14/09/22

Israel não aprendeu a lição (45/92)

      “Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.” Juízes 6.23

(Para melhor entendimento leia passagens bíblicas no final)
 
      Nesta postagem a parte final da reflexão sobre Gideão, leia na postagem anterior a 1ª parte. Chega a ser engraçado, primeiro Gideão duvida, depois teme, mas novamente há algo que pode comprovar que o “anjo do Senhor” não era um mero anjo, tal o estarrecimento de Gideão quando entende isso. Deus conforta Gideão de novo com a linda palavra do versículo inicial, que respeito o todo-poderoso mostra por nós, seres frágeis e orgulhosos. A paciência de Deus é infinita, nosso bom ânimo, não, devido à nossa incredulidade. 
      Essa história parece cumprida até aqui, e deveria bastar para Gideão aprender a lição, mas não bastou, ainda mais dois eventos mostram seu persistente ceticismo. Gideão pede mais sinais, dois com o velo de lã, para que Deus prove que daria a ele vitória conduzindo Israel contra seus inimigos. Finalmente Deus prova ainda mais a fé de Gideão, diminuindo ao máximo o tamanho do exército que Gideão lideraria, chegando ao número de apenas trezentos. O homem tem que ser enfraquecido para se fortalecer em Deus. 
      Por que isso? O incrédulo, ainda que obtenha vitória, poderá não crer que ela foi conquistada por intermédio de Deus, mas por ele, dessa forma um exército mínimo seria mais argumento para convencer Gideão a crer no poder de Deus, não na capacidade sua ou do exército de Israel. Por que isso era importante? Porque Deus não queria simplesmente dar a Israel uma vitória sobre um inimigo do momento, mas queria curar o problema inicial, que levou Israel a se afastar de Deus e ser oprimido por inimigos. 
      Se Gideão e Israel não aprendessem isso, poderiam até ter vitória naquela situação, mas passaria um tempo, eles se afastariam novamente de Deus e seriam oprimidos por um novo inimigo. Deus não quer só resolver um problema imediato, externo e passageiro, mas nos dar uma cura interna e duradoura. Quanto trabalho damos a Deus e consequentemente a nós mesmos por causa de nossa incredulidade, se simplesmente crêssemos seria muito mais fácil e rápido, pouparíamos tempo e muito sofrimento. 
      Desculpe-me, mas essa história não tem final feliz, e eis outro motivo que faz da Bíblia um livro único. Se fossem só registros de escritores contando sua própria história, talvez muitos fatos fossem deixados fora, como ocorre com auto-biografias, onde o que escreve sobre si mesmo só fala das coisas boas. Mas nas crônicas de Israel as coisas ruins são registradas sem receio, e em se tratando de Israel, sua história não tem um final feliz neste mundo até hoje, muitos ainda não entenderam que a vitória é individual e por Jesus.
      Parece que bastou o juiz Gideão falecer para que a nação de Israel voltasse a se afastar do Senhor e sofrer as terríveis consequências disso. Como um povo que provou tantos milagres de Deus pôde negá-lo tantas vezes? Mas será que somos diferentes, melhores que os israelitas? Isso é prova que experimentar milagres não é demonstração de espiritualidade, não nos faz mais ungidos, como tantos evangélicos acham hoje. Gideão pediu um, dois, três sinais, Deus deu provas, fez o milagre, ainda assim não foi suficiente. 
      Vejo nos personagens do velho testamento Deus lançando em nosso rosto, ainda que com amor, uma verdade: não mudamos facilmente, é preciso trabalho para pararmos de errar, pagarmos os preços pelo que erramos, então, fazermos coisas certas e colhermos bons frutos disso. Só mudamos com muita dor e muito tempo, tenhamos humildade para admitir isso. Talvez a eternidade dê continuidade à nossa evolução, talvez necessitemos de mais, talvez o trabalho para melhorarmos possa ser maior que esta vida, só talvez…

—————#—————

      “Então viu Gideão que era o anjo do Senhor e disse: Ah, Senhor Deus, pois vi o anjo do Senhor face a face. Porém o Senhor lhe disse: Paz seja contigo; não temas; não morrerás.
      “E disse Gideão a Deus: Se hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste, eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e toda a terra ficar seca, então conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão, como disseste. E assim sucedeu; porque no outro dia se levantou de madrugada, e apertou o velo; e do orvalho que espremeu do velo, encheu uma taça de água. 
      E disse Gideão a Deus: Não se acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que só esta vez faça a prova com o velo; rogo-te que só o velo fique seco, e em toda a terra haja o orvalho. E Deus assim fez naquela noite; pois só o velo ficou seco, e sobre toda a terra havia orvalho.
      “E disse o Senhor a Gideão: Com estes trezentos homens que lamberam as águas vos livrarei, e darei os midianitas na tua mão; portanto, todos os demais se retirem, cada um ao seu lugar.
      “E sucedeu que, como Gideão faleceu, os filhos de Israel tornaram a se prostituir após os baalins; e puseram a Baal-Berite por deus. E assim os filhos de Israel não se lembraram do Senhor seu Deus, que os livrara da mão de todos os seus inimigos ao redor. Nem usaram de beneficência com a casa de Jerubaal, a saber, de Gideão, conforme a todo o bem que ele havia feito a Israel.

Juízes 6.22-23, 36-40, 7.7, 8.33-35
José Osório de Souza, 28/11/2021

13/09/22

Gideão e sua incredulidade (44/92)

      “Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso.Juízes 6.12

(Para melhor entendimento leia passagens bíblicas no final)

      Gideão, talvez, seja o homem mais incrédulo que a Bíblia relata, mais que Tomé? Talvez. Ainda assim Deus o escolheu para livrar a nação de Israel. Isso nos ensina que não é o homem para uma ação de Deus, que beneficiará outros homens, mas a ação de Deus para ensinar um indivíduo, que depois pode ser usado para abençoar outros indivíduos. O Senhor tem sempre interesse específico em nós, assim não chama preparados, mas prepara chamados, ainda que chamados tenham sempre potencial para serem usados. 
      Deus não chama qualquer um para qualquer coisa, o Senhor sabe o que podemos vir a ser, ainda que não sejamos no presente. Gideão não era qualquer um, mas o homem certo para uma missão. Na passagem de Juízes 6-8, a história de Israel é reincidente, o povo se afastou de Deus e foi entregue nas mãos de seus inimigos, esses impediam Israel de plantar e criar animais, com isso Israel empobreceu, perdeu sua autonomia de nação. Onde estavam os falsos deuses em que confiou Israel para ajudá-lo nesse momento? 
      Deus toma a iniciativa para ajudar um povo que se afastou dele, o “anjo do Senhor” veio e assentou-se sob uma árvore. Gideão, trabalhando, mas mais ocupado em ludibriar o inimigo, que mudar a condição que tinha levado Israel a sucumbir diante do inimigo, não viu o “anjo do Senhor”, assim o anjo “apareceu” a Gideão para que ele o reconhecesse. Imediatamente Deus deixou bem claro o que pensava de Gideão, “o Senhor é contigo, homem valoroso”, a palavra de Deus é sempre de incentivo, nunca de acusação. 
      Deus é maravilhoso, acredita em nós quando nós não cremos nem nele, nem em nós mesmos. “Se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio?”, disse o incrédulo Gideão, ele duvidou da afirmação do “anjo”, não teve a noção ou a humildade para assumir que Israel sofria porque estava em pecado, antes jogou a culpa em Deus pelo sofrimento. O “anjo” respondeu mostrando novamente a fé que Deus tem em nós, que não exige de nós mais que o que somos e podemos fazer, “vai nesta tua força e livrarás a Israel”.
      Quantas vezes temos que ouvir de Deus que se crermos e obedecermos tudo vai dar certo, até que mudemos de atitude e deixemos de ser rebeldes e incrédulos? Gideão insistiu em sua narrativa de vítima e fraco, como se Deus dependesse de suas forças e capacidades para fazer algo. “Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem”, insistiu Deus em sua paciente tarefa de conduzir o homem incrédulo e orgulhoso à vitória. Ah, se de fato crêssemos no amor de Deus. 
      Gideão não se convenceu, após duvidar das palavras, duvidou da legitimidade do mensageiro, ele queria um sinal. Se tem uma coisa que aprendemos com a história de Gideão é que um sinal nunca basta, quem pede um, pede dois, três e por aí vai, por isso ou cremos sem ver imediatamente, ou não fiquemos arrumando desculpas por sermos incrédulos. Quem pede sinal joga em Deus a responsabilidade de provar que é Deus, e tira de si a responsabilidade de crer em Deus, que petulância a nossa tantas vezes. 
      Deus acrescentou algo ao sinal, pediu a Gideão que derramasse o caldo sobre a carne e os pães, para que ficassem mais úmidos, então, fez subir fogo que os consumiu, após isso o “anjo” se foi. Coloquei “anjo do Senhor” entre aspas, esse ser, citado algumas vezes na Bíblia, é um mistério, alguns dizem que não é um simples anjo, mas um enviado especial, que fala por Deus em primeira pessoa, seria Gabriel? Parece que ele se apresenta inicialmente em forma humana. Leia na postagem de amanhã a parte final desta reflexão. 

—————#—————

      “Porém os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do Senhor; e o Senhor os deu nas mãos dos midianitas por sete anos.” “Assim Israel empobreceu muito pela presença dos midianitas; então os filhos de Israel clamaram ao Senhor.” 
      “Então o anjo do Senhor veio, e assentou-se debaixo do carvalho que está em Ofra, que pertencia a Joás, abiezrita; e Gideão, seu filho, estava malhando o trigo no lagar, para o salvar dos midianitas. Então o anjo do Senhor lhe apareceu, e lhe disse: O Senhor é contigo, homem valoroso. 
      Mas Gideão lhe respondeu: Ai, Senhor meu, se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? E que é feito de todas as suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém agora o Senhor nos desamparou, e nos deu nas mãos dos midianitas. 
      Então o Senhor olhou para ele, e disse: Vai nesta tua força, e livrarás a Israel das mãos dos midianitas; porventura não te enviei eu? E ele lhe disse: Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai. E o Senhor lhe disse: Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem.
     “E ele disse: Se agora tenho achado graça aos teus olhos, dá-me um sinal de que és tu que falas comigo. Rogo-te que daqui não te apartes, até que eu volte e traga o meu presente, e o ponha perante ti. E disse: Eu esperarei até que voltes. E entrou Gideão e preparou um cabrito e pães ázimos de um efa de farinha; a carne pós num cesto e o caldo pós numa panela; e trouxe-lho até debaixo do carvalho, e lho ofereceu. 
      Porém o anjo de Deus lhe disse: Toma a carne e os pães ázimos, e põe-nos sobre esta penha e derrama-lhe o caldo. E assim fez. E o anjo do Senhor estendeu a ponta do cajado, que estava na sua mão, e tocou a carne e os pães ázimos; então subiu o fogo da penha, e consumiu a carne e os pães ázimos; e o anjo do Senhor desapareceu de seus olhos.
 Juízes 6.1, 6, 11-21
José Osório de Souza, 28/11/2021

12/09/22

A quem queremos convencer? (43/92)

      “E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo. E, tendo ele dito isto, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo. E, advertindo-o severamente, logo o despediu. E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; porém vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho. Mas, tendo ele saído, começou a apregoar muitas coisas, e a divulgar o que acontecera; de sorte que Jesus já não podia entrar publicamente na cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todas as partes iam ter com ele.Marcos 1.41-45

      Ouvimos com frequência pregadores dizendo que nossas ações devem corresponder às nossas palavras. Não ser hipócrita é praticar o que se fala, mas quem consegue isso? Na maioria das vezes os que mais falam são os que mais têm boas coisas a dizer, portanto com mais coisas a viver. Isso não é sempre, há alguns que falam sempre e sem medo, mas só falam bobagens, portanto, o que falam condiz com o que vivem, esses acham que gostar de falar dá legitimidade para se dizer qualquer coisa. Contudo, um modo de atenuar a hipocrisia é falar menos, assim seremos menos cobrados, isso pode ser mais fácil que não praticar tudo que falamos. Quem fala se compromete, quem pouco fala, pouco se compromete (Provérbios 17.28). 
      Os outros precisam saber de tudo que pensamos? Não. Principalmente em termos de espiritualidade é melhor calar que falar. Muitos cristãos creem o contrário, principalmente evangélicos, por se verem como donos da verdade que livra todos do inferno, acham que devem tentar convencer as pessoas a acreditarem como eles acreditam. Não acham que estão importunando ninguém com isso, mas ajudando, mas na verdade estão importunando, e muito a muitas pessoas, eles mesmos, estão dando a juízes mais argumentos para que esses lhes cobrem em algum momento. Esses juízes estão neste mundo, também estarão no outro, mas mais que isso, estão dentro de nós. Falar demais pode ser uma tentativa de convencer juízes interiores. 
      No mundo atual as pessoas estão obcecadas para compartilhar suas vidas, a facilidade de acesso e de compartilhamento e a beleza das molduras entregues pelos filtros das redes sociais, levam muitos a crer que os quadros são maravilhosos e importantes. As pessoas estão sendo enganadas, manipuladas para que gerem espaços onde elas, de graça, ajudam a vender produtos. As pessoas trocam suas privacidades por fama, mas não percebem que são só marionetes nas mãos dos poderosos donos de Facebook, Instagram, Youtube, Twitter etc, e esses só querem lucros financeiros. Algo perigoso nesses negócios é que eles não respeitam limites nacionais, são globais, se acham acima do bem e do mal, de governos e de autoridades. 
      Quem resiste à fama, ao prazer de saber que é visto e admirado por muitos, de ter reconhecimento no mundo? Jesus resistiu, ele sabia os perigos de certas coisas serem conhecidas. O primeiro perigo foi o mais óbvio, sua missão despertaria a inveja de líderes religiosos judeus que poderiam lhe fazer mal por isso. Cristo sabia que não poderia ser livrado de seu fim, não se pode esconder a luz para sempre, mas o segredo deveria ser mantido para que o tempo de Deus se cumprisse. Enquanto isso Jesus ensinava os discípulos, cujas memórias construiriam o que mudou a humanidade depois, os textos bíblicos. Jesus era um homem de ação, suas palavras eram efeito disso, mas elas teriam uma missão no futuro por isso precisou de tempo. 
      Outro perigo de deixar público certos conhecimentos é jogar pérolas aos porcos, deixar saber quem não está preparado para saber que portanto entenderá errado e contribuirá mais para à incredulidade que para a fé. No texto bíblico inicial o homem relatou uma cura física, quem não fica feliz com uma cura assim? Mas ele não foi sábio, em primeiro lugar porque desobedeceu uma orientação de Jesus. Quando Deus fala, ainda que não entendamos, mesmo que discordemos com boa argumentação, devemos obedecer. Deus não vê só o aqui e agora, mas todos, tudo e sempre, o Senhor sabe as consequências de uma informação nos complicados sistemas do universo, das relações humanas, dos poderes e escolhas de homens e outros seres. 
      Não falar algumas coisas porque as pessoas não estão preparadas para certas coisas é ato de amor. Podemos estar protegendo as pessoas delas mesmas, de pecarem, caso recebam certas informações, e não me refiro só a mistérios espirituais, falo de coisas triviais de nossas vidas materiais. Sejamos responsáveis, não só alertando os outros de perigos caso não façam as coisas certas, mas também impedindo-os de cometerem erros de julgamento sabendo de coisas que não podem administrar de maneira sadia, moral e espiritualmente. O silêncio protege, não só a nós como aos outros. Se muitos acham que falar é melhor que fazer e outros pensam que fazer é melhor que falar, orar a Deus deve preceder tudo, ações e palavras. 
      Falar demais encurta o tempo, impede Deus de agir com paciência, quando falamos demais ocupamos tempo e atenção que alguém deveria estar dando a Deus. Sem paciência com os outros ou com o que achamos que precisamos receber dos outros, queremos resultados rápidos. Mas Deus trabalha no silêncio, e de maneiras que não podemos sequer imaginar. Deus é espírito, o Espírito é intraduzível pela matéria, essa só pode fazer esboços grosseiros dele. Oração vale mais que discursos, se feita com intenção correta, amor e iluminação, porque ela se coloca no mundo espiritual, com ferramenta espiritual atuando nas pessoas de maneira espiritual. Orar não apressa nada, e se fazemos isso em espírito, o pouco valerá por muito. 
      Quando oramos, em todos os níveis, emocional, racional e espiritual, saímos convencidos do que somos, do que queremos, do que temos que receber e do que Deus quer nos dar. Essa satisfação anula toda carência e insegurança que nos levam a querer convencer os outros de algo que nada tem a ver com os outros. A oração emocional pode desaguar em choro, e podemos estar precisando muito chorar. A oração racional nos faz verbalizar as questões, entendermos intelectualmente nossa vida no que é possível, é exercer inteligência e ver soluções. Mas é na oração plenamente espiritual, onde o Espírito Santo não é só meio passivo, mas participante ativo, quando exercemos os dons espirituais, onde recebemos a paz maior. 

11/09/22

Espírito progride sempre (42/92)

      “Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Mateus 22.17-21

      O texto inicial é uma daquelas passagens inesquecíveis do evangelho, onde tentando deixar Jesus sem resposta, os enviados dos líderes religiosos judeus recebem aquela palavra simples e profunda que só Deus tem, “dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. A matéria não precisa negar o espírito, nem o espírito negar a matéria, existe equilíbrio possível. O que não se pode é inverter as coisas, tentar espiritualizar a matéria ou materializar o espírito. Homens “espiritualizam” a matéria quando pela ciência tentam explicar coisas espirituais com conceitos físicos, substituem Deus pelo ego humano, sua providência pela inteligência do homem, seus ideais de moral por ideologias terrenas. 
      Os homens tentam “materializar” o espírito quando creem que prosperidade no mundo é o mais alto reflexo de vida com Deus. “César” merece nossos impostos, não nossas almas, o dinheiro merece nossa administração sensata, não nossa adoração. O mundo físico precisa ser progressista, incluindo vida social que administra diferenças com igualdade, contudo, o plano espiritual pode ser conservador se estiver ligado de fato ao Deus verdadeiro. Mas quem conhece plenamente o Deus verdadeiro para se colocar como um conservador das verdades mais altas e imutáveis? Ninguém, assim temos que ser progressistas também para Deus, isso é focarmos no Espírito Santo, não nas tradição, e seguirmos aprendendo. 
      O cristão deve ser conservador ou progressista? Como em outros assuntos, as pessoas têm dificuldades para serem equilibradas, não acham um meio termo entre uma coisa e outra, ou tomam tudo de um lado ou tudo do outro, assim é mais fácil, não é preciso avaliar, escolher e arcar com consequências. Muitos simplesmente dizem, “sigo a orientação da minha religião, do papa, do padre, do pastor, do missionário, do apóstolo, não me importa o que os outros dizem”. Quem delega deveres delega direitos, o que deixa os outros pensarem por si será escravo dos outros, quem segue a homem não conhece a Deus. Deus pode ser conservador, nós não, ainda teremos que ser progressistas por muito tempo. 
      Deus conserva eternamente suas virtudes no mesmo nível de excelência, mas a humanidade ainda está longe de entender essas virtudes. Jesus veio como homem justamente para ensinar como a mais alta espiritualidade pode se manifestar no plano físico. Contudo, ainda assim, os homens engessaram os ensinos do Cristo, o dogmatizaram para dominarem outros homens, calando a voz do vivo Espírito Santo. O que muitos dizem ser o conservador ensino divino é só conveniente conservadorismo humano, para conhecermos a Deus precisamos nos libertar disso. Só nas asas do Espírito Santo progrediremos às regiões espirituais mais altas em Cristo, só assim teremos um conhecimento pleno para poder conservar.
      Sob um certo ponto de vista, podemos até dizer que o homem ou uma religião que se coloca como conservador é um grande arrogante. É achar que já sabe tudo de Deus, de maneira que aquilo que sabe deva ser guardado e lacrado, achando-se, assim, guardião exclusivo de verdades absolutas, que nunca mudarão e portanto devem ser conservadas. A igreja católica é o maior exemplo dessa arrogância, com isso ela trancou a civilização ocidental por séculos no que é denominado “idade das trevas”, negando ciência, perseguindo e matando quem pensasse diferentemente dela. Mas protestantes e evangélicos atuais também se perdem nesse engano, a arrogância, contudo, sempre precede uma vergonhosa queda.  
      Deus é liberdade para se progredir. Muitos religiosos não entendem essa afirmação, pois na verdade eles não querem ser livres, assim é mais fácil construírem um “Deus” que limita e prende para estão ser cegamente obedecido. Por outro lado, aqueles que negam religião, acham que são livres por não crerem em Deus, não entendem que também têm uma visão equivocada do Deus verdadeiro, aliás, a mesma visão que muitos crentes têm. Ocorre que enquanto muitos religiosos escolhem obedecer esse “Deus” equivocado, os não religiosos escolhem não obedecer a esse mesmo “Deus” equivocado, ainda que se tornem crentes equivocados de outra coisa, a ciência, eficiente para a matéria, mas não para o espírito. 
      “Sou progressista mas não sou comunista, sou conservador mas não sou cristão, sou liberal mas não sou materialista, sou crente mas não nego a ciência”, você consegue fazer essas afirmações? Não precisa fazer todas elas, pode até fazer outras mais arrojadas e mais antagônicas, mas o que importa é não se amarrar a definições absolutas e extremas, é usar a razão para encontrar equilíbrios. Isso é conhecer o Deus mais alto, um Espírito superior e livre que nos chama para sermos espíritos elevados e libertos. O mundo está mudando e há algum tempo, e mudará ainda mais, o Senhor nunca muda. Nós, contudo, precisamos humildemente assumir nossas mudanças para progredirmos em direção ao Deus Altíssimo. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

10/09/22

Conservador ou progressista? (41/92)

      “O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento, e o entendido adquirirá sábios conselhos; para entender os provérbios e sua interpretação; as palavras dos sábios e as suas proposições. O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Provérbios 1.5-7

      Cristianismo: conservador ou progressista? Os termos progressismo e conservadorismo são bem amplos, surgiram com o iluminismo na Europa no século XVIII e depois como uma resposta a esse no século XIX. Eles podem se referir às áreas social, econômica, política, moral, ética e mesmo religiosa. Enquanto o progressista prega uma evolução constante em muitas áreas, baseada na ciência, o conservador ensina a manutenção de valores tradicionais, que na origem incluíam poder do monarca, por ter recebido esse direito pelo sangue, e submissão à igreja católica. Ele está ligado à direita política, e em seus princípios iniciais até o protestantismo era antagonizado.
      O progressismo é ligado à esquerda política, sendo base para o positivismo, o liberalismo econômico, o darwinismo social e o marxismo, que inicialmente lutava mais no ativismo trabalhista, mas que depois deu origem à nova esquerda. É importante entendermos essa mudança da esquerda, que passou a lutar no ativismo social, em questões como direitos civis e políticos, feminismo, direitos homossexuais, pacifismo, questionamento dos papéis de gênero, aborto e reformas de políticas de drogas. Esse papel social anteriormente era mais ligado à religião, o catolicismo que tinha predominância no ensino, por exemplo, perdeu lugar para ensinadores e pedagogos dessa nova esquerda. 
      Muitos cristãos não percebem, mesmo em seu modo de ver as coisas, que na obsessão de conservarem tradições ultrapassavas, perdem a corrida por representarem as necessidades mais relevantes da humanidade, e não me refiro às materiais, essas a ciência deve resolver. Essas causas da nova esquerda, e mesmo do velho marxismo, buscando igualmente e vida digna para todos, deveriam ser do evangelho, não de ideologias ateias. Mas com medo de se opor ao conservadorismo religioso, muitos cristãos fazem parte do problema, não da solução. Por que muitas das pessoas interessadas em mudar o mundo preferiram as propostas da nova esquerda e não do evangelho? Jesus ficou mais fraco?
      De maneira alguma. O argumento que muitos cristãos usam para ficarem do lado do conservadorismo é que esse defende valores da tradição judaica-cristã, principalmente de família e sexualidade, assim acham que estão do lado de Deus, enquanto que o outro lado, o lado progressista, da esquerda, dos comunistas, para eles é o lado do diabo. Mas que diabo é esse que defende minorias e é contra preconceitos? Não estou dizendo que todas as causas da nova esquerda estão de acordo com a vontade mais alta de Deus, como por exemplo não está a luta por direito indiscriminado ao aborto. Contudo, na falta de sabedoria, muitos cristãos se põem num extremo e não veem que Deus está no equilíbrio. 
      Não nos percamos nos extremos, em poucas palavras: progressismo é evolução, conservadorismo é estagnação. O Deus verdadeiro, é estagnado ou evolutivo? O espiritismo de Allan Kardec é claramente progressista, ainda que seja algo espiritual propõe um espiritualismo científico, assim mais caracterizado ainda como progressista. O catolicismo é início e fim do conservadorismo, não só religioso, mas social, moral e mesmo político, ele sobrevive disso. O protestantismo, ainda que visto inicialmente como progressista, não só na religião mas também na política e na economia, se põe hoje como conservador, principalmente na área social. Hoje o termo conservadorismo liberal está em voga.
      O conservador liberal faz uma diferenciação, mesmo que se seja conservador nas outras áreas, na econômica é liberal. Vemos isso claramente no atual governo brasileiro, conservador nas tradições de família e gênero, portanto na religião, mas liberal na economia. Mas isso não é tentar o melhor de dois muitos? Em se tratando de cristãos, conveniente para preconceituosos e materialistas não assumidos. Preconceituosos porque acham que a Bíblia proíbe certas coisas e desobedecer isso é ir contra Deus, conservadorismo é pai do preconceito. Materialistas não assumidos porque apesar de se dizerem espirituais, estão mais interessados, ainda que pela religião, em riquezas e poderes deste mundo. 
      Desculpe-me se não fui preciso em alguns termos citados, não sou especialista no assunto, se possível, entre nos links deixados e informe-se mais, contudo, esses temas estão presentes no mundo atual, é interessante entendermos alguma coisa sobre eles. “O sábio ouvirá e crescerá em conhecimento”, diz o texto bíblico inicial, assim estar bem informado sobre economia, política, mesmo antropologia, é importante para aquele que teme a Deus e o segue de perto. Nossa sabedoria não está só relacionada com religião e Bíblia, a vida moderna pede muito mais dos que querem andar na luz. As trevas, por sua vez, são astutas, se o que caminha com Deus não estiver atento poderá ser presa delas. 

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão

09/09/22

Oremos pelos governantes (40/92)

      “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.” I Timóteo 2.1-4

      Ouvi um grande líder evangélico dizer, “dízimos e ofertas das igrejas são necessários pois sem eles não consigo manter programa de TV que faz trabalho evangelístico”, mas quem disse que Deus precisa de um serviço tão caro para propagar o evangelho? Não seria melhor usar esse recurso para ajudar pobres e outros necessitados, mesmo que não se tornem membros oficiais de igrejas? Contudo, testemunho pessoal não aparece para os homens, não conquista poder político, eleitorado, não sacia vaidade de pastor que só quer poder neste mundo. 
      Os que são sábios, humildes e tementes a Deus, cumprirão seus deveres como cidadãos em eleições, e se manterão longe tanto quanto possível de política. Queremos mudar o Brasil? Ajudemos os indivíduos. Evangélicos, ao invés de se envolverem com política, tornem suas igrejas locais de auxílio a pobres e viciados, distribuam alimentos, roupas, criem cursos para ajuda social e profissional. Façam isso não para aumentarem os dizimistas, mas como caridade desinteressada, respeitando livre arbítrios, visando a pátria celeste, não a brasileira. 
      A afirmação que segue poderá chocar alguns: Deus não é Senhor do Brasil! Deus é criador do universo e nada ocorre sem que ele permita, mas neste mundo ele é Senhor só daqueles que deixam que ele seja. Depois que Jesus cumpriu sua obra de redenção, Deus não usou mais uma nação para testemunhar dele, como usou Israel nos tempos do antigo testamento. Israel podia dizer, “Deus é Senhor dessa nação”, ainda que passasse muito tempo rebelde a Deus e em cativeiro. Hoje Deus é Senhor de indivíduos, indiferente da nação que façam parte. 
      Isso não significa que Deus não atenda clamores apaixonados e sinceros do bem, que pedem que Deus salve o Brasil, que Deus cure o Brasil, que Deus traga prosperidade ao Brasil. Mas esses sinceros precisam aceitar que nem no céu haverá humanidade unânime, mas várias, e aqui no mundo as secções são ainda mais numerosas. O Brasil não é um povo, mas vários, especialmente o nosso país, formado por imigrantes de tantos locais do mundo, junto com os povos originais que já estavam nas Américas. Existir só uma crença no Brasil é difícil. 
      Por várias vezes tenho levantado aqui o posicionamento que o reino de Deus é no céu, não no mundo. Isso é argumento para invalidar intenção de cristão envolver-se com política, elegendo candidato que o represente religiosamente, crendo que isso é vontade de Deus. Um bom político precisa nos representar em muitas áreas, materiais, culturais, até morais, mas não religiosa. Talvez seja aí que muitos cristãos tenham uma dificuldade séria, não conseguem separar área moral da religiosa, acham que por alguém não ser cristão não tem moral.
      “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus 7.20), quando, como cristãos, daremos importância a isso ao invés de crermos que alguém é evangélico só porque diz que tem em fé em Cristo e é membro de igreja? Assim engaiolamos os pardais e deixamos correr soltos, no meio das cidades, os hipopótamos. Quantos homens no mundo, assumindo-se como não evangélicos, e mesmo como ateus, estão fazendo pela humanidade o que muitos cristãos não estão fazendo, defendendo o planeta, fazendo caridade, lutando pelas minorias, eu conheço muitos. 
      Enquanto isso muitos evangélicos acham que estão no centro da vontade de Deus porque participam de cultos em templos lotados, cantando louvores e ouvindo pregadores carismáticos. Eu não entendo pelo texto bíblico inicial, que devemos orar pelos governantes necessariamente esperando que eles se convertam à religião cristã. A passagem diz “para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade”, entendo que devemos pedir que eles tenham vidas dignas para desempenharem bem suas funções públicas.
      Depois diz “porque isto é agradável diante de Deus que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”, assim podemos e devemos até desejar que eles se salvem, mas salvação, seja lá como isso for interpretado, não é pré-requisito para que exerçam bem cargos políticos que envolvem vidas de muitos, incluindo dos que se pretendem salvos. Não se enganem, isso não diminui Jesus, ao contrário, o coloca no lugar certo, o espiritual, e nos leva a tratar todos como Deus trata, respeitando escolhas religiosas pessoais. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

08/09/22

Do Senhor é o Brasil (39/92)

      “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios. Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação.Salmos 24.1-5

      O Brasil NÃO é do presidente, dos políticos, das forças armadas, nem da ciência, das empresas ou das mídias, e muitos menos dos cristãos, sejam católicos, protestantes, evangélicos, ou de qualquer outros religiosos ou não religiosos. Brasil é de Deus! Sendo assim, antes de quererem fazer isso ou aquilo com o país, deveriam perguntar primeiro a Deus o que ele quer fazer, principalmente muitos protestantes e evangélicos, já que são esses os que se acham ter exclusividade sobre direitos que dizem que receberam diretamente do Senhor. 
      Em primeiro lugar temos que dizer que ninguém, nos dias atuais, tem qualquer direito diferenciado ou privilégio sobre um território geográfico ou político, a não ser aqueles direitos que as leis locais dão a qualquer ser humano sobre a terra, indiferentemente de religião ou ausência de uma. Muitos evangélicos, contudo, pensam de outra forma, querem o reino de Deus no mundo e acham que agem de acordo com a vontade de Deus quando lutam para que sua religião prevaleça na condução política, educacional ou de outra área do país.
      A direita cristã tem predileção pela educação, pois acha que essa tem sido controlada pela esquerda. Primeiro é preciso entender que a nova esquerda não tem só bandeiras trabalhistas, como no início do comunismo, mas bandeiras sociais, pelas minorias, afrodescendentes e indígenas, contra sexismo, preconceitos, a favor da causa LBGTQIA+, da liberação de certas drogas etc. Em grande parte isso vai contra a tradição judaica-cristã, mas não era justamente a igreja católica quem dominava a educação antes? Parece que não deu conta.
      Não existe nenhuma teoria de conspiração na esquerda ter conquistado certas áreas de atuação. O cristianismo falso do mundo, não o de Cristo, teve sua oportunidade e só conduziu a humanidade a um conservadorismo que gerou preconceitos, tentou anular a ciência, e principalmente, negou o evangelho original de Jesus. Pois bem, o progressismo tem agora sua oportunidade, aceitem isso ou não os cristãos, se tivessem administrado certo os ensinos do mestre poderiam estar liderando a humanidade pelo Espírito Santo, ao invés do materialismo ateu.
      Se o Brasil é de Deus, quem tem direito a esse Brasil? O texto bíblico inicial pergunta isso e responde com outras palavras: “quem subirá ao monte do Senhor, quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente”. Primeiro o texto não se refere a um monte físico, mas a uma posição espiritual. Monte do Senhor ou lugar santo é a presença mais elevada de Deus, não na Terra, mas no plano espiritual. O evangelho não promete reino de Deus no mundo.
      Seja como for o privilégio espiritual que é possível ao ser humano exige certas virtudes, mãos e coração limpos, ausência de vaidades e palavra de verdade. Será que vemos isso, principalmente em políticos de direita e em muitos cristãos que se dizem militantes pelo Brasil em nome de Deus? Penso que não, mãos e coração limpos é santidade na ação e na intenção, na prática e no coração. Como podemos dizer que isso existe em vidas que claramente estão envolvidas com corrupção e práticas ilegais usando suas influências como líderes políticos?
      Vaidade na política é querer se manter num cargo, não porque a maioria democrática deseja ou porque se quer o melhor para o país, mas só para ter exaltado o ego, sua visão de mundo sobre as outras, visão baseada em preconceitos e violência. Não há humildade em muitos que se consideram donos legítimos do Brasil, incluindo líderes evangélicos, há nesses egocentrismo e desejo de vingança. Por último, os que merecem a presença mais santa de Deus não devem jurar enganosamente, serem mentirosos. Quem nega a ciência não é mentiroso? 
      Quem insiste em administrar o Brasil de uma maneira, ainda que sacrificando vidas, influenciando milhares que creem em suas palavras com fake new, dizendo que essa é a melhor forma de fazer as coisas, porque é a que protege o país, não é mentiroso? O pior tipo de mentiroso é o que usa até textos bíblicos para justificar suas mentiras, aliando a Deus coisas que Jesus nunca disse, baseado em interpretações preconceituosas e equivocadas da Bíblia. Esse mentiroso é pior que o que se diz ateu e materialista e que mente só em seu nome. 
      Do Senhor é o Brasil e a vontade de Deus para o nosso país pouco tem a ver com aquilo que muitos líderes evangélicos e um grupo político que se diz representante desse cristianismo enganado e herege, dizem ter. A vontade do Senhor é mudar o indivíduo que permite ser mudado, nada mais, a ação divina não é coletiva, é pessoal, não é política, é moral. Não tem legitimidade espiritual apoiarmos, como igrejas cristãs deste mundo, esse ou aquele político, essa ou aquela ideologia. Mudemos o Brasil, mas de dentro para fora do indivíduo.

Leia na postagem de amanhã
a 2ª parte desta reflexão