18/02/22

Princípios eternos (19/90)

      “Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas. E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.” “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto?
  João 11.3-4, 25-26

      A existência no mundo é uma internação hospitalar! Na Terra somos todos enfermos precisando de tratamento, se não fosse assim não estaríamos aqui. Negar isso é negar a encarnação, é negar a doença, é negar a cura, é negar a vida. Muitos estão neste mundo achando-se sadios, apoiados por ideologias que pregam que não existem doenças, não neles, mas nos outros, e que por isso têm condições de militarem por causas de todos. Essa doutrinação, talvez a principal estratégia do mal atual justamente por se disfarçar de bem, entrega poder ao indivíduo, principalmente a indivíduos desrespeitados por preconceitos históricos, coloca muitas vezes Deus fora da equação. Por isso, não pela falta de legitimidade das causas, muitos morrem, não se assumem doentes, não buscam cura, e se consideram médicos aptos para cuidar dos outros. 
      Vida eterna não tem nas virtudes a causa, vida e virtudes são efeitos de Deus! Virtudes, negando Deus, são morte, o homem só pode adquirir vida caminhando para Deus, para o alto onde as virtudes estão. Longe de Deus não existe vida, ainda que se tenha boas intenções, que se lute por justiça, que se respeite a razoabilidade e a ciência. Para conquistar o mundo e a eternidade nossa essência espiritual usa como ferramenta a inteligência humana, mas a inteligência não pode usar o espírito. Infelizmente, após séculos achando que Deus se encontra num cristianismo de homens, muitos se convenceram que fé e ciência são opositores, dessa forma hoje muitos pensam que espiritualidade é ignorância, que não há conciliação entre um homem racional e lúcido e um ser humano crédulo em Deus e com moralidade evangélica. 
      Nossa condição de morte neste mundo não é para a condenação, mas para a salvação! Todos nós podemos ser salvos, Jesus mostrou o caminho quando se encarnou e continua mostrando pelo Espírito Santo. O texto inicial dá ensinos reveladores que vão muito além da interpretação que a tradição cristã dá a ele, principalmente sobre a ressurreição. “Todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá”, cremos nisso? De verdade? O que é a morte senão escolha de distanciamento de Deus? E nessa posição não existe necessariamente coisas ruins, muitos estão longe de Deus e desfrutam, não só de prosperidade material, fruto de seu trabalho honesto, como paz para lutarem por causas nobres. Mas esses têm paz interior? Não, porque não existe paz longe de Deus, por isso estão em trevas, ainda que se considerem iluminados. 
      O inferno aloja-se naturalmente em quem não adora a Deus! Inferno não é um lugar só para fascínoras, abusadores, viciados, gente má e perdida, entretanto, adorar a Deus é muito mais que cantar hinos, ser assíduo em missas e cultos, mesmo orar em nome do Cristo. Adorar é estar em íntima comunhão com Deus pelo Espírito Santo, não é uma condição estática de contemplação, ainda que isso possa ser o primeiro passo. A maioria dos cristãos, contudo, para aí, acha que o fim da espiritualidade seja justamente aquilo que é só o início, por isso acaba presa de dogmas, superstições e medos do desconhecido. Muitos provarão “infernos” após a morte do corpo, ainda que estivessem certos, em seus últimos momentos encarnados, sobre seus direitos ao “céu”, porque só tinham fria certeza intelectual, não convicção espiritual viva. 
      Disse Jesus, “sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”! “Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas”, eu, você, todos estamos enfermos, e todos somos sempre amados por Deus, “crês tu isto?” Muitos cristãos não creem, ainda que confiem em dogmas, já que isso não é necessariamente fé que salva, mesmo que tais dogmas tenham sido narrativas relevantes para homens do passado. Eis dois princípios eternos: livre arbítrio, que permite ao ser humano escolher sempre, e amor divino, que permite a Jesus salvar sempre. Quando ambos se cruzam a eternidade interior é alterada, esteja o homem onde estiver. Leve o dogma à presença de Deus e peça que ele te mostre a verdade, se fizer isso com fé e sem medo, entenderá um desconhecido sobre o qual até agora você só pôs um olhar supersticioso. 

Esta é a 19ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

17/02/22

Imaginação humana (18/90)

       “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.” 
Jeremias 17.9-10

      Medo é uma mentira, principalmente o medo do desconhecido, medo legítimo é aquele que temos de algo real e que sabemos, por experiência própria ou dos outros, que pode nos causar algum dano, se não tomarmos cuidado, assim o medo é um sistema que nos alerta a permanecermos a uma distância segura. Mas temermos algo simplesmente porque não sabemos o que é e que não devemos nem tentar saber, só termos medo e permanecermos ignorantes a respeito, é irracional, principalmente se refere-se ao plano espiritual, campo de subjetividade, que um não pode conhecer pelo outro, que é necessário que cada um tenha sua experiência pessoal. 
      O medo do desconhecido é algo que tem origem, não na realidade física, mas em nossas mentes. Por não sabermos o que é, imaginamos, e é na imaginação que são criados monstros diabólicos. As imagens mais antigas e mais comuns que a maioria das pessoas tem do diabo, foram criadas pelo imaginário popular antigo, e que tornando-se mitos foram preservadas e usadas também por religiões, incluindo as cristãs. O diabo é de fato vermelho, com rabo, pés e chifres de bode, com rosto e corpo de homem? Não, mas é essa imagem que foi criada e mantida pela imaginação humana, o mesmo ocorre com o inferno e suas chamas eternas cheirando enxofre. 
      O que é discernimento espiritual real e o que é sentimento físico disparado pela imaginação? É do diabo e do inferno que temos medo ou daquilo que imaginamos que sejam eles? A psicologia abriu nossas cabeças (nos dois sentidos) para entendermos uma parte tão abstrata do ser humano, que sentimos que está localizada em nossos cérebros. Eu disse sentimos, se nossos pensamentos e sentimentos são de fato só efeitos de química e de eletricidade em nossos cérebros, ou se são expressões da alma ou do espírito, ainda não temos certeza. A verdade é que nosso mundo mental é muito forte, e ainda que seja só invenção de nossa mente, parece real e fisico para nós. 
      A pergunta a ser respondida é: tememos seres e lugares espirituais reais ou só imaginações humanas manipuladas por igrejas de homens? O plano espiritual é de conhecimento gradativo, e é assim para proteger verdades de tolos e tolos de verdades, o outro mundo não é um plano aberto para todos e facilmente. Deus assim construiu o universo, por isso conseguimos entender coisas materiais com a ciência, mas não podemos usar a mesma ferramenta para entendermos coisas espirituais, ainda que o caminho para todas as verdades ilumine-se pela razão. Ferramentas para o espiritual são espirituais e para a espiritualidade mais alta é o Espírito Santo. 
      Muitos protestantes limitam suas experiências com Deus usando a intelectualidade, com um estudo científico da Bíblia oficial e orando de forma racional, e sim, Deus os ouve e os abençoa, mas seu crescimento espiritual fica limitado, conduzindo eles experiência com o divino assim. Para um cristão dito tradicional, ter experiência com dons do Espírito Santo é algo difícil, barreiras emocionais não foram ainda superadas, e a princípio, muitos desses, ouvindo alguém falar em línguas estranhas, podem achar que não é coisa de Deus. A verdade é que tem muito batista e presbiteriano que acha que alguém em êxtase espiritual, louvando e profetizando, está possesso.
      O que se passa na cabeça dos que entendem dons do Espírito como manifestações demoníacas? Imagens, sensações, sons de coisas ruins, seu mundo mental interior refletirá seu grau de experiência espiritual e com Deus. O interessante é que o contrário também pode ocorrer, um crente pentecostal, num culto protestante tradicional, apesar de ficar encantado com o conhecimento bíblico dos pregadores, sentirá no ambiente frieza quase católica, ouvirá no silêncio do templo, não respeito com as coisas de Deus, mas distanciamento espiritual, ausência do Espírito Santo. Tudo é uma questão de como as mentes interpretam as coisas, e não da realidade em si.
      Alguém espiritualmente maduro e racionalmente lúcido, fará uma interpretação mental equilibrada, experimentará coerência entre o que seus sentidos físicos percebem do exterior e o que seu mundo mental interior discerne. Quando vemos e sentimos a verdade, portas para verdades maiores são abertas, o medo enganoso se vai e a realidade por trás do véu é revelada. A porta para o mundo espiritual é criada e é aberta através de ferramentas mentais. Por isso aquele que quer conhecer Deus precisa libertar-se de dogmas, superstições e do medo do desconhecido, não usando imaginações preconceituosas como base, mas estando aberto e protegido pela luz de Deus. 
      Só existe um jeito de conhecermos a Deus, buscando diretamente a ele, sem amarras religiosas ou entendimentos pré-concebidos, e só pelo nome único e poderoso de Jesus. Aos que querem ver, a luz lhes é mostrada, aos que querem ouvir, a verdade lhes é dita. Quem você será na eternidade? A clareza como isso será manifestado a você, quando estiver no plano espiritual, está diretamente relacionada com a intimidade espiritual que você construiu no mundo, através de oração que dá liberdade ao Espírito Santo, e prática de amor e fidelidade às alianças. Mas lembre-se, com coisas espirituais interagimos de um jeito espiritual, não com mera imaginação humana. 

Esta é a 18ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
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José Osório de Souza, março de 2021

16/02/22

Serviço sujo do diabo? (17/90)

      “Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.
  Isaías 45.7

      Por que a maioria dos cristãos, católicos, protestantes e evangélicos, tem aversão às religiões espíritas, tanto às de origem africana quanto ao Kardecismo? Quem tem uma ligação emocional sincera com a fé cristã, que experimenta sua proteção por anos, que ama Jesus como único e pleno salvador, que foi ensinado que espíritos não podem ser contatados e que o diabo pode enganar se isso for tentado, no mínimo terá dificuldades para aceitar reencarnação e comunicação com os mortos. De um certo modo isso é uma proteção, de um Deus que atrai os homens a si por crenças diferentes, quando eles alcançam um nível moral numa crença, ele os guarda, como pai zeloso, para que não se percam. 
      Todavia, muitos cristãos não se dão conta, mas a figura mais importante do cristianismo católico-protestante pode não ser Deus ou Jesus, mas o diabo. Não estou dizendo com isso que o diabo tenha mais poder que Deus, de maneira alguma, mas que a maioria das crenças cristãs existem por causa das obras do diabo. Se numa possibilidade, tirássemos o diabo da equação e o substituíssemos pela maldade humana, por escolhas erradas do homem, que consequentemente deixam culpa e dor no homem, todo o cristianismo poderia mudar, isso ainda que continuassem existindo o conceito de pecado e as consequências dele, condenação para os que persistem nele e salvação para os que o deixam. 
      O conceito “diabo”, principalmente o construído e mantido pela igreja católica, que o protestantismo não refutou, é um poço onde se lança tudo que não se pode aliar a Deus, para não se opor com o conceito de um Deus bondoso. Se esse Deus não pode condenar, então é o diabo que assedia, convence e conduz ao inferno, se esse Deus não pode conter as trevas e o sofrimento, é o diabo quem conduz para longe da luz e faz sofrer, vivos e mortos. Mas algo é preciso que assumamos sobre o diabo, por mais poderes que os homens possam dar a ele, conforme a teologia cristã tradicional, ele não criou a si mesmo e nem mais nada. Diabo, inferno e penas eternas são criações do único criador, o Senhor.
      A grande maioria dos cristãos não vê incoerência nisso, porque não pensa profundamente em teologia. Para essa maioria teologia tem a ver com história e geografia bíblica daquilo que está no cânone bíblico, ela não filosofa nos valores morais, para ela filosofar é pecado, é desconfiar da Bíblia, é colocar em dúvida dogmas. Protestantes são tão dogmatizados quanto os católicos, não se iludam com relação a isso, e o principal dogma deles é o que diz que a Bíblia, não o papa, é infalível, trocaram um líder pela palavra escrita. Bibliolatria é o engano que mais cega cristãos, e esses não reavaliam isso por medo, por isso creem cegamente na Bíblia, não entendendo que o Espírito Santo vai além dela. 
      Diabo é conceito criado para fazer todo serviço “sujo” que Deus não pode fazer, já que se Deus fizesse causaria uma incoerência na teologia. Mas se Deus criou o diabo, o inferno e as penas eternas, é porque em alguma instância há em Deus o mal, ninguém pode criar algo sem conter isso em si. Contudo, pode-se argumentar, “mas Deus não é mau por ter criado coisas más, ele fez isso para punir os maus”, isso é válido numa teologia que vê o ser com só uma oportunidade de encarnação, vindo depois disso o juízo (Hebreus 9.27). Conforme o cristianismo tradicional, o homem tem uma única chance, se não escolher certo é condenado, o mesmo Deus que ama por um tempo, castiga para sempre. 
      Mas pense um pouco mais a respeito, se só há uma oportunidade dada por um Deus justo, ela deveria ser igual para todos, com condições iguais que permitam que todos façam uma escolha justa, assim a responsabilidade do efeito eterno da escolha seria justa e só do homem. Entretanto, pense bem, será que todas as pessoas, e não só as do nosso tempo, mas as de todos os tempos e de todos os lugares do planeta, nascem com condições e oportunidades iguais, sejam físicas, emocionais, financeiras, intelectuais ou morais, para que possam ter as mesmas e justas capacidades de escolha, que permitam que todas, caso queiram, façam a melhor escolha, de salvação e não de condenação? 
      Respondamos a outra pergunta: alguém, que nasce numa aldeia paupérrima de um país africano, tem as mesmas capacidades para escolha, as mesmas necessidades de vida, que tem um norte-americano nascido num apartamento próximo ao Central Park em Nova Iorque? Esse africano já ouviu falar de Jesus em sua vida, já teve alguma orientação religiosa que não fosse a do xamã de sua aldeia? E ainda que tenha sido evangelizado, será que esse aldeão busca de Deus as mesmas coisas que busca um homem de classe média-alta que reside no centro da ilha de Manhattan? Basta que assistamos a uma edição de um telejornal para sabermos as diferenças de sofrimentos dos seres humanos no planeta. 
      Confronte realidade com o que muitos creem só porque as igrejas ensinam que é a verdade, faça isso com sensatez, com equilíbrio, depois coloque-se no lugar do outro, não como cristão com certeza de salvação e que crê que vai ao céu após a morte, mas como aquele que não teve oportunidade para ter condições justas de escolher acreditar em Deus por Jesus. Será que não temos qualquer dúvida naquilo que o dogma nos ensina, depois de confrontarmos a realidade com o dogma, e de nos pormos no lugar daquele que o dogma diz estar condenado eternamente ao inferno? Se houver dúvida talvez seja momento de você saber o que dizem religiões demonizadas pelo senso comum cristão a respeito.

Esta é a 17ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
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José Osório de Souza, março de 2021

15/02/22

Dogma, superstição, medo e desconhecido (16/90)

      “Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará. Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” 
II Coríntios 3.16-18

      “A superstição geralmente está associada à suposição de que alguma força sobrenatural, que pode inclusive ser de origem religiosa, agiu para promover a suposta causalidade. Superstições são, por definição, não fundamentadas em verificação de qualquer espécie. Elas podem estar baseadas em tradições populares, normalmente relacionadas com o pensamento mágico. Para os céticos, em geral superstições podem ser quaisquer crenças no fato de que certas ações (voluntárias ou não) tais como rezas, curas, conjuros, feitiços, maldições ou outros rituais, possam influenciar de maneira transcendental a vida de uma pessoa. Por outro lado, a superstição também pode ser definida como "um desvio do sentimento religioso que consiste em atribuir a certas práticas uma espécie de poder mágico, ou pelo menos uma eficácia sem razão". Assim, a superstição seria uma opinião de cunho religioso, mas que, mesmo dentro da visão cosmológica daquela religião, seria fundada em preconceitos, de modo a atribuir relações Causalidade a eventos meramente fortuitos.” Fonte Wikipedia  

      O falso cristianismo de igrejas de homens, não aquele do verdadeiro Cristo, mantém poder sobre os homens através do medo, o maior medo que o homem tem é do desconhecido, o desconhecimento que mais aterroriza o ser humano é o desconhecimento do plano espiritual. A Igreja Católica governa através de dogmas e superstições, por um ela fecha, restringe, por outro ela abre, mas não para amadurecer, para infantilizar. O dogma conduz o homem a ter medo do que sabe, a superstição conduz o homem a ter medo do que não sabe, mas ambos são baseados em mentiras, ambos precipitam o ser humano na angústia de ter que tentar viver algo impossível, irrazoável, injusto.
      Dogma religioso é uma lei, uma ordem, que desobedecida, castiga, manda aceitar, não pensar, acreditar, não conhecer. Superstição atribui qualquer coisa como causa de qualquer coisa, não porque se averiguou e entendeu, mas só porque se acostumou a crer de certa maneira. Medo é se sentir em perigo, nesta reflexão não necessariamente porque algo pode causar um mal, mas porque dogma ou superstição dizem que podem. Também nesta reflexão, desconhecido nos remete à ideia do nada, do invisível, de algo que não sabemos que duração ou que dimensões possui, que mesmo que tenha sido definido por dogmas e superstições deixa desconfortáveis nossos sentidos físicos. 
      Dogma, medo e desconhecido estão relacionados, podemos temer algo que nos é desconhecido porque não é definido ou permitido por um dogma, nisso tudo se cria uma superstição. Superstição é trevas, intelectuais e espirituais, ainda que contenha alguma orientação moral, mesmo essa é infantil, limitada. Por que temos medo de fantasma? Porque não sabemos o que é, nos é desconhecido e é porque um dogma não nos autoriza a acreditar que exista, e se não existe, conforme o dogma, não podemos interagir com ele. Mas isso não impede-nos de termos superstições sobre fantasmas, entendimentos paralelos ao dogma, que satisfazem mais nossa curiosidade que o dogma. 
      Superstição é mentira, é filha bastarda do dogma, e esse, ainda que pretenda ser verdade única, é quem pari o engano. Dogma é pai egoísta que gera filho e o abandona no desconhecido, levando o órfão amedrontado a buscar abrigo nos braços da superstição. Dogma quer o homem sempre num berço, e ainda que esse cresça terá que se conformar com o ridículo de ser tratado como um bebê, ainda que seja livre será tratado como dependente. Preso na cela do dogma, o homem desconhece o que tem lá fora e teme, ainda que haja um lindo jardim, com árvores frutíferas e um rio de águas limpas e frescas, se limitará a alimentar-se da ração da superstição, que o leva à inanição. 
      O falso cristianismo de igrejas de homens é morto, um morto não pode gerar, nem compartilhar vida, por isso cria dogmas, alimenta o medo do desconhecido e dá legalidade a superstições. Esse falso cristianismo nega o Espírito Santo, ainda que ensine valores morais evangélicos, mas do que adianta melhorar a ração quando o que come está encarcerado? Só tornará o condenado mais frustrado, por ver que até pode amar, mas limitado pelo que a religião ensina sobre o amor de Deus. Amor que manda pro inferno que não o aceita é limitado. O Espírito Santo é liberdade para viver, vida é conhecer a Deus, só conhecemos caminhando para a luz espiritual mais alta. 
      Será que o apóstolo-teólogo Paulo tinha noção da profundidade do texto inicial acima que escreveu? Penso que o Espírito Santo achou liberdade nele para lhe dar uma revelação, mas talvez Paulo pensasse só se referir ao assunto do contexto, a supremacia da nova aliança sobre a velha, a superioridade do vivo Espírito Santo no homem interior sobre a lei em pedras ou em pergaminhos. Só isso já é maravilhoso, mas é mais que isso. Converter-se ao Altíssimo é ter liberdade pelo Espírito Santo, é olhar para Deus sem véu, é refletir a glória do Senhor e ser transformado por uma experiência que nos liberta da carne, da matéria, e nos conduz à espiritualidade mais elevada.
      Se os cristãos entendessem de fato o que é ser livre no Espírito Santo, não haveria jugo desmedido de religião, dogma castrador, medo do desconhecido nem superstição infantil, haveria vida eterna, não morte, haveria amor, não condenação. Quem você será na eternidade? Será você e receberá por isso o tratamento, em primeiro lugar justo, e depois, amoroso de Deus, que irradia sua luz para todos os seres humanos atraindo-os a si. O Espírito Santo te dá liberdade para escolher hoje a quem servir, se ao homem, ou a Deus, para que possa a cada dia ser alguém melhor, útil para si, para os outros e para o Senhor. Esteja em paz, tua vocação é para a vida, não para a morte. 

Esta é a 16ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
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José Osório de Souza, março de 2021

14/02/22

“Porque Deus quis” (15/90)

      “E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” 
I João 2.17

      A resposta que muitos dão a questionamentos que contrariam princípios que acham inquestionáveis é infantil: “porque Deus quis”. Assim, muitas das perguntas levantadas no “Como o ar que respiro” são desconsideradas, simplesmente porque muitos pensam que certas coisas Deus quer que sejam de um jeito e não temos que questionar. Por que um Deus ensinado no evangelho como pai de amor condena os que não aceitam seu amor ao inferno? “Porque quer, e se ele quer, quem somos nós para discordar?” Assim pensam muitos, argumentando que Deus faz o que quer e não precisa dar satisfação a ninguém. Não discordamos disso, o que o Senhor faz temos que aceitar, mas será que Deus faz muitas coisas que dizem que ele faz? 
      “Porque Deus quis” não é só displicência com Deus, mas com o ser humano atual, que já atingiu um nível intelectual e moral, pelo menos na teoria, para raciocinar mais profundamente sobre muitas coisas. Uma verdade é preciso ser aceita, fé é algo pessoal, pode fortalecer as pessoas em níveis que muitas vezes não acreditamos. Cada um crê no que quer, no que escolhe crer, ainda que pense crer porque é a verdade maior de Deus, a única verdade, e como tal não pode ser duvidada. Conciliar amor divino com penas eternas é crença de milhares de pessoas através dos séculos, por isso a igreja católica sobrevive forte, por isso evangélicos se multiplicam tanto. Mas será que é vontade de Deus ou a versão dos homens sobre ela? 
      Será que para se provar uma experiência com Deus, com o mundo espiritual, basta isso, acreditar? Cegamente? Sim, o plano espiritual exige escolha e fé, mas escolha racional e fé inteligente, essa é a percepção que podemos ter hoje, no século XXI. Por que este espaço faz tanta critica ao cristianismo tradicional do catolicismo e do protestantismo? Para demonstrar que religião é coisa de homem e não tem que ser absolutamente crível. A intenção aqui não é desacreditar Deus ou Jesus, mas os homens, ainda que sejam líderes religiosos, teólogos, mestres e profetas de suas crenças. Entende isso quem quer fazer uma escolha racional através de uma fé inteligente, que foca diretamente no Deus Altíssimo, não em dogmas.
      Tradições seculares, grandes catedrais, templos luxuosos, concílios, convenções, teologias, instituições, escolas, hierarquias, títulos, papa, bispos, “apóstolos”, padres, pastores, reverendos, missionários, diáconos, presbitérios, tanta pompa e circunstância hipnotiza as pessoas, seduz e amedronta. Concordo que é preciso coragem e iluminação para ir contra tudo que esses ensinam, e não só como religião, como verdades irrefutáveis. Mas também não podemos negar totalmente o cristianismo do mundo, ainda que distorcido foi usado por Deus para levar Jesus à humanidade por séculos. Demonizar radicalmente catolicismo e protestantismo é negar a providência divina que permitiu e teve bom propósito nessas religiosidades. 
      Mas no tempo em que vivemos o homem mudou, dizermos a nós mesmos que certas coisas são como são porque Deus quer que sejam assim não basta, principalmente se o que acreditamos que Deus diz, na verdade é dito por homens, não por Deus. Muitas pessoas, contudo, estão convencidas que creem certo, e que suas igrejas estão certas, simplesmente não enxergam que mentira não pode gerar verdade, só mais mentira. Que mentiras um cristianismo pela metade gera? Vidas infrutíferas, de homens que por mais esforçados e sinceros que sejam, não conseguem pôr em prática os ensinos do Cristo, e não conseguem porque as próprias igrejas que eles tanto defendem e temem, não lhes dão meios para viverem isso. 
      O que depõe contra o cristianismo do mundo, que se funcionou pela metade, hoje pode não funcionar mais, se quer saber nem são ensinos teológicos equivocados, sobre o fim dos tempos e a eternidade por exemplo, isso na verdade nem importa tanto. O que depõe é a inviabilidade de se viver o exemplo de amor de Jesus homem, que existe no que catolicismo e protestantismo entregam à humanidade. Essa responsabilidade será cobrada de líderes religiosos um dia. Mas depende de nós, seguirmos enganados, confortáveis em religiões, hipócritas, ou buscarmos a Deus e sabermos o que de fato ele quer para nós. O que ele quer é que vivamos o amor de Jesus sem precisarmos pagar preços desnecessários a homens. 
      O que Deus quer não muda, e se mudar é porque nunca foi vontade de Deus, ainda que instituições cristãs poderosas digam que seja. Quem seremos na eternidade? Não pense que ter sido batizado, crismado, ter feito primeira comunhão, recebido título em igreja cristã, aliará algum valor moral ao teu homem interior. Na eternidade seremos aquilo que retemos em nós da verdadeira vontade de Deus, virtudes que foram fixadas ao nosso espírito através de perseverantes obras. “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3.5-6).

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José Osório de Souza, março de 2021

13/02/22

Livre arbítrio (14/90)

      “Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição” 
Deuteronômio 11.26
 
      Se fé é condição imprescindível para conectar nosso espírito com o mundo espiritual, principalmente com Deus, que é espírito, se isso define, não uma existência neste mundo material, mas a eternidade espiritual, por que as pessoas não creem? Porque não são obrigadas a isso, nem por Deus, esse dá a todos livre arbítrio. Na evolução espiritual tudo é escolha, a subida de cada degrau é feita por escolha, escolher crer. Se é assim não é algo fácil, natural, se fosse não teríamos o trabalho de crer, que como todo trabalho exige de nós esforço, por isso não pense ninguém que crescerá espiritualmente sem se esforçar. Contudo, o trabalho espiritual pode ser oposto ao trabalho físico, enquanto no plano material é preciso entender, tocar, ver, o que nos faz escolhermos coisas mesmo antes de as termos, no plano espiritual o primeiro passo de fé se dá no desconhecido, só confiando num Deus que sabe o que faz e que sempre tem o melhor para nós.
      Um pulo no desconhecido será que podemos dar com plena certeza racional? Não, damos mesmo com certo receio, sem sabermos se cairemos, subiremos ou ficaremos imóveis, contudo, se for dado com fé genuína, entregue pelo mesmo Espírito que nos atrai a dar o pulo, sentiremos uma paz singular de Deus, que ainda que não entendamos o que estamos fazendo, permite-nos uma segurança inexplicável. Fé que nos move no Espírito Santo para Deus instiga em nós desejos poderosos para aprendermos mistérios. Nosso homem interior anseia pelo desconhecido de Deus, e quando não alcança isso do jeito espiritual, busca na carme. É por isso que tantos se desafiam em esportes radiciais ou dão crédito para teorias conspiratórias sobre discos voadores, por exemplo. O homem tem a necessidade de exercer fé no oculto, tanto quanto de alimentar o corpo e de estudar a ciência, somos espírito, corpo e alma, ainda que muitos não aceitem isso. 
      Todos nós podemos fazer escolhas para crescermos espiritualmente, o mais adequado é que sejam escolhas que nos permitam subir um degrau por vez, conhecimento espiritual é gradativo e cada um responderá pelo degrau que ocupa e que escolheu pisar. Ateu, escolha crer num Deus que existe e que abençoa os que o buscam. Cristão, escolha conhecer a Bíblia, estudá-la profundamente, ela é o livro dos livros, sabedoria para todos os momentos de nossa existência. Cristão conhecedor de Bíblia, escolha ter uma experiência com os dons espirituais, vá além do intelecto, sinta a presença maravilhosa do Senhor, beba da água da vida e não caminhe seco, só com conhecimento intelectual. Cristão batizado no Espírito Santo, escolha saber mais, questione o Senhor, não se limite à tradição teológica cristã, mas faça isso como obediência, não por curiosidade, e recebendo amor para poder servir, não a si mesmo, mas ao próximo. 
      Meus queridos, não escolhemos só uma religião, um grupo social para exercermos caridade e ajudar necessitados, um local com pessoas que comungam as mesmas crenças que nós, não escolhemos só salvação, ir ao céu e não ao inferno, não escolhemos só um meio para aliviar remorsos e aplacar medos, não, escolha espiritual vai muito além disso. “Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?” (João 11.40). Você já viu a glória de Deus? Você quer ver a glória de Deus? Ou você acha que isso não existe ou que não é necessário? Mas também existem outros, que veem relevância nisso, que buscam isso persistentemente e até acham que já viram, mas será que viram mesmo? Ou foi só um fruto de suas imaginações? Ver a glória de Deus não é sintoma de transtorno psiquiátrico, é escolha, uso de livre arbítrio e fé. Entretanto, aproxima-se um tempo onde todos poderão ver e terão que ver, para seguirem evoluindo. 
      No céu veremos a glória de Deus, de um jeito ou de outro, mas o que ela nos causará, será surpresa? Estranheza? Terror? Êxtase? Paz? Nossa reação estará diretamente relacionada à qualidade moral de nosso homem interior e sua intimidade com o mundo espiritual, e esses valores não são a mesma coisa. Muitos têm qualidade moral, ainda que não tenham intimidade com o mundo espiritual, outros têm intimidade, mas não têm qualidade moral. Só aqueles que escolhem Deus sem reservas, sem preconceitos, livres de amarras religiosas, para amar e obedecer o Altíssimo e servir o próximo, podem ter qualidade moral superior e conhecimento íntimo do plano espiritual. Esses terão uma passagem, a morte no corpo e a entrada na eternidade, tranquila, estarão numa paz plena. O que já ouviam e viam no plano físico só lhes será mais claro, mais definido, provarão a melhor eternidade de Deus com facilidade, estarão no amor de Jesus. 
      Prepare-se já! Escolha isso agora! Como? Orando, tudo começa com conversar com Deus, mas temos que orar com qualidade. Orar é se descobrir à medida que Deus se descobre para nós, experimenta isso quem sabe o que faz, sabe o que fazer quem tem respostas, só tem respostas quem pergunta certo, pergunta-se corretamente com a lucidez que tudo reavalia, que compara teoria e prática e não se acomoda. O que permanece nas trevas das tradições religiosas não adquirirá inteligência para crescer, sei que repito isso bastante, mas é hora de muitos cristãos entenderem isso. Senão materialismo e humanismo seguirão dando xeque-mate num cristianismo, que apesar de grande em quantidade, é pequeno em qualidade, insuficiente para mudar um mundo necessitando de mudanças. A escolha é nossa, crescer ou não espiritualmente, “por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição” (Hebreus 6.1).  

Esta é a 14ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

12/02/22

Fé (13/90)

      “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus.
 Efésios 2.8
      “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.
Hebreus 11.1
 
      Dois princípios são verdades espirituais eternas, condições para que o ser humano, no mundo físico, possa ter comunhão com Deus e com o mundo espiritual: fé e livre arbítrio. Na verdade um princípio, a fé, veio como efeito do uso errado do outro, o livre arbítrio, olhando a humanidade sob o ponto de vista da doutrina bíblica tradicional. Antes do primeiro homem mítico, Adão, ter cometido o pecado original, Deus vivia com o ser humano de maneira “visível”, pelo que entendemos em Gênesis, assim não havia necessidade de fé para ter acesso a Deus (ou não havia, ou crer era algo mais natural, mais fácil). Com o pecado veio a queda e com a queda a necessidade do homem viver no mundo, sem a inocência original, para passar por provas e só no plano espiritual ter de novo comunhão plena com Deus. Se foi fácil usar livre arbítrio para separar-se do criador, agora, é mais difícil usá-lo para restabelecer comunhão com Deus. 
      Para Israel foi entregue a velha aliança, uma religião que dava acesso a Deus através de sacrifícios de animais num templo, e da obediência à Lei, os mandamentos morais e outras instruções sobre vida social, política e mesmo de saúde. Mas basicamente a velha aliança dos hebreus é baseada em obras, quem segue a Deus deve mostrar isso praticando protocolos religiosos, foi só em Cristo que uma nova aliança entregou ao ser humano na Terra o princípio de salvação pela fé. O evangelho ensinou que o homem está naturalmente separado de Deus, assim, é necessário uma escolha pela fé em Cristo para que ele se torne filho de Deus, receba o Espírito Santo, e tenha direito ao suporte do Senhor aqui e ao céu lá. Obras para salvação foram substituídas pela fé em Jesus, já que seu sacrifício valeu por todos. Apesar de textos como o de Tiago ensinarem sobre a importância de obras, na prática do cristão tradicional fé tem prioridade sobre tudo. 
      Mas porque Deus, em sua excelsa providência, decidiu que no mundo o homem precisaria de fé para acessar o plano espiritual, ainda que seus órgãos físicos não possam comprovar essa experiência? No mundo material as coisas funcionam de forma perceptível pelos nossos sentidos, por exemplo, se eu quiser comprar um carro, eu pesquiso, acho o veículo que desejo adquirir, informo-me sobre o custo dele e faço a compra. No plano físico eu sei até onde posso chegar e posso conhecer exatamente o que preciso para chegar, contudo, nesse plano tudo o que eu adquirir um dia acabará, ficará velho, desgastará, e mesmo que dure um bom tempo, poderá virar lixo e ser jogado fora, incluindo nossos corpos. O mundo material é dimensional, tem início, meio e fim, ninguém precisa de fé ou subjetividade para percebê-lo, comprovamo-lo com as faculdades de nossos corpos físicos e podemos explicá-lo pela ciência do homem na Terra. 
      Deus não faz propaganda enganosa das coisas concernentes ao mundo espiritual e à eternidade, não o Deus verdadeiro, ainda que religiões e homens possam fazer tentando formatar o intangível. Por isso ele não revela valores espirituais diretamente aos sentidos físicos, visão, audição, tato, ferramentas do plano material. Por um motivo que só Deus sabe, saímos da condição de mortos espirituais para a de vivos, pela fé, vendo na mente, sentindo com o coração e nos movendo pelo Espírito Santo, para termos acesso a algo que a princípio não existe no plano físico. É só depois de crermos que nossos corpos receberão informações espirituais, ainda que limitadamente, para interpretá-las. O que cremos passa a existir, não no universo, nesse Deus já criou tudo, mas para nós, depois que reivindicamos por fé. Fé não cria, mas manifesta aos nossos sentidos, nos coloca na posição onde as coisas existem, coisas criadas anteriormente por Deus. 
      Se coisas materiais, mesmo recebidas pela melhor vontade de Deus, têm fim, dons espirituais de vida eterna acessados pela fé não têm. Ninguém é humilde o suficiente, tem paz o suficiente, é santo o suficiente, é amoroso o suficiente, é generoso o suficiente, quem chega a um patamar de espiritualidade sempre será desafiado a ir em frente, a conquistar mais, a subir. O topo é o homem interior à imagem de Cristo, uma posição elevadíssima, acima de toda potestade e principado, seja neste mundo ou no outro. Coisas espirituais se acessam com ferramentas espirituais e são percebidas com faculdades espirituais que nos preparam para uma existência espiritual em um Deus espiritual. Se vivemos sessenta e poucos anos no mundo, poderemos viver eternamente no plano espiritual, esse plano é muito mais importante, nele nosso verdadeiro homem interior é manifestado, é avaliado por justos juízos e recebe penas e recompensas. 
      Fé não é um delimitador, disposição de gente ignorante e retrógrada, apesar de parecer assim aos que não andam nela ou só começaram a andar, fé é a maneira de conhecermos coisas que de outra forma são impossíveis de serem conhecidas por nós enquanto encarnados. Os que acham que podem explicar tudo pela ciência, porque são orgulhosos demais para admitirem que existem coisas que vão além da matéria e de seus egos, não creem, assim se tornam frios fazendo de suas mentes e de suas conquistas mundanas seus deuses. Pobres esses, ainda que se achem iluminados intelectualmente, não constróem a melhor eternidade dentro deles neste mundo e pela fé, mas também não entendem que pelo livre arbítrio se não se constrói uma coisa, se constrói outra. Esses não terão seus falsos deuses para darem-lhes luz depois da morte do corpo, para o plano espiritual só levarão as trevas espirituais, nas quais eles mesmos escolheram existir. 

Esta é a 13ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021