21/04/19

Bíblia do jeito certo (Estudo na Íntegra)

      “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. E disse Deus: Haja luz; e houve luz. E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas. E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. 
      E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi. E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
Gênesis 1.1-8

      A maioria dos evangélicos que lê a Bíblia não faz ideia dos mistérios existentes só nesses primeiros oito versículos de Gênesis, no que foi criado nos dois primeiros “dias divinos”, a extensão dessas “eras”, e o que de fato é abismo, trevas, águas, luz e céu. Se soubessem os evangélicos, não demonizariam a ciência como fazem muitos, e por outro lado, se soubesse a ciência, não menosprezariam os cientistas, muitos deles pelo menos, aos cristãos. Deus nunca erra, o homem, sim, engana-se sempre, traído pela vaidade e pela má vontade de conhecer de fato os grandes mistérios e a si mesmo, o homem está mais interessado no que vai comer ao meio-dia e com quem vai dormir à meia-noite. O homem não entende a criação do universo, não entende a criação da natureza, não entende a criação dele mesmo, não entende o que é a árvore do conhecimento do bem e do mal, não entende a própria queda... antropomorfiza tudo, paganiza tudo, vê só a serpente, não o arcanjo, não o querubim, não os Elohim... assim está fadado a cair de novo, e de novo...

      “E o Senhor Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.” 
      “ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” 
      “Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, O Senhor Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.”
Gênesis 2.9, 16-17, 22-23

      Para quem usa a afirmação “Deus criou só homem e mulher”, baseada numa interpretação equivocada do livro de Gênesis, para defender sexualidade, vai uma conclusão lógica: então, de acordo com essa ótica, se “Deus criou só homem e mulher”, além de não ter criado originalmente homossexuais e seres humanos com outras disposições sexuais, Deus também não criou doentes mentais, esquizofrênicos, deficientes físicos e tantos outros homens e mulheres que nascem com enfermidades, deformidades físicas, transtornos psicológicos, ou que adquirem essas características durante a vida por esse ou aquele motivo, como diabetes, depressão, impotência masculina, esterilidade feminina etc. Entendam que não estou comparando, generalizando ou diminuindo nenhuma dessas características, apenas citando peculiaridades.
      Pergunto aos que interpretam a Bíblia ao pé da letra, sem levar em conta o contexto histórico e cultural, e sem aprender o que a Bíblia ensina de melhor, os princípios de moral, respeito e liberdade, e não as leis sociais de povos de lugares e tempos específicos: vocês também tomam como regra aquilo que o antigo testamento ensina sobre mulheres estéreis, por exemplo, como elas eram consideradas por suas dificuldades em gerar filhos? Pois se condenam ao inferno de maneira genérica homoafetivos, deveriam também desprezar tudo o que foge desse modelo utópico e enganoso que vocês pensam que seja o ser humano adequado para Deus, seja sexualmente, emocionalmente ou fisicamente, mesmo que numa época fossem desconsiderados socialmente até por Israel, o chamado povo de Deus, como as mulheres estéreis.
      Os princípios da Bíblia podem ser atemporais, se os entendermos pelo Espírito Santo, e não como leis fechadas. Os ociosos espiritualmente, que não buscam a Deus, mas acham numa interpretação tradicional um jeito fácil de parecerem espirituais e cristãos, interpretam ou deveriam interpretar I Coríntios 14.34-35, “As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.”, como uma regra que proíbe mulheres de falarem nas igrejas e de serem submissas a seus maridos, quase que como escravas, uma realidade social da época em que Paulo escreveu o texto.
      Não, meus queridos e queridas, eu preciso repetir e repetir essa verdade, os evangélicos, e principalmente e em primeiro lugar os pastores, precisam parar de pregar nos púlpitos aquilo que nem eles vivem, e não vivem não por serem pecadores em desobediência à palavra de Deus, mas porque na prática e no evangelho não funciona mais mesmo. Ainda assim pregadores têm medo de dizer que a Bíblia está totalmente certa quando entendida seus princípios, mas que ela não pode ser olhada como livro de regras e que muitas das leis que os cristãos tiram da Bíblia, principalmente nas áreas sexual, familiar e social, não devem ser obedecidas hoje.
      Por que isso, será porque Deus mudou? Por que o pecado está invadindo as igrejas e a Bíblia está sendo desvirtuada? Porque é o final da tempos? Não, não é por nenhum desses motivos, e os que pensam que é, só dão mais lugar ao diabo, pregam um evangelho falso, e criam mais álibis para tantos odiarem o cristianismo e não fazerem parte de igrejas cristãs. É porque a Bíblia é o início de nosso aprendizado sobre Deus, não o fim, é porque a palavra de Deus é o Espírito Santo, não um conjunto de normas tiradas do cânone bíblico, é porque o ser humano do século XXI já está maduro o suficiente para entender a vontade de Deus de forma mais abrangente, coisa que não estava nos tempos de Moisés ou de Paulo. 
      Mas se a igreja evangélica protestante insistir em tradições ultrapassadas, crendo numa palavra escrita morta e não na palavra viva do Espírito Santo, só estará repetindo o que a Igreja Católica faz há mais de 1.600 anos, dominando e controlado pela ignorância, pela falsa moralidade e pela hipocrisia de quem matou o Espírito em seus corações e ficou à mercê de heresias e paganismo. A igreja evangélica protestante atual, pelo menos em sua maioria, ainda não caiu no paganismo, o Espírito Santo, principalmente nas pentecostais, ainda é presente, misericordioso e vivo, mas não abusem, a distância não é grande entre a heresia, mais leve que seja, e o paganismo da idolatria e de ritualismos. 
      Acima de tudo é preciso nos dias atuais termos uma vida de oração realmente no Espírito Santo que nos conduza à intimidade de Deus, que nos permita ouvir a palavra genuína do Senhor, que leve a conhecer de fato a vontade do Altíssimo, mas isso é para os que querem e têm coragem de seguir a Deus, não aos homens religiosos. Esses conhecerão mistérios escondidos na Bíblia e entenderão que ela na verdade nunca esteve errada, nunca foi superficial, nunca foi contra a verdadeira ciência nem nunca se limitou a um conjunto de leis morais ultrapassadas.

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      “E levantaram-se aqueles homens dali, e olharam para o lado de Sodoma; e Abraão ia com eles, acompanhando-os. E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço, Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?” 
Gênesis 18.16-18

      “E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus.” 
Tiago 2.23

      “E disse o Senhor: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de os haver feito. Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor.” 
Gênesis 6.7-8

      “E, como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem. Comiam, bebiam, casavam, e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio, e os consumiu a todos. Como também da mesma maneira aconteceu nos dias de Ló: Comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; Mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.” 
Lucas 17.26-30

      Meus queridos, sei que muitos não querem entender isso, sei que outros até concordam, mas seriam incapazes de verbalizar, principalmente ministrando estudos bíblicos e pregando, mas precisamos de uma vez por todas entender certo o que Deus quer nos ensinar com os textos que são certamente os mais polêmicos da Bíblia, todos localizados em Gênesis: a criação e a queda do homem (capítulos 1 ao 3), o dilúvio (capítulos 6 ao 8) e o pecado em Sodoma e Gomorra (capítulos 18 ao 19), por favor, leia os textos bíblicos na íntegra para melhor entendimento. 
      Sobre Sodoma e Gomorra, o pecado não era a homossexualidade em si, mas a promiscuidade, e mesmo considerando a homossexualidade, lembremos de outros assuntos que eram considerados pelos textos bíblicos de maneira bem diferente que consideramos hoje. Naquela época pessoas feitas escravas eram consideradas posse de outras pessoas, como se fossem coisas e não gente, e isso não era pecado para o povo de Deus. Mesmo as mulheres, como já dissemos, não tinham o respeito que hoje têm, e isso, o considerado povo de Deus não recriminava. 
      As coisas mudaram, mesmo recentemente, há cento e poucos anos atrás dizer que mulher podia votar, fazer faculdade e ter certas liberdades, era considerado pecado pela sociedade em geral e por igrejas cristãs. Sodoma e Gomorra foram condenadas pela promiscuidade que inclui pecados sexuais contra pessoas do mesmo sexo, além de outros perversidades e devassidões, mas o texto não pode ser usado nos dias de hoje para demonizar todo tipo de expressão homoafetiva. Precisamos, como cristãos sérios e santos, assumirmos isso nos púlpitos, já que no dia a dia muitos já assumem, e pararmos de dar lugar ao diabo insistindo em legalismos que nada têm a ver com o ensinamento do Espírito Santo. 
      O dilúvio, se analisarmos o fato descrito por Moisés em Gênesis ipsis litteris, veremos que cientificamente é impossível, tendo em vista o que continuou no planeta Terra, no reino animal e na diversidade de raças humanas, a despeito dos limites do que foi preservado na arca. O dilúvio existiu, o princípio no registro bíblico nos ensina muito sobre a vontade de Deus, e mais, o texto pode conter mistérios que nem a ciência ainda descobriu, mas não tomemos o texto ao pé da letra, pode ter sido um dilúvio regional que ocorreu simultaneamente com outros em regiões diferentes da Terra. 
      O evento descrito em Gênesis foi o ocorrido com um patriarca da nação de Israel, a nação escolhida por Deus para testemunhar sua vontade ao mundo pela velha aliança e da qual sairia Jesus, a nova e eterna aliança entre Deus e todos os homens, ele foi resgistrado para que chegasse à civilização ocidental através da tradição judaica-cristã, mesmo que existam registros de dilúvios em outras partes do mundo por outras tradições religiosas. Abrindo parênteses, um assunto bíblico não resolvido aparece em Gênesis 6.4, os gigantes que viviam na terra antes do dilúvio, gigantes também aparecem em II Samuel 21, se são a mesma espécie de gigantes não sabemos, mas se são, teriam sobrevivido ao dilúvio, fechando parênteses.
      Mas o texto com certeza mais enigmático da Bíblia, que talvez seja justamente por ser o mais metafórico, são os três primeiros capítulos da Bíblia, e é assim que tem que ser, porque a maneira como foi registrado, que nunca teve a intenção de ser científica, foi a melhor maneira, ao meu parecer achada pelo Espírito Santo, de relatar fatos tão importantes, quanto grandiosos e misteriosos. Se hoje, a ciência ainda não conseguiu explicar muitas coisas sobre o universo e a vida, muito menos entendia ou poderia entender o homem na época da saída do povo de Israel do Egito, ou antes, por aqueles que passaram as histórias de Gênesis por tradição oral até que Moisés ouvisse e escrevesse a Torá (o nosso pentateuco, os cinco primeiros livros do antigo testamento).
      Princípios de temor a Deus estão em textos como os compartilhados no início desta reflexão, Abraão era amigo de Deus e Noé achou graça aos olhos do Senhor, esses foram poupados de juízos de Deus que são tão certos quanto terríveis sobre aqueles que negam o vontade do Altíssimo para a vida, para o planeta, para a eternidade. Assim, entendamos certo o que é pecado, o que é abominação, o que é justiça e o que é misericórdia, muitos serão salvos, desses religiosos viciados em igrejas, mas serão surpreendidos ao verem pessoas que eles lançaram no inferno estarem também no céu, e muitos que eles tinham certeza que estariam no céu, estarem no inferno. 

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        “Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.” Êxodo 3.13-15

      O ensino correto de Gênesis sobre a criação através da evolução acompanhada pela vontade soberana de Deus deveria ser feito pelos pastores, o que acabaria de vez com essa batalha que na verdade não existe, entre fé e ciência, entre criação e evolução, o embate que existe é entre desinformados, dos dois lados, que julgam sem conhecer. Se temos fé para crer que Deus pôde criar tudo em sete dias de vinte e quatro horas, por que não termos fé para crer que Deus pode criar tudo em sete eras de milhões de anos através da evolução? Deus age e existe da mesma forma, só que assim haveria mais coerência com a ciência que também é fruto da inteligência do homem, uma criação de Deus. Eu creio da segunda maneira, mas se quer saber, isso não faz a menor diferença, nem diminui, sob nenhum aspecto, Deus. “Mas, amados, não ignoreis uma coisa, que um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos como um dia.” (II Pedro 3.8).
      O melhor jeito de entender certos textos bíblicos é entender que Deus pode tudo, mas não manifesta tudo do jeito que achamos, ele pode, mas não faz, não fez e nunca vai fazer, porque não é assim que Deus funciona, que as coisas funcionam, que o homem funciona. Cristãos, se se consideram assim, genuínos e crentes, então usem a fé para crescerem no conhecimento de Deus, em sua sabedoria e em seu poder, não para limita-lo. Quem tem mais fé, o que crê que Deus criou o mundo, a natureza e o homem em sete dias de vinte e quatro horas, ou o que crê que Deus manifestou a matéria nos astros, nos planetas, nos satélites, no nosso mundo, na água, na luz, na terra, no reino animal, no reino vegetal, no homem e na mulher, através de milhões de anos de evolução? 
      Quem limita Deus a sete dias de vinte e quatro horas, antropomorfiza Deus, isso é tão equivocado quanto achar que Deus é um homem velho de barbas brancas, o conceito de macho e fêmea é inerente à matéria, Deus é espírito, está muito além disso. Deus também não envelhece, nem precisa de mãos pra tomar, pés para andar, boca para falar, ouvidos para ouvir, nem olhos para ver. Se queremos saber sobre a aparência e a essência de Deus estudemos mais a passagem de Êxodo capítulo 3, onde uma manifestação de “Deus” (o “Anjo” do Senhor na sarça que ardia mas não queimava) revela seu nome, o “Eu Sou o que Sou”, o grande “Eu Sou”, quanta verdade entregue sobre o maior dos mistérios, mas só aos que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver, olhos e ouvidos espirituais, não físicos, e que sem medo de agradar a homens escolhem o solitário caminho do verdadeiro conhecimento espiritual. 
      Antropomorfismo, que é colocar Deus em formas físicas e com reações emocionais humanas, é uma maneira da alma humana interpretar visões e reações de Deus em suas mentes e corações. Por exemplo, o texto de Salmos 5.4-5, “Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal. Os loucos não pararão à tua vista; odeias a todos os que praticam a maldade.”, foi registrado pelo salmista dizendo que Deus odeia, mas será que isso é verdade? Deus pode odiar, ou melhor, Deus precisa odiar? Sim, existe uma reação terrível para os que se afastam de Deus, isso pode ser interpretado como sofrer um enorme desagrado de Deus. Contudo, a palavra odiar, a reação humana de ódio, uma ira descontrolada e movida pelo mal, não é o termo mais adequado para definir a reação de um Deus infinito, todo poderoso, santíssimo, onipresente, justíssimo mas misericordioso se o buscamos debaixo do perdão que há em Jesus. 
      A Bíblia está repleta de antropomorfismos, e eles são úteis, mas são ferramentas para ensinamento de crianças espirituais, homens maduros deveriam ir além disso. Aliás, a presença desses antropomorfismos nos revela uma das “chaves mágicas” (me perdoem o uso do termo, mas ele é muito adequado) para entendemos não do que a Bíblia fala, mas como ela fala e quem na verdade fala através dela e a escreveu. Os apressados dirão, “a Bíblia foi escrita pelo Espírito Santo”, aos quais responderei, correndo com certeza o risco de ser mal interpretado, “não, a Bíblia não foi escrita pelo Espírito Santo, pelo simples fato do Espírito Santo não ter mãos”. Parece uma resposta tola? Mas não é. 
      Com certeza o Espírito Santo falou aos escritores bíblicos e de uma maneira pra lá de especial e exclusiva, começando por Moisés e chegando a João o evangelista, mas entre o espírito humano “ouvir” a voz do Espírito de Deus até as mãos humanas registrarem o texto através da escrita num antigo pergaminho, muitos “ruídos” interferiram nessa comunicação. Não tinha como ser de outra maneira, o ser humano encarnado é absolutamente limitado para ter uma comunhão perfeita com Deus, assimilamos esboços, rascunhos, subjetivos e superficiais, e o lado positivo disso é que homens diferentes, com doenças emocionais distintas acham curas variadas numa única e completa manifestação de Deus.
      A mesma palavra de Deus transmitida pelo Espírito Santo a homens diferentes terá registros finais diferentes, e não se apressem os inimigos de Deus e da Bíblia tentando achar nisso desculpas para tirar do cânone bíblico coesão espiritual. Ainda assim, com tantos “ruídos” na comunicação, a Bíblia mantém-se coesa e coerente, mas somente para os que a interpretam debaixo do Espírito Santo. Só quem inspirou os escritores originais pode fornecer o melhor entendimento sobre o texto, ou sobre a intenção que tinha no momento da inspiração do texto. A verdade é que palavras espirituais só se entendem com ouvidos espirituais, assim, ler a Bíblia do jeito certo implica em lê-la em oração, em intimidade com Deus, de outro jeito só será uma coleção de leis morais de contextos históricos, culturais, sociais, que nada mais têm a ver com a contemporaneidade. 
      A revelação mais clara sobre quem é Deus foi feita por João no capítulo 1 de seu evangelho, versículos 1 ao 4, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens.”. Quer saber quem é Deus? Deus é Jesus, que encarnado nos ensina o que de melhor podemos ser como filhos de Deus neste mundo. Como será que Jesus encarnado reagiria a certos entendimentos preguiçosos e egoistas que tantas cristãos têm hoje em dia sobre tantas coisas? Como Jesus entenderia o livro de Gênesis? 
      Sabe como? De um jeito que ainda hoje muitos não estão prontos a entender, assim que achem que Deus fez o mundo e o homem em sete dias de vinte e quatro horas e que evolucionismo é um sacrilégio, isso não é verdade, mas pelo menos mantém as pessoas crentes num Deus que tudo pode, mesmo que não faça tudo do jeito que as pessoas pensam que faz. Mas eu sinto que até o final dos tempos, o final mesmo, não esse que muitos acham que é, eu penso que só os que encarrarem a verdade de Deus de maneira madura e de fato espiritual, terão forças para suportar a tentação que virá sobre o mundo. As trevas serão grandes e mui ardilosas, só a luz pura de Jesus livrará os salvos de terem que pagar com a própria vida por aquilo que de fato acreditam.

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      “E Neemias, que era o governador, e o sacerdote Esdras, o escriba, e os levitas que ensinavam ao povo, disseram a todo o povo: Este dia é consagrado ao Senhor vosso Deus, então não vos lamenteis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da lei. Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto não vos entristeçais; porque a alegria do SENHOR é a vossa força. E os levitas fizeram calar a todo o povo, dizendo: Calai-vos; porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais.” Neemias 8.9-11

      Como é bom entristecer-se diante da consciência de que pecamos contra Deus e precisamos mudar de vida, esse é o único tipo de tristeza que conduz à alegria, a felicidade de ser recebido por Deus, como o pai recebe ao filho pródigo, de ser perdoado por ele e então ser novamente honrado pelo Senhor. O ser humano, contudo, é um contumaz equivocado, da mesma maneira que teima em se alegrar quando o momento é de tristeza, que insiste em cantar louvores de festa, quando o momento é de pranto, de arrependimento, ele também pode insistir na tristeza quando já é tempo de celebração, aprovada e permitida pelo Senhor. Assim, se já se consertou com Deus, fique em paz e não se sinta abatido, a alegria do Senhor e a tua força, uma alegria que não vem de você, que não é humana, carnal, mas espiritual, conquistada por Jesus na cruz. 
      Mas o texto inicial tem outra lição a nos ensinar. Para o tempo do acontecimento narrado, sua interpretação é ao pé da letra, “comei as gorduras e bebei as doçuras e enviai porções aos que não têm nada preparado para si”, que é: usufruam de banquetes, de comidas e bebidas, de salgados e doces, à vontade, o momento é de alegria. Do jeito que o mundo vai, talvez alguns se escandalizem com o texto, e se não hoje, daqui a um tempo alguns podem chegar a dizer que as orientações que Neemias deu ao povo são inadequadas a uma vida saudável. Gorduras e doçuras? Isso faz mais à saúde, devemos tomar cuidado com o colesterol ruim e com exagero no açúcar. Você acha que estou exagerando? Pois não estou, não em relação a tantas coisas que hoje as pessoas já consideram fora de contexto, sejam culturais ou sociais, nos textos bíblicos originais, que dizem ser politicamente incorretas. 
      Como temos dito aqui, com a Bíblia se aprende os princípios, e eles são atemporais, não as interpretações ao pé da letra do antigo e do novo testamento. O princípio, indiferente se se comemora com gorduras e doçuras ou com alimentação vegana e adoçante artificial, é alegre-se na presença de Deus, não pela comida ou pela bebida, mas porque nossos pecados são perdoados, porque o Senhor nos aceita como filhos, cuida de nós e nos orienta em vitória. Que aprendamos a discernir os princípios de Deus em toda a Bíblia, ao invés de só obedecermos preguiçosamente leis ao pé da letra, a lei mata, mas o princípio é do Espírito Santo e esse é vida eterna. 

José Osório de Souza, 18/04/2019

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