14/02/19

Melhor é dar que receber

      “Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados. De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário. Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.Atos 20.32-35            

      Não é só uma atitude aleatória, feita quando se pode, quando é conveniente, não é uma exceção, mas deve ser, no verdadeiro cristão, um princípio de vida, uma regra, uma virtude que nasce no espírito e inunda o coração. Me refiro a querer sempre oferecer, antes de exigir, de dar, antes de pedir, de entregar, antes de receber, isso é disposição de gente madura espiritualmente, que entendeu de fato o espírito do evangelho. Isso deveria ser ao menos o final da vida de um novo nascido em Cristo, crente que passou dez, vinte, trinta anos no evangelho e não entendeu isso, talvez nunca tenha entendido de fato a conversão.
      Paulo abre seu coração neste texto e mostra a prática de seu cristianismo pessoal, suas prioridades, elas nunca foram possuir bens materiais. Ele não cobiçou prata, ouro, vestes, de ninguém, e possuía consciência e paz que tinha exatamente o que precisava. Paulo era satisfeito com sua vida, e por isso tinha tempo e energia para ajudar os outros, os fracos, enfermos, pobres e principalmente os que ainda não conheciam o evangelho. Paulo entendeu muito bem as palavras de Jesus, “mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”. 

13/02/19

Amadurecer é conviver com a morte e viver

      “Confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.” Atos 14:22

      Crescer é passar por tribulações constantes e não vender a paz. Amadurecer é lidar com a dor de viver sem perder a fé. O reino de Deus não é conquistado sem sofrimento, a vida é inventar momentos de alegrias durante uma longa jornada de mortes. Quem ama a vida, a perde, mas quem morre, para si mesmo, para o egoísmo, para o materialismo, mas também para necessidades de vingança, de cobrança de direitos, esse acha a vida. 
      As crianças ainda retêm no olhar, no coração, na alma uma vida simples e feliz, estão mais próximas da eternidade que realizou seus espíritos no mundo. Mas à medida que envelhecemos, nos distanciamos da vida e nos aproximamos da morte, ela é a única certeza. O mistério do evangelho é o único conforto que vence a morte, mas essa vitória é conquistada, na grande maioria das vezes, dentro de nós, não na existência córporea exterior. 
      Nosso espírito no Espírito de Deus vive, mesmo que nossa alma desfaleça, aceitar isso, sem ilusões ou falsas esperanças, é enchergar além da morte e conhecer o Altíssimo. Quem, todavia, quer fugir da dor, tentando viver insana é obstinadamente, acaba sendo presa daquilo que mais nega e ao invés de achar vida em Deus, torna-se cativo dos senhores da morte. A ciência, as riquezas, o homem, não podem dar vida, a paz que eles dão é engodo.
      Tenhamos calma, que o tempo nos traga crescimento naquilo que importa, nas virtudes eternas que nos acompanharão na eternidade, que a fé cresça em nós, que a paz permaneça. Que descubramos uma vida além das vaidades, da vista, das posições sociais, que nossas alianças sejam firmes, que nossos casamentos sejam santos, que nossos cônjuges sejam nossos amantes e amigos e que nossos filhos tenham de nós paciência e amor, só assim a morte e a dor de cada dia não serão tão importantes.

12/02/19

Jejum: se Deus orientar, faça

      “Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca entoará o teu louvor. Pois não desejas sacrifícios, senão eu os daria; tu não te deleitas em holocaustos. Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus. Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém. Então te agradarás dos sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então se oferecerão novilhos sobre o teu altar.Salmos 51.15-19

      Confesso, não sou muito a favor de jejum, pelo menos não a favor desses que muitos crentes atuais fazem. A razão é simples, a grande maioria de evangélicos não entende exatamente o que é jejum que agrada a Deus, dentro da heresia da teologia da prosperidade que direta ou indiretamente atinge tantas igrejas atuais, muitos usam o sacrifício de abstinência de comida e bebida assim como assiduidade a cultos e vigílias como moedas de troca com Deus por favores. O jejum não é para convencer a Deus, para fazer que ele veja a nossa insistência e nos responda, para exigir a ele nosso gabarito espiritual, Deus não precisa ser convencido de nada e muito menos precisa de créditos humanos para poder entregar suas aprovações e bens.
      O jejum assim como qualquer tipo de consagração é para nos convencer, são oportunidades que damos ao Espírito Santo para provar nossas intenções, para nos mostrar sua vontade melhor para então, finalmente, entendermos o que Deus quer nos dar e solicitarmos isso ao Senhor. Sim, Deus se agrada do jejum sincero de seus filhos, mas se quer saber, Deus não precisa dele, nós sim. Jesus vivia em oração e jejum? Paulo andava em consagração constante em vigílias e abstinências? Com certeza, mas isso não era um momento de exceção deles, era seus estilos de vida, coerentes com as chamadas especiais que tinham.
      Todos nós somos chamados para vidas limpas e vitoriosas? Sim. Todos nós podemos ser Paulos? Até podemos querer, e muitos insistentemente se forçam a ser, mesmo se autodenominam apóstolos, e alguns com sinceridade e consagração de vidas, mas poucos fazem isso por ordem de Deus. O José da Silva não é chamado para ser Paulo, o apóstolo, mas para ser o José da Silva, único, exclusivo, para o qual Deus tem um plano pessoal e insubstituível, ser o José da Silva de Deus. Nas minhas fraquezas tive a oportunidade de ser chamado pelo Senhor para fazer jejuns, não foram muitos, mas foram decisivos, cresci e tomei posse de curas e posicionamentos que levo até hoje comigo, neles obtive mudança de vida.
      Não, não use fé, jejum, assiduidade em cultos, fidelidade religiosa ou qualquer compromisso exterior para convencer o Senhor de algo, o pai nos dá de graça, por amor, e através do cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo. Em Cristo temos acesso e direito a toda espécie de benção, seja no céu ou na terra, e pra isso basta que você seja um homem ou uma mulher simples, que confia no Senhor e que é desprendida de vaidades, sejam materiais ou pseudoespirituais (eu disse “pseudo” porque espiritualidade verdadeira nunca é fruto de vaidades, não pode ser usada para que prevaleçamos sobres os outros, não nos faz melhor que ninguém e com direito de dominarmos sobre as pessoas, só uma falsa espiritualidade acha isso). 
     Contudo, ore a Deus, será que o Senhor não está direcionando você para fazer um jejum? Coisas especiais ocorrem como efeito de causa especiais, não vulgarize consagração, nem esfrie seu espírito a ponto de não entender mais a relevância ou de perder a sensibilidade de que a vida com Deus é mais que dormir, comer, beber, trabalhar, estudar, participar de cultos e se relacionar com as pessoas. Se Deus estiver te conduzindo para um momento diferenciado, talvez ele possa pedir de você uma consagração diferenciada, e se o direcionamento for dele, ele te dará forças mesmo para jejuar. Esse jejum marcará tua vida e abrirá uma porta que de outra maneira não se abriria. 
      Se o Senhor estiver orientando, jejue, senão, creia e fique em paz, mas não tente fazer negócios com Deus, muitos fazendo jejum sem ordem do Senhor acabaram mais fracos e não mais fortes. Por quê? Porque Deus deu um não para um pedido deles, mas eles insistiram em jejuar, achando que podiam fazer Deus mudar de ideia. Deus não muda de ideia, mas o rebelde e desobediente pode acabar se desviando para a heresia ou duvidando de Deus, porque não teve humildade para obedecer e aceitar a vontade do Senhor. Muitas vezes não fazer nada e crer é mais difícil que se sacrificar, e poderá mudar nosso caráter para melhor com muito mais eficiência, porque nos fará aceitar com mansidão nossas impotências e a potência de Deus mesmo quando diz não.

11/02/19

A morte - Oremos pelo Brasil

      “Guarda-me, ó Deus, porque em ti confio.Salmos 16.1

      A morte teve uma presença muito forte nos últimos dias em nosso país. Primeiro foi a tragédia causada pelo descaso de quem deveria fiscalizar o funcionamento adequado e de quem deveria dar manutenção periódica à estrutura, a queda da barragem da Vale em Brumadinho/MG no dia vinte e oito de janeiro, mais de trezentas pessoas morreram. Depois, após um temporal na cidade de Rio de Janeiro/RJ, que já foi terrível e que matou alguns, ocorreu no dia oito de fevereiro um incêndio no alojamento dos jogadores da base do time de futebol do Clube de Regatas do Flamengo, essa tragédia, que também pode ter sido ocasionada por descaso de alguns, matou dez adolescentes que tinham o sonho de se tornarem atletas reconhecidos e importantes. 
      Contudo, ainda sentindo a dor desses fatos, ainda enterrando jogadores do Flamengo e ainda tentando achar mortos desaparecidos em Brumadinho, cai na via Anhanguera, hoje, dia onze de fevereiro, na região da grande São Paulo, um helicóptero com o jornalista Ricardo Boechat, ele e o piloto faleceram. O que me tocou profundamente nesta última tragédia, foi a morte de um profissional atuante e competente, que eu e minha família assistíamos no Jornal da Band de segunda à sexta-feira. Morreu uma voz da boa crítica, independente, inteligente, irônico, corajoso, que com certeza fará falta em nosso país, um jornalista com furor, amor e humor. Sim, a morte alcança todos, implacável e muitas vezes imprevisível.
      Não sei quanto a você, mas diante de tudo isso eu me sinto absolutamente frágil, desprotegido, inseguro, por mais que eu creia e escreva constantemente que colhemos o que plantamos, que nada ocorre sem causa justa, que Deus é Senhor e sabe o que faz, essas tragédias imprimem em minha alma um sentimento intenso, descontrolado e contrário à qualquer convicção. Não, sentir-se assim não é pecado ou negar a Deus, somos humanos e temos direito à humanidade, em toda a sua extensão e profundidade e nada revela mais a nossa humanidade que a morte, que atinge a todos, pobres e ricos, ignorantes e cultos, de todas as raças, religiões e ideologias.
      Vida, morte, luto e vida, o luto é importante, não tente anulá-lo, não tente passar da morte diretamente para a vida sem sentir em toda a sua intensidade o luto. Quando fazemos assim, dando liberdade a um sentimento tão forte, o luto é experimentado até que se esvai, mas tentar aprisiona-lo só faz explodir o coração que depois terá mais dificuldades para seguir vivo. Contudo, eu pergunto, até quando durará nosso luto, até quando o Brasil chorará a morte, principalmente as causadas por uma impunidade reincidente? Oremos pelo nosso país, que toda essa dor seja da disciplina paternal, e não crueldade enganosa do mal, que só vem para roubar, matar e destruir.

      “O ladrão não vem senão a roubar, a matar, e a destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas. Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas. Ora, o mercenário foge, porque é mercenário, e não tem cuidado das ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido.João 10.10-14

José Osório de Souza, 11 de fevereiro de 2019 - Reflexão necessária

10/02/19

Religião, cristianismo e verdade

      “Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e que opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei, ou pela pregação da fé? Assim como Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.Gálatas 3.5-7

      Ah, quem somos nós para julgar a religiosidade de cada pessoa? Quem somos nós, cristãos, para dizer que alguém tem ou não comunhão com Deus? Quem somos nós para saber o que de fato Deus pensa da religião de cada um, quem somos nós para entender o amor acessível e misericordioso do Senhor para se relacionar com o ser humano, independentemente da fé que cada um possui? Muitos cristãos evangélicos podem dizer, “eu creio em Jesus que disse que é o caminho, a verdade e a vida, se não for assim, não se tem acesso à salvação e à pessoa de Deus”. Mas até que ponto a interpretação e a prática desse texto não são baseadas só numa tradição de homens? Até que ponto o uso “fechado” desse texto expressa realmente a vontade de Deus? 
      Está reflexão não objetiva por a Bíblia em dúvida, mas confrontar doutrinas tradicionalmente protestantes com a verdade de fato. Muitos protestantes que arrogam ter posse do evangelho mais verdadeiro, não se atentam ao fato que durante mais de mil e duzentos anos, entre a criação oficial da igreja católica no século IV e o protestantismo no século XVI, a representante oficial e praticamente exclusiva do evangelho no planeta era o catolicismo, que eles tanto criticam. Onde estava essa verdade do cristianismo primitivo renascido no protestantismo que evangélicos acham ser a única verdade que salva? Deus deixou a humanidade sem salvação durante mil e duzentos anos? Todos os católicos que morreram nesse tempo foram para o inferno? Deus os condenou como idólatras e pagãos?
      Outro detalhe histórico é que muitas regiões do mundo ainda não haviam sido inteiramente alcançadas pela civilização europeia nos primeiros séculos, como extremo oriente, África, e outras regiões, como as Américas, nem tinham sido descobertas. Dessa forma, durante centenas de anos, mais de mil, talvez, pessoas nasceram, viveram e morreram sem terem tido contato com o cristianismo, mesmo o católico. Aliás, quem fez um trabalho eficiente de evangelismo em todos os continentes foram justamente os protestantes, a partir dos séculos XVI, e bastante no século XIX. Como Deus tratou essas vidas com relação à salvação eterna? Sim, Jesus realizou sua obra de redenção por eles também, mas muitos podem ter sido salvos sem uma decisão consciente e de acordo com a doutrina de tantos cristãos evangélicos atuais. 
      Meus queridos e queridas, não foram dez anos, cinquenta, nem cem, foram mais de 1.200 só com o catolicismo, isso é história! Não, não nego que esse cristianismo protestante é mais próximo do cristianismo primitivo do século I que o catolicismo, contudo, nego a necessidade de Deus precisar ter uma religião “perfeita” como ferramenta para salvação da humanidade, isso não é a realidade, de forma alguma, quem abrir os olhos para a história entende isso. Se aquilo que acreditam evangélicos e protestantes fosse verdade, além de condenar bilhões, cobraria deles viver um cristianismo de muito mais qualidade que católicos, ortodoxos ou outras religiões e seitas cristãs, mas não é isso o que acontece, nem nunca aconteceu, não mesmo.
      O cristianismo está errado? O evangelho está errado? A igreja católica está errada? Não necessariamente, está errado aquilo que muitos fanáticos arrogantes achar ser o que Deus pensa, ou como Deus trabalha. Se houver doutrina pura e próxima àquilo que Jesus pregou, Deus salva, mas se não houver, Deus salva também, como sempre fez, antes de Cristo e durante os séculos católicos da idade média, durante a venda de indulgências, inquisição, a perseguição injusta e cruel aos que pensavam diferentemente, enquanto impediam o leigo de conhecer a Bíblia com missas rezadas em latim. Da mesma forma no tempo atual, em meio a tanta heresia e ganância das igrejas evangélicas protestantes, que geram lucros materiais, não qualidade de vida.
      Deus nunca precisou e nunca vai precisar de dogmas, doutrinas ou representantes humanos para salvar o homem, Deus só precisa da sinceridade do coração de um homem que deseja ser um homem de bem. Do que adianta trocar catolicismo por protestantismo, protestantismo por “evangelicismo”, “evangelicismo” por pentecostalismo, pentecostalismo por neo-pentecostalismo, se continuamos a ser fanáticos, arrogantes, crendo num Deus conforme nossas conveniências, assim, criando “deuses”, sendo idólatras ideológicos que é tão idolatria quanto os que idolatram imagens e esculturas? 
      Tudo isso Deus contempla e olha o coração do que o busca, Deus vê o católico fervoroso e praticante tanto quanto o batista estudioso da Bíblia como o assembleiano que buscou com tanta devoção o dom de línguas estranhas para ser um crente melhor, não nos enganemos sobre isso. Mas na verdade, nada disso importa, não tanto como achamos, é tempo de termos coragem para admitir isso, ou então, vivamos de fato o que acreditamos, a nossa verdade, e demos exemplo por ações não por discurso que tenta convencer os outros com palavras, que o nosso cristianismo é melhor. 
      O sábio não julga, ninguém, nunca, em nenhuma instância, mas vive o caminho que achou com humildade, sem absolutamente nenhuma intolerância ou preconceito para com o que os outros pensam e vivem sobre religião, cristianismo ou verdade. No final cada um será julgado, não pela luz do outro, mas pela sua, por aquela luz que achou, Deus conhece bem os filhos da luz, sabe quem é de fato homem e mulher de bem, humildes de espírito e que nunca se renderam à vaidade e ao engano, esses serão avaliados por aquilo que acreditam ser o caminho, a verdade e a vida. 
      Jesus é o único salvador de toda a humanidade, eis a verdade, mas nem todos que não têm consciência absolutamente evangélica disso serão condenados, muitos são filhos de Abraão e nem sabem, mas temem a Deus mais que muito frequentador assíduo de templo cristão e conhecedor de doutrina, repito, doutrina de homens, não de Deus. Pobre dos que acharam no verbo de Deus, Jesus Cristo, o caminho, a verdade e a vida, mas que não viveram de acordo com a fé que professaram e que ainda lançaram nos rostos alheios hipocrisias e julgamentos. Esses serão considerados por Deus com muito mais rigor, e poderão ainda passar muita vergonha neste mundo até que entendam como funciona o amor e a graça do Altíssimo, eu creio assim.

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.Mateus 16.27

09/02/19

Crer e saber - Sempre!

      “Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; Para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de DeusColossenses 1.9-10

      Por favor, entenda certo a reflexão a seguir, vou abrir meu coração e compartilhar um desejo muito particular meu, não penso, sendo assim, ser melhor que ninguém por isso, talvez seja justamente o contrário, como diz os ditados, “o conhecimento tem seu preço”, “felizes os ignorantes”. Ocorre que eu sou uma pessoa de um tempo ou de um tipo que tem muita curiosidade intelectual e espiritual, assim não aceito nada como dogma, quero me aprofundar num assunto, saber mais e conhecer principalmente a evolução histórica de um princípio. Vejo relevância em saber porque isto e aquilo é tido como verdade e tradição hoje em dia, principalmente dentro das religiões cristãs, isso não é duvidar de Deus nem de sua palavra, mas averiguar se algo que homens dizem ser de Deus realmente é de Deus ou de homens.
      Os cristãos, de posse da verdade sobre a salvação e comunhão com Deus que é Jesus, o verbo encarnado, se limitam muito no conhecimento, acabam aceitando muita informação equivocada, é claro que eles têm o conhecimento principal, que lhes dá paz e cura neste mundo e vida eterna com Deus no outro. Mas gente como eu pensa que a vida é mais que isso, é isso é muito bom. A pergunta é: sabemos o que cremos, ou cremos no que sabemos? É costume dizer, a ciência trata do conhecimento, a religião, da fé, não é preciso saber para crer, nem crer, após saber. Sim, Deus é inconhecível em sua totalidade e eternidade, o conhecemos através de suas manifestações, físicas, emocionais e espirituais, em nós, seres humanos, e na natureza, principalmente através de Jesus. Mas isso se refere à pessoa de Deus, não às tradições religiosas.
      O fato é que quando somos curiosos e não aceitamos muita coisa que se diz nos púlpitos como verdades indiscutíveis, não perdemos a fé, talvez nos homens, mas não em Deus, em Deus nossa confiança aumenta, à medida que nos aprofundamos em saber sobre a história, sobre a Bíblia, sobre espiritualidade, sobre tudo. Muitos cristãos não entendem o quão especial e competente é o homem, querendo evitar de valorizar o ser humano mais que Deus, acabam deixando as faculdades humanas ociosas, assim o humanismo acaba sendo ferramenta mais eficiente nas mãos dos ateus, dos materialistas e do inimigo, num desequilíbrio oposto que se esquece de Deus e entroniza o homem. Equilíbrio, que só achamos de fato em Deus, não na religião ou na negação dela, se o cristão tem dificuldade em vivê-lo, quanto mais o homem sem Cristo.
      Se o coração é bom, nenhum conhecimento o faz se perder, se há intimidade com Deus, não há preconceitos nem temores, contudo, o conhecimento traz responsabilidade e do que mais sabe, mais lhe é cobrado. Melhor saber pouco e praticar tudo, que saber muito e se embriagar com teorias, se achando superior só pelo simples fato de saber. Assim, o mais sábio, para o que quer saber mais, é guardar o conhecimento para si, não exibi-lo nos palcos, antes deixando que os outros vejam somente uma prática de vida simples, santa e equilibrada. Para que serve o conhecimento se não for para regar com a água limpa da sabedoria a árvore das virtudes? Ninguém precisa saber das raízes, por isso elas ficam ocultas sob a terra, mas os frutos doces podem ser colhidos por todos os ávidos pelo verdadeiro alimento espiritual. 
      O sábio acumula para dar aos outros, não para dominar sobre eles, o sábio é irmão mais experiente, não pai prepotente, o sábio sabe que nada sabe, é discreto e permite ao tempo mostrar sua competências e honrar-lhe. Mas o que de tão importante se tem mais a saber? A maioria das pessoas não se preocupa com isso, e em se tratando de religião, o princípio de que quem crê não precisa saber, mais as prioridades do dia a dia de trabalhar, se alimentar, “namorar” e dormir, fazem que sua existência seja simplista (não necessariamente simples, sob nenhum aspecto). Isso não prejudica essa maioria das pessoas, não a princípio, mas gera, alimenta e empodera líderes inescrupulosos, que têm na ignorância uma massa social fácil de dominar, manipular e tirar lucros. 
      Você sabe de fato no que crê, conhece sua religião, as doutrinas e ritos dela? Você crê de verdade no que sabe, aquilo que pensa ser sua religião, você aceita na íntegra de maneira a por isso em prática? Não seja ignorante, nem hipócrita, mas medite e pratique o que Paulo ensinou nos versículos da carta aos Colossenses, sejamos cheios do conhecimento da vontade de Deus, em toda a sabedoria e inteligência espiritual, para que possamos andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus. Conhecimento não é supérfluo, nem característica de arrogantes, mas é fruto de quem acredita no Deus verdadeiro, que tem em seu coração o Espírito Santo e que foi restaurado pelo verbo de Deus, Jesus Cristo. 

08/02/19

Liberdade ou só uma nova prisão?

      “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão.Gálatas 5.1

      Queremos ser livres, de verdade, ou apenas ter uma prisão diferente? Queremos descobrir nossa identidade pessoal ou apenas nos esconder no meio de grupos, tribos e outros coletivos? O ser humano tem uma característica que pode tanto ser qualidade quanto defeito, a adaptabilidade. Ela é eficiente quando precisamos nos adaptar a situações imprevisíveis e das quais não podemos nos livrar, não num curto espaço de tempo, assim adaptar-se e seguir em frente pode ser a única saída. 
      Contudo, o outro lado da adaptabilidade é o comodismo, querer permanecer numa posição porque é uma zona de conforto que não nos oferece perigo, mesmo que não seja o melhor lugar é um lugar que não nos surpreende mais, que conhecemos, que aprendemos com o tempo a chamar de lar. Assim, com receio de mudanças e desobedecendo as inclinações do Espírito Santo que é vivo e sempre nos leva a crescer, a aprender, a conhecer novas coisas que nos ensinam mais sobre nós mesmos e sobre o Senhor, acabamos não escolhendo a liberdade, mas apenas trocando de carcereiros, numa prisão nova, mas ainda uma prisão. 
      Uma nova prisão assim como um novo carcereiro podem assumir as formas mais sedutoras possíveis, o inimigo de nossas almas é astuto para criá-los e colocá-los em nossos caminhos, se não estivermos despertos e prontos para obedecer a Deus, podemos passar a vida de prisão em prisão, obedecendo este ou aquele carcereiro, mas nunca provando a real liberdade que Jesus tem para cada um de nós. A liberdade tem seus preços, primeiro vencer o medo do desconhecido, depois crer que Deus tem algo melhor para nós, por último não nos importarmos com o que os homens pensam ou dizem de nós. 
     Liberdade é algo muito pessoal, a de uma pessoa não é necessariamente a de outra pessoa, ser livre para alguém pode ser uma prisão para outro alguém, a liberdade de muitos pode nos parecer uma prisão, enquanto que a nossa liberdade pode ser um cárcere para outros. A liberdade mais profunda e genuína é específica e instransferível, é provada numa experiência individual com Deus, mesmo solitária, e abre mão de todo o abrigo cômodo que a coletividade oferece. A pergunta talvez não seja, “eu quero ser livre?”, mas “estou pronto para ser livre?”, muitos até querem, mas não estão de fato prontos.