sábado, novembro 30, 2019

Dom de línguas estranhas

      “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.Romanos 8.13-16

      Perdem e muito os que tentam viver o cristianismo sem uma experiência total e verdadeira com e no Espírito Santo. O Espírito Santo habita todos os convertidos, os novos nascidos, na verdade sem o Espírito Santo não há cristão, não há comunhão com Deus, não há novo nascimento, não há experiência de cura e perdão de Deus. Assim, mesmo os que não acreditam que os dons espirituais são para os dias atuais, mesmo que nunca se tenha vivenciado o falar em línguas estranhas, as revelações espirituais que renovam as experiências que temos nas revelações registradas na Bíblia de outras pessoas, mesmo esses têm o Espírito Santo, ninguém duvide disso, sob o risco de pecar contra o Espírito Santo. Contudo, CONTUDO, (e me perdoem a caixa alta), quem não experimenta os dons de maneira explícita, perde muito do poder transformador e exclusivo de Jesus, do pleno e real cristianismo.
      Numa igreja cristã atual (e uso o termo igreja generalizando a grande parte de igrejas protestantes é evangélicas), onde o pentecostalismo se cansou, e se cansou porque se desviou da palavra, perdendo-se nas experiências emocionais e na teologia da prosperidade, e até os pentecostais estão procurando estudos bíblicos mais sérios e profundos compartilhados pelos tradicionais, se faz necessário uma volta ao Espírito Santo, não ao pentecostalismo, porque se esse fosse íntegro não teria perdido a força, mas à liberdade do Espírito Santo que havia na igreja cristã primitiva. Alguns tradicionais equivocados podem dizer, “mas nas cartas de Paulo à igreja de Corinto, vemos uma exortação contra os dons, principalmente o de línguas estranhas”, mas meus queridos, nas cartas aos Coríntios não foram os dons que foram criticados, mas o mal uso deles, todas as igrejas daquela época experimentavam os dons, mas eles pouco são citados nelas porque essa maioria usava os dons da forma correta. 
       “Pois não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos” (Atos 4.20), eu não posso deixar de testemunhar aqui sobre a bênção que são em minha vida os dons espirituais, todos, e muito o dom de línguas estranhas. Quem tem dons? Não, não são os melhores e eles também não conferem a ninguém um status quo superior no meio cristão, tem os que querem, creem, buscam, recebem e usam, simples assim. E se todos os dons são a força a mais que o cristão precisa para viver o cristianismo, o de línguas estranhas permite um consolo, um fortalecimento, especial, que nos ajuda justamente quando mente e coração não podem. Assim, muitas vezes, quando minha cabeça estava cansada, quando meu emocional estava vazio, o falar em línguas estranhas alimentou e vivificou meu espírito, porque os genuínos dons espirituais são isso, espirituais. Erra quem acha que são meras experiências emocionais, eles podem tocar nossas emoções, mas elas só efeito daquilo que é experimentado antes no espírito. 
      Podemos profetizar através de línguas estranhas e quando houver quem as traduza elas são úteis para abençoar os outros em cultos públicos, mas a principal bênção do dom de línguas estranhas está na nossa vida privada, em nossos momentos particulares e solitários de oração, assim o verdadeiro dom de línguas é tudo, menos adulação de ego para ser exibido para os outros. Só Cristo pode viver o cristianismo, Cristo vive em nós pelo Espírito Santo, exercer os dons espirituais é dar liberdade para que o Espírito seja Deus em nós. Negarmos isso é tentar viver, ainda que com sinceridade, um cristianismo sem Cristo. O dom de línguas estranhas estabelece um diálogo mais direto e espiritual, é o Espírito Santo falando a Deus e ao mundo espiritual através de nosso espírito, que colhe bênção emocional disso, mas que muitas vezes não entende o que está sendo dito racionalmente, por isso ele é bênção quando nos sentimos sem forças para orar. O dom de línguas estranhas é Deus orando por nós em nós.
      Sendo um diálogo de Deus para Deus, nos permite interceder por coisas que não temos consciência que precisamos interceder, pelo menos não a princípio. Isso é o milagre que só o evangelho faz, algo que começa em Deus e termina em Deus, para a glória única de Deus. Quanto mais buscamos o Senhor e falamos em línguas, no temor de Deus, em santidade e com sabedoria, a nossa intimidade espiritual com o pai aumenta, a experiência do dom de línguas estranhas evolui, e tem muita gente que ainda que fale em línguas ainda está no primário desse dom. Mas repito, é importante que tenhamos um crescimento nessa experiência em particular, pois a maneira como o Espírito Santo interage com nossos sentidos, com nossa fala e mesmo com todo o nosso corpo, pode não ser entendida por alguns, e os que já são pré-dispostos a não aceitarem dons espirituais poderão se escandalizar ainda mais. 
      Muitos, contudo, ainda não entenderam a profundidade da interação que o Espírito Santo pode ter conosco, aceitam tanta entregas físicas e emocionais do mundo, mesmo de outras religiões, que não são de Deus, e são frios com relação ao Espírito Santo, por isso tantas enfermidades, principalmente psiquiátricas, no meio cristão, Deus tem a cura mas as pessoas não a querem. Não, ter uma experiência plena com o Espírito de Deus nada tem a ver com possessão demoníaca, a possessão, uma vez autorizada pela pessoa, é algo violento, descontrolado, sujo, degradante. Com o Espírito Santo há felicidade, há vitória, há vontade de ser santo, há luz, entendimento da vontade de Deus, adoração pura, começando no espírito inunda nossa alma, sentimentos e pensamentos, e pode ter liberdade, se assim permitirmos, em todo o nosso corpo. Cheios do Espírito cantamos, dançamos, pulamos, gritamos, mas sempre debaixo de nossa autorização racional. O espírito do profeta está sempre sujeito ao profeta.

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