sábado, novembro 09, 2019

Mapa espiritual cristão (estudo na íntegra)

Mapa espiritual cristão (estudo na íntegra)

      “Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8.38-39 


       Um mapa do universo físico e espiritual, considerando Deus, o homem e os seres espirituais, a relação entre esses e as prioridades e possibilidades de cobertura espiritual, eis a pretensão deste estudo. Antes de começar a ler, por favor, veja a imagem acima com atenção, a ordem é sempre de cima para baixo e da direita para a esquerda quando há setas. Segue versão na íntegra do estudo. 

1. Deus

      Deus se relaciona com todos e tem poder sobre todos, em todo lugar e sempre, bem, esse é o senso comum, o que todos dizem, e é isso mesmo, contudo, Deus não pode ir contra uma coisa, a única coisa contra qual ele não pode se opor, contra si mesmo, contra sua própria palavra, contra suas determinações, suas leis, suas promessas. Assim, muita coisa que achamos que Deus pode fazer, e ele pode, mas ele não faz, é por um motivo profundamente sábio (e muitas vezes totalmente misterioso a nós homens encarnados), por algo que ele determinou desde o início dos tempos. Quer um exemplo? Existem muitos exemplos, principalmente no universo material, leis que regem o mundo físico e que são válidas para todos, a principal delas é a de causa e efeito, ou como muitos dizem, “aqui se faz e aqui se paga”, ou ainda, “colhe-se o que se planta”. 
      Religiosos orientais chamam isso de carma, e no plano físico essa lei é inexorável, mesmo os salvos espiritualmente estão sujeitos a ela. Isso permite a todos que trabalham justamente colherem prosperidade financeira, assim como dá a todos que praticam algum tipo de criminalidade o castigo justo, de um jeito ou de outro, ainda neste mundo. Como relatado no livro de Jó, capítulos 1 e 2, os seres espirituais, caídos ou não, têm permissão de Deus para desempenharem seus papéis na obra maior de Deus, nada fazem sem que Deus autorize, isso é uma lei eterna. Deus também se relaciona com todos os homens, salvos ou não, filhos ou não, religiosos ou não, a todos ouve e em alguma instância a todos responde, Deus está sempre acessível, isso é outra lei (Isaías 59.1-2).

2. Jesus Cristo

      Jesus é especial, não mais um criador de religião, não outro profeta, não só um exemplo de moralidade e de caridade a ser seguido, ele é muito mais que isso. A obra singular de salvação realizada por nascimento, vida, morte e ressurreição de Cristo, a necessidade que todo homem tem de crer nessa obra para se tornar filho de Deus, e a diferença que tem um novo nascido em Cristo em relação aos outros homens, diferença que concede ao ser humano o privilégio de ser abençoado também no outro plano, isso é o que o evangelho verdadeiro prega. Em Jesus, mesmo o tal do “carma”, pode ser anulado, se não no plano físico, no plano espiritual, mas algumas vezes, não sempre, até no plano material. Com Jesus o homem se torna diferente, Deus o trata de maneira diferente, os seres espirituais o veem de maneira distinta, em Cristo o ser humano recebe de Deus uma blindagem espiritual que o leva diretamente ao centro da vontade do altíssimo, sem ziguezaguear por qualquer entidade espiritual, sem perder tempo com os complicados caminhos dos seres espirituais caídos (I Timóteo 2.5).

3. Espírito Santo

     Salvos por Cristo recebem a marca do filho de Deus, o selo do Espírito Santo, esse protege o homem de possessão espiritual e dá ao ser humano autoridade para expulsar demônios e apossar-se de alguns territórios espirituais e físicos. O Espírito Santo é o único representante oficial de Jesus na Terra, não religiões, não a Igreja Católica, muito menos os protestantes evangélicos, e menos ainda qualquer pastor ou líder humano. O Espírito Santo é professor, o único que pode nos ensinar a vontade de Deus, o único que pode nos fazer entender a Bíblia sem preconceitos ou apesar dos contextos culturais e históricos. O Espírito Santo é a presença de Deus em nós, que faz de homens templos do Senhor, aquilo que patriarcas israelitas, reis judeus e profetas do antigo testamento desejaram, quando o tiveram por algum tempo, temos o tempo todo a partir de nossas conversões. Se há uma voz que o mal quer calar é a voz do Espírito Santo, mais que as vozes de religiões, de igrejas, de teólogos, de pregadores, ela é a voz da verdade, a voz de Jesus, a voz de Deus (João 16.7-8). 

4. O ser humano

      Tricotomia é dividir algo em três partes, sob o ponto de vista teológico é dividir o homem em três partes, corpo, alma e espírito. O corpo é a parte material, os instintos de sobrevivência, de preservação da espécie etc. A alma é nossos pensamentos e nossos sentimentos, que vêm de nossa mente e de nosso “coração” (não o físico necessariamente, mas o centro de nossas emoções), é o que nos define como seres, que nos dão identidade e que sobreviverão junto do espírito. O espírito é a parte espiritual, o “sopro de Deus”, que nos diferencia dos animais e que nos permite ter um contato mais íntimo com o criador e com os seres espirituais. Essa divisão não é consenso, existem maneiras diferentes de se dividir o homem, mas eu penso que essa facilita e simplifica as coisas (I Tessalonicenses 5.23). Bem, em relação ao mapa universal sob o ponto de vista cristão, algumas coisas são importantes saber sobre a comunicação dessas partes com Deus, com os homens e com os seres espirituais.

- O homem, em algum nível, pode se comunicar com o homem: aliás, o homem é um ser social que precisa se relacionar com pares, para formar família, para trabalhar, para comungar valores religiosos, para se divertir. A solidão pode ser uma opção às vezes (e às vezes é bem útil), mas não é escolha extrema para seres humanos sadios física e emocionalmente. Seres humanos precisam de seres humanos, todo mundo precisa de alguém para amar, como diz a canção. 

- O homem pode se comunicar com seres espirituais: se for convertido, selado com o Espírito Santo, pode expulsar demônios (Mateus 17), e em situações muito especiais, depois de consultar a Deus, pode falar com anjos (Daniel 10.5-7), mas não deve tomar qualquer tipo de iniciativa para falar com eles, mesmo com seres espirituais não caídos, com anjos de Deus, simplesmente porque não é necessário, podemos falar diretamente com Deus através de Jesus, porque alguém deve falar com os empregados se tem acesso direto ao patrão? Eu, pessoalmente, acho que mesmo que tentemos, fora de situações especiais, não podemos falar com anjos do bem, e se falarmos, eles não nos responderão, contudo, quem pode responder são os do outro lado, os anjos caídos, fazendo-se passar pelos do bem. (Em situações especiais devemos perguntar antes a Deus, em espírito e não em voz alta, se a presença que está nos aparecendo é anjo ou é demônio, lembro que isso é bíblico, no antigo e no novo testamento anjos apareceram várias vezes aos filhos de Deus). Ocultistas, espíritas e outros espiritualistas, todavia, tomam a iniciativa de comunicarem-se com entidades espirituais e são enganados achando que falam com bons anjos, falam com os das trevas, via de regra Deus não usa anjos bons para falar com pessoas que não o buscam, e mesmo com seus filhos, Deus usa anjos para comunicação e não para defessa, repito, só em situações muito específicas. Para defesa, sim, anjos lutam por nós, vejam o exemplo do profeta Eliseu (II Reis 6.15-17), mas ainda assim não temos que dar ordem a anjos, esse comando pertence somente a Deus. Quando oramos devemos pedir a Deus através de Jesus, quando exercemos autoridade a fazemos no nome de Jesus, e por mais nada ou ninguém, sejam anjos, entidades, homens, “santos”, seja lá quem for.

- O homem pode se comunicar com Deus, mesmo antes de sua conversão, e Deus ouve e abençoa, contudo, salvação espiritual só através de Cristo, assim é preciso uma experiência real de salvação, de novo nascimento por Jesus, para se ter acesso direto a Deus. O não convertido pode se relacionar com Deus, Deus se relaciona com todos, mas não pode ter comunhão com Deus, não pode ser habitado por Deus. O não convertido, ainda que religioso e moral, não tem o selo do Espírito Santo. Isso é uma lei universal, Deus não passa por cima disso, dessa forma mesmo que haja sinceridade, vontade, se a pessoa não se entregar totalmente, não pedir perdão, não recebê-lo por Cristo (e por mais ninguém) e não se comprometer a mudar de vida, Deus não poderá se manifestar de maneira plena ao homem.

5. Os seres espirituais

      Em algum momento no cosmo, seres espirituais tiveram livre arbítrio, semelhante ao que os homens tiveram depois, assim uma parte significativa de anjos, arcanjos, querubins, serafins e outros seres espirituais, escolheram não seguir o padrão de moral e espiritualidade original de Deus, disseram não às referências de bem, luz e verdade do altíssimo e seguiram as suas próprias. Contudo, eles não se limitaram a viver suas existências como rebeldes, eles levaram essa opção de vida também aos homens, percebe que Deus permitiu que esses seres rebeldes fizessem ao ser humano essa proposta de rebeldia. A proposta era, “você pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, você não vai morrer” (Gênesis 3.1-5), precisamos entender que na essência, comer do fruto não era algo ruim, não era a árvore da depravação moral, da crueldade, do egoísmo, mas do conhecimento. 
      O pecado poderia não estar na árvore e no fruto em si, mas em desobedecer uma ordem de Deus, a punição seria a morte? Mas que morte? Morte moral com certeza, que traria como consequência a morte espiritual, separação da comunhão natural que ele tinha com Deus. Além disso, talvez ocorresse também uma diminuição no tempo de vida física, já que não sabemos se fisicamente, antes do pecado original, o homem poderia viver mais, ainda que mesmo assim provando a morte física. O que colabora com essa interpretação é a raríssima citação bíblica sobre a outra árvore mística, a árvore da vida, o texto bíblico diz que foi por causa dela que o homem foi expulso do Éden, senão ele comeria também de seu fruto e viveria para sempre. Viveria no espírito? Não, provavelmente no corpo físico, mas isso também são conjecturas (Gênesis 3.22-24). 
       Seja como for, porque Deus orientou o homem para que não comesse do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2.9,16-17)? Porque Deus sabia os efeitos colaterais do conhecimento que seria adquirido, efeitos que trariam mais problemas que soluções. Nem sempre conhecimento é bom, muitas vezes é melhor permanecermos na ignorância (ou nos fazermos de ignorantes, sabedoria sempre desperta inveja). Isso nos revela algumas coisas interessantes sobre os seres espirituais caídos, e nesse ponto vou dizer algumas coisas sobre dois termos usados para nos dirigirmos a esses seres: diabos e demônios. Existem diferenças entre eles, ainda que possamos usar (e já usei muitas vezes aqui) como termos genéricos para seres espirituais do mal. Podemos dizer que diabos são seres maiores, líderes de líderes de legiões (e acredite, existem hierarquias e hierarquias no mundo espiritual), dessa forma não existe um diabo, mas muitos. Demônios seriam os soldados rasos, os piões, que aparecem muito a partir do novo testamento (por que não vemos mais sobre possessão demoníaca no antigo testamento, ainda que o diabo seja citado de vez em quando?). 
       Voltando ao ponto sobre as intenções reveladas sobre os seres espirituais caídos na tentação do homem, podemos entender que os diabos têm um interesse especial no ser humano, por quê? Bem, pela Bíblia não sabemos ao certo, e se não está lá é porque Deus não achou interessante que a grande maioria de seus filhos soubesse a razão, porque na verdade não é tão importante assim, na prática. Mas podemos conjecturar, o diabo inveja Deus e por isso corrompeu sua criatura mais especial, o homem, na verdade o diabo fez uma barganha com o ser humano, deu a ele o conhecimento em troca de sua adoração. Mas o homem não teria conhecimento se não comesse do fruto da árvore em questão? E quando dizemos conhecimento nos referimos a mais que noção moral de certo e errado, mas conhecimento científico (a lenda grega de prometeu usa o fogo como uma metáfora de conhecimento científico, tecnológico). 
       Não sei, a Bíblia não diz como seria a vida da humanidade caso o Adão mítico não tivesse caído, por quê? Porque Deus não deu essa informação a ninguém (e se deu não autorizou sua divulgação, categorizou-a como “top secret”). Mas me chama muito a atenção o fato da árvores fatídica, que levou o homem a separar-se de Deus, separação que custou a Deus sacrificar seu próprio filho Jesus para anular, chamar árvore do conhecimento do bem e do mal. Sim, a consequência da desobediência separou homem e mulher das regalias do Éden, trouxe dor, tédio, injustiça, depravações, isso com certeza não viria se o homem não tivesse “pecado”. E os diabos, o que ganharam com isso? Ganharam o que sempre ganham aqueles que se aproveitam de corações sofridos, amargos, solitários, fracos, insatisfeitos com a dureza de sobreviver na Terra, com o vazio da vaidade de uma vida egoísta e viciada. (As reais intenções do diabo com aqueles que lhe obedecem podem ser bem entendidas na tentação de Cristo no deserto, Lucas 4). 
      O diabo não poderia vencer um homem forte, por isso enfraqueceu o homem, contudo, Deus em sua sabedoria, usou um homem em total fragilidade, torturado na cruz, para vencer o diabo, será que o diabo contava com isso quando convenceu Judas Iscariotes a trair Jesus? Muitos estudiosos dizem que não, por isso Jesus veio como um simples mortal, e não como o rei que os judeus esperavam. Deus enganou o diabo em sua própria arrogância, como são enganados todos os orgulhosos, que se acham vencedores diante de alguém que se posta com humildade, mas a humildade sempre vence no final, como venceu Jesus, ressuscitado da morte de cruz. Como o diabo e o mundo sempre veem o bem maior como fraqueza, eles sempre se enganam e perdem. 
      Você percebeu como este estudo dedicou menos linhas para falar sobre a Santíssima Trindade e o ser humano que para falar sobre diabos e demônios? Por quê? Porque os seres espirituais caídos revelam uma parte importante de todos nós, se não fosse assim não teríamos caído na tentação, se não fosse assim todos nós não comeríamos, e dia após dia, do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e creia, todos nós comemos desse fruto e gostamos muito dele. (O texto de I João 2-16 resume as três tentações básicas que o diabo faz o homem sofrer, dizem que elas estavam presente na tentação original no Éden e na tentação de Cristo no deserto). Contudo, Deus não sabia de antemão que o homem cairia na tentação? Claro que sabia. Não sabia que a humanidade sofreria tanto escolhendo o caminho mais difícil? Evidentemente que sabia. Por que não fez nada para impedir? Bem, se fizesse isso, nós não seríamos seres livres, seríamos mais uma criatura animal de Deus na Terra. 
       Mas para haver liberdade tem que haver opções de escolha, e não um único caminho, e consequentemente com mais de um caminho, um é bom e o outro é mau, se deixamos alguém escolher nos arriscamos que ele escolha também, e infelizmente, mesmo que isso nos cause dor, o caminho errado do sofrimento. Os seres espirituais tiveram oportunidade de escolher, a humanidade teve, e aceite que não sofremos por culpa de Adão, sofremos por culpa nossa, pessoal, assim Deus dá a todos a opção de escolher qual caminho quer tomar, a todos. Voltemos, contudo, aos seres espirituais, de fato eles têm um interesse especial no ser humano, por isso que chegam a possui-los totalmente, quanto há autorização. Se não existe o selo do Espírito Santo, o espírito do homem pode ser tomado, e quanto isso é feito por demônios, alma e corpo humanos também são controlados pelos interesses malignos. 
      A grande mentira do diabo é que por mais que ele seja de substância espiritual e tenha invejado o Deus espiritual altíssimo, quando ele se apossa do homem ele o rebaixa, o torna mais carnal ainda, viciado, corrompido, sujo. O diabo quer companhia no inferno, ele quer o homem com ele. O Espírito Santo, por sua vez, também nos habita, e para sempre, mas ele nunca violenta nossa vontade, nunca controla nossa mente e nosso coração de um modo grosseiro e insano. Quem diz que é lançado ao chão, que fala em línguas estranhas sem parar, tudo isso em público, e o faz porque Deus está agindo, não entende a obra de Deus em nossas vidas. Essa obra é completa, e implica em que tenhamos uma experiência espiritual ao mesmo tempo que emocional e racional, deixando nossos corpos interagirem com alma e espirito, tudo isso de maneira equilibrada e santa. 

6. O homem e o mundo espiritual

      Já refletimos bastante sobre este assunto no estudo Desvendando o verdadeiro mundo espiritual (se puder confira no link), mas a imagem inicial tem como objetivo mostrar a ordem e as prioridades sobre o que podemos em oração sobre o diabo e os demônios, entendamos melhor isso. 

- Sem o Espírito Santo e mediante expressa autorização do homem, o homem pode ser possuído por um ser espiritual caído, eu penso que só os seres menores fazem essa possessão, no máximo uma legião deles (Marcos 5), mas nunca os maiores. Assim, só demônios possuem o homem, já anjos, arcanjos ou querubins, como Lúcifer, Belial, Satanás ou Leviatã, são poderosos demais para “caberem” num ser humano, bem, não existe base bíblica específica para isso, é apenas minha opinião. Por outro lado, muitas vezes, as entidades que se declaram nas possessões podem dar o nome da legião a que pertencem, do diabo que os lidera, e não do demônio “soldado raso” específico. A possessão causa um efeito em cascata no homem, possui o espírito que controla a alma que domina o corpo, por isso possessos caem ao chão, gritam e demonstram força física fora do comum. 

- Seja como for, no nome de Jesus há poder para expulsar ser espiritual de qualquer tamanho, pelo menos no espaço geográfico físico ou espiritual que Deus nos autoriza expulsar, e ele só autoriza quando é de fato necessário, esse é um ponto que precisamos entender bem. Podemos expulsar o demônio do espírito humano, e se houver conversão e entrada do Espírito Santo essa expulsão é para sempre. O convertido de fato não pode ser possuído, mas pode ser oprimido, e se permitir, será de maneira bem séria. A opressão é percebida pela nossa mente e por nosso coração, isso é, pela nossa alma, por isso o cristão precisa colocar sua vida em dia com Deus, apossar-se do perdão e cair fora do pecado todos os dias para não ser oprimido. Opressão não se livra com uma única oração, mas com uma vida de vigilância e consagração. 

- Abrindo parênteses para falar sobre doenças emocionais: o fraco pode ser oprimido, assim o doente mental, enfraquecido, pode sofrer espiritualmente, por outro lado o oprimido espiritualmente se enfraquece, assim ele pode desenvolver doenças psiquiátricas, dessa forma opressão espiritual e doenças mentais podem estar relacionadas, contudo, podem ser coisas totalmente independentes. Nem toda pessoa com transtorno psicológico sofre opressão espiritual, ela pode ter uma vida espiritual saudável e ter também que conviver com uma doença, tratando-a com medicação e orientação médica profissional apropriadas, não confundamos as coisas. No novo testamento, contudo, Jesus chega a expulsar demônios que afetavam mesmo funções físicas do indivíduo (Lucas 11.14), fechando parênteses.  

- Deus nos dá autoridade também para “limpar” espiritualmente alguns espaços geográficos, o principal deles é o nosso lar. Podemos também proteger espiritualmente em oração nossos familiares mais próximos e convertidos, o que é chamado de cobertura espiritual, mas esse é círculo bem pequeno de influência. Assim devemos orar por nossas casas para que o mal não entre, e ainda que haja pessoas não convertidas, podemos limitar a atuação de seres espirituais malignos na vida dessas pessoas, para que não prejudiquem nossa casa e as outras pessoas. “Como assim limitar a atuação na vida da pessoa?” Sim, porque eis outra lei de Deus que o Espírito Santo não contraria, o livre arbítrio, assim podemos expulsar demônios, mas não podemos manipular o livre arbítrio de alguém. Se a pessoa escolheu conviver com demônios, podemos ajudá-la aconselhando-a, evangelizando-a, pedindo misericórdia de Deus, mas só ela poderá escolher sair fora desse relacionamento espiritual terrível, ninguém pode escolher isso por ela.

- E na ruas, nos shoppings, no trânsito, nas escolas, no trabalho, como fazemos? Oramos por nós, pela nosso espírito, pela nossa alma e pelo nosso corpo, e isso basta para termos plena proteção de Deus no ir e vir, mas o que acontece no trabalho é de responsabilidade espiritual do patrão, do dono da empresa, lá o território é dele e das forças espirituais que ele autorizar para agir. Essa é a lei, mais uma que Deus respeita porque foi ele quem criou. Agora se a empresa é nossa, se somos proprietários de um negócio, aí temos autoridade para pedir cobertura espiritual também sobre o espaço físico e espiritual das instalações do comércio ou firma. Isso não nos impede de orar pela loja ou escritório em que trabalhamos, mas precisamos ter consciência de que tentar “fechar uma torneira” que alguém torna a abrir é trabalho inútil, assim oremos por nós e demos um bom testemunho para que as pessoas possam se converter e então fecharem por si mesmas a “torneira”. 

- O templo de nossa igreja é outro espaço geográfico físico que temos que nos importar, é de responsabilidade em primeiro lugar do pastor, depois da liderança ungida, e por último dos membros, sempre obedecendo hierarquia, e entenda isso, no mundo espiritual tudo é extremamente organizado em hierarquias, tanto entre diabos e demônios quanto entre anjos, arcanjos, querubins, serafins e seres espirituais não caídos, da luz, de Deus. O templo de nossa igreja é especial quando é consagrado a Deus, pelo território espiritual que ele contém, e deve ser limpo para ser propício à salvação e consagração de vidas a Deus. Mas não confundamos isso com o lugar de sacrifício, purificação e adoração que era o Templo de Jerusalém do antigo testamento, ele era único, não havia milhares como os templos cristãos, e ele cumpria a missão que Jesus já cumpriu na cruz, receber sacrifícios que perdoariam o povo de Israel. Como sempre dizemos aqui, chamar o local mais à frente de nossos templos, e mais alto, onde ficam púlpito e os instrumentos musicais, de altar, tecnicamente, não é o mais correto. O altar hoje em dia é o nosso coração, onde habita o Espírito Santo, não as salas com cadeiras e palco onde o evangelho é compartilhado, por mais santo que devam ser esses ambientes (Atos 17-24). 

7. O homem e o mundo físico

      E o mundo, como devemos nos comportar com ele espiritualmente? Podemos orar pelo mundo? Devemos orar pelas pessoas (I Timóteo 2.1-4), e se possível de maneira mais específica possível, mas devemos buscar orientação de Deus quando passamos a interceder além de por nossas vidas, nossa família, nosso trabalho ou estudo e nossa igreja. Quando o Espírito Santo de fato nos toca, Deus já tem tudo preparado, mas se Deus não mandar, nem ore, principalmente por desconhecidos ou por grandes espaços geográficos. Por quê? Por mais uma das leis que Deus estabeleceu e não pode ir contra, até o final dos tempos esse mundo foi dado aos seres espirituais do mal, ainda que tenhamos proteção de Deus como indivíduos, como famílias e como membros de igrejas. 
      As ruas não nos pertencem, ainda que possamos andar por elas em segurança, elas são terras espirituais de ninguém, locais espirituais de demônios, aliás, não existe lugar vazio espiritualmente na universo, todos estão tomados de algum jeito, sofrendo confrontos espirituais, batalhas por posse territorial, em todo o tempo (I João 5-19). Dimensões diferentes, espiritual e fisicamente, coabitando o mesmo espaço geográfico, essa é a realidade que muitos se negam a aceitar, mas não tema, Deus é mais, Deus é muito, mas muito mais, e ele é nosso pai! (Romanos 8.38-39). Esse, porém é um motivo que devemos incluir sempre nossos veículos, carros, motos etc, em nossas orações dando cobertura espiritual, neles estamos confrontando as ruas, mas neles também temos proteção total do Senhor no nome de Jesus! 
      Repetindo o que já disse aqui outras vezes, e novamente correndo o risco de não ser entendido, equivocam-se profundamente os evangélicos (na maioria das vezes vereadores que só querem fazer média com eleitores) quando colocam nas entradas das cidades a placa, “Deus é Senhor dessa cidade”, sim, Deus é Senhor sobre tudo, sempre, mas no tempo presente Deus autoriza seres espirituais do mal a agirem no mundo, na Terra, nos países e nas cidades. Isso não é diminuir o poder de Deus, mas é agir com sabedoria, e sem sabedoria agem os que se colocam em guerra espiritual por cidades, às vezes por países, estão se metendo em guerras que Deus não mandou fazer, por pura vaidade espiritual, e acredite, também podemos ser espiritualmente vaidosos, o diabo foi e é. Isso também é outra razão para que cristãos fiquem longe de política, oremos pelos políticos, votemos o melhor que possamos, mas não tentemos liderar como filhos de Deus algo que não pertence exclusivamente aos filhos de Deus, cidades, estados e governo federal. Crentes, fiquem longe da política! 
      O modo cristão de agir, de lutar, de obedecer a Deus com sabedoria, é darmos testemunho individual no nosso dia a dia, com quem convivemos, com familiares, com os vizinhos de casa, com os colegas de sala de aula, com os companheiros de trabalho, com os irmãos da igreja, essa é a guerra que o Senhor quer que façamos, Jesus viveu assim, ocupando-se, socialmente enquanto homem, com poucos. Se os cristãos deixassem dessa megalomania insana, de acharem que podem e devem conquistar o mundo, e se focassem mais no amigo do lado, no irmão do lado, mesmo no esposo ou na esposa, que muitas vezes são os mais esquecidos mesmo por cristão que se acha espiritual e atuante na obra, o evangelho cumpriria de fato o seu papel no mundo, de maneira suave e poderosa, elegante e eficiente, como é a atuação real do Espírito Santo. 
      Oremos pelos nossos governantes e patrões, principalmente se forem evangélicos, e se não forem, façamos um confronto espiritual com sabedoria, tendo uma vida limpa para não sofrer retaliação espiritual, pois esse é o maior risco que correm os que saem orando contra demônios sem cuidado. Mas sigamos as prioridades, em primeiro lugar nossas vidas, depois nossa família, depois (e só depois) nossas igrejas, e isso se de fato formos membros e não só visitantes. Lembro que às vezes é melhor assistirmos cultos, sem assumir cargos e sem invadirmos cobertura espiritual que Deus não autorizou, ao invés de sairmos fazendo alianças com quem de fato não conhecemos. Mas se sentir de Deus de fazer parte de um ministério, se comprometa, vigiando antes por si mesmo e pela família, e depois pelo pastor, sua família e a liderança. 
      Depois das hierarquias, outra coisa importante no mundo espiritual são as alianças, uma aliança autoriza que façamos parte de algo, algo que pode estar numa guerra que desconhecemos, por isso devemos escolher bem principalmente nossos cônjuges e não nos associarmos em casamentos com gente que está no campo espiritual do inimigo (II Coríntios 6.14). Quem vai pra cama com uma prostituta leva depois os demônios dela consigo gratuitamente, você sabia? Sexo, apesar de menosprezado pelo mundo atual, estabelece uma aliança muito importante no mundo espiritual, tanto que rituais mais pesados de magia negra são potencializados com relações sexuais. Tem muita gente dormindo com um demônio, achando que está dormindo com um “anjinho”, principalmente os jovens, atentem-se mais a isso, respeitem-se e ao templo do Espírito Santo (I Coríntios 6.15-20). 
     
José Osório de Souza, 23 de outubro de 2019

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