domingo, fevereiro 13, 2022

Livre arbítrio (14/90)

      “Eis que hoje eu ponho diante de vós a bênção e a maldição” 
Deuteronômio 11.26
 
      Se fé é condição imprescindível para conectar nosso espírito com o mundo espiritual, principalmente com Deus, que é espírito, se isso define, não uma existência neste mundo material, mas a eternidade espiritual, por que as pessoas não creem? Porque não são obrigadas a isso, nem por Deus, esse dá a todos livre arbítrio. Na evolução espiritual tudo é escolha, a subida de cada degrau é feita por escolha, escolher crer. Se é assim não é algo fácil, natural, se fosse não teríamos o trabalho de crer, que como todo trabalho exige de nós esforço, por isso não pense ninguém que crescerá espiritualmente sem se esforçar. Contudo, o trabalho espiritual pode ser oposto ao trabalho físico, enquanto no plano material é preciso entender, tocar, ver, o que nos faz escolhermos coisas mesmo antes de as termos, no plano espiritual o primeiro passo de fé se dá no desconhecido, só confiando num Deus que sabe o que faz e que sempre tem o melhor para nós.
      Um pulo no desconhecido será que podemos dar com plena certeza racional? Não, damos mesmo com certo receio, sem sabermos se cairemos, subiremos ou ficaremos imóveis, contudo, se for dado com fé genuína, entregue pelo mesmo Espírito que nos atrai a dar o pulo, sentiremos uma paz singular de Deus, que ainda que não entendamos o que estamos fazendo, permite-nos uma segurança inexplicável. Fé que nos move no Espírito Santo para Deus instiga em nós desejos poderosos para aprendermos mistérios. Nosso homem interior anseia pelo desconhecido de Deus, e quando não alcança isso do jeito espiritual, busca na carme. É por isso que tantos se desafiam em esportes radiciais ou dão crédito para teorias conspiratórias sobre discos voadores, por exemplo. O homem tem a necessidade de exercer fé no oculto, tanto quanto de alimentar o corpo e de estudar a ciência, somos espírito, corpo e alma, ainda que muitos não aceitem isso. 
      Todos nós podemos fazer escolhas para crescermos espiritualmente, o mais adequado é que sejam escolhas que nos permitam subir um degrau por vez, conhecimento espiritual é gradativo e cada um responderá pelo degrau que ocupa e que escolheu pisar. Ateu, escolha crer num Deus que existe e que abençoa os que o buscam. Cristão, escolha conhecer a Bíblia, estudá-la profundamente, ela é o livro dos livros, sabedoria para todos os momentos de nossa existência. Cristão conhecedor de Bíblia, escolha ter uma experiência com os dons espirituais, vá além do intelecto, sinta a presença maravilhosa do Senhor, beba da água da vida e não caminhe seco, só com conhecimento intelectual. Cristão batizado no Espírito Santo, escolha saber mais, questione o Senhor, não se limite à tradição teológica cristã, mas faça isso como obediência, não por curiosidade, e recebendo amor para poder servir, não a si mesmo, mas ao próximo. 
      Meus queridos, não escolhemos só uma religião, um grupo social para exercermos caridade e ajudar necessitados, um local com pessoas que comungam as mesmas crenças que nós, não escolhemos só salvação, ir ao céu e não ao inferno, não escolhemos só um meio para aliviar remorsos e aplacar medos, não, escolha espiritual vai muito além disso. “Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus?” (João 11.40). Você já viu a glória de Deus? Você quer ver a glória de Deus? Ou você acha que isso não existe ou que não é necessário? Mas também existem outros, que veem relevância nisso, que buscam isso persistentemente e até acham que já viram, mas será que viram mesmo? Ou foi só um fruto de suas imaginações? Ver a glória de Deus não é sintoma de transtorno psiquiátrico, é escolha, uso de livre arbítrio e fé. Entretanto, aproxima-se um tempo onde todos poderão ver e terão que ver, para seguirem evoluindo. 
      No céu veremos a glória de Deus, de um jeito ou de outro, mas o que ela nos causará, será surpresa? Estranheza? Terror? Êxtase? Paz? Nossa reação estará diretamente relacionada à qualidade moral de nosso homem interior e sua intimidade com o mundo espiritual, e esses valores não são a mesma coisa. Muitos têm qualidade moral, ainda que não tenham intimidade com o mundo espiritual, outros têm intimidade, mas não têm qualidade moral. Só aqueles que escolhem Deus sem reservas, sem preconceitos, livres de amarras religiosas, para amar e obedecer o Altíssimo e servir o próximo, podem ter qualidade moral superior e conhecimento íntimo do plano espiritual. Esses terão uma passagem, a morte no corpo e a entrada na eternidade, tranquila, estarão numa paz plena. O que já ouviam e viam no plano físico só lhes será mais claro, mais definido, provarão a melhor eternidade de Deus com facilidade, estarão no amor de Jesus. 
      Prepare-se já! Escolha isso agora! Como? Orando, tudo começa com conversar com Deus, mas temos que orar com qualidade. Orar é se descobrir à medida que Deus se descobre para nós, experimenta isso quem sabe o que faz, sabe o que fazer quem tem respostas, só tem respostas quem pergunta certo, pergunta-se corretamente com a lucidez que tudo reavalia, que compara teoria e prática e não se acomoda. O que permanece nas trevas das tradições religiosas não adquirirá inteligência para crescer, sei que repito isso bastante, mas é hora de muitos cristãos entenderem isso. Senão materialismo e humanismo seguirão dando xeque-mate num cristianismo, que apesar de grande em quantidade, é pequeno em qualidade, insuficiente para mudar um mundo necessitando de mudanças. A escolha é nossa, crescer ou não espiritualmente, “por isso, deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até à perfeição” (Hebreus 6.1).  

Esta é a 14ª parte da reflexão
“Quem você será na eternidade?”
dividida em 90 partes, para melhor
entendimento leia toda a reflexão.

José Osório de Souza, março de 2021

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