deita-se como um leão, e como um leão velho; quem o despertará? O cetro não se arredará de Judá, nem o legislador dentre seus pés, até que venha Siló; e a ele se congregarão os povos. Ele amarrará o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à cepa mais excelente; ele lavará a sua roupa no vinho, e a sua capa em sangue de uvas. Os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite.Gênesis 49.8-12

      O texto inicial é parte da bênção que Jacó deu para seus filhos próxima a sua morte, Judá teve uma bênção especial. O reinado de Davi foi profetizado? Sim, mas também o reinado espiritual de Jesus, “até que venha Siló” pode ser interpretado como um governador humano terá poder até que venha um governador maior, espiritual. A palavra profética usou várias metáforas, o uso do animal leão é a mais forte. Leão é dito ser o rei dos animais, ele reune várias qualidades, força, velocidade, mas também beleza. 
      Alguns animais são ferozes, mas são feios, outros são belos, mas não são tão fortes, outros ainda são rápidos, mas são fracos, o leão é tão belo quanto forte e rápido, um animal majestoso. A palavra de Jacó diz que Judá prevaleceria sobre seus irmãos, os lideraria, isso seria para sempre, “o cetro não se arredará de Judá”, além disso venceria seus inimigos honrando não só seu nome, sua tribo, mas toda a nação de Israel. A frase “ele amarrará o seu jumentinho à vide” nos lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Mateus 21.7), e vide nos arremete à comunhão de Jesus com a igreja (João 15.5). 
      Mas a frase final, “os olhos serão vermelhos de vinho, e os dentes brancos de leite”, chama a atenção. Vinho é figura de alegria e prosperidade e dentes brancos pode ser de beleza e pureza, Jacó com certeza prevê o reinado de Davi, mas o Espírito Santo vai além, nos fala de Jesus em suas palavras. Lendo a Bíblia entendemos como toda a linha genealógica que começa em Abraão e chega a Jesus é guardada e cuidada de maneira especial, passando por Jacó, Judá, Calebe, Davi, Salomão e José, esposo de Maria.   

02/12/19

Jesus, feriu a cabeça da serpente

      “Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” Gênesis 3.14-15

      “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos.Apocalipse 20.2

      A salvação através de Jesus não foi um plano demorado, como que uma exceção de Deus para consertar o erro dos homens, na Bíblia a promessa de alguém que feriria a cabeça da serpente aparece logo no início. Sendo a serpente a figura do diabo, e o animal que foi possuído pelo mesmo para tentar o ser humano, a semente da mulher, predita em Gênesis, é Jesus. Por que semente da mulher e não do homem? Porque o pai de Jesus homem foi Deus, ele foi gerado no corpo de Maria mulher, humana, através de uma obra milagrosa e sobrenatural do Espírito Santo. 
      Foi assim para que Jesus fosse concebido sem pecado, puro, não recebendo de um pai homem, humano, qualquer herança de erro. Jesus tinha que ser um sacrifício puro para que tivesse a eficácia que teve, por isso nasceu, viveu e morreu e ressuscitou sem pecado. Mas a Bíblia citar Jesus como a semente da mulher e não do homem, tem mais significados, alguns misteriosos, mas eu penso que foi também uma maneira da mulher ser consolada, aquela pela qual na figura mítica de Eva entrou o pecado no mundo também seria o canal para que o pecado fosse anulado. 
      Todavia, assim como a mulher foi honrada, o diabo foi humilhado, ele seria destruído por um descendente da mesma humanidade que ele achou ter destruído. A mulher também pode representar a igreja, sob esse ponto de vista o diabo sempre estará em guerra com a mulher, a igreja, os filhos de Deus de todos os tempos e raças, salvos por Jesus e selados pelo Espírito Santo, e não uma igreja específica, seja católica, protestante ou evangélica. Outro detalhe da profecia de Gênesis sobre Jesus é que a semente da mulher feriria a cabeça da serpente. Por que foi citada essa parte específica do corpo do animal? 
      Em primeiro lugar é preciso entender porque Deus permitiu que o diabo possuísse uma cobra e não outro animal, bem, isso tem vários significados espirituais, significados que os esotéricos se aprofundam bastante. Uma cobra é um animal com um físico interessante, ela tem um longo corpo, que parece igual e desproporcional, não tem patas ou mãos. Alguns dizem que essa aparência atual da serpente é a que ela ganhou como castigo por ter sido possuída pelo diabo, e que antes ela poderia ser diferente, não repugnante como é hoje, mas mais bonita e sedutora, como o próprio diabo sempre se apresenta a princípio.
      Mas a cobra tem uma cabeça certeira, nela se concentra sua arma mortal, dentes venenosos que inutilizam uma presa só com uma mordida, depois que a mordida é dada e o veneno entra no organismo, a cobra abraça sua presa e começa a digeri-la, lentamente, por inteiro. Ela não tira pedaços como um grande felino, isso tudo nos oferece muitas metáforas da ação espiritual do diabo. O caduceu com as serpentes não é sem motivos um símbolo mágico tão importante. Vamos revelar esses mistérios.
      O longo corpo, sinuoso e hipnótico ao se mover, são as artimanhas do diabo, podemos correr o risco de nos iludir com ele e nos esquecer da cabeça, onde está o perigo. Por outro lado, mesmo para anular o diabo, não podemos tentar bater no corpo, mas cortar direto a cabeça. Com o diabo não se conversa, não se argumenta, não se tenta tirar informações dele, ele é puro engano, o diabo se anula, com o poder no nome de Jesus acertando diretamente sua cabeça. Jesus é a semente da mulher que pisa na cabeça da serpente. 
      Devemos, todavia, ter muito cuidado neste mundo, como uma serpente o diabo pode estar escondido entre as pedras, na sujeira desse mundo. Andemos com sabedoria, com temor a Deus, pois ainda que ele seja baixo, rasteiro, pequeno, pode ser mortal, mordendo uma parte nossa que descuidamos, acertando nosso ponto mais fraco, que é justamente nossos pés, que precisamos para nos mover na Terra, por entre os homens. Contudo, se formos cautelosos, matamos a serpente com os pés, sem que tenhamos que tocar o diabo sujo de alguma maneira. 

01/12/19

Jesus, verbo de Deus que tudo criou

      Começando hoje e indo até o último dia do mês de dezembro, compartilharei trinta e uma reflexões sobre Jesus, muitos títulos que a Bíblia lhe dá, tentando abraçar da melhor maneira possível a obra completa de Cristo no universo, no mundo, na humanidade, e em nossas vidas. O estudo é dividido em cinco partes. 

1ª oito reflexões sobre o que o antigo testamento profetiza sobre Jesus
2ª seis reflexões sobre o nascimento, a infância e o batismo de Jesus relatados nos evangelhos
3ª quatro reflexões sobre o ministério de João Batista relatado nos evangelhos
4ª oito reflexões sobre o ministério de Jesus também relatado nos evangelhos
5ª cinco reflexões nas cartas do novo testamento e no Apocalipse sobre Jesus

      “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.” Gênesis 1.1-5

      “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.” João 1.1-4

      Muitos, mesmo cristãos, acham que apesar de Jesus ser Deus, ele só apareceu efetivamente quando encarnou, viveu, morreu e ressuscitou na obra de redenção da humanidade, contudo, Jesus é muito mais que isso. A criação do universo material e espiritual foi feita através de uma palavra de poder de Deus, no mundo espiritual a palavra tem muito, mas muito valor, ela não é só a expressão de algum pensamento e sentimento, como nós humanos achamos, seres humanos acostumados a dizer tanta bobagem sem pensar. 
      Uma palavra autoriza algo a acontecer, e nenhuma palavra volta vazia, para um bem ou para um mal ela sempre gera algo. Se é assim entre os homens, entre as criaturas, muitíssimo mais com o criador, a diferença é que Deus nunca joga palavra fora, se ele quer que algo aconteça ele fala, e se ele fala acontece. Por isso que muitas vezes quando oramos pedindo uma orientação do Senhor sentimos um silêncio, mesmo o silêncio de Deus tem significado, significa que ele não fará nada, pelos menos não naquele momento, mas o Espírito Santo gracioso ainda assim nos consola. 
      Em vários textos bíblicos entendemos que Jesus é o verbo de Deus, quando Deus quis criar o universo a palavra que ele usou era a própria pessoa de Jesus, Jesus é o verbo de Deus, isso é, uma palavra viva e poderosa que cria algo. Deus cria através de Jesus, sempre foi e sempre será assim, mas além disso Deus também salvou a humanidade encarnando esse verbo, por isso Jesus é tão especial, muito mais que outros líderes religiosos, Jesus é o verbo de Deus, e o cristianismo a única maneira de salvação para o homem. 

30/11/19

Dom de línguas estranhas

      “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.Romanos 8.13-16

      Perdem e muito os que tentam viver o cristianismo sem uma experiência total e verdadeira com e no Espírito Santo. O Espírito Santo habita todos os convertidos, os novos nascidos, na verdade sem o Espírito Santo não há cristão, não há comunhão com Deus, não há novo nascimento, não há experiência de cura e perdão de Deus. Assim, mesmo os que não acreditam que os dons espirituais são para os dias atuais, mesmo que nunca se tenha vivenciado o falar em línguas estranhas, as revelações espirituais que renovam as experiências que temos nas revelações registradas na Bíblia de outras pessoas, mesmo esses têm o Espírito Santo, ninguém duvide disso, sob o risco de pecar contra o Espírito Santo. Contudo, CONTUDO, (e me perdoem a caixa alta), quem não experimenta os dons de maneira explícita, perde muito do poder transformador e exclusivo de Jesus, do pleno e real cristianismo.
      Numa igreja cristã atual (e uso o termo igreja generalizando a grande parte de igrejas protestantes é evangélicas), onde o pentecostalismo se cansou, e se cansou porque se desviou da palavra, perdendo-se nas experiências emocionais e na teologia da prosperidade, e até os pentecostais estão procurando estudos bíblicos mais sérios e profundos compartilhados pelos tradicionais, se faz necessário uma volta ao Espírito Santo, não ao pentecostalismo, porque se esse fosse íntegro não teria perdido a força, mas à liberdade do Espírito Santo que havia na igreja cristã primitiva. Alguns tradicionais equivocados podem dizer, “mas nas cartas de Paulo à igreja de Corinto, vemos uma exortação contra os dons, principalmente o de línguas estranhas”, mas meus queridos, nas cartas aos Coríntios não foram os dons que foram criticados, mas o mal uso deles, todas as igrejas daquela época experimentavam os dons, mas eles pouco são citados nelas porque essa maioria usava os dons da forma correta. 
       “Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (Atos 4.20), eu não posso deixar de testemunhar aqui sobre a bênção que são em minha vida os dons espirituais, todos, e muito o dom de línguas estranhas. Quem tem dons? Não, não são os melhores e eles também não conferem a ninguém um status quo superior no meio cristão, tem os que querem, creem, buscam, recebem e usam, simples assim. E se todos os dons são a força a mais que o cristão precisa para viver o cristianismo, o de línguas estranhas permite um consolo, um fortalecimento, especial, que nos ajuda justamente quando mente e coração não podem. Assim, muitas vezes, quando minha cabeça estava cansada, quando meu emocional estava vazio, o falar em línguas estranhas alimentou e vivificou meu espírito, porque os genuínos dons espirituais são isso, espirituais. Erra quem acha que são meras experiências emocionais, eles podem tocar nossas emoções, mas elas só efeito daquilo que é experimentado antes no espírito. 
      Podemos profetizar através de línguas estranhas e quando houver quem as traduza elas são úteis para abençoar os outros em cultos públicos, mas a principal bênção do dom de línguas estranhas está na nossa vida privada, em nossos momentos particulares e solitários de oração, assim o verdadeiro dom de línguas é tudo, menos adulação de ego para ser exibido para os outros. Só Cristo pode viver o cristianismo, Cristo vive em nós pelo Espírito Santo, exercer os dons espirituais é dar liberdade para que o Espírito seja Deus em nós. Negarmos isso é tentar viver, ainda que com sinceridade, um cristianismo sem Cristo. O dom de línguas estranhas estabelece um diálogo mais direto e espiritual, é o Espírito Santo falando a Deus e ao mundo espiritual através de nosso espírito, que colhe bênção emocional disso, mas que muitas vezes não entende o que está sendo dito racionalmente, por isso ele é bênção quando nos sentimos sem forças para orar. O dom de línguas estranhas é Deus orando por nós em nós.
      Sendo um diálogo de Deus para Deus, nos permite interceder por coisas que não temos consciência que precisamos interceder, pelo menos não a princípio. Isso é o milagre que só o evangelho faz, algo que começa em Deus e termina em Deus, para a glória única de Deus. Quanto mais buscamos o Senhor e falamos em línguas, no temor de Deus, em santidade e com sabedoria, a nossa intimidade espiritual com o pai aumenta, a experiência do dom de línguas estranhas evolui, e tem muita gente que ainda que fale em línguas ainda está no primário desse dom. Mas repito, é importante que tenhamos um crescimento nessa experiência em particular, pois a maneira como o Espírito Santo interage com nossos sentidos, com nossa fala e mesmo com todo o nosso corpo, pode não ser entendida por alguns, e os que já são pré-dispostos a não aceitarem dons espirituais poderão se escandalizar ainda mais. 
      Muitos, contudo, ainda não entenderam a profundidade da interação que o Espírito Santo pode ter conosco, aceitam tanta entregas físicas e emocionais do mundo, mesmo de outras religiões, que não são de Deus, e são frios com relação ao Espírito Santo, por isso tantas enfermidades, principalmente psiquiátricas, no meio cristão, Deus tem a cura mas as pessoas não a querem. Não, ter uma experiência plena com o Espírito de Deus nada tem a ver com possessão demoníaca, a possessão, uma vez autorizada pela pessoa, é algo violento, descontrolado, sujo, degradante. Com o Espírito Santo há felicidade, há vitória, há vontade de ser santo, há luz, entendimento da vontade de Deus, adoração pura, começando no espírito inunda nossa alma, sentimentos e pensamentos, e pode ter liberdade, se assim permitirmos, em todo o nosso corpo. Cheios do Espírito cantamos, dançamos, pulamos, gritamos, mas sempre debaixo de nossa autorização racional. O espírito do profeta está sempre sujeito ao profeta.