domingo, setembro 11, 2022

Espírito progride sempre (42/92)

      “Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar o tributo a César, ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E ele diz-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Dizem-lhe eles: De César. Então ele lhes disse: Dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Mateus 22.17-21

      O texto inicial é uma daquelas passagens inesquecíveis do evangelho, onde tentando deixar Jesus sem resposta, os enviados dos líderes religiosos judeus recebem aquela palavra simples e profunda que só Deus tem, “dai pois a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. A matéria não precisa negar o espírito, nem o espírito negar a matéria, existe equilíbrio possível. O que não se pode é inverter as coisas, tentar espiritualizar a matéria ou materializar o espírito. Homens “espiritualizam” a matéria quando pela ciência tentam explicar coisas espirituais com conceitos físicos, substituem Deus pelo ego humano, sua providência pela inteligência do homem, seus ideais de moral por ideologias terrenas. 
      Os homens tentam “materializar” o espírito quando creem que prosperidade no mundo é o mais alto reflexo de vida com Deus. “César” merece nossos impostos, não nossas almas, o dinheiro merece nossa administração sensata, não nossa adoração. O mundo físico precisa ser progressista, incluindo vida social que administra diferenças com igualdade, contudo, o plano espiritual pode ser conservador se estiver ligado de fato ao Deus verdadeiro. Mas quem conhece plenamente o Deus verdadeiro para se colocar como um conservador das verdades mais altas e imutáveis? Ninguém, assim temos que ser progressistas também para Deus, isso é focarmos no Espírito Santo, não nas tradição, e seguirmos aprendendo. 
      O cristão deve ser conservador ou progressista? Como em outros assuntos, as pessoas têm dificuldades para serem equilibradas, não acham um meio termo entre uma coisa e outra, ou tomam tudo de um lado ou tudo do outro, assim é mais fácil, não é preciso avaliar, escolher e arcar com consequências. Muitos simplesmente dizem, “sigo a orientação da minha religião, do papa, do padre, do pastor, do missionário, do apóstolo, não me importa o que os outros dizem”. Quem delega deveres delega direitos, o que deixa os outros pensarem por si será escravo dos outros, quem segue a homem não conhece a Deus. Deus pode ser conservador, nós não, ainda teremos que ser progressistas por muito tempo. 
      Deus conserva eternamente suas virtudes no mesmo nível de excelência, mas a humanidade ainda está longe de entender essas virtudes. Jesus veio como homem justamente para ensinar como a mais alta espiritualidade pode se manifestar no plano físico. Contudo, ainda assim, os homens engessaram os ensinos do Cristo, o dogmatizaram para dominarem outros homens, calando a voz do vivo Espírito Santo. O que muitos dizem ser o conservador ensino divino é só conveniente conservadorismo humano, para conhecermos a Deus precisamos nos libertar disso. Só nas asas do Espírito Santo progrediremos às regiões espirituais mais altas em Cristo, só assim teremos um conhecimento pleno para poder conservar.
      Sob um certo ponto de vista, podemos até dizer que o homem ou uma religião que se coloca como conservador é um grande arrogante. É achar que já sabe tudo de Deus, de maneira que aquilo que sabe deva ser guardado e lacrado, achando-se, assim, guardião exclusivo de verdades absolutas, que nunca mudarão e portanto devem ser conservadas. A igreja católica é o maior exemplo dessa arrogância, com isso ela trancou a civilização ocidental por séculos no que é denominado “idade das trevas”, negando ciência, perseguindo e matando quem pensasse diferentemente dela. Mas protestantes e evangélicos atuais também se perdem nesse engano, a arrogância, contudo, sempre precede uma vergonhosa queda.  
      Deus é liberdade para se progredir. Muitos religiosos não entendem essa afirmação, pois na verdade eles não querem ser livres, assim é mais fácil construírem um “Deus” que limita e prende para estão ser cegamente obedecido. Por outro lado, aqueles que negam religião, acham que são livres por não crerem em Deus, não entendem que também têm uma visão equivocada do Deus verdadeiro, aliás, a mesma visão que muitos crentes têm. Ocorre que enquanto muitos religiosos escolhem obedecer esse “Deus” equivocado, os não religiosos escolhem não obedecer a esse mesmo “Deus” equivocado, ainda que se tornem crentes equivocados de outra coisa, a ciência, eficiente para a matéria, mas não para o espírito. 
      “Sou progressista mas não sou comunista, sou conservador mas não sou cristão, sou liberal mas não sou materialista, sou crente mas não nego a ciência”, você consegue fazer essas afirmações? Não precisa fazer todas elas, pode até fazer outras mais arrojadas e mais antagônicas, mas o que importa é não se amarrar a definições absolutas e extremas, é usar a razão para encontrar equilíbrios. Isso é conhecer o Deus mais alto, um Espírito superior e livre que nos chama para sermos espíritos elevados e libertos. O mundo está mudando e há algum tempo, e mudará ainda mais, o Senhor nunca muda. Nós, contudo, precisamos humildemente assumir nossas mudanças para progredirmos em direção ao Deus Altíssimo. 

Leia na postagem de ontem
a 1ª parte desta reflexão

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