16/05/19

A bênção está na obediência

      “Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos.” Provérbios 16.3

      A bênção não está em fazer algo aparentemente bom, em estar num lugar ou com pessoas boas, mesmo numa igreja, mesmo num culto. Por outro lado, também não está em estar presente em situações difíceis, com gente complicada, presenciando coisas que não nos agradam, não, a bênção não está necessariamente em nenhum desses casos. A bênção de Deus, a aprovação de Deus, a vitória de Deus, a paz de Deus, existe quando nós o obedecemos, seja não indo a um lugar aparentemente bom, nem deixando de ir a um lugar aparentemente ruim. Deus nos fortalece para fazermos a sua vontade, enquanto que longe de sua vontade estaremos desprotegidos e fracos. 
      A bênção está na obediência, assim precisamos saber onde ir, com quem estar, o que fazer, assim como onde não ir, com quem não estar, o que não fazer ou dizer. Mesmo um culto numa igreja evangélica decente pode ser peso, só enfado, perda de tempo, se não for a vontade de Deus que participemos dele, saber onde ir e onde não ir, orando antes e não tomando uma atitude só porque é um costume, e o que sempre fazemos ou é o que todos fazem, é um segredo de vida feliz, de tempo bem usado, de saúde e de paz. Na obediência estamos sempre fortes no Senhor, protegidos das astutas ciladas do diabo e dos enganos e vaidades dos homens insensatos e imaturos. 
      Não façamos do nosso jeito, nem para agradar os homens, se agirmos assim, por mais que nos preparemos usaremos um tempo de espera que é pra nos fortalecer do jeito errado. Queremos ver o sonho de Deus para nós realizado? Aquele sonho que está claro em nossos pensamentos, que temos certeza que é a vontade do Senhor para nós? Não tentemos realizar esse sonho com pressa, no lugar errado, com as pessoas erradas, com obras erradas, com palavras erradas, isso só nos enfraquecerá. Por isso, principalmente no final de uma fase, quando estamos prestes a viver uma nova realidade de Deus, é preciso cautela e obediência, até o fim. 

15/05/19

Gratidão

      “Mas eu sou pobre e necessitado, contudo o Senhor cuida de mim. Tu és o meu auxílio e o meu libertador, não te detenhas, ó meu Deus.” Salmos 40.17

      Eis meu testemunho pessoal, não sei se é assim com você, mas sei que é assim comigo, e eu preciso testemunhar a respeito. 
      Se eu fosse um ser humano melhor com certeza seria um cidadão melhor, um profissional melhor, mesmo um homem de família melhor, e teria talvez uma saúde, mental e física, melhor. Mas na minha fraqueza, na minha insegurança, nas minhas carência, na minha falta de fé, eu sou obrigado a confiar em Deus, isso os anos já me ensinaram. Eu tenho que pedir a ele milagres onde outros não pedem porque sei que se os outros podem confiar neles mesmos, eu não posso, assim busco a Deus e experimento seu agir em coisas que para outros são pequenas, dependo em coisas que outras acham bobagem depender, peço coisas que muitos nem perdem tempo de pedir.
      Essa experiência de eu ser humano, de eu ser eu, pessoal e intransferível, me leva a adorar a Deus sempre, a agradecer em todo o tempo, pois eu sei que sem ele nada posso, nada sou, nada faço. A minha fraqueza não faz de mim o homem que eu gostaria de ser, mas enche o meu coração de temor a Deus e me faz um adorador legítimo, de fato sincero. Minha adoração não é escolha, é necessidade, é clareza mínima que tenho que ter consciente do que sou e do que Deus é. Talvez você seja mais forte que eu, talvez seja um ser humano melhor, um profissional melhor, um pai melhor, um filho melhor, um amigo melhor, e até um religioso melhor. 
      Eu sou um ser humano menor, mas como provo o Deus maior por causa disso, como experimento milagres, como Deus é real para mim, meu amigo, meu Senhor, meu salvador, fiel e espantosamente fantástico. Meu coração se enche de louvor, palavras de adoração saem de minha boca naturalmente, as línguas estranhas tomam conta do ar e eu me vejo à vontade na presença de Deus, como consequência de provar o cuidado e a fidelidade do Senhor. Isso é assim há muito tempo, e sei que será assim para sempre, até meu último suspiro neste mundo, quando então habitarei com ele sem véus e sem mistérios. Eu não escolhi adorar, eu preciso adorar, se não o fizer, desfaleço. 
      Muitos dos púlpitos, enquanto eu discretamente tento permanecer nos bancos, lutando com minha realidade, pedem de mim um louvor com palmas, com gritos, com danças, em manifestações públicas, com o pentecostalismo clichezado tão comum nos dias de hoje. Eu não tenho esse desprendimento emocional, e Deus sabe, Deus sabe da minha dor. Mas na privacidade de meu lar, quando estou só, eu adoro a Deus, sem medo, sem vergonha, sem limites, e sei que Deus se agrada da minha adoração. Sinto grandes anjos de luz se colocando com espadas desembainhadas ao meu redor e tenho convicção de que minha intenção sob até a presença mais plena de Deus de forma direta, pelo nome de Jesus, através do Santo Espírito. 
      Obrigado meu Deus por eu ser assim tão humano, assim posso temer o Senhor e te dar um louvor verdadeiro.

14/05/19

Se Deus manda, não seja tímido

      “E Eliseu estava doente da enfermidade de que morreu, e Jeoás, rei de Israel, desceu a ele, e chorou sobre o seu rosto, e disse: Meu pai, meu pai, o carro de Israel, e seus cavaleiros! E Eliseu lhe disse: Toma um arco e flechas. E tomou um arco e flechas. Então disse ao rei de Israel: Põe a tua mão sobre o arco. E pós sobre ele a sua mão; e Eliseu pós as suas mãos sobre as do rei. E disse: Abre a janela para o oriente. E abriu-a. Então disse Eliseu: Atira. E atirou; e disse: A flecha do livramento do Senhor é a flecha do livramento contra os sírios; porque ferirás os sírios; em Afeque, até os consumir. Disse mais: Toma as flechas. E tomou-as. Então disse ao rei de Israel: Fere a terra. E feriu-a três vezes, e cessou. Então o homem de Deus se indignou muito contra ele, e disse: Cinco ou seis vezes a deverias ter ferido; então feririas os sírios até os consumir; porém agora só três vezes ferirás os sírios.” II Reis 13.14-19

      A Bíblia é uma grande coleção de parábolas, quantas e quantas metáforas, que se tornam simbologias eternas para o homem, nas histórias, estórias e mistérios dos personagens bíblicos. Quem tiver olhos para ver que veja, e aprenda o que Espírito Santo quer nos ensinar com o livro mais esplêndido escrito, o mais importante, o mais lindo. Nossos inimigos hoje não são vencidos com guerras, com matança, mas com virtudes, à medida que andamos como Jesus encarnado andava, mas Deus ainda nos livra como livrou o rei de Israel na passagem acima. 
      Eliseu, em seus últimos dias de vida, recebe a visita do rei de Israel, que respeito esse monarca tinha pelo profeta, o rei sabia quem era ele, reconhecia a unção de Eliseu, que poder um homem mesmo debilitado por uma enfermidade mortal mostrava. Penso em mim, em nós, que deixamos nossa fé se abalar às vezes por coisas tão pequenas. Antes mesmo de entender a simbologia que o profeta começava a lhe mostrar quando lhe pediu para tomar o arco e as flechas, o rei já solicitou ao profeta que pussesse sua mão no arco, ele queria o poder de Deus que estava sobre Eliseu.
      Mas talvez isso já revelasse a timidez do rei, talvez mostrasse a confiança do rei mais no profeta que em Deus, talvez... Seja como for, de nada valem armas se Deus não as autorizar, orientar e usar, a flecha de livramento contra os inimigos e empecilhos é a flecha do Senhor, e nenhum outra, essa foi a primeira lição que Eliseu ensinou, é Deus quem livra, a ele pois a glória e a mais ninguém. Por mais ungido que seja o homem, é Deus quem nos livra, o profeta morreria, mas Deus é eterno. 
      Mas a simbologia profética tinha uma segunda parte, Eliseu pediu ao rei que ferisse a terra com as flechas, isso na verdade era um teste para ver até onde ia a fé e a coragem do rei. Deus não precisa ser provado, o homem, sim, Deus sempre faz o melhor, mas será que o homem tem fé e discernimento para entender o agir do Senhor em cada situação? O rei feriu a terra três vezes, era pouco, Deus tinha autorizado mais, Deus tinha uma bênção maior que exigiria do rei mais força, mais iniciativa. 
      Eliseu ficou indignado e então explicou a metáfora, o rei tinha sido tímido, covarde, se ele tivesse entendido a vontade de Deus teria ferido a terra cinco, seis vezes, pois assim o Senhor lhe daria vitória sobre seus inimigos, os sírios, em uma proporção maior. A vontade do rei, todavia, era pequena, ele teria vitória, mas menor que aquela que Deus queria lhe dar, não porque o poder do Senhor era menor naquele livramento, mas porque a vontade do rei era pouca. 
      Pouca fé manifesta, pouco poder, eis a lição que Eliseu nos ensina nesses seus últimos momentos de vida. Se Deus mandar esteja certo de entender até onde deve ir, não mais, com estupidez, mas também não menos, com timidez. Se Deus mandar, abra a porta na direção certa, como a janel para o oriente do rei, entre marchando e adorando, com convicção, sem medo dos homens, mas certo de que Deus mandou e lhe dará livramento. 

13/05/19

O que devemos, o que queremos, o que podemos fazer

      “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, Remindo o tempo; porquanto os dias são maus. Por isso não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.Efésios 5.15-17

      Algumas coisas fazemos porque precisamos fazer, e não temos escolha, são deveres de homens e mulheres responsáveis que querem independência. Nossa sobrevivência física neste mundo, nosso trabalho, estudo, sustentar filhos, acordar cedo e ser produtivo, são necessidades materiais, podemos até fazer outras coisas, mas o mais conveniente, o mais sábio, é nos esforçarmos. Façamos isso principalmente na mocidade e na maturidade, para que na velhice tenhamos descanso e colheita daquilo que já não teremos condições de plantar. Deveres nunca são totalmente agradáveis, doem e cansam, além de nos confrontar com as injustiças desse mundo, mas sempre serão deveres de homens de bem.
      Algumas coisas queremos fazer, simplesmente porque nos dão prazer. Feliz o homem que gosta do que faz e faz o que gosta, para esse a vida será mais leve, ele achará alegria mais facilmente, mesmo na labuta diária pela vida. Contudo, muitas coisas nos dão prazer e fazemos sem esforço, e é muito importante que descubramos essas coisas e as usufruamos, para equilibrar a vida e achar sentido neste mundo. Quem não acha prazer nesta vida como poderá achar na outra? O prazer mais puro, contudo, satisfaz-nos por inteiros, no corpo, na alma e no espírito, e nunca é fruto de egoísmo cruel, visto que não machuca os outros em nenhuma instância. O prazer mais puro alegra todo o universo.
      Outras coisas contudo, podemos fazer por escolha, não são fáceis e muitos vivem, até que bem, pelo menos neste mundo, não as escolhendo. Os que fazem certas escolhas aringirão um nível diferenciado na existência, serão mais que seres humanos sobrevivendo no planeta e usufruindo prazeres. Andar com Jesus é a escolha principal que podemos fazer, ela muda a ótica de deveres e prazeres, muda as prioridades e conseguimos entender e fazer o que Deus quer que façamos. Saber escolher uma boa profissão e depois um bom companheiro ou companheira para se viver até o fim, são segundas escolhas importantes, fundamentos que nos facilitam nos deveres e nos prazeres.
      A palavra remir significa livrar, libertar, resgatar, assim remindo o tempo significa resgatando o tempo, livrando-o de um uso errado, ou pelo menos inadequado para um momento. Os momentos da vida não são sempre os mesmos, existe tempo para deveres, tempo para prazeres e tempo para prioridades, acima de tudo, espirituais. Descobrir em que momento estamos e ter coragem de vivenciar esse momento sem medo e a tempo, é prudência, é sabedoria, é experimentar uma vida abundante. Assim, entendamos que a vontade de Deus é que tenhamos vidas plenas, completas, com todos os momentos, desde que vividos do jeito certo e no momento mais adequado. 

12/05/19

A igreja e os doentes psiquiátricos

      “Porque o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então dará a cada um segundo as suas obras.” Mateus 16.27

      Algumas coisas não devem ser testemunhadas, mesmo que sejam grandiosas bênçãos para nós, é melhor que fiquem em segredo, entre nós e Deus, e talvez compartilhadas com mais algumas pouquíssimas pessoas. Isso por vários motivos, um deles é que certos pecados, mesmo deixados e perdoados, podem jogar estigmas sobre que os experimentou, muitos não têm maturidade para saber sobre eles, poderão julgar mal as pessoas quem os viveu, assim não é conveniente. 
      Contudo, preciso deixar aqui uma orientação, tenhamos cuidado com o julgamento que fazemos de quem comete alguns pecados na igreja, mesmo depois de convertidos, e que chegam até a escandalizar muitos com isso. Eu não penso que uma pessoa com boa saúde mental e convertida de verdade chegue a pecar de um jeito que escandalize a igreja, se nos dermos ao trabalho em misericórdia de nos aproximarmos de quem erra, para ajudar não para condenar, saberemos a verdade.
      Os que caem, caem por dois motivos, ou porque nunca foram salvos, mesmo que encenem personagens religiosos bem convincentes, chegando mesmo a terem cargos e posições em ministérios, ou porque talvez tenham problemas mentais sérios. Se existe uma doença psiquiátrica, a pessoa pode ser salva, e se tiver alguma maturidade emocional terá responsabilidades sobre seus erros, mas ainda poderá ter dificuldades com vida social e civilizada por causa da enfermidade. 
      Podemos culpar um deficiente físico por não poder correr? Não. Da mesma maneira temos que ter mais cuidado em culpar, como se fosse uma pessoa sadia, alguém por exemplo com transtornos psicológicos como bipolaridade, esquizofrenia, depressão profunda etc. Ignorância científica existiu  e ainda existe, principalmente com relação a doenças mentais, mas falta de amor não deve haver num lugar que se diz corpo de Cristo, grupo de pessoas sobre o qual Espírito Santo de Deus tem  autoridade.
      Estejamos mais atentos, na família, principalmente na igreja, às pessoas, existe muita gente com problemas psiquiátricos que nós não damos o devido respeito, antes entregamos cargos e exigimos atitudes de pessoas com saúde. Se alguma delas peca, não consegue ser fiel num casamento ou cai num vício qualquer, simplesmente a julgamos como adúltero e viciado, quando na verdade nem sabia que era doente. Não estou dizendo que uma coisa justifica a outra, mas que devemos ter mais cuidado. 
       Doenças mentais não são facilmente averiguadas, principalmente pelos doentes, não é um rim que dói, um pulmão que não funciona bem, quando o mal é na mente as referências de normalidade são desajustadas justamente no local usado para verificar a normalidade. Um esquizofrênico não sabe que é esquizofrênico no início de sua doença e muitos vivem por anos doentes, errando, sentindo-se culpados, sem que ninguém de fora os ajude. Alguns não suportam tanta dor e se matam, mesmo em igrejas. 
      Somos “nós”, que nos achamos “normais”, que devemos perceber essas deficiências e proteger as pessoas, em primeiro lugar delas mesmas. Sim, existem pessoas que persistem no erro, que têm condições de serem normais mas escolhem o erro vez após vez, e se há alguma consciência de maturidade, pecado será cobrado como tal, com todas as implicações sociais e espirituais dele. Mas doenças emocionais e psiquiátricas são dura realidade, que infelizmente muitas igrejas cristãs insistem em menosprezar. 

      “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.” Romanos 8.1

11/05/19

Andai - Temor - Tempo - Peregrinação

      “andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinaçãoI Pedro 1.17b

      A Bíblia é maravilhosa, incrivel como num pedaço de versículo, já que só citei a parte b de I Pedro 1.17, pode haver sabedoria tão simples quanto profunda, reflitamos sobre quatro palavras do texto, que ensinam princípios importantes sobre andar com Deus. A primeira é andai, na vida não é sábio parar, diminua a velocidade, mas continue pedalando, para frente, o equilíbrio está em se manter em movimento, quem para, cai, para um lado ou para o outro, como quando andamos de bicicleta. A vida é se mover sobre um veículo de duas rodas, não de quatro, assim entendemos que tudo tem sempre dois lados, dois extremos, sabedoria e a felicidade existem em não se acomadar em nenhum lado, mas seguir no centro estreito e reto.
      A segunda palavra é temor, temor a Deus, o que é isso? Não é ter medo de Deus, como o horror que sentimos de algo desconhecido e que pode nos fazer mal, ainda que a santidade de Deus possa nos amedrontar. Temor a Deus é saber que o Senhor tudo vê e tudo conhece, nada pode ser escondido dele, assim quem tem essa atitude não faz o que quer, para qualquer um, mas age com responsabilidade sabendo que somos pesados por um Deus justo e bom para todos. Contudo, não nos enganemos, muitos ateus e materialista agem, na prática, com mais temor que muito cristão, ainda que a sabedoria deles não adore ao Senhor nem os salve.
      Tempo é a terceira palavra, viver é administrar o tempo, conhecer os momentos, fazer a coisa adequada no tempo certo. Tempo é uma consequência do pecado, se não houvesse pecado não haveria tempo, envelhecemos porque o tempo passa e passa porque pecamos. O plano original de Deus era diferente, o homem teria muito tempo sobre a terra, mas quando o pecado foi escolhido isso mudou, ainda assim as gerações pré-diluvianas viviam mais tempo, centenas de anos. O pecado nos rouba o tempo, envelhece mais depressa, mas quando estamos felizes parece que o tempo não passa, por outro lado todo o tempo do mundo parece pouco quando estamos com quem amamos. Somos escravos do tempo, do relógio, e quando vamos ver a vida passou e nosso tempo aqui já se foi.
      A quarta palavra é peregrinação, somos peregrinos neste mundo, andarilhos numa jornada finita. O termo peregrino é poético, mostra que não devemos nos achar donos de nada, que tudo é passageiro, mas que a vida também pode ser uma aventura à medida que caminhamos com pureza achando prazer e alegria nas novas e boas descobertas. O peregrino doma o tempo, envelhece devagar, pois não se acomoda com a morte desse mundo, não morre no tédio da matéria, ainda que caminhe com responsabilidade (com temor). O cristão peregrino acha alegria sempre, novidade sempre, se renova no Espírito do Altíssimo e ainda que sinta atrás de si um vento forte, não cai, atravessa a brisa leve que vem da frente e que bate em sua face lhe dando um frescor gostoso de vida nova e limpa, à medida que peregrina por esta caminhada terrena. 

10/05/19

Vem pra graça você também

      “Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.” Romanos 6.14-18

      Alguns cristãos têm muita dificuldade para entender que foram chamados para viver debaixo da graça de Deus, não da Lei. Debaixo da Lei é impossível de se viver, a Lei não existiu para salvar, mas para evidenciar ainda mais o pecado e a incompetência espiritual humana para salvar somente pela obediência a uma coleção de regras morais e religiosas. Ainda assim, muitos cristãos transformam o evangelho em leis, desprezando o poder do Espírito Santo, distanciando-se da misericórdia de Deus, não entendendo e não se privilegiando da graça do Senhor. Contudo, o que de fato significa a graça de Deus só podem entender e praticar cristãos realmente maduros e espirituais, do contrário ou serão crianças libertinas ou infantes hipócritas, andando como escravos de homens e não na liberdade de Deus. 
      Graça de Deus e a verdadeira liberdade são conceitos intrinsecamente relacionados, se existe um, existe o outro, um não é possível sem o outro, o contrário disso é lei e servidão, e servidão não a regras excelentes, mas à hipocrisia de quem não obedece e nega isso. A carta aos Romanos, provavelmente escrita por Paulo, é O tratado do novo testamento sobre a graça em Cristo substituindo a Lei mosaica, não só para Israel, mas para todos os homens. O texto inicial começa com a afirmação “porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça”, ele deixa claro que a Lei não liberta, antes, prende. Só debaixo da graça há liberdade, não porque não se peça, mas porque temos não somente perdão pleno de pecados mas também forças pelo Espírito Santo para não pecar.
      Respeito todas as verdentes religiosas cristãs, não tenho dúvidas que Deus enxerga filhos sinceros e deles cuida em muitos caminhos religiosos, mesmo em não cristãos, ninguém se engane com relação a isso. Contudo, quantos vivem debaixo de leis e não da graça, não só perdendo tempo com isso, exigindo deles mesmos o que Deus não exige, mas também, muitos deles, achando-se melhores que outros por obedecerem leis que os outros não obedecem. Isso acontecia no primeiro século com os judeus convertidos e acontece hoje em dia com aqueles que têm costumes de roupas e aparência física, corte de cabelo etc, que guardam sábados e outros ritos e dias, leis acrescentadas, migradas ou não da velha aliança judaica, que se não são erradas, são desnecessárias. 
      Viver na graça, contudo, não é ser liberal na área sexual, na bebida e na comida, usufruir prazeres físicos e terrenos em detrimento de busca de virtudes espirituais eternas, como foi dito, graça e liberdade só entendem e vivem os realmente maduros espiritualmente. Caminho para se experimentar a graça, uma maneira de se saber se estamos debaixo da graça ou de leis, é averiguar até que ponto nos importamos com a opinião de homens, e me refiro aqui a homens cristãos, principalmente líderes. Homens não podem usar a vedadeira graça para dominarem sobre outros homens, mas podem usar leis. Já o que obedece leis o faz para ser aprovado por homens, assim como faz porque é mais fácil, leis basta ler e tentar praticar, já a graça se conhece com intimidade com Deus, isso exige consagração e oração.
      Quem decide seguir a Deus e não a homens religiosos será liberto das leis e começará a entender a graça de Deus. Na graça há perdão sempre, há segundas oportunidades sempre, há respeito a individualidades, enquanto que sob a lei homens nivelam todos igualmente e criam manadas que não pensam e não têm vontade própria por serem mais fáceis de serem manipuladas. A graça não separa, mas une, não nos prende em templos e grupos, mas nos faz evangelistas no amor que vivem no mundo para ilumina-lo, mesmo que não façam parte dele. A graça busca mudança interior, e não uniformização exterior, a graça nos faz amigos de Deus, não escravos ou soldados, a graça nos revela um Jesus Deus que se fez homem para que homens pudessem viver em Deus e por Deus uma vida de real liberdade.