04/05/19

Objetivo diabólico maior

      “Então vos hão de entregar para serdes atormentados, e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome. Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se odiarão. E surgirão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.Mateus 24.9-13

      Não nos enganemos, o principal objetivo do diabo não é ser mal, pior que Deus, mas melhor que Ele, mais sábio, mais liberal, mais tolerante, mais moderno, mais amoroso. Os mitos de várias religiões registram isso há milhares de anos, como por exemplo o mito grego de Prometeu, que já falamos aqui no blog. Seja em um Titã dando ao homem o fogo, ou em Lúcifer dando o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal à humanidade, o mistério que nos revelam essas metáforas é que o diabo pretende dar ao homem o que Deus não quer dar, a ciência, que permitiu o desenvolvimento do ser humano no planeta Terra. Bem, essa pela menos é a interpretação que o diabo faz desses eventos mitológicos, é a maneira como ele quer ser conhecido pelos que o buscam através da alta magia, do esoterismo mais elevado, é sua estratégia mais profunda.
       O ponto, contudo, nesta reflexão, é entender que no final dos tempos o diabo não se levantará contra Deus com perseguições violentas e explicitamente físicas, como fez nos primeiros séculos no império romano, no coliseu, nas chacinas terríveis de cristãos, não, não será assim. Se bem que o mesmo império que perseguiu, acabou abraçando e adaptando o cristianismo ao seu paganismo, no final, contudo, não será assim, aliás, essa estratégia já tem acontecido há algum tempo, iniciou-se no século XIX com o renascimento da magia e do ocultismo, o nascimento da pregação da “nova era”. Muitos cristãos, insensíveis a esse entendimento, têm interpretado o final dos tempos de forma equivocada, ensinados por pastores e pseudo teólogos que não buscam um entendimento no Espírito Santo, mas uma ótica conveniente às suas vaidades e desvios. Assim, enquanto se preparam para uma perseguição que não ocorrerá, estão totalmente despreparados para a realidade, que já bate nas posrtas das igrejas cristãs. 
      O diabo alegra-se com isso, isso facilita seu trabalho, na confusão criada pela mentira, a luz se apaga e as trevas ganham espaço. É tão verdade que a estratégia do diabo tem ficado mais sofisticada que aquilo que era escondido em ordens secretas e de conhecimento exclusivo de “iniciados”, hoje é compartilhado em livros acessíveis a qualquer um, e mais ainda, em PDFs gratuítos disponíveis para download na internet. Definitivamente o diabo não esconde mais sua religião maior, baseada no Hermetismo e nos esoterismos oriental, o Hinduísmo, e ocidental, a Cabala judaica, fundamentos de toda bruxaria. A igreja católica inquisidora não existe mais para queimar magos, cabalistas e ocultistas, e a igreja protestante não tem força política para fazer isso, mesmo que seja uma enorme estupidez. Perseguições violentas e extremas só fazem criar mártires, isso aconteceu com o cristianismo e também com membros de ordens secretas, vide “cavaleiros templários”, o diabo não usará está arma novamente.
      Contudo, enquanto os adoradores de arcanjos têm aprimorado seus conhecimentos, aprofundado suas experiências, muitos cristãos têm se tornado mais infantis, superficiais e até pagãos, à medida que adoram a forma, e não a força, a aparência, e não o interior, a matéria, e não o espírito, seja nos santos dos católicos ou nas ideologias materialistas e humanistas dos protestantes evangélicos. Ainda assim, crianças espirituais se acham ungidas e prontas para a volta de Jesus, só porque falam mais em línguas estranhas ou porque conhecem mais a fundo a Bíblia. A perseguição que se iniciará no arrebatamento, o primeiro evento do final, pegará a muitos de surpresa, muitos que esperavam um coisa e veio outra, uma perseguição que já estabeleceu suas bases nos poderes desse mundo e muitos ainda não entenderam. Tantos cristãos preocupados em não terem a “marca da besta” em seus corpos, quando já foram marcados ideologicamente em suas mentes, mesmo que se achem crentes corretos. 

      Quem de fato terá direito ao arrebatamento, a primeira leva, digamos assim, dos escolhidos por Deus para ser livrada do final terrível do planeta? Os verdadeiramente inocentes? Sim, com certeza, crianças, doentes mentais e muitos que mesmo doutrinariamente equivocados o são na ignorância, dentro de seus limites de entendimento espiritual, emocional e intelectual, e que ainda assim vivem com temor a Deus, e existem muitos nessa condição, talvez a maioria, os pequeninos de Deus, guardados pelo altíssimo com muito amor. Cuidem-se os que sabem mais, principalmente pregadores, desses será cobrado mais, coerência entre o que falam e o que vivem, mas mais ainda entre o que pregam para os outros viverem. Contudo, os verdadeiros profetas de Deus, não esses estereótipos do antigo testamento, que na maior parte das vezes são mais pessoas com transtornos psiquiátricos que profetas, eles existem nos tempos atuais, perseguidos por igrejas protestantes evangélicas oficiais, seguem solitários exortando os cristãos sobre a verdade. 
      O segredo por trás de o que será o fim, como será a perseguição e quem será perseguido, está em entender o texto “sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome”, o que é de fato não negar o nome de Jesus, o que é o nome de Jesus, para mim e para você, de verdade? Para muitos defender o nome de Jesus é ser assíduo em templos, para outros é ter cargos em igrejas, para uma grande parte é interpretar a Bíblia ao pé da letra e crer no que muitos pastores dizem ser a vontade de Deus. Para muitos é lutar contra o pecado, é não consumir bebidas alcoólicas, é condenar divórcio e homossexualidade, para outros é se vestir de maneira diferenciada, não compartilhar arte secular, é ter uma identidade cultural diferente da do “mundo”. Muitos dos que pensam e agem assim são os inocentes citados acima, são respeitados por Deus e colherão bons frutos de sua sinceridade realmente pura, não nos enganemos, Deus conhece o que eatá na profundidade do coração humano.
      Muitos até têm posições que achamos extremas, mas eles as têm para si mesmos, dentro de templos, e não incomodam quem pensa diferentemente, nessa humildade há sabedoria. A questão é não julgarmos, existem outros que têm a cabeça mais aberta, enxergam a espiritualidade de uma maneira mais ampla, veem pontos em comum do cristianismo com outras religiões. Mas também têm o coração mais aberto, entendem que Deus pode achar “filhos de Abraão” mesmo em quem não vive no centro da doutrina comum e principal das religiões cristãs. Muitos sabem que Deus salvará e até arrebatará pessoas que aparentemente estão totalmente fora do arquétipo de evangélico ou protestante atuais. Que ninguém, contudo, ninguém se considere melhor que ninguém, mais espiritual, no direito de gritar isso ou aquilo, antes, o que pensa conhecer a Deus que mostre na prática de vida obras realmente dignas de seres humanos arrependidos e perdoados por Jesus. 
      Tenhamos cuidado, nos tempos atuais o indivíduo tem prioridade, as pessoas não são consideradas só por fazerem partes de coletivos, de bandos, tendo poucas e definidas escolhas de vida para fazer e nas quais serem felizes, a diversidade é a nova lei, lei que o “diabo”, ou o que pensamos ser ele, sabe usar a seu favor. Assim, mesmo entre os salvos, o que é ser odiado pelo nome de Jesus para um pode ser diferente do que é para outro, para alguns algo fácil de suportar pode ser muito duro para outros. Eu sei o que o nome de Jesus é para mim, andando com ele por mais de quarenta anos, posso dizer que o sigo, naquilo que é principal, não por fé, mas por conhecimento, já experimentei a ação do Senhor de forma clara e incontestável vezes demais para depender só de uma fé básica. Mas sim, para continuar caminhando com Jesus, crescendo, enfrentando novos desafios, sigo por fé, uma fé que sei que não será desconsiderada por Deus, nisso aprendi a conhecer a estratégia do diabo além do óbvio e a me preparar para o final. 

03/05/19

Crer, fazer e adorar

       “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” 
João 3.16
      “Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.
Tiago 2.26
      “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração
Efésios 5.19

     A religião verdadeira de Deus permite ao homem agir em três harmoniosas instâncias: fé, obras e adoração. Entra-se na comunhão com Deus pela fé no nome de Jesus como único intercessor entre Deus e os homens. Crer não é um pulo no escuro que nos faz cair num abismo, sim, a princípio pode até ser um pulo no escuro, mas não para nada, alcançamos um lugar espiritual de luz através da verdadeira fé. O que busca de todo o coração e com todo o pensamento acha pela fé a paz, a cura, uma vida eterna. Agir de uma forma nova, melhor, depois de uma experiência assim, é consequência natural, essa é a diferença do evangelho em relação a qualquer outra religião, ele nos transforma de dentro para fora e opera doces frutos de justiça e misericórdia em nós. Quem diz que crê mas não mostra obras, mente, mas quem pratica, mesmo as melhores obras, mas não o faz em Deus e para Deus, pode ser um bom cidadão, mas ainda não nasceu de novo pela genuína fé em Jesus Cristo. 
      Contudo, o terceiro ponto desta reflexão é o que mostra se alguém de fato tem uma vida de fé e obras no Deus verdadeiro, o homem perdoado adora a Deus, ele é levado pelo Espírito Santo a isso, sente necessidade disso, e tem um prazer único adorando a Deus. Um dia alguém me disse, creio em Jesus e pratico boas obras, mas não o adoro, a pessoa que me disse isso considerava um rebaixamento adorar a Deus. Essa pessoa não era convertida, mas infelizmente muitos cristãos, e muitos convertidos, que se limitam a uma experiência mais intelectual com Deus, se privam da bênção poderosamente libertadora que existe na adoração a Deus, uma experiência que nos cura emocional e fisicamente, além de nos colocar numa ligação íntima e plena com o Altíssimo através de seu Santo Espírito. Quem quiser receber dons espirituais, precisa em primeiro lugar se liberar emocionalmente diante de Deus em uma adoração completa, aliás, a manifestação de dons espirituais é antes de tudo uma libertação emocional, já que os dons estão espiritualmente implícitos em nós a partir do momento que nos convertemos e recebemos o selo do Espírito Santo. 
      Por que alguns demoram anos para, nas palavras dos pentecostais, serem “batizados” nos Espírito Santo? Porque não se soltam, não se mostram, não se entregam emocionalmente na presença de Deus. Por isso penso ser sábio a igreja liberar manifestação de dons espirituais, via de regra, em reuniões mais íntimas, onde estão presentes os membros e os que estão buscando a “plenitude”, para usar um termo da igreja tradicional, do Espírito Santo. Agindo assim não se corre o risco de escandalizar os que ainda não buscam ou não entendem essa preciosa experiência, como visitantes não convertidos que precisam ser evangelizados, antes de qualquer coisa. Mas depois de crer e praticar, adorar a Deus é o que nos aproxima definitivamente do Senhor e nos mostra como será nossa vida na eternidade, perto de Deus, em espírito, adorando para sempre seu nome. A verdadeira adoração nos aproxima da santidade do Senhor e esse confronto nos leva a querer uma vida mais consagrada, assim ninguém ache isso uma opção de vida, é a vocação natural de quem é filho de Deus.
      Gostaria de abrir parênteses, por ser uma experiência que se manifesta emocionalmente, mais que intelectualmente, como pode ser a fé, muitas vezes uma convicção poderosa, mas silenciosa e íntima, ninguém precisa se sentir à vontade para adorar com total liberdade em todo lugar e diante de qualquer um. Dessa forma não julguemos ninguém como menos espiritual ou menos adorador por ser mais contido nos gestos corporais e nas palavras, quando adorando coletivamente, eu mesmo me sinto mais à vontade em casa, sozinho, que no templo. Pessoalmente penso que o momento de adoração nos templos devem ser momentos de liberdade, democracia e respeito, levanta as mãos quem quer, bate palmas quem quer, dança quem quer. Outra coisa é que liberdade demais em público pode gerar alguma desordem e dificuldade para entender às vezes a voz de Deus por meio de um profeta, então, como em tudo que envolve expressão emocional, sejamos sábios, temos tanto direito à unção como temos autocontrole para para usá-la com equilíbrio, fecho parênteses. 

02/05/19

O sim, o não e o nada

      “Como as águas profundas é o conselho no coração do homem; mas o homem de inteligência o trará para fora.Provérbios 20.5

      As pessoas podem ser ferramentas de Deus em nossos vidas em três diferentes situações: em uma são usadas para que recebamos algo, um sim, em outra são usadas para sermos privados de algo, um não, e numa terceira situação não são usadas para nada, sim, para nada, e entenda, nada também é alguma coisa, que pode nos ensinar algo, não sobre o que recebemos ou deixamos de receber, mas sobre nós mesmos assim como sobre as pessoas. 
      Se alguém de alguma maneira é usado para nós abrir uma porta, sobre essa pessoa é fácil pensarmos o melhor, gostarmos, assim como receber e fazer a vontade do Senhor. Se alguém é usado para fechar uma porta para nós e se temos certeza que mesmo que não seja o que esperávamos é o que o Senhor tem, com certeza é mais difícil simpatizar-nos com a pessoa, mas fazer o quê, se é a vontade de Deus cremos que ela foi ferramenta do Senhor. 
      Contudo, temos uma terceira situação, e com essa é preciso cuidado para discernir e interagir, talvez seja necessário um pouco mais de oração e de consagração. Para algumas pessoas a princípio até olhamos achando que Deus nos responderá através delas, mas o posicionamento delas é para ser desconsiderado por nós, o sim ou o não delas não devem nos incomodar de nenhum jeito, elas não representam nada como ferramenta do Senhor, seja para abrir, seja para fechar portas. O maior perigo, todavia, é perdermos tempo sofrendo desnecessariamente em um lugar e com gente que podem até falar e acontecer, mas que não nos dizem respeito.
      Não que Deus não possa nos mandar estar nesses lugares e com essas pessoas, mas esse tempo é justamente para isso, aprendermos a manter a tranquilidade, a confiança em Deus, diante de certas coisas, não nos incomodarmos, mas apenas aguardarmos, parados e em silêncio, até que o sim ou o não de Deus seja manifestado de maneira clara. Sim, o nada também pode nos ensinar, nos ensina a continuarmos nos sentindo úteis, honrados por Deus, mesmo diante do vazio, do nada, não nosso, nós temos o Santo Espírito de vida dentre de nós, mas dos outros. 

01/05/19

Seres apaixonáveis

      “Porque nunca haverá mais lembrança do sábio do que do tolo; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o tolo!” Eclesiastes 2.16

      O que move o ser humano? A paixão. Seja em que área for, física, intelectual ou espiritual. O prazer emocional que algo nos dá nos faz agir, mesmo que impulsivamente, mesmo desacatando a razão, mesmo sem aceitar que uma paixão só começa quando outra termina, outra que não durou muito, mas que tem que acabar para que outra se inicie. Paixão é essencialmente passageira tanto quanto o ser humano é viciado em criar novas paixões, para quê? Para manter-se vivo. A morte que todos os homens herdaram, após o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal ser provado, só pode ser ludibriada com paixão, paixão é uma gota de vida que pinga em nossos corações, de vez em quando, mas que nos faz acreditar que felicidade existe e que vale a pena continuar vivendo.
      Não pense os que se acham “espirituais”, seja lá o que isso signifique, que eles não são movidos por paixão, são sim, por quê? Porque o espírito, “ungido” ou não pelo Santo Espírito, não se manifesta no mundo material diretamente, ele precisa de um corpo físico, e esse só é movido pela energia de uma alma apaixonada. As revelações mais santas e profundas de Deus, a música mais tocante ou a pessoa mais interessante, despertam em nós um sentimento que reflete paixão em nossas almas. O que é unção? É paixão santa, digamos assim, e isso na melhor das circunstâncias, sob o ponto de vista espiritual. O olhar puro de um filho, a sabedoria sincera e benigna de um pai, a beleza estética da arte, o consolo de Deus, tudo isso nos desperta paixão.
      O que tem de errado com isso? Nada, se tivermos a clareza de entender a impotência humana de reter qualquer espécie de virtude, mesmo a mais alta e espiritual. Um casamento feliz e duradouro acontece quando se consegue manter paixão, quando ela pode ser renovada de tempos em tempos pela mesma pessoa, e creia, isso é possível, se nos casamos certo. Uma palavra tem poder num púlpito quando o pregador a diz com paixão, quem sente convence que vive, mesmo sem viver. Mas esse é o grande engodo da paixão, ela pode expressar teoria que nunca se transforma em prática, mesmo que o teórico, no ímpeto da paixão, acredite de todo o coração que vive o que diz ou que poderá um dia viver. Mas se o pregador se reapaixonar por Deus conseguirá praticar o que prega por mais tempo, o tempo da paixão.
      O melhor que se pode fazer, então, é se reapaixonar pelas mesmas coisas, aos que estão do lado de fora parecerá que somos fiéis a alianças e que não nos rendemos a vãs paixões, mesmo que só estejamos renovando paixão pelas mesmas coisas. Não nos iludamos, o que nos move não é nenhum poder sobrenatural espiritual, o homem é fraco demais, egoista demais, pecador demais, para ser canal direto de Deus, o máximo que ele consegue é ser espelho, e nem é um espelho perfeito, limpo, cristalino. O reflexo limitado do Espírito Santo na alma humana exagera algumas coisas, desvaloriza outras, mas, felizmente para todos nós, consegue compartilhar algo da pura essência da emanação do Altíssimo, suficiente para alimentar as almas humanas, sedentas de alguma paixão para seguirem vivendo. 

      “Porque toda a carne é como a erva, e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre.” I Pedro 1.24-25

30/04/19

Cumpra tua missão

      “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.Atos 20.24

      Eu acredito que em Deus todos temos uma missão, pessoal e intransferível, cada missão é importante para cada um de nós, nem todas serão missões conhecidas ou reconhecidas por muitas pessoas, algumas serão absolutamente privadas, mesmo secretas, mas todas são importantes. Têm relevância para Deus porque em suas mãos mesmo a missão aparentemente mais insignificante pode contribuir para desencadear algo grande, no tempo e no sistema do mundo, tem relevância para nós porque só cumprindo essa missão, a nossa missão, não a de outra pessoa, acharemos realização nesta existência. 
      No processo de cumprirmos cada um de nós a missão que nos foi entregue, somos tentados a comparar nossa missão com a dos outros, assim, entender a importância de nossa missão para Deus e para nós é um segredo de felicidade. Quem aceita isso com humildade tem uma vida mais fácil, ainda que comprometido em cumprir bem sua missão, que não aceita verá projeto pessoal atrás de projeto pessoal cair por terra, frustrado, por um motivo ou por outro. Missão não se compara, não se reclama, mas se entende, profundamente, e sem cumpre, até o fim, com todo o nosso possível de melhor.
      É preciso que entendamos certo o que é a missão de um cristão, usando o princípio e não uma interpretação ao pé da letra de textos que falam, por exemplo no usado no início desta reflexão, da vida diária de um missionário e teólogo em tempo integral do primeiro século, Paulo, e não de seres humanos comuns como eu você no século XXI. Nem todos somos chamados para pastores e missionários em tempo integral, e ao meu ver, correndo o risco de não ser entendido por muitos, penso que ninguém é, já compartilhei aqui no blog mais de uma vez minha visão sobre pastor ser totalmente depende de recursos financeiros de igrejas e ministérios. 
      Dessa forma, a missão de Deus para nós não é, necessariamente, pregar a palavra o dia todo, a maioria de nós paga sua sobrevivência com trabalho secular, assim usa a maior parte de seu tempo trabalhando, estudando. Qual é então nossa missão neste mundo enquanto usamos a maior parte de nossa existência para sustentar necessidades materiais? Nossa missão é, de um jeito ou de outro, testemunhar sobre Deus e sobre sua ação em nossas vidas. Não existe um jeito mais pratico e real de mostrar aos homens a vida que Deus tem para eles que vivendo uma vida comum com Deus, nesse aspecto os sacerdotes católicos perdem muito no testemunho, sendo privados de casamento e família.
      Já vi muito cristão talentoso e útil nos trabalhos dentro de templos perderem boas oportunidades profissionais seculares, que os fariam seres humanos melhores, que dariam melhores condições de vida a eles e às suas famílias, porque acharam que se seguissem tais oportunidades teriam menos tempo para servirem a Deus nas igrejas. Que engano, quem fica feliz com isso são os maus líderes que usam mão de obra não remunerada de muitos bons crentes para manter ministérios dos quais só eles, os líderes, terão retorno financeiro. Cumprir a missão é seguir a Jesus, não a igrejas e pastores, para isso precisamos ter coragem para obedecer a Deus.
      O ponto desta reflexão, todavia, é: cumpra tua missão e não ligue pro resto. Não fique incomodado se alguém, seja na empresa ou na igreja, parece receber mais oportunidade e honra que você, não tente ganhar holofotes no grito, não se apresse em fazer, em mostrar, mas busque a Deus, entenda o que tem que fazer e faça, para Deus e em Deus. Só na obediência há paz, e essa paz é a única coisa que nos amadurece, amadurecer em Deus é colocar os pés sobre uma rocha e sentir que nada mais nos incomoda, que não precisamos provar mais nada a ninguém e que temos uma confiança inabalável em Deus, que nos chama e nos guarda. 

29/04/19

Ouçamos a verdade de Deus

      “Escutarei o que Deus, o Senhor, falar; porque falará de paz ao seu povo, e aos santos, para que não voltem à loucura. Certamente que a salvação está perto daqueles que o temem, para que a glória habite na nossa terra. A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus.” Salmos 85.8-11


      O engano procura os que querem ser enganados, pra eles faz a cama, com eles se deita e deles vampiriza a vida ainda que se achem em núpcias. A verdade se esconde dos falsos, mas é vista com clareza pelos simples, ainda que seja difícil de ser materializada, compreentendida e mantida, mesmo que seja dura e amarga em curto prazo. 

      Nossa verdade espiritual é Jesus, caminho direto, sem ziguezaguear em anjos e arcanjos, ao santos dos santos onde o altíssimo se manifesta de maneira mais plena. 

      Nossa verdade humana é nosso caráter e as virtudes que nele residem, aquilo de bom que insiste e persiste mesmo que o homem mau nos tente em desistir. 

      Nossa verdade social é a fidelidade que mantemos nas alianças que fazemos por escolha de amor, com esposa, com filhos, com patrões, com a civilidade. 

      Nossas verdades continuarão conosco, mesmo depois que o corpo cessar de funcionar, elas resistirão ao fogo da justiça de Deus e revelarão para os poderes e potestades deste mundo e do outro mundo o que somos de fato. Enganados e manipulados por homens e demônios? Não! Verdadeiros filhos do Deus altíssimo onde reside toda a verdade. 

28/04/19

Antes que se rompa o cordão de prata

      “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento” “Antes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.” Eclesiastes 12.1, 6-7

      Sei que os mais jovens não vão entender isso e não podem entender porque não podem sentir, e é assim que tem que ser. Pessoas saudáveis não pensam na morte, não acham e nem querem morrer, ao contrário, fazem de tudo para permanecerem vivas. A ilusão da paixão, seja ela usada para criar e manter seja lá o que for, faz com que nos sintamos eternos, e mesmo que doa viver, doa amar, doa conviver com outros seres humanos, o prazer de tantas coisas, prazer passageiro, sempre nos leva a querer viver um novo dia, sempre nos dá a certeza que as coisas serão melhores depois que a noite passar e o sol nascer.
      Mas você que é jovem, pergunte a alguém mais velho sobre a vida, se ele for alguém saudável, equilibrado, que pôde viver cada fase da existência com sabor, que sabe agora que envelhecer é preciso, e envelhecer bem é bênção, que não se pode, nem se deve querer ser jovem para sempre, se perguntar a um velho feliz ele responderá: a vida passa muito rapidamente, parece tão curta. O conselho que se dá, considerando isso, é o conhecido, se é curta, aproveite-a, mas a questão é justamente essa, aproveite-a do jeito certo. 
      Uma vida equilibrada se vive com os pés neste mundo, mas com a cabeça no outro, respeitando os limites e a realidade inexorável da carne, mas sabendo que o espírito viverá eternamente com os efeitos do que o corpo causou. É importante que os tempos de nossa existência sejam resolvidos, principalmente os tempos da infância e da adolescência, quando somos passivos inocentes. Quem não se resolve como criança estará fadado a querer ser criança para sempre, mas também quem não se resolve como jovem desejará sê-lo, mesmo na velhice do corpo.
      Nos dias atuais a saúde tem sido mais valorizada, vários recursos estão disponíveis para que o corpo envelheça melhor, contudo, viver mais não é necessariamente envelhecer melhor. Que estejamos com boa saúde, mas sem trocar fases emocionais, deixando de usufruir o que a maturidade e a velhice tem de bom para tentar repetir os prazeres da juventude. O ser humano maduro evoluirá em seus gostos, em seus objetivos, mesmo em seus prazeres, ainda que mantenha seu corpo, através de bons hábitos alimentares e exercício físico, jovem por mais tempo, e fará tudo isso a tempo, “antes que se rompa o cordão de prata”.
      O que mais nos amadurece do jeito certo é ser família, deixar de ser filho e ser pai, deixar de ser namorado e ser esposo, deixar de ser singular e ser plural. Isso leva a troca de busca de prazeres egoistas, por uso produtivo do tempo fofando em harmonia e dignidade dos outros, de filhos e cônjuges. Quem busca os melhores valores envelhecerá bem, mas desconfie de quem busca manter juventude, mas continua vivendo só para si mesmo, isso é negar a essência da vida física. A essência da vida física é a morte, começamos a morrer no momento em que nascemos, contudo, nos tornamos eternos quando morremos. 
      Amadurecer é parar de sofrer por si e sofrer pelos outros, não por imposição, não por masoquismo, mas por escolha de amor. Essa boa dor, digamos assim, é o que envelhece bem, quem foge dela ou a nega não cresce, quem não cresce não está preparado para a morte. Seja como for, num determinado momento de nossas existências, a cabeça para e entendemos, a vida é rápida, passou muito depressa, ainda ontem eu fazia isso, pensava aquilo, andava com aquela gente, e hoje estou mais perto do fim que do início, será que fiz o possível para valer a pena?