É de conhecimento geral que uma grande deficiência da educação
atual está na falta de conhecimento da língua portuguesa, se não for a maior
deficiência. O jovem atual não sabe falar e escrever, e muito menos ler textos
de conteúdo, escritos com uma linguagem de mais qualidade. Quando se diz
qualidade nem é preciso ser uma literatura alta, de intelectuais, palavras
comuns, usadas no dia a dia, os jovens não sabem o significado delas e nem como
escrevê-las.
A velocidade como as coisas são compartilhadas através da internet
e da telefonia celular conspirou para que essa deficiência se propagasse. O tal
do “internetiques” (ou internetês) é uma nova linguagem que diminui as palavras
e cria novos termos para permitir que as pessoas escrevam mais rapidamente.
Mas deixe-me ir ao ponto relevante ao mundo dos cristãos: nós,
como pais cristãos, temos consciência de que em nome da modernidade nossos
filhos estão falando como bandidos, como drogados, estão ouvindo músicas (se é
que esse outro funk (que não é o funk verdadeiro) pode ser chamado de música) de
bandidos e de viciados, e que dessa forma estão divulgando esse submundo marginal
como um padrão, como normal, e não o Evangelho?
Não, a psicologia e a prática, já nos ensinaram que castigo físico
e qualquer tipo de violência não educam, e entenda-se como violência aquilo que
é feito motivado por ira, por descontrole, contudo uma palavra de autoridade,
devidamente embebida em amor, e mesmo privações, para não usar o termo castigo,
podem ensinar e direcionar as crianças e os jovens. As últimas gerações de
pais, todavia, talvez traumatizadas pelo fato de terem sido violentadas em suas
juventudes, parecem ter medo de educar, de dizer não, de exercer autoridade. Com
isso, os jovens atualmente fazem o que bem entendem e não obedecem a nenhuma
tipo de autoridade, a deficiência na língua portuguesa é apenas mais uma
consequência da cultura dessa geração indisciplinada e sem referência. Não
adianta jogar essa responsabilidade para a escola e para a Igreja, isso é
responsabilidade do lar, e um lar com pais presentes e atuantes.
Nós, como pais cristãos, devemos tomar a frente das coisas, não
com ira, não sem amor, mas com firmeza, com direcionamento de Deus. Devemos
interferir, sim, no quanto os jovens estão ficando na frente dos computadores,
usando a internet, usando os celulares, passando mensagens, e propagando uma
cultura bandida. Muitos dos jovens atuais, que não veem mais no estudo e no
trabalho os meios de se obter independência econômica na vida, passam a
valorizar a maneira fácil e criminosa como os bandidos obtêm as coisas. Mesmo
que não diretamente, o uso de uma linguagem de escrita e de fala repleta de gírias,
incentiva essa cultura marginal, engrandece o bandido, celebra os traficantes e
viciados.
Acho que só usei o assunto da língua portuguesa pra falar da falta
de educação que os jovens atuais têm em todas as áreas, mais ainda, dos jovens
filhos de cristãos, que deveriam dar um testemunho de vida diferente. Mas muito
me entristece quando vejo a incoerência nas vidas dos jovens das igrejas, no domingo
cantam louvores, nas segundas feiras em suas escolas, no Facebook, comportam-se,
falam e vivem como drogados, mesmo que efetivamente não o sejam. Sem falar na
postura que muitas meninas têm nas fotos que tiram e postam, postura de
erotismo exagerado, bocas e bicos, sapatos e roupas de uma vulgaridade mundana,
que não combina com filhos de cristãos. Isso revela a hipocrisia de muitos crentes,
a distância entre aquilo que os pais vivem pra eles (se é que essa separação é
possível) e aquilo que seus filhos vivem, ou são ensinados realmente a viver.
No Facebook, a rede social mais usada no momento, é onde podemos
ver quem as pessoas realmente são, já que aquilo que o coração está cheio é do
que a boca fala (ou escreve, ou tenta escrever...). Vejo os jovens falando como
bandidos, postando temas e assuntos de bandidos. Sim, é importante,
culturalmente falando, que todas as linguagens, que todos os guetos, que todas
as pessoas tenham suas oportunidades para compartilhar aquilo que são. Dessa forma
música gospel usando o estilo funk pode ser necessária, mas até que ponto? Se a
pessoa se converteu, se sua vida foi mudada, deveriam mudar também seu estilo
de vida, sua linguagem, sua roupa, sua cultura e sua música. Não, isso não se
faz assim, de um dia para o outro, mas deve ser o objetivo, ensinado pelos
adultos e convertidos mais maduros, e desejado pelos novos convertidos e jovens.
“Pouco depois, os que
estavam ali aproximaram-se e disseram a Pedro: Certamente, tu também és um
deles, pois o teu falar te denuncia.” (Mateus 26.73). Pedro tentou, mas não
conseguiu esconder o fato que era um discípulo de Jesus, seu jeito de falar o denunciou.
Confesso que isso já aconteceu diversas vezes comigo, estando entre as pessoas,
às vezes mesmo calado, alguém me disse: “você é crente, não é?”, “por quê?”, eu
perguntei, “você tem jeito”, elas me respondiam. Se Deus age em nossas vidas, nós
somos marcados, selados pelo Espírito Santo, e isso nos torna pessoas
diferentes, desejosas de ser diferentes, não iguais ao mundo, mas habitantes do
reino de Deus, preparando-se para habitar a eternidade do céu, junto com Jesus.
Pais cristãos, acordem, sejam coerentes, vivam pra si, mas vivam
também com seus filhos, depois não reclamem (e venham pedir oração) dizendo que
seus filhos estão agindo de forma diferente da maneira como vocês os ensinaram.
Isso não é verdade, eles serão os que vocês fazem deles, colocar a culpa da
incoerência nos filhos, nos jovens, é uma covardia. Se forem educados da
maneira certa, podem ter certeza, eles viverão no mundo a mesma coisa que vivem
nas igrejas, namorarão pessoas íntegras, bons cidadãos, terão os mesmos valores
que vocês, pais cristãos.
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