quarta-feira, outubro 10, 2012

Palavras profundas, quem pode dizê-las?

        Com um microfone na mão, num púlpito, na frente da congregação, todos nós queremos dizer coisas bonitas, coisas que incendeiam os corações, enfim, queremos ser usados por Deus. Bem, a primeira coisa que devemos saber sobre isso, é que Deus usa quem ele quer, não é quem está preparado, não é quem é sincero, muito menos o prolixo ou o carismático. Quando Deus quer, até uma jumenta ele usa, como na história de Balaão. Então a premissa para que exista uma palavra certa, é essa palavra sair da boca de alguém que Deus está usando.
O que existe na boca de uma pessoa usada por Deus, qual a principal característica dessa palavra? Não é necessariamente erudição e nem boa oratória, mas é profundidade, quem ouve sente que a palavra vem do coração, que ela é verdadeira, que testemunha algo que aconteceu e que mudou a pessoa que está falando para melhor. Profundidade não é algo que se inventa, falar devagar e com seriedade não é necessariamente ser profundo, quando se é profundo as pessoas percebem, e todos sabem quando a profundidade é falsificada, teatralizada, fingida.
Como ser profundo, e quando digo profundo, me refiro à profundidade plantada pelo Espírito Santo? A resposta é simples: tendo experiências profundas, reais de vida, e principalmente, de vida com Deus. Quem nunca teve seu coração quebrado, quem nunca teve seus valores confrontados, quem nunca teve seus fundamentos testados e fortalecidos, não pode ter profundidade. É preciso coragem para abrir o coração, entregá-lo a Deus, pedir transformações e por fim deixar que elas sejam instaladas, mas é só assim que se pode adquirir profundidade.
Experiências profundas de vida deixam nosso coração humilde, nivelado, não pode coexistir, num mesmo coração, profundidade de Deus e arrogância, profundidade de Deus e desrespeito. Humildes, sabemos que não somos melhores que ninguém, ao contrário, sentimos a seriedade do nosso pecado, e como pecadores tratamos a todos como sendo servos deles, e não seus senhores.
Jesus, o filho de Deus, criado e crescido sem pecado, só começou seu ministério aos trinta anos. Começou como homem maduro, como homem experiente, como homem humilde, por isso tanta profundidade em seus ensinamentos. Sua profundidade propunha mudanças não somente na aparência do homem, na religiosidade, mas no coração, a parte mais profunda do nosso ser.
Melhor seria que muitos, que ainda não têm experiência o suficiente, ficassem calados, não colocassem suas mãos em microfones, aprendessem antes, para adquirirem profundidade e então serem bênçãos nas vidas de outras pessoas. Repetindo, profundidade é algo que não pode ser fingida, ou ela existe ou não, quando existe, existe também humildade e respeito para com os outros. Essa profundidade gera uma palavra de sabedoria, pronta para disciplinar, orientar, consolar as pessoas, tudo isso embebido em muito amor.
Pense nisso quando tiver que pegar um microfone na mão e dizer alguma coisa na igreja, eu tenho pensado e tenho preferido, muitas vezes, ficar quieto.
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