12/02/19

Jejum: se Deus orientar, faça

      “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor. Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém. Então te agradarás dos sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então se oferecerão novilhos sobre o teu altar.Salmos 51.15-19

      Confesso, não sou muito a favor de jejum, pelo menos não a favor desses que muitos crentes atuais fazem. A razão é simples, a grande maioria de evangélicos não entende exatamente o que é jejum que agrada a Deus, dentro da heresia da teologia da prosperidade que direta ou indiretamente atinge tantas igrejas atuais, muitos usam o sacrifício de abstinência de comida e bebida assim como assiduidade a cultos e vigílias como moedas de troca com Deus por favores. O jejum não é para convencer a Deus, para fazer que ele veja a nossa insistência e nos responda, para exigir a ele nosso gabarito espiritual, Deus não precisa ser convencido de nada e muito menos precisa de créditos humanos para poder entregar suas aprovações e bens.
      O jejum assim como qualquer tipo de consagração é para nos convencer, são oportunidades que damos ao Espírito Santo para provar nossas intenções, para nos mostrar sua vontade melhor para então, finalmente, entendermos o que Deus quer nos dar e solicitarmos isso ao Senhor. Sim, Deus se agrada do jejum sincero de seus filhos, mas se quer saber, Deus não precisa dele, nós sim. Jesus vivia em oração e jejum? Paulo andava em consagração constante em vigílias e abstinências? Com certeza, mas isso não era um momento de exceção deles, era seus estilos de vida, coerentes com as chamadas especiais que tinham.
      Todos nós somos chamados para vidas limpas e vitoriosas? Sim. Todos nós podemos ser Paulos? Até podemos querer, e muitos insistentemente se forçam a ser, mesmo se autodenominam apóstolos, e alguns com sinceridade e consagração de vidas, mas poucos fazem isso por ordem de Deus. O José da Silva não é chamado para ser Paulo, o apóstolo, mas para ser o José da Silva, único, exclusivo, para o qual Deus tem um plano pessoal e insubstituível, ser o José da Silva de Deus. Nas minhas fraquezas tive a oportunidade de ser chamado pelo Senhor para fazer jejuns, não foram muitos, mas foram decisivos, cresci e tomei posse de curas e posicionamentos que levo até hoje comigo, neles obtive mudança de vida.
      Não, não use fé, jejum, assiduidade em cultos, fidelidade religiosa ou qualquer compromisso exterior para convencer o Senhor de algo, o pai nos dá de graça, por amor, e através do cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo. Em Cristo temos acesso e direito a toda espécie de benção, seja no céu ou na terra, e pra isso basta que você seja um homem ou uma mulher simples, que confia no Senhor e que é desprendida de vaidades, sejam materiais ou pseudoespirituais (eu disse “pseudo” porque espiritualidade verdadeira nunca é fruto de vaidades, não pode ser usada para que prevaleçamos sobres os outros, não nos faz melhor que ninguém e com direito de dominarmos sobre as pessoas, só uma falsa espiritualidade acha isso). 
     Contudo, ore a Deus, será que o Senhor não está direcionando você para fazer um jejum? Coisas especiais ocorrem como efeito de causa especiais, não vulgarize consagração, nem esfrie seu espírito a ponto de não entender mais a relevância ou de perder a sensibilidade de que a vida com Deus é mais que dormir, comer, beber, trabalhar, estudar, participar de cultos e se relacionar com as pessoas. Se Deus estiver te conduzindo para um momento diferenciado, talvez ele possa pedir de você uma consagração diferenciada, e se o direcionamento for dele, ele te dará forças mesmo para jejuar. Esse jejum marcará tua vida e abrirá uma porta que de outra maneira não se abriria. 
      Se o Senhor estiver orientando, jejue, senão, creia e fique em paz, mas não tente fazer negócios com Deus, muitos fazendo jejum sem ordem do Senhor acabaram mais fracos e não mais fortes. Por quê? Porque Deus deu um não para um pedido deles, mas eles insistiram em jejuar, achando que podiam fazer Deus mudar de ideia. Deus não muda de ideia, mas o rebelde e desobediente pode acabar se desviando para a heresia ou duvidando de Deus, porque não teve humildade para obedecer e aceitar a vontade do Senhor. Muitas vezes não fazer nada e crer é mais difícil que se sacrificar, e poderá mudar nosso caráter para melhor com muito mais eficiência, porque nos fará aceitar com mansidão nossas impotências e a potência de Deus mesmo quando diz não.

11/02/19

A morte - Oremos pelo Brasil

      “Guarda-me, ó Deus, porque em ti confio.Salmos 16.1

      A morte teve uma presença muito forte nos últimos dias em nosso país. Primeiro foi a tragédia causada pelo descaso de quem deveria fiscalizar o funcionamento adequado e de quem deveria dar manutenção periódica à estrutura, a queda da barragem da Vale em Brumadinho/MG no dia vinte e oito de janeiro, mais de trezentas pessoas morreram. Depois, após um temporal na cidade de Rio de Janeiro/RJ, que já foi terrível e que matou alguns, ocorreu no dia oito de fevereiro um incêndio no alojamento dos jogadores da base do time de futebol do Clube de Regatas do Flamengo, essa tragédia, que também pode ter sido ocasionada por descaso de alguns, matou dez adolescentes que tinham o sonho de se tornarem atletas reconhecidos e importantes. 
      Contudo, ainda sentindo a dor desses fatos, ainda enterrando jogadores do Flamengo e ainda tentando achar mortos desaparecidos em Brumadinho, cai na via Anhanguera, hoje, dia onze de fevereiro, na região da grande São Paulo, um helicóptero com o jornalista Ricardo Boechat, ele e o piloto faleceram. O que me tocou profundamente nesta última tragédia, foi a morte de um profissional atuante e competente, que eu e minha família assistíamos no Jornal da Band de segunda à sexta-feira. Morreu uma voz da boa crítica, independente, inteligente, irônico, corajoso, que com certeza fará falta em nosso país, um jornalista com furor, amor e humor. Sim, a morte alcança todos, implacável e muitas vezes imprevisível.
      Não sei quanto a você, mas diante de tudo isso eu me sinto absolutamente frágil, desprotegido, inseguro, por mais que eu creia e escreva constantemente que colhemos o que plantamos, que nada ocorre sem causa justa, que Deus é Senhor e sabe o que faz, essas tragédias imprimem em minha alma um sentimento intenso, descontrolado e contrário à qualquer convicção. Não, sentir-se assim não é pecado ou negar a Deus, somos humanos e temos direito à humanidade, em toda a sua extensão e profundidade e nada revela mais a nossa humanidade que a morte, que atinge a todos, pobres e ricos, ignorantes e cultos, de todas as raças, religiões e ideologias.
      Vida, morte, luto e vida, o luto é importante, não tente anulá-lo, não tente passar da morte diretamente para a vida sem sentir em toda a sua intensidade o luto. Quando fazemos assim, dando liberdade a um sentimento tão forte, o luto é experimentado até que se esvai, mas tentar aprisiona-lo só faz explodir o coração que depois terá mais dificuldades para seguir vivo. Contudo, eu pergunto, até quando durará nosso luto, até quando o Brasil chorará a morte, principalmente as causadas por uma impunidade reincidente? Oremos pelo nosso país, que toda essa dor seja da disciplina paternal, e não crueldade enganosa do mal, que só vem para roubar, matar e destruir.

      “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.João 10.10-14

José Osório de Souza, 11 de fevereiro de 2019 - Reflexão necessária

10/02/19

Religião, cristianismo e verdade

      “Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.Gálatas 3.5-7

      Ah, quem somos nós para julgar a religiosidade de cada pessoa? Quem somos nós, cristãos, para dizer que alguém tem ou não comunhão com Deus? Quem somos nós para saber o que de fato Deus pensa da religião de cada um, quem somos nós para entender o amor acessível e misericordioso do Senhor para se relacionar com o ser humano, independentemente da fé que cada um possui? Muitos cristãos evangélicos podem dizer, “eu creio em Jesus que disse que é o caminho, a verdade e a vida, se não for assim, não se tem acesso à salvação e à pessoa de Deus”. Mas até que ponto a interpretação e a prática desse texto não são baseadas só numa tradição de homens? Até que ponto o uso “fechado” desse texto expressa realmente a vontade de Deus? 
      Está reflexão não objetiva por a Bíblia em dúvida, mas confrontar doutrinas tradicionalmente protestantes com a verdade de fato. Muitos protestantes que arrogam ter posse do evangelho mais verdadeiro, não se atentam ao fato que durante mais de mil e duzentos anos, entre a criação oficial da igreja católica no século IV e o protestantismo no século XVI, a representante oficial e praticamente exclusiva do evangelho no planeta era o catolicismo, que eles tanto criticam. Onde estava essa verdade do cristianismo primitivo renascido no protestantismo que evangélicos acham ser a única verdade que salva? Deus deixou a humanidade sem salvação durante mil e duzentos anos? Todos os católicos que morreram nesse tempo foram para o inferno? Deus os condenou como idólatras e pagãos?
      Outro detalhe histórico é que muitas regiões do mundo ainda não haviam sido inteiramente alcançadas pela civilização europeia nos primeiros séculos, como extremo oriente, África, e outras regiões, como as Américas, nem tinham sido descobertas. Dessa forma, durante centenas de anos, mais de mil, talvez, pessoas nasceram, viveram e morreram sem terem tido contato com o cristianismo, mesmo o católico. Aliás, quem fez um trabalho eficiente de evangelismo em todos os continentes foram justamente os protestantes, a partir dos séculos XVI, e bastante no século XIX. Como Deus tratou essas vidas com relação à salvação eterna? Sim, Jesus realizou sua obra de redenção por eles também, mas muitos podem ter sido salvos sem uma decisão consciente e de acordo com a doutrina de tantos cristãos evangélicos atuais. 
      Meus queridos e queridas, não foram dez anos, cinquenta, nem cem, foram mais de 1.200 só com o catolicismo, isso é história! Não, não nego que esse cristianismo protestante é mais próximo do cristianismo primitivo do século I que o catolicismo, contudo, nego a necessidade de Deus precisar ter uma religião “perfeita” como ferramenta para salvação da humanidade, isso não é a realidade, de forma alguma, quem abrir os olhos para a história entende isso. Se aquilo que acreditam evangélicos e protestantes fosse verdade, além de condenar bilhões, cobraria deles viver um cristianismo de muito mais qualidade que católicos, ortodoxos ou outras religiões e seitas cristãs, mas não é isso o que acontece, nem nunca aconteceu, não mesmo.
      O cristianismo está errado? O evangelho está errado? A igreja católica está errada? Não necessariamente, está errado aquilo que muitos fanáticos arrogantes achar ser o que Deus pensa, ou como Deus trabalha. Se houver doutrina pura e próxima àquilo que Jesus pregou, Deus salva, mas se não houver, Deus salva também, como sempre fez, antes de Cristo e durante os séculos católicos da idade média, durante a venda de indulgências, inquisição, a perseguição injusta e cruel aos que pensavam diferentemente, enquanto impediam o leigo de conhecer a Bíblia com missas rezadas em latim. Da mesma forma no tempo atual, em meio a tanta heresia e ganância das igrejas evangélicas protestantes, que geram lucros materiais, não qualidade de vida.
      Deus nunca precisou e nunca vai precisar de dogmas, doutrinas ou representantes humanos para salvar o homem, Deus só precisa da sinceridade do coração de um homem que deseja ser um homem de bem. Do que adianta trocar catolicismo por protestantismo, protestantismo por “evangelicismo”, “evangelicismo” por pentecostalismo, pentecostalismo por neo-pentecostalismo, se continuamos a ser fanáticos, arrogantes, crendo num Deus conforme nossas conveniências, assim, criando “deuses”, sendo idólatras ideológicos que é tão idolatria quanto os que idolatram imagens e esculturas? 
      Tudo isso Deus contempla e olha o coração do que o busca, Deus vê o católico fervoroso e praticante tanto quanto o batista estudioso da Bíblia como o assembleiano que buscou com tanta devoção o dom de línguas estranhas para ser um crente melhor, não nos enganemos sobre isso. Mas na verdade, nada disso importa, não tanto como achamos, é tempo de termos coragem para admitir isso, ou então, vivamos de fato o que acreditamos, a nossa verdade, e demos exemplo por ações não por discurso que tenta convencer os outros com palavras, que o nosso cristianismo é melhor. 
      O sábio não julga, ninguém, nunca, em nenhuma instância, mas vive o caminho que achou com humildade, sem absolutamente nenhuma intolerância ou preconceito para com o que os outros pensam e vivem sobre religião, cristianismo ou verdade. No final cada um será julgado, não pela luz do outro, mas pela sua, por aquela luz que achou, Deus conhece bem os filhos da luz, sabe quem é de fato homem e mulher de bem, humildes de espírito e que nunca se renderam à vaidade e ao engano, esses serão avaliados por aquilo que acreditam ser o caminho, a verdade e a vida. 
      Jesus é o único salvador de toda a humanidade, eis a verdade, mas nem todos que não têm consciência absolutamente evangélica disso serão condenados, muitos são filhos de Abraão e nem sabem, mas temem a Deus mais que muito frequentador assíduo de templo cristão e conhecedor de doutrina, repito, doutrina de homens, não de Deus. Pobre dos que acharam no verbo de Deus, Jesus Cristo, o caminho, a verdade e a vida, mas que não viveram de acordo com a fé que professaram e que ainda lançaram nos rostos alheios hipocrisias e julgamentos. Esses serão considerados por Deus com muito mais rigor, e poderão ainda passar muita vergonha neste mundo até que entendam como funciona o amor e a graça do Altíssimo, eu creio assim.

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.Mateus 16.27

09/02/19

Crer e saber - Sempre!

      “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de DeusColossenses 1.9-10

      Por favor, entenda certo a reflexão a seguir, vou abrir meu coração e compartilhar um desejo muito particular meu, não penso, sendo assim, ser melhor que ninguém por isso, talvez seja justamente o contrário, como diz os ditados, “o conhecimento tem seu preço”, “felizes os ignorantes”. Ocorre que eu sou uma pessoa de um tempo ou de um tipo que tem muita curiosidade intelectual e espiritual, assim não aceito nada como dogma, quero me aprofundar num assunto, saber mais e conhecer principalmente a evolução histórica de um princípio. Vejo relevância em saber porque isto e aquilo é tido como verdade e tradição hoje em dia, principalmente dentro das religiões cristãs, isso não é duvidar de Deus nem de sua palavra, mas averiguar se algo que homens dizem ser de Deus realmente é de Deus ou de homens.
      Os cristãos, de posse da verdade sobre a salvação e comunhão com Deus que é Jesus, o verbo encarnado, se limitam muito no conhecimento, acabam aceitando muita informação equivocada, é claro que eles têm o conhecimento principal, que lhes dá paz e cura neste mundo e vida eterna com Deus no outro. Mas gente como eu pensa que a vida é mais que isso, é isso é muito bom. A pergunta é: sabemos o que cremos, ou cremos no que sabemos? É costume dizer, a ciência trata do conhecimento, a religião, da fé, não é preciso saber para crer, nem crer, após saber. Sim, Deus é inconhecível em sua totalidade e eternidade, o conhecemos através de suas manifestações, físicas, emocionais e espirituais, em nós, seres humanos, e na natureza, principalmente através de Jesus. Mas isso se refere à pessoa de Deus, não às tradições religiosas.
      O fato é que quando somos curiosos e não aceitamos muita coisa que se diz nos púlpitos como verdades indiscutíveis, não perdemos a fé, talvez nos homens, mas não em Deus, em Deus nossa confiança aumenta, à medida que nos aprofundamos em saber sobre a história, sobre a Bíblia, sobre espiritualidade, sobre tudo. Muitos cristãos não entendem o quão especial e competente é o homem, querendo evitar de valorizar o ser humano mais que Deus, acabam deixando as faculdades humanas ociosas, assim o humanismo acaba sendo ferramenta mais eficiente nas mãos dos ateus, dos materialistas e do inimigo, num desequilíbrio oposto que se esquece de Deus e entroniza o homem. Equilíbrio, que só achamos de fato em Deus, não na religião ou na negação dela, se o cristão tem dificuldade em vivê-lo, quanto mais o homem sem Cristo.
      Se o coração é bom, nenhum conhecimento o faz se perder, se há intimidade com Deus, não há preconceitos nem temores, contudo, o conhecimento traz responsabilidade e do que mais sabe, mais lhe é cobrado. Melhor saber pouco e praticar tudo, que saber muito e se embriagar com teorias, se achando superior só pelo simples fato de saber. Assim, o mais sábio, para o que quer saber mais, é guardar o conhecimento para si, não exibi-lo nos palcos, antes deixando que os outros vejam somente uma prática de vida simples, santa e equilibrada. Para que serve o conhecimento se não for para regar com a água limpa da sabedoria a árvore das virtudes? Ninguém precisa saber das raízes, por isso elas ficam ocultas sob a terra, mas os frutos doces podem ser colhidos por todos os ávidos pelo verdadeiro alimento espiritual. 
      O sábio acumula para dar aos outros, não para dominar sobre eles, o sábio é irmão mais experiente, não pai prepotente, o sábio sabe que nada sabe, é discreto e permite ao tempo mostrar sua competências e honrar-lhe. Mas o que de tão importante se tem mais a saber? A maioria das pessoas não se preocupa com isso, e em se tratando de religião, o princípio de que quem crê não precisa saber, mais as prioridades do dia a dia de trabalhar, se alimentar, “namorar” e dormir, fazem que sua existência seja simplista (não necessariamente simples, sob nenhum aspecto). Isso não prejudica essa maioria das pessoas, não a princípio, mas gera, alimenta e empodera líderes inescrupulosos, que têm na ignorância uma massa social fácil de dominar, manipular e tirar lucros. 
      Você sabe de fato no que crê, conhece sua religião, as doutrinas e ritos dela? Você crê de verdade no que sabe, aquilo que pensa ser sua religião, você aceita na íntegra de maneira a por isso em prática? Não seja ignorante, nem hipócrita, mas medite e pratique o que Paulo ensinou nos versículos da carta aos Colossenses, sejamos cheios do conhecimento da vontade de Deus, em toda a sabedoria e inteligência espiritual, para que possamos andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus. Conhecimento não é supérfluo, nem característica de arrogantes, mas é fruto de quem acredita no Deus verdadeiro, que tem em seu coração o Espírito Santo e que foi restaurado pelo verbo de Deus, Jesus Cristo. 

08/02/19

Liberdade ou só uma nova prisão?

      “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.Gálatas 5.1

      Queremos ser livres, de verdade, ou apenas ter uma prisão diferente? Queremos descobrir nossa identidade pessoal ou apenas nos esconder no meio de grupos, tribos e outros coletivos? O ser humano tem uma característica que pode tanto ser qualidade quanto defeito, a adaptabilidade. Ela é eficiente quando precisamos nos adaptar a situações imprevisíveis e das quais não podemos nos livrar, não num curto espaço de tempo, assim adaptar-se e seguir em frente pode ser a única saída. 
      Contudo, o outro lado da adaptabilidade é o comodismo, querer permanecer numa posição porque é uma zona de conforto que não nos oferece perigo, mesmo que não seja o melhor lugar é um lugar que não nos surpreende mais, que conhecemos, que aprendemos com o tempo a chamar de lar. Assim, com receio de mudanças e desobedecendo as inclinações do Espírito Santo que é vivo e sempre nos leva a crescer, a aprender, a conhecer novas coisas que nos ensinam mais sobre nós mesmos e sobre o Senhor, acabamos não escolhendo a liberdade, mas apenas trocando de carcereiros, numa prisão nova, mas ainda uma prisão. 
      Uma nova prisão assim como um novo carcereiro podem assumir as formas mais sedutoras possíveis, o inimigo de nossas almas é astuto para criá-los e colocá-los em nossos caminhos, se não estivermos despertos e prontos para obedecer a Deus, podemos passar a vida de prisão em prisão, obedecendo este ou aquele carcereiro, mas nunca provando a real liberdade que Jesus tem para cada um de nós. A liberdade tem seus preços, primeiro vencer o medo do desconhecido, depois crer que Deus tem algo melhor para nós, por último não nos importarmos com o que os homens pensam ou dizem de nós. 
     Liberdade é algo muito pessoal, a de uma pessoa não é necessariamente a de outra pessoa, ser livre para alguém pode ser uma prisão para outro alguém, a liberdade de muitos pode nos parecer uma prisão, enquanto que a nossa liberdade pode ser um cárcere para outros. A liberdade mais profunda e genuína é específica e instransferível, é provada numa experiência individual com Deus, mesmo solitária, e abre mão de todo o abrigo cômodo que a coletividade oferece. A pergunta talvez não seja, “eu quero ser livre?”, mas “estou pronto para ser livre?”, muitos até querem, mas não estão de fato prontos.

07/02/19

Deus é imutável

      “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado, O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós; E por ele credes em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos, e lhe deu glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em DeusI Pedro 1.18-21

      Deus não muda, para ele a história da humanidade e do universo já está escrita, nada que o homem ou que os seres espirituais façam, de bom ou de ruim, pode alterar a vontade e o plano de Deus. Se Deus mudasse, para o lado que fosse, na instância que fosse, não seria Deus. Então, por que oramos? Por que clamamos ao Senhor por um favor? Se não pedirmos ele não responderá, não dará ou não nos livrará? Se fosse assim a nossa vontade poderia mudar ou interferir na ação de Deus, se isso acontecesse nós teríamos mais poder que Deus, pois o que manda em quem manda é mais poderoso que quem manda. 
      O conhecedor dos textos bíblicos pode argumentar, “mas a Bíblia não diz que Deus se arrependeu, que voltou atrás, que mudou de ideia?”. Sim, mas esse antropomorfirsmo é a interpretação do homem da ação de Deus, e foi por essa ótica que Moisés escreveu o pentatêuco, que João escreveu seu evangelho e que Paulo escreveu suas cartas. O homem está limitado ao seu tempo, Deus tem todo o tempo, passado, presente e futuro, de uma só vez, em suas mãos, o Deus Espírito Santo pode impressionar a alma humana com um instante da existência de Deus, mas o Deus pai simplesmente é e Jesus, Deus filho, “foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos”, como diz o texto inicial.
      Entendamos de vez, Deus não é homem, apesar de se comunicar de maneira pessoal com o homem, falando com o ser humano através da língua, das percepções, das razões e emoções humanas. Quando Deus enviou o dilúvio foi porque mudou de ideia? Se ele é Deus, ele já não sabia que os descendentes de Adão corromperiam a Terra e que haveria necessidade de uma “limpeza”, deixando só alguns selecionados para um recomeço? Ou mais, Deus não sabia que Eva cairia na tentação da serpente possuída por Lúcifer e que os dias do casal original seriam limitados no Éden? 
      Para o homem pode parecer ter sido um retrocesso de Deus, mas isso “já estava escrito”, Deus sabia que precisaria agir assim. Por que não avisou o homem antes? Por misericórdia, esperando sempre do homem uma mudança de atitude. Eis aí uma prova do amor singular do Senhr para com o homem, mesmo que ele saiba que amanhã pecaremos e que talvez ele tenha que tomar uma atitude dura de disciplina para conosco, se o buscarmos hoje prometendo fidelidade ele nos ouvirá e nos abençoará. Mesmo conhecendo o futuro, somos julgados só pelo presente, se buscarmos o Senhor no presente.
      Peço desculpa ao leitor pela “filosofada”, e a verdade seja dita, filosofar sobre Deus é criar paradoxos, em Deus se crê, mesmo sem saber, se soubéssemos não precisaríamos crer e Deus não seria Deus, só mais um deus, conhecível. Deus é inconhecível em sua totalidade, plenitude e profundidade! Conhecemos em parte, cremos no demais e isso basta para que achemos nosso lugar no universo, um sentido na existência, a paz que transcende os prazeres materiais. O Deus imutável já tem preparado para os que o buscam, toda sorte de bençãos, porque ele sabe que aqueles que estão selados com o Espírito Santo o buscaram sempre a tempo de receberem aquilo que ele tem pra dar.
      Os que acompanham o blog sabem que estou muito mais propenso a acreditar em andar sincronizado com Deus, que a buscar milagres extraordinários, o Deus imutável não faz nada extraordinário, ele já fez tudo no início dos tempos. Assim, quem anda em comunhão com o Senhor prova naturalmente e constantemente aquilo que os novos na fé ou teimosos no conhecimento superficial de Deus chamam de milagres. Deus não faz milagres, Deus é o milagre, então, quem anda, não atrás dele e não só com ele, mas nele, não precisa de milagres, mas só de Deus. Deus não pode ser mais santo, mais justo, mais amoroso, mais misericordioso ou mais poderoso, nem menos, ele já é tudo isso, sem início e sem fim, para sempre.

      “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.Tiago 1.17 Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu.Hebreus 10.23 A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre.” Salmos 119.160 “Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?Números 23.19

06/02/19

Olhe pra frente

      “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.Coríntios 2.9-12

      As reflexões que faço aqui, tento fazer, na maioria das vezes, sobre mim e para mim, procuro me olhar bem no espelho e colocar isso na presença de Deus. Se o que aprendo ajudar alguém, fico feliz, senão, tenha certeza, Deus já me ajudou. O “Como o ar que respiro” é blog, ninguém está preso a ele como um perfil de amigos virtuais de redes sociais, quem o visita o faz de espontânea vontade, se não gosta, não volta, se gosta torna a visitá-lo. Pelo número de acessos, pelas estatística que o blogspot me fornece, o espaço, pela graça de Deus, tem sido bastante visitado nestes quase nove anos de vida, e é assim que tem que ser  se é o Espírito Santo quem me leva a compartilhar sempre com um alimento fresco de reflexões sobre o viver com Deus. 
      Eu confesso que tenho muitos defeitos, dificuldades emocionais que emperram outras áreas de minha vida, uma questão é a ansiedade, que sempre faz adoecer meu corpo e minha mente. Ansioso tenho reveses para olhar para frente, o futuro parece nunca chegar, assim sempre parece mais fácil olhar o passado, mas quem olha para o passado, não vê o lado bom, vê o pior. Ou melhor, o que prejudica quem se prende ao passado é superavaliar os erros, os pecados, se sentir impotente para administrar o presente e planejar um bom futuro. Quem tem essa dificuldade que eu tenho fica amarrado aos tropeços de ontem, e mesmo que eles não sejam tão grandes assim, ou mesmo que muitas vezes nem existam, está sempre olhando para trás. Como foi dito, essa disposição causa doenças, principalmente emocionais, como vencê-la?
      Fé é algo tão “vendido” no cristianismo, mas ao mesmo tempo tão mal compreendido, sim, fé é de suma importância nessa questão. Não uma fé convicção emocional forte, humana, mas a fé dom de Deus que descansa em Deus, não na própria fé ou em capacidades humanas. De posse das promessas do Senhor, escritas na Bíblia e relembradas a nós pelo Espírito Santo, podemos descansar. É de suma importância entender que palavras humanas ou mesmo bíblicas, mas mal usadas ou usadas equivocadamente, não dão paz, assim não permitem que descansemos nelas e sejamos livres do passando para seguirmos em frente. Só a palavra de Deus aplicada em nossas vidas pelo Espírito Santo dá paz, libertação e cura, mesmo os conhecimentos espirituais mais profundos e verdadeiros não dão. 
      O evangelho é antes de tudo solução para a pessoa para a prática da realidade social, não só revelador dos arcanos universais, se não tivermos vitória prática no nosso dia a dia, em nossa relação com nós mesmos e com as pessoas, não é o evangelho real que estamos vivenciando. O evangelho é sempre coerente, equilibrado e eficiente, ele é único, acima de toda religião e filosofia. Contudo, não adianta tentar descansar numa promessa que diz que o Senhor é conosco e seremos vitoriosos, se esquecermos outra promessa bíblica que diz que se confessarmos nossos pecados Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados. Doentes precisam de cura atestada para serem liberados de tratamentos e pós-operatórios para então seguirem suas vidas fora do hospital, mas a verdade é que o evangelho é um processo de cura constante, que ainda assim nos permite seguir em frente e sermos vitoriosos. 
      É a fé na palavra de Deus devidamente praticada que nos livra do passado, mas para praticá-la é preciso humildade, reconhecimento de impotência pessoal e total poder do Altíssimo, aliás livrar-se do peso do passado que nos segura no fundo do poço é abrigar-se nos braços de Deus num refúgio alto, acima de todo pecado e acusação. Assim, creiamos, mas andando no mundo, nas ruas, estando na meio do povo, no trabalho, no estudo, na igreja, nos coloquemos espiritual e emocionalmente nas mãos de Deus, num alto refúgio. Para isso é preciso não nos ocuparmos com as baixas regiões espirituais que focam no adultério, nos vícios, nas mágoas, nas invejas, nas críticas destrutivas de quem não quer nos deixar seguir livres. É preciso ser humilde para confiar no Altíssimo e não se deixar enredar pelas baixarias do mundo, do homem e do diabo. 
      De posse das promessas de Deus, pela fé, numa atitude humilde de descanso no mais alto dos refúgios, a vontade de Deus, estando no lugar certo, na hora certa e fazendo a coisa certo, o passado ruim ficará pequeno e fraco, a esperança será realidade, o presente será feliz e o futuro, uma aventura maravilhosa com Jesus. Confie, Deus tem muito mais pra você, um futuro bem melhor que o teu passado, tão melhor que o primeiro passado poderá ser esquecido, e no futuro, o teu passado, será da vitória e da paz  que você já começa a provar hoje. Por mais que o pecado tenha se repetido ele não é mais poderoso que o poder do perdão que há no nome de Jesus, e se Deus nos perdoa quem somos nós para não nos perdoarmos? Sejamos humildes e olhemos para frente.